Laços de Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 6
VI. Ciúme.


Notas iniciais do capítulo

Voooltei meus amores!!
Como estão? Eu estou ótima. Cá está mais um capítulo novo, espero que gostem...
BOA LEITURA ♥



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— Você não vai usando isso! – ouço os gritos de Drew no andar de cima e suspiro. Ele e Analu estão em pé de guerra há quase um mês por causa de umas revistas em quadrinhos que Analu estragou sem querer.

  - Eu vou sim! Você não é o papai pra me impedir de nada, e a mamãe deixou, quero ver se não saio assim! – minha princesa guerreira grita de volta e acho graça.

  Tia Cassy gostava de me assustar dizendo que a adolescência era a pior fase, mas além das brigas engraçadas que os gêmeos protagonizavam agora, eu não via muita diferença do resto dos nossos dias. Meus pequenos, nem tão pequenos assim, iam completar quinze anos e às vezes eu me perguntava quando tinham crescido tão rápido. Analu era minha princesa guerreira, continuava ligada na tomada, era a única menina em meio aos irmãos, mas era sempre quem colocava moral, Drew era de longe o mais despreocupado, comer ainda era seu hobbie favorito e aparentemente irritar a irmã também, ele era tão, ou mais ciumentos que Tony e Miguel juntos, um verdadeiro cão de guarda. Já Noah era meu neném e isso provavelmente nunca mudaria, ele poderia ter a idade que fosse e eu continuaria o envergonhando apertando suas bochechas e o chamando de bebê, meu mini Bonitão era uma copia do pai com mais senso de humor, eu adorava dizer isso e meus bonitões odiavam ouvir.

  - Me deixa em paz, Drew! – Analu gritou descendo as escadas com seu biquíni florido e a saída de praia de renda cor de rosa por cima. Eu usava algo parecido, a única diferença era que meu biquíni era azul e a saída de praia era branca de mangas compridas.

  - Mamãe diz pra ela que não dá pra sair assim... Mamãe! – meu pequeno cão de guarda disse vindo atrás da irmã e parando assim que me viu sentada no sofá comendo meus biscoitos. – A senhora também?

  - Estamos indo a praia, Drew, é geralmente isso que a gente usa, olha você – apontei para o peito magro e nu dele. Drew usava só uma bermuda e chinelos.

  - Pai! – ele gritou se recusando a desistir e sorri. Esse definitivamente era meu filho, quando comprava uma briga se recusava a desistir, mas o problema era que a irmã era igual.

  - Onde é o incêndio? – Anthony apareceu perguntando e sorri. Meu bonitão continuava lindo, ele também usava bermuda e chinelos, mas para minha tristeza estava com uma regata branca, Noah apareceu com ele usando o mesmo. Esses dois eram carne e unha, eu achava graça da relação, por que apesar do amor incondicional Noah não parecia nem remotamente interessado em tomar o lugar de Anthony na empresa. Esse cargo ainda seria de Analu, eu tinha certeza.

  - Papai olha a roupa da Analu – Drew apontou para a irmã que revirou os olhos e foi beijar o rosto do pai.

  - A mamãe deixou – Analu disse sorridente e Drew estreitou os olhos para ela. Essa era uma batalha perdida e ele sabia disso. Anthony não conseguia dizer não a sua princesinha.

  - Elisa? – ele perguntou olhando a filha de cima a baixo. Sorri ficando de pé e ele arregalou os olhos vendo meu modelito igual ao da pequena. – É sério isso?

  - Claro, você espera que a gente vá pra paria como? De burca? – pergunto irônica Drew e Anthony trocam um olhar de reprovação e eu e Analu sorrimos cúmplices. Noah apenas observava tudo achando graça, nesse sentido ele e o pai não tinham nada em comum, meu bebê era de longe o homem menos ciumento dessa família.

  - A gente vai ou não, vocês me prometeram areia e mar – Analu reclama e sorrio.

  - Só estava esperando você e seu irmão terminar essa discussão desnecessária.

  - Que seja então, vamos logo que eu com fome – Drew resmunga e vou até ele para apertá-lo num abraço e beijar seu rosto. – Mãe! – ele reclama e o solto.

  - Você tem que parar com isso, Analu tem o direito de escolher o que vai vestir e só eu e seu pai que podemos ficar reclamando disso, privilegio de pais – digo divertida e ele dá um meio sorriso que me lembra um pouco o de Anthony. – Vocês têm que parar de implicar um com o outro.

  - Mas ela quer mandar em mim também! – ele reclama e Analu sorri, já sei o que ele vai dizer antes mesmo de abrir a boca.

  - Eu posso, sou a irmã mais velha.

  - Sete minutos – ele retruca e o sorriso dela só aumenta.

  - Ainda sou mais velha – cantarola.

  Reviro os olhos e encaro o meu marido.

  - Faça alguma coisa, são seus filhos.

  - Seus também – ele rebate divertido e olha para os dois que já estão pra começarem a rolar no chão. – Chega disso, os dois! Vamos que estamos perdendo tempo. Praia, lembra? – eles o ignoram completamente absortos em sua discussão e acho graça, um homem desse tamanho não consegue nem botar moral em dois pré-adolescentes.

  - Calem a boca! – os interrompo e todos os quatro me olham. – Chega! Todos para o carro! – eles me olham surpresos e eu estreito os olhos. – Agora!

  Ninguém diz mais nada antes de começar a andar, inclusive Anthony.

  Depois de acomodarmos tudo no porta-malas entramos no carro. Hoje em dia sempre que queríamos sair os cinco não dava para contar com Marco, por isso nos fins de semana ele tinha folga. Agora podia aproveitar com a esposa, por que finalmente depois de anos ele e Jane finalmente decidiram oficializar a relação, acho que eu e Anthony ficamos mais feliz que eles pela notícia, torcíamos de mais para a felicidade daqueles dois.

  - Por que eu sempre tenho que sentar no meio? – Noah reclamou e os irmãos riram.

  - Por que é o mais novo – Analu respondeu e o irmão fez bico.

  - Mãe... – ele apelou pra mim e dei de ombros tentando não rir.

  - Sinto muito, Noah, seus irmãos chegaram primeiro.

  - Isso é tão injusto!

  Nós rimos da indignação dele e finalmente partimos para a praia.

  Durante o trajeto os gêmeos se recusam a falar um com o outro, Analu pegou um de seus inúmeros livros e simplesmente se desligou da realidade, Drew colocou os fones de ouvido e escorou a cabeça no vidro da porta, é bem capaz dele cochilar até chegarmos lá, já Noah está concentrado de mais em seu jogo de videogame para notar qualquer coisa que seja a sua volta.

  - Temos três filhos e estamos sozinhos no carro, Bonitão – digo e Anthony sorri.

  - Fomos abandonados por eles – meu marido concorda, mas nenhum deles dá indícios de que ouviu alguma palavra. – Talvez devêssemos fazer um quarto, o que acha?

  - Nem pensar! – digo sem hesitar. – Pra você me abandonar na hora que ele for nascer? Eu passo. Não éramos nem pra ter o Noah.

  - Também te amo, mamãe – meu caçula diz sem desviar os olhos da telinha em suas mãos.

  - Vocês só escutam o que querem, né?

  - Larga de drama, Elisa, você o queria tanto quanto eu – Anthony comenta e dou de ombros.

  - Bem, depois que eu descobri que estava grávida eu o quis, óbvio. Mas antes? Era você quem enchia meu saco para tê-lo. Já tínhamos dois. Não tinha necessidade.

  - Talvez o meu amor por você tenha diminuído um pouco, mãe – Noah reclama e sorrio.

  - Mamãe também te ama bebê. Muito.

  - Não escute sua mãe, Noah. Ela ama todos vocês e talvez até aceitasse ter mais algum se vocês não gostassem de fazer entradas triunfais.

  - Não tinha mesmo necessidade de toda aquela confusão – concordo e Anthony sorri.

  - Eles são seus filhos, Raio de Sol, tinham que chegar chegando – meu marido ri e reviro os olhos.

  Nós finalmente conseguimos chegar ao nosso destino, sábado à tarde em uma praia lotada, por que, não? Essa definitivamente foi uma péssima ideia. Saiamos do carro com nossa montanha de coisas e apesar da cara de poucos amigos de Drew, ele parecia estar se divertindo. Anthony me ajudou com as tolhas e o guarda sol, Analu só fez questão de guardar seu livro na segurança de sua bolsa antes de tirar a saída de praia e ir se jogar na água, Noah tirou a camisa e bermuda antes de segui-la. Drew fez drama por incontáveis cinco minutos antes de ir se juntar aos irmãos também.

  - Drew puxou seu drama – Anthony comentou enquanto eu passava protetor em suas costas, os pequenos eu havia besuntado antes de sairmos de casa.

  - E seu ciúme – faço careta. – Tenho dó da futura namorada dele.

  - Ele tem que achar uma que nem a mãe e a irmã que não ligam nenhum pouco pra opinião de ninguém.

  - Isso vai ser engraçado. Já Analu tem que encontrar alguém a altura de suas discussões, ela não vai conseguir ficar com ninguém que abaixe a cabeça diante da sua autoconfiança, ela precisa de alguém para encará-la de frente.

 - Não gosto nem de pensar nisso. Minha princesa namorando? Espero que isso ainda demore muito para acontecer – a repulsa exagerada de Anthony a ideia só me fazia sorrir ainda mais. – Mas sou obrigado a admitir que tem razão – ele olha mais adiante Analu gritando com os irmãos. – Ela merece o melhor e Drew vai odiar a ideia tanto quanto eu.

  - Isso vai ser ainda mais engraçado. Mas eles ainda vão descobrir muitas coisas antes de encontrarem o amor. Talvez seja fácil como o de Miguel e Lena ou talvez uma confusão atrás da outra como o nosso, mas eu vou ficar ansiosa por descobrir como isso vai se desenrolar. E eu vou me divertir horrores à custa deles.

  - Você é uma mãe horrível – Anthony se vira e me puxa para um beijo. Sorrio.

  - Horrível não, realista. Tenho certeza que vou adorar participar da vida amorosa deles nem que seja pra ver o circo pegando fogo.

  Anthony gargalha e me beija outra vez.

  - Você realmente é um ser humano único, Raio de Sol.

  - Eu sei.

  - Papai! – Analu vem correndo até nós e é toda sorrisos para Anthony enquanto torce o cabelo para se livrar da água. Ela com certeza quer alguma coisa.

  - Que foi princesa?

  - Eu quero um sorvete – ela continua a sorrir e piscar os olhos verdes tão parecidos com os meus. – Me dá dinheiro? Por favorzinho...

  Eu sorrio e Anthony revira os olhos, mas está sorrindo também.

  - Quanto? – ele suspira e ela dá pulinhos na areia a nossa frente. Como eu disse, é mais fácil o inferno congelar que Anthony dizer não a ela.

  Meu marido pega a carteira e antes que ele possa fazer qualquer movimento, Analu já pescou a nota que queria e beijou o rosto do pai.

  - Obrigada! Amo o senhor! – ela diz animada se afastando.

  - Pelo menos vista sua roupa! Anna Laura! – ele grita, mas ela já foi em direção aos quiosques com o cabelo molhado e de biquíni, Anthony parece perto de um enfarte e acho graça.

  - Respira, Bonitão. Mais um pouco e você estoura uma veia – comento segurando a risada e ele guarda a carteira ainda parecendo indignado.

  - Analu e você ainda me matam – resmunga e o beijo.

  - Admite que sua vida é muito mais animada com a gente nela.

  - Animada e estressante – faz drama e sorrio. – Já não tenho mais idade pra ter esse tipo de preocupação. Depois tenho um ataque do coração e a culpa é de vocês.

  - Oh meus Deus. Vem aqui que cuido de você – digo divertida o puxando para mais um beijo. Quem é mesmo o dramático do casal?

  - Mãe! com fome! – não preciso nem me virar para saber que foi Drew quem gritou. Essa nunca vai deixar de ser sua frase favorita. Ele e Noah caminham em nossa direção enquanto balançam a cabeça para se livrarem do excesso de água do cabelo. Verdadeiros cavalheiros.

  - Eu também – Noah concorda e sorrio para os meus meninos, seus cabelos estão apontado em todas as direções. – Onde Analu foi?

  - Comprar sorvete – respondo e eles se animam.

  - Também quero – respondem juntos e nós três olhamos para Anthony. O Bonitão suspira e pega a carteira outra vez e estende as notas para os filhos.

  - Analu foi naquela direção, vão vigiar a irmã de vocês – ele aponta o lugar e o olho sem acreditar.

  - Não é pra vigiar ninguém, é pra tomar sorvete – aviso aos garotos que estão a minha frente e eles olham para o pai.

  - Melhor irem logo – Anthony finge não me ouvir. – Naquela direção.

  - Anthony! – o repreendo e os meninos sorriem.

  - Naquela direção - Drew concorda sorrindo e me beija a bochecha antes de ir atrás da irmã, Noah apenas o segue. Reviro os olhos vendo o sorrisão de Anthony, esses homens Whitmore ainda vão dar muito trabalho a Analu, tenho certeza.

  - Precisava disso tudo? – pergunto ao meu marido que ainda sorri.

  - Só quero ter certeza que minha princesa está bem e pedi aos irmãos dela para verificarem. Só isso.

  - Você quer que eles a vigiem e depois conte tudo a você, isso sim. Felizmente Noah não fica compactuando com essas palhaçadas.

  - Mas Drew fica bem feliz em me ajudar – ele sorri sem um pingo de vergonha de estar espionando a filha.

  - Vocês dois não tem jeito mesmo. Só espero que Analu arrume um namorado que seja tudo menos certinho, quero ver vocês dois morrendo de ciúme – digo divertida e Anthony me olha como se eu tivesse acabado de pedir o divórcio.

  - Isso é por que você me ama, imagina se não amasse – ele resmunga e gargalho.

  - Você é muito bobo, Bonitão. Quer parar com isso? Ela só tem quatorze anos e nem está pensando nessas coisas ainda. Você e Drew que são muito desesperados.

  - Prevenidos – ele diz e reviro os olhos ficando de pé.

  - Vem, vamos dar um mergulho – o chamo tirando a saída de praia. Sem muita alternativa meu Bonitão fica de pé também e tira a camiseta e a bermuda. Meus Deus, mesmo depois de todos esses anos meu marido continua incrivelmente lindo, suspiro e Anthony sorri, ele está me encarando do mesmo jeito que faço com ele.

  - Como é que você consegue ficar cada dia mais linda? – ele pergunta me puxando para junto de si e me beijando.

  - Estou me fazendo a mesma pergunta sobre você – comento divertida me separando dele e o puxando em direção à água.

  - Estou pensando seriamente em te enrolar nessa toalha e te levar embora daqui – ele comenta me fazendo sorrir.

  - Esse me marido ciumento não vai mudar nunca.

  Quando nós chegamos à água percebo que foi uma péssima ideia por que não estou a fim de molhar o cabelo e a água está muito fria. Mas Anthony não me dá escolha quando me pega no colo e pula dentro da água comigo. Agarro-me ao seu pescoço pelo frio e o susto e ele ri. Bonitão idiota! Drew e Noah reaparecem algum tempo depois com sorvetes meio comidos e vêem até nós.

  - Não achei ela, papai – o informante de Anthony, digo, Drew anuncia terminando sua casquinha. Noah está mais atrás do irmão com o sorvete ainda na mão.

  - Drew você foi tomar sorvete ou procurar, Analu? – pergunto e ele dá de ombros.

  - Dava pra fazer os dois – comenta e sorrio, esses meus garotos não valem nada. Mas mesmo que eu não apóie essa atitude deles estou começando a ficar preocupada também, já tem mais de meia hora que Analu saiu e ainda não voltou, ela foi tirar leite para fazer o sorvete por acaso?

  - Não a encontrou em lugar nenhum? – pergunto e ele nega com a cabeça ao passo que Noah dá de ombros.

  - Eu a vi com um grupo de amigos enquanto Drew passava uma vida inteira escolhendo o sorvete.

  - Por que não disse nada? – Drew parece chocado e acho graça, Anthony também parece indignado. Meu caçula sorri comendo calmamente seu sorvete.

  - Por que não era da minha conta.

  - Noah! – os dois mais velhos o repreendem e ele sorri pra mim. Meu pequeno adora tirar os outros do sério. – Não é assim que se faz – Drew o olha feio.

  - Que amigos eram esses? – Anthony pergunta ao Whitmore mais novo e Noah termina o sorvete antes de responder.

  - Não sei.

  - Noah – meu marido passa a mão pelos cabelos desesperado e estou rindo, meu pequeno tem a calma do pai, mas não seu ciúme. – Você pode, por favor, me dizer onde está sua irmã para que eu possa ir buscá-la?

  - Claro. Ela está em uma mesinha ao lado da sorveteria, Drew não a viu por que estava na frente de uma vitrine de comida – Noah faz piada e o irmão o olha feio. Drew realmente se distrai fácil quando o assunto é comida.

  - Vou lá – Anthony anuncia e suspiro.

  - Nada disso, eu vou – comunico. – Você não vai fazer um escândalo por causa de nada como sei que quer.

  - Só quero buscá-la.

  - Claro e eu sou um poço de calma, né? – pergunto irônica.

  - Mamãe, você e o papai não precisam discutir isso não por que o Drew já foi – Noah anuncia apontando para os quiosques mais adiante dentre os quais o irmão está sumindo.

  - Isso só pode ser brincadeira – reclamo começando a andar e sendo seguida por meus outros garotos. – E não vai terminar bem, tenho certeza.

  Nós alcançamos os gêmeos no auge de sua confusão, há uma aglomeração de adolescentes e pessoas curiosas, meus filhos, é claro, estão bem no centro.

  - Seu idiota! Por que fez isso? – Analu está berrando com o rosto vermelho de raiva. Tem um garoto ao seu lado com o olhar assustado e o nariz sangrando. Drew segura o punho com uma expressão de raiva semelhante a da irmã.

  - Ele estava te atacando!

  - A gente ia se beijar seu completo idiota! E você estragou tudo! – ela grita com os olhos marejados e sei que se não estivesse vermelha de raiva minha princesa estaria corando.

  Anthony ao meu lado parece prestes a ter um infarto e sinceramente ele não é minha prioridade, minha prioridade é a garota que parece bem disposta matar o irmão.

  - Como eu... Você ia beijar ele!? – Drew quer por que quer virar o jogo, mas Analu já não está mais disposta a brigar, minha garotinha parece a beira das lágrimas.

  - Chega vocês dois! – os interrompo e os olhares curiosos se voltam para mim. – O espetáculo acabou, vamos embora!

  - Mas mãe...

  - Chega Andrew! – o corto e ele se cala, normalmente não os chamo pelo nome completo então quando o faço eles sabem que é à hora de parar. - Vem Analu – estendo os braços pra ela e minha princesa guerreira me abraça sem ter coragem de olhar para ninguém, nem mesmo o garoto do nariz sangrando.

  A levo comigo e sou seguida por três homens completamente mudos, Noah por que está alheio a confusão, Drew por que sabe que depois dessa só um milagre para salvá-lo do castigo e Anthony por que sei que está chocado de mais com a informação de que sua garotinha ia dar um beijo pra dizer alguma coisa. Juntamos as coisas e ninguém toca no assunto, voltamos para o carro e quando chegamos em casa já é quase noite.

  - Eu não acredito que o idiota do Drew não vai nem ficar de castigo! – Analu finalmente explode assim que entramos em casa. – Ele socou o rosto do Dave só por que ele estava me abraçando!

  - E desde quando a senhorita pode ficar abraçando desconhecidos no meio da rua? – Anthony pergunta e Analu grunhi surpresa com o questionamento do pai e também estou, respiro fundo.

  - Acho que o ponto aqui não é esse, não é amor? – pergunto irônica arqueando uma sobrancelha e Anthony engole em seco, ele abre a boca e a fecha sem emitir som algum. – O ponto é que o seu filho socou o rosto de um garoto sem motivo aparente.

  - Mas ele... – Drew começa, mas se cala sob meu olhar sério. – Pai – apela e eu olho feio para Anthony que não ousa abrir a boca.

  - Você achou certo o que fez, Drew? – pergunto e o vejo cerrar os punhos. – Acha? – insisto.

  - Não – responde de má vontade.

  - Por que não é certo?

  - Por que não posso bater nas pessoas sem motivo. Mesmo que eles estejam em cima da minha irmã – emenda e o olho feio. – Desculpe.

  - Não é pra mim que tem que se desculpar – comunico e olho para Analu que está de braços cruzados e olha o irmão com verdadeiro ódio, se as coisas estavam feias antes, agora estão muito piores.

  - Desculpe, Analu – Drew diz e ela o olha feio, empina o nariz e dá meia volta subindo as escadas.

  - Eu te odeio! – berra lá do topo. Anthony faz menção em respondê-la e eu nego com a cabeça.

  - Deixe-a – digo e me viro para Drew. – Agora vamos falar sobre o seu castigo.

  - Castigo!?

  - Elisa, isso não é de mais? – Anthony pergunta e o olho feio.

  - Quer se juntar a ele? – pergunto e ele nega com a cabeça.

  - Vou tomar um banho e depois tenho que dar uns telefonemas para dar.

  - Pai... – Drew choraminga e o Bonitão sorri.

  - Está sozinho nessa, campeão, desculpe – ele comunica e sai de fininho. Olho para Noah e sorrio.

  - Bebê, você não tem dever de casa para fazer não?

  - Ver a confusão do Drew e da Analu está mais divertido – ele comenta e acho graça.

  - Já para o seu quarto – digo e ele sopra um beijo para o irmão antes de subir.

  - Mãe... – Drew começa e nego com a cabeça.

  - Sinto muito, Drew, mas você tem noção de como a sua irmã está se sentindo agora? – pergunto e realmente quero saber se ele tem noção do que fez. Minha princesa é do tipo forte com um coração frágil, para ela ter que admitir algo como aquilo aos berros na frente de todos, sei que a atitude do irmão a machucou.

  - Eu só queria protegê-la. É minha irmã, quero cuidar dela.

  - Seu sei, mas Analu não precisa que cuide dela, mas que a apóie. Se ficar sempre contra ela vocês nunca vão terminar com essa briga. E se fosse o contrário? O que você ia achar se ela se metesse em algum beijo ou alguma coisa parecida, se ela atrapalhasse tudo e chamasse atenção minha e do seu pai? – pergunto e ele engole em seco. Sei que já entendeu o que fez, me abaixo e beijo seu rosto. – Pode cuidar dela, mas não a afaste.

  - Vou tentar não me meter mais – promete e sorrio. – Posso ir?

  - Claro – ele sorri. – Mas está sem celular por duas semanas – seu sorriso morre.

  - É o que!?

  - É exatamente isso que ouviu. Vamos ver se assim aprende que sua irmã tem tanto direito quanto você de viver a vida. Não vá na onda do seu pai. Ele se safa dos castigos, você não.

  Drew fecha a cara e sobe as escadas, suspiro e me jogo no sofá. Ouço a porta bater e fecho os olhos sentindo a cabeça latejar, ser mãe dá um trabalho. Subo, tomo um banho e volto a descer, Jane não está aqui então só me resta fazer o jantar. Não vejo nenhum dos integrantes dessa família até a hora em que chamo todos para comer. Os únicos que conversam quando nos sentamos todos à mesa somos eu e Noah, Anthony participa da conversa com monossílabos, mas os gêmeos não dizem uma única palavra. A coisa é realmente séria, Analu calada? É realmente o fim dos tempos.

  Mal terminamos de comer e minha princesa guerreira se despede e volta para o seu quarto. Drew sobe também para ler suas revistas em quadrinhos e Anthony vai para o escritório para retornar algumas ligações, restamos Noah e eu no sofá vendo Como Treinar o Seu Dragão, dois viciados em filmes de animação. Quando o sono chega acompanho meu pequeno até seu quarto, o ajeito na cama e vou chamar Tony que já está imerso em papéis. Ele larga tudo assim que me vê, sorri, me beija e subimos os dois para o quarto, confiro os quartos de Analu e Drew, mas já estão os dois dormindo.

  - Hoje o dia foi cheio de emoções, em? – Anthony me abraça na cama e concordo com os olhos fechados.

  - Sim, até de mais. Boa noite, Bonitão.

  - Boa noite, Raio de Sol.

  Não demora para que o sono me tome, estou dormindo tranquilamente quando gritos altos o suficiente para serem ouvidos do outro lado da cidade me acordam.

  - Eu não acredito que você fez isso! Vou ater fogo nos seus malditos livros! – Drew berra e eu e Anthony nos olhamos um segundo antes de pularmos da cama e irmos até o corredor, já é de manhã e eu encontro meus filhos de frente um para o outro no meio do corredor. Ambos de pijama, Drew tem restos de papeis coloridos nas mãos.

  - Isso é pra você aprender a nunca mais se meter na minha vida! – Analu grita de volta. – E toca nos meus livros pra ver se não a próxima que vou cortar não vai ser a sua cara!

  - O que está acontecendo aqui!? – os interrompo e Noah surge na porta de seu quarto bocejando.

  - Mãe olha o que a Analu fez com as minhas revistinhas – Drew me mostra os restos de papéis coloridos que tem nas mãos e fico surpresa. Analu literalmente picou todas elas. Não sobrou nada além de farelos.

  - Ele mereceu! – minha filha rebate. – Esse idiota.

  - Não é assim que se resolve as coisas – digo respirando fundo. Nem amanheceu ainda e já estou no meio de uma confusão.

  - Mas mãe...

  - Mãe! – eles dizem ao mesmo tempo e chego ao meu limite.

  - Chega! Cada um para o seu quarto, estão os dois de castigo pelo próximo mês! E o primeiro que der um piu, não vai sair de casa até o natal!

  Ter filhos é incrível, mas às vezes eu só queria férias de tudo isso. Eu amo meus pequenos nem tão pequenos assim mais, só que eles podiam ser mais fáceis, né? Respiro fundo e vejo todos voltarem aos seus quartos sem emitir som algum. Vou até Anthony que está sorrindo.

  - Isso é tudo culpa sua – acuso e ele ri.

  - É claro que é, de quem mais seria, certo?


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Notas finais do capítulo

Então, então, o que acharam?
A quebra de tempo foi bem grande, eu sei, mas meio que já tinha escrito muito sobre as crianças pequenas então agora eu queria dar a vocês um gostinho deles mais velhos, gostaram?
Me esforcei muito, é bem difícil pensar a personalidade deles, mas eu gostei então espero que tenham curtido!!
Beijocas e até, Lelly ♥



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