Tom ainda estava no seu orfanato.

Cantarolava baixinho sua música favorita enquanto terminava a lição de casa de poções. 

Em um momento suspirou longamente e se levantou. Estava na hora do jantar. Calçou os sapatos e olhou para a janela. Esse era um hábito que havia ganhado depois de receber aquela carta misteriosa.

Mesmo sem esperanças que a/o correspondente lhe respondesse.

Mas, apertando um pouco os olhos, viu a mesma coruja que esperava a dias.

Ela já havia pousado na janela do garoto, que pegou o papel que estava na perna do animal.

A T. R.,

Eu fiquei um pouco assustada quando me respondeu, eu não esperava isso.

Desculpe-me. Sua vida parece dura. Eu me sinto culpada falando de meus sentimentos um pouco medíocres comparado aos seus.

Não se preocupe se meu amigo está doente. Ele apenas está privado de informações, o Diretor nos fez prometer não contar nada a ele.

Acho que a última pergunta não poderei responder, desculpe-me T.

E assim, posso te chamar de T?

Afetuosamente,
           H. Jean G.

Jean.

Esse era um dos nomes dela.

Tom abriu um leve sorriso nos lábios mas logo o desfez. Pensou em tentar arrancar coisas sobre a garota disfarçadamente pelas cartas, justificando sua ação.

Mas, mesmo no fundo, ele admitia que isso não era verdade. No fundo sabia que apenas queria saber mais sobre sua correspondente.

Viu também que ele a chamou de T. Ele queria que soubesse a verdadeira identidade dele, mas aí não seria mais anonimamente.

Pegou um papel e pena, mas antes deu um pouco de comida para Violet (ele tinha comprado quando foi ao Beco Diagonal), e começou a escrever:

Á H. Jean G.

Se quiser, podemos não conversar mais. 

Não precisa se incomodar, eu não sinto inconfortável com os meus colegas a muito tempo.

Que bom que ele está bem. Como assim o Diretor o privou de informações? Como Dippet o proibiu de informações?

Tudo bem Jean. Pode me chamar de T. Mas com uma condição, eu vou poder te chamar de Jean?

Até mais, 
           T. R.

Envelopou.a carta e a prendeu na perna da coruja, que logo voou.

*** 

Tom estava no meio de um sonho. Na frente de uma bela casa. Olhava para todos os lugares. Quando foi entrar, uma jovem garota gritou algo como “Papai chegou!”

Tom estranhou, ouviu-se passos vindos da escada. Uma mulher estava descendo. Mas antes de ver o rosto dela, um sussurro foi ouvido pelo garoto.

“Amor” Disse com uma voz adocicada. “Algumas pessoas acreditam e outras acham que é apenas bobagem” continuou. “O amor, Tom, você já está com o seu garantido.”