Através do Tempo - Entre Vidas escrita por Biax


Capítulo 9
IV - Roupas da Época




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Após saírem do portal, pisaram em folhas secas. Estavam de novo em uma floresta, porém, de dia.

— Espera aí, mas por que eu estava morrendo? — Rebeca parou de andar e puxou Ethan pelo braço.

— Você... tinha algum problema com o funcionamento dos rins. Estavam falhando.

— Mas... com vinte anos? — Ficou espantada.

— O lugar onde você nasceu era extremamente pobre. Não havia acesso a remédios e você já nasceu doente.

— Isso é tão... triste.

— É, mas temos que seguir. Não adianta ficar triste por vidas que já foram. Se concentre na sua. — Voltou a andar.

Gabriel segurou a mão de Rebeca quando eles voltaram a andar, tentando a confortar. — Onde estamos agora?

De novo, Ethan fechou os olhos e os abriu depois de um tempo. — França, 1940.

— Você não sabe para onde vai? — Rebeca o olhou. — Porque sempre precisa pensar...

— Na verdade, não sei. Eu apenas sigo a energia do livro.

Eles ficaram em silêncio, mas havia um barulho baixo, bem ao longe. Voltaram a andar pela floresta, e conforme iam, o barulho aumentava. Rebeca começou a reconhecer o som, e sem perceber, colocou a mão no lado esquerdo da barriga.

Pararam ao ouvir passos e algo sendo arrastado. E um pouco depois...

— Respire, droga! — Alguém disse, desesperado.

Os olhos de Rebeca se arregalaram ao reconhecer aquela voz. Não porque a conhecia, mas porque a ouvira uma vez...

Então ela começou a andar, procurando por ele. Não precisou ir muito longe.

Ficou atrás de uma árvore, e viu, o cara que vira há algum tempo em sua cabeça, quando Cecília estava em sua casa...

Ele estava de lado, agachado sobre um corpo que estava meio sentado, apoiado em uma árvore. As mãos dele estavam na barriga da pessoa, fazendo pressão. Rapidamente as mãos dele se encharcaram de sangue, e a cor foi se espalhando pela roupa escura da pessoa.

— Isso dói... — A pessoa disse fraca. A voz...

— Eu sei... — desesperou-se. — O que você tem na cabeça? Por que veio? Perdeu o juízo?! — Quase gritou.

— Pare de gritar, eu não sou surda! — Ela exclamou, parecendo se arrepender.

— É você ali? — Ouviu Gabriel em seu lado, também escondido atrás da árvore.

— Sim... Nós vimos isso... Lembra?

— Não... Você... levou um tiro?

— Não sei... Mas só pode ser. Está ouvindo as metralhadoras?

— Estou... Mas o que está acontecendo aqui?

— ... isso aqui não é lugar de mulher. Isso é uma GUERRA! — O homem gritou, como se ouvisse a pergunta de Gabriel.

— Nesse momento, está acontecendo a Segunda Guerra Mundial. — Ethan disse, logo atrás deles. — A Alemanha invadiu a França.

— Mas eu ainda não entendi o que eu vim fazer aqui. — Rebeca disse. — Quer dizer, ela ali. Por que ela viria para a guerra?

— Ela achava que acharia na guerra o que tanto procurou sem saber. — Rebeca o olhou. — Seu instinto para com Gabriel sempre foi ótimo. Ele também estava aqui, porém, ele era um soldado alemão.

A boca dos dois se abriram, chocados.

— Mas você morreu antes de vê-lo...

Um grito de dor interrompeu eles. Eles olharam de novo para lá. O homem havia gritado. A Rebeca daquela vida estava de olhos fechados, com um sorriso leve nos lábios. De repente, ele pareceu furioso. Pegou sua arma, levantou e saiu dali.

— Onde ele vai? — Gabriel perguntou o seguindo com o olhar.

— Ter a vingança dele. — Ethan disse.

— Ele vai ficar bem? — Rebeca olhou para si, caída no chão.

— Vai. Vai sofrer alguns ferimentos, mas vai se recuperar. Precisamos ir. — Começou a andar para o outro lado.

Enquanto o seguiam, Rebeca ouviu outros passos e olhou para trás.

Viu alguém se aproximando do corpo morto. Alguém que vestia um uniforme diferente e aquela faixa vermelha no braço, com a suástica nazista...

Ele observava a garota, e então tirou o capacete e se ajoelhou ao lado dela. Ele parecia chocado, e tocou o rosto dela.

Era ele. Gabriel.

— Rebeca, vamos! — Gabriel chamou de longe.

Ela não conseguia desviar o olhar. O rapaz parecia triste, apesar de não a conhecer. Ele pareceu começar a chorar, quando Rebeca foi puxada. Antes que protestasse, entrou em um portal.

— Que saco, eu queria ver! — reclamou e olhou ao redor. — Só vamos sair em florestas?

— É mais seguro. — Ethan disse começando a andar.

— E agora onde estamos?

Ele parou, olhando ao redor. — Não está mais aqui. Vamos seguir.

— Nossa... — Gabriel exclamou, enquanto outro portal aparecia.

Entraram, e saíram em um lugar fechado. Estava de noite, e Rebeca reparou que estavam em uma espécie de corredor. Tanto as paredes quanto o chão eram feitos de tijolinhos avermelhados.

Ethan seguiu para o fim do corredor e eles o seguiram. Saíram em um lugar aberto que parecia uma praça rodeadas de casas antigas.

— Veneza, 1752. — Ethan informou, antes que alguém perguntasse.

Rebeca observou as pessoas que passavam, o que eram muitas. As mulheres usavam vestidos longos e estufados, com espartilhos apertados e peitos quase saltando para fora do corpete. Não dava para enxergar o que os homens usavam, pois vestiam um manto comprido por cima das roupas, mas a maioria deles usavam perucas grandes, feias e brancas.

Todas as pessoas andavam para lá e para cá, parecendo extremamente apressadas.

— O livro está aqui? — Gabriel olhou para Ethan.

— Sim... Em algum lugar. Precisamos achá-lo. — Começou a andar entre as pessoas.

Enquanto tentava não se perder de Ethan, Rebeca reparou que as pessoas que estavam próximas deles os olhavam de forma estranha. Alguns até estavam rindo.

— É, precisamos nos trocar. — Ethan concordou com seu pensamento.

Eles não sabiam para onde ele estava indo, mas provavelmente ele sabia.

Andaram pelos próximos cinco minutos, e Ethan entrou em um beco apertado. Parou em uma porta escura de madeira e a abriu, entrando seguido dos dois.

— Você vai invadindo uma casa assim, na boa? — Rebeca perguntou tentando enxergar algo na escuridão do lugar.

— Ninguém mora aqui. — Ethan disse fechando a porta.

Um pouco depois, algumas luzes apareceram, iluminando o lugar. Era um cômodo quadricular, não muito grande. Havia uma mesa com duas cadeiras e um banco do outro lado da sala.

Ethan tirou as velas sabe-se lá de onde e as deixou na mesa.

— O que vamos fazer? — Rebeca o encarou

— Primeiro, precisamos de roupas adequadas.

— E onde vamos conseguir...?

Em um piscar de olhos, Ethan estendeu uma roupa enorme para ela, e outras peças para Gabriel.

É claro...

Rebeca viu que era um vestido gigantesco, de uma cor azul escura, e havia duas outras peças de uma cor amarelada. Uma espécie de cinta e um short. Ou era uma calcinha?

— Rápido, se vistam. — Ethan os apressou, tirando as próprias roupas.

Rebeca olhou para Gabriel, confusa. Ele já estava tirando as roupas dele.

Meu Deus, como vou colocar isso?

Tirou os sapatos, e apesar de estar com vergonha — por Ethan, Gabriel já a vira várias vezes só de roupas intimas —, tirou a calça e vestiu aquele short estranho.

Espera aí, eu nem preciso tirar minhas roupas. Elas vão ficar escondidas pelo vestido!

Então ela colocou as calças de volta e o short por cima.

— Você terá que tirar a camiseta. — Ethan disse, se aproximando, já com as roupas comuns do lugar.

— M-mas...

— Não temos tempo. — Pegou a cinta que estava na mesa. — Se ficar com ela, o tecido vai aparecer. Temos que nos misturar, não podemos ser percebidos. Vire-se e tire a blusa. Vou te ajudar com o espartilho.

Com o rosto quente, Rebeca se virou e tirou a blusa, ficando de sutiã.

— Levante um pouco os braços.

Assim ela fez, e ele colocou a parte da frente do espartilho em sua barriga, e a puxou para as costas, ecomeçou a fechar a apertar o troço em sua volta.

— Segure a respiração.

Rebeca puxou o ar, que foi roubado quando o espartilho a apertou ainda mais. Ela colocou as mãos na barriga, como se ajudasse a respirar melhor, e olhou para baixo.

Peitos era algo que ela não tinha muito. Mas agora eles pareciam ter dobrado de tamanho e ficado mais altos.

— Eu vou morrer sufocada — disse tentando respirar.

— Logo você se acostuma. — E apertou mais.

— Chega! Você quer me matar?!

— Eu ainda não estou apertando tanto quanto deveria. Pronto. Agora o vestido. — Pegou a peça e Rebeca se virou de frente para ele, levantando os braços.

Ethan pegou o vestido pela barra e o levou até a cabeça dela, e fez com que ele entrasse. A ajudou a colocar os braços nas mangas e ajeitou o tecido ao redor do corpo, puxando os laços nas costas, de modo que ficasse bem justo.

Rebeca olhou para o lado enquanto isso, e viu Gabriel se atrapalhando com as blusas. Então viu três máscaras brancas sob a mesa.

— Para que essas máscaras? Vamos fazer cosplay de Guardião?

— Estamos na semana de carnaval. Hoje terá um baile público, e as máscaras são os “passes” para a festa. Estou sentindo que o livro está no local onde ocorrerá a festa.

— Então a pessoa que pegou o livro curte uma festa. — Gabriel riu, colocando um casaco preto por cima da camisa branca e colete.

— Aparentemente, sim. — Ethan disse. — Pronto. Vou arrumar seu cabelo.

Rapidamente ele prendeu os fios, deixando apenas algumas mechas da franja soltas.

— Até que você ficou bonita. — Gabriel sorriu a olhando.

— Você está horrível com essa peruca preta. — Ela começou a rir.

Ele fez bico. — Estou elegante.

— Vamos. — Ethan anunciou, pegando as máscaras e saindo para a viela.


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Notas finais do capítulo

BAILE DE CARNAVAL AAAAAA esse sim é um bom carnaval -q

Quem lembra da cena que Rebeca viu sobre aquele momento da guerra? Agora vocês foram situados de onde/o que aconteceu. E sim, teremos visita deles em praticamente todas as vidas que Rebeca viu junto de Cecília.

Nos vemos lá o/



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