Através do Tempo - Entre Vidas escrita por Biax


Capítulo 8
VIII - Ponto Nulo




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Depois de comer, os três trocaram de roupas, colocando algumas mais confortáveis e discretas, como Ethan havia dito.

— Vamos levar nossas coisas? — Rebeca perguntou.

— Não. Temos que ir o mais leves possível. Qualquer coisa nos atrapalhará. — Ethan explicou, na cozinha. — Estão prontos?

— Ah... espera, deixa eu ir no banheiro. — Rebeca falou e foi para o banheiro. Logo voltou. — Pronto.

Ethan olhou para os dois e seguiu para a sala. O seguiram para o primeiro cômodo vazio.

— Fechem os olhos.

Apesar de curiosos, obedeceram. Eles acharam que algo iria acontecer...

— Pronto.

Olharam ao redor. Eles estavam ao ar livre. Literalmente.

Era um campo vasto onde a grama era bem baixinha. Haviam montanhas bem ao longe, quase cobertas pelas nuvens. Então Rebeca e Gabriel se viraram, e um pouco longe, havia um...

— Isso... parece... o Stonehange... — Rebeca comentou, impressionada.

Havia uma estrutura, com vários portais formando uma forma circular. Haviam portais pequenos e outros enormes.

— Na verdade, o Stonehenge foi inspirado nessa estrutura. — Ethan disse, andando para lá.

— Uau... — disseram, o seguindo.

Conforme se aproximavam, perceberam que os portais que pareciam pequenos, na verdade, iam ficando cada vez maiores, e os que já eram grandes, ficaram maiores ainda. O céu estava de um intenso azul sem nuvem alguma. O sol estava bem baixo no horizonte.

E apesar de parecer cedo, haviam diversas pessoas andando para lá e para cá, no centro do lugar.

Ethan seguiu para um portal, um dos maiores. — Essa é a nossa entrada.

— Como assim nossa entrada? — Rebeca indagou.

— Para entrarmos ali, temos que atravessar esse portal. Chamamos esse lugar de Ponto Nulo. Aqui é o centro de tudo. Esse lugar fica em um ponto exatamente entre as dimensões e o tempo. Cada portal desse leva para uma dimensão.

— Então esse portal é para a sua dimensão... — Rebeca avaliou, enquanto passavam pelo tal portal.

— Sim.

Assim que passaram, Rebeca e Gabriel se sentiram mais leves, como se a gravidade tivesse diminuído.

O lugar era maior do que parecia. Era extremamente extenso e era uma boa caminhada até chegar no centro.

O chão parecia ser feito de mármore branco, e conforme iam mais para o centro, haviam alguns degraus bem espaçados, de modo que o centro ficasse um pouco mais alto do que o nível dos portais.

Haviam muitas pessoas entrando e saindo dos portais livremente, mas em nenhum momento Rebeca conseguia vê-los do lado de fora, apenas quando eles travessavam as portas. E essas pessoas eram bem diferentes deles. Algumas bem altas e magras, outros com uma pele tão branca que era quase translúcida, outras com a pele azul, avermelhada, entre outras cores, alturas, tamanhos...

Foi a primeira vez que Rebeca se sentiu como uma intrusa naquele lugar. Todos que passavam por eles os olhavam de uma forma estranha, como se nunca tivessem visto.

— Não se preocupe. — Ethan disse sem olhá-la. — Grande parte desses seres nunca viram humanos da sua dimensão. Só estão surpresos.

— Eu estou mais surpresa que eles e nem por isso fico encarando. — Ela resmungou, fazendo bico.

Ethan riu. — Então sinta-se à vontade para encará-los de volta.

— Eu não, vai que algum cisma comigo.

Eles foram subindo até o último degrau, que mesmo por ter “afunilado” não deixou de ser grande.

Gabriel contou cinco degraus até lá.

Rebeca viu um pequeno grupo que estava conversando. Haviam quatro pessoas, dois homens, uma mulher e uma criança.

Os dois homens tinham uma pele de um tom bem escuro de azul e vestiam roupas e um manto branco. A mulher tinha a pele levemente amarelada, e vestia um vestido longo vermelho. Seus cabelos ondulados eram brancos, e ela estava de mão dada com a criança, que de costas, dava para ver somente o cabelo castanho e que vestia um manto marrom escuro.

Se fosse para adivinhar quem era o Tempo, Rebeca chutaria ser a mulher, apesar de Ethan ter dito “senhor” e não “senhora”. Ela parecia a mais diferente dali.

Assim que chegaram perto, os dois homens se despediram e desceram.

O menino, que segurava a mão da mulher, ficou de frente para ela e beijou sua mão. Ela sorriu gentilmente e logo se afastou.

— Ethan! — O menino virou-se para nós e sorriu, olhando para o mais velho. — A quanto tempo não te vejo, garoto!

Gabriel e Rebeca trocaram olhares confusos e espantados enquanto Ethan trocava um rápido abraço com o garoto.

— Tempo, esses são Rebeca e Gabriel. — Apontou para os dois.

— É um prazer conhecê-los! — Tempo disse com sua voz um tanto infantil, se aproximando e tomando as mãos deles.

Tempo parecia ter... dez anos. Não chegava a ser maior que o ombro de Rebeca.

Ele sorriu. — Eu sei que é estranho, mas estou preso nessa forma pelos próximos mil plêíscs. Acredita que Torien fez isso comigo porque eu insisti em levá-la para a Planície dos Türnks? — Olhou para Ethan, parecendo totalmente ofendido. — Eu só queria aproveitar minhas férias com ela!

— Você a conhece bem, devia imaginar o que ela faria.

— Mas não precisa ser agressiva! Depois reclama que está sozinha a quinhentos mil plêíscs!

De novo, os dois se olharam, estranhando.

— Ah, vocês não devem estar entendendo nada! — Deu risada. — Plêíscs são os nossos anos, e Planície dos Türnks é...

— Tempo, por favor. — Ethan o interrompeu. — Eles são crianças.

Tempo olhou para os dois, e os analisou dos pés à cabeça pela primeira vez. — Ethan, o que humanos estão fazendo aqui? — perguntou curioso, o encarando de novo.

Mas que coisa mais estranha...

— Preciso conversar com você. — Ethan disse seriamente. — A sós. — Olhou para os dois.

Okay...

Rebeca puxou Gabriel para longe. Desceram e se sentaram no segundo degrau, e ela ficou de lado, olhando para os dois ao longe.

— O que será que era aquela planície que ele falou? — Gabriel perguntou rindo.

— Pelo jeito, prefiro não saber... — disse baixo.

Tempo e Ethan começaram a conversar, e à medida que Ethan falava, a cara do Tempo ia ficando cada vez mais séria. De vez em quando, eles olhavam para Rebeca e voltavam a se olhar.

— Para quem estava com pressa, eles estão demorando demais. — Rebeca bufou.

— Talvez eles tenham muito assunto para colocar em dia. — Gabriel deu uma risadinha.

— Isso não é hora para fofocar, caramba. — Olhou para eles de novo.

Ethan, anda logo!

Ethan olhou para ela, e mesmo ela fazendo uma cara de “se apresse”, acabou ficando corada. Ainda não estava costumada com aquilo.

Pouco depois, Ethan fez sinal para eles voltarem. Tempo ficou na frente de Rebeca e pegou sua mão. A puxou para baixo e a fez ficar de joelhos, para que ficasse quase na mesma altura que ele.

Ele segurou o rosto dela e a olhou nos olhos, como se conseguisse ver sua alma.

Apesar de ficar com certo medo, ficou parada, estranhando aquela aproximação.

— Sim, está bem — anunciou, a soltando e puxando Gabriel para baixo e fazendo o mesmo com ele. Pouco depois, o soltou, e como se soubesse, puxou a corrente do pescoço dele, que estava escondida pela camiseta, e pegou o crucifixo. O analisou bem, de vários lados, e depois o soltou. — Mantenha isso aí. — Se afastou, indo falar algo com Ethan.

— Mas o quê...? — Rebeca sussurrou para Gabriel, perdida.

Eles ficaram de pé e se aproximaram de novo e Tempo.

— Boa sorte para vocês. Você sabe como o portal funciona — falou para Ethan.

— Obrigado. — Ethan tocou rapidamente o ombro do amigo. — Vamos. — Desceu para o lado oposto de onde subiram.

Eles o seguiram. Ethan parou na frente de um portal pequeno, e olhou para os acompanhantes, se certificando de que eles estavam ali. Rebeca espiou para trás, notando Tempo parado no mesmo lugar, os observando. Assim que Ethan entrou no portal, acenou para Tempo e entrou junto de Gabriel.

Apesar de saber, Rebeca tinha a impressão que viria a mesma planície reta da passagem. Mas não.

Estavam em um bosque frio e escuro, por estar de noite.

— Onde estamos? — Rebeca perguntou olhando ao redor.

Ethan fechou os olhos, parecendo se concentrar.

— Equador, mais precisamente na cidade de Babahoyo... — Piscou e começou a andar.

— Mas o que estamos fazendo aqui? — Gabriel indagou, enquanto o alcançava.

— O livro veio parar aqui de alguma forma. Ou melhor, a pessoa que o roubou passou aqui.

— Mas por que ele viria aqui? — Rebeca os acompanhou.

— Não sei...

Assim que chegaram no final da floresta, casas e ruas de barro começaram a aparecer. Ethan parou de andar e olhou para alguma casa, parecendo pensativo.

— O que foi? — Rebeca ficou ao lado dele e tentou procurar o que ele olhava.

— Você está aqui perto.

— Sim, estou mesmo.

— Não você. Você em sua vida anterior.

— Minha vida anterior? Como assim? M-mas estamos no Equador!

— Sim. Você nasceu aqui... Atualmente está com vinte anos e prestes a morrer.

— Quê?! — Quase engasgou. — Por quê?!

— Você está doente... Mas o livro não está mais aqui. Ele já foi para outro lugar. Vamos. — Voltou à floresta.

— O que vamos fazer? Vamos voltar? — Gabriel perguntou.

— Não. Vamos seguir em frente.

Rebeca não viu, mas logo à frente um portal surgiu, igual ao que havia no Ponto Nulo.

Sem hesitar, Ethan entrou, seguido dos dois.


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Notas finais do capítulo

Ahhh! Começou a viagem no tempo! O que será que os aguarda? No próximo teremos algumas curiosidades dessa breve visita da vida da Rebeca "anterior" dela, e claro, mais visitas em outros tempos.

Ninguém esperava pelo Tempo ter aparência de criança, né? Hhauhauah gostei muito disso.



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