Através do Tempo - Entre Vidas escrita por Biax


Capítulo 12
XII - Fuga




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/758452/chapter/12

Ethan abriu os olhos, sentindo muitas presenças se aproximando. Presenças nada boa intencionadas. Sentou-se e faz uma rápida varredura ao redor.

Levantou e foi até a janela. Ainda estava amanhecendo, e tudo estava aparentemente tranquilo, porém, ele sabia que não estava.

Olhou para os dois adormecidos. Eles não tinham descansado o suficiente, mas não teria como deixá-los dormindo mais. Se abaixou e segurou o ombro de Rebeca.

— Rebeca, acorde.

Ela resmungou. — Nnn...

— Levanta.

— Mais cinco minutos...

— Temos que ir agora.

Suspirou e abriu os olhos. — Ainda está escuro, Ethan — choramingou.

— Eu sei... — sussurrou e levantou pelas mãos, a puxando de uma vez. — Precisamos ir agora.

— Por quê...? — perguntou sonolenta, com a cara colada no peito dele. Poderia voltar a dormir ali mesmo.

— Porque o estado está sendo invadido por um exército. Logo eles chegarão aqui.

— Exército? — Despertou e piscou algumas vezes. — Como assim?

— Um exército dinamarquês está vindo para cá.

— Por quê?

— Estamos na Saxônia, no meio da Guerra dos Trinta anos.

—Ah... — Tentou lembrar das aulas de história, onde havia estudado sobre essa guerra. — Tudo por causa de religião...

— É, inicialmente era... — Olhou bem para ela. — Me perdoe por ter falado daquela forma com você ontem.

— Bom... tudo bem. Você não estava errado em brigar com a gente... apesar de não termos feito de propósito...

— Eu sei... Eu me deixei levar pela raiva. Me perdoe.

— Não se preocupe... Por falar nisso, onde você estava?

Um barulho que parecia fogos ao longe encheu o lugar, os fazendo olhar pela janela rapidamente.

— Depois eu explico... — Tocou o rosto dela com a mão direita e a fez o olhar. — Acorde Gabriel, temos que ir... Vou achar outro lugar para que você durma mais. — E se afastou, saindo do quarto.

Rebeca sentiu a pele onde ele havia tocado mais quente e a tocou, sem perceber. Piscou e despertou com mais um barulho alto, um pouco mais perto.

Isso são... bombas?

Se aproximou do colchão e puxou a perna de Gabriel. — Acorda, Gabriel! Rápido, temos que ir embora!

— Ahn? Quê? — Ele sentou rapidamente. — Por quê?

— Tem um exército vindo para cá, temos que sair! Levanta! — falou enquanto calçava seus tênis.

Ele resmungou, mas foi para a ponta do colchão, também calçando seus tênis. — Por que sempre acabamos no meio de guerras?

— Vai saber. Anda logo.

Gabriel terminou e eles desceram. Ethan estava na cozinha e virou quando eles apareceram.

— Foi o que eu consegui. — Deu uma maçã para cada um. Agora vamos. — Abriu a porta e saiu para a rua.

Rebeca deu uma mordida na fruta e saiu com Gabriel, olhando para os lados. Parecia que ninguém ouvira as bombas se aproximando. Ethan começou a andar, mas parou bruscamente, olhando para um beco à esquerda.

— Essas pessoas vão morrer se ficarem aqui, não vão? Não podemos fazer alguma coisa para acordá-las? — Rebeca perguntou, preocupada. — Ethan?

Ele levantou a mão, indicando para ela parar de falar. Então foi para o beco.

— Onde ele está indo agora? — Gabriel disse.

— Pela cara dele, o livro deve estar por aqui... — Começou a andar, tentando terminar de comer a maçã.

Eles seguiram até o final do beco, onde saíram em um pátio, rodeada de uma única casa gigantesca de três andares. Ethan seguiu para a entrada principal, e foi entrando.

Os barulhos de bomba estavam cada vez mais perto, mas ele parecia não se importar.

Os dois entraram também. A casa estava silenciosa e ainda escura, mesmo o céu tendo clareado um pouco. O sol ainda não nascera.

Logo no hall de entrada havia uma escada dupla, mas haviam diversas portas que levavam para lugares diferentes.

— Ai caramba... e agora? — Rebeca olhou ao redor. — Esperamos aqui ou tentamos achá-lo?

— Baseado no que aconteceu ontem... Não sei.

Ela revirou os olhos. — Ele sempre acha a gente, então vamos procurar. Eu não posso ficar aqui esperando sabendo que algum cara do exército pode entrar e me matar.

Então seguiu para a primeira porta à direita. Entraram em diversos cômodos. Salas, salas, cozinhas, cozinhas... Tudo sujo, claro. Pararam na frente de uma porta quando ouviram uma explosão muito perto. Dessa vez algo grande havia explodido.

Com o coração batendo forte, foi abrir a porta, mas ela foi aberta antes. O senhor os olhou assustado.

— Was ist das für ein geräusch? — perguntou com um sotaque bem estranho.

Outras pessoas começaram a sair de outras portas do corredor, todas parecendo assustadas.

Finalmente ouviram as bombas!

Rebeca puxou Gabriel dali. Voltaram o caminho e foram por outra porta, correndo no meio das pessoas que queriam sair da casa. Do lado de fora, pessoas começaram a gritar. Gritos e tiros eram ouvidos.

O coração dos dois começaram a disparar de desespero.

Voltaram e subiram as escadas. Viraram à esquerda, entrando cada vez mais na casa.

Com o coração apertado, Rebeca abriu bruscamente uma porta aleatória do corredor.

— Helfen sie mir! Bitte! — Uma voz feminina gritou, desesperada.

Havia outra porta no final do cômodo. A voz vinha de lá. Rebeca correu e abriu aquela porta. Era um quarto pequeno. Havia uma janela pequena e uma cama de ferro, que estava sendo ocupada por uma menina.

Ela estava com os pulsos amarrados com cordas, na cabeceira da cama.

— Helfen sie mir! — Ela disse desesperada, entre lágrimas.

Rebeca se aproximou, sentando na beirada da cama e tentou desamarrar os vários nós dos pulsos dela, mas não conseguia.

— Droga! Me ajuda aqui, Gabriel!

Ele se ajoelhou no chão ao lado da cama e começou a desamarrar os nós.

Enquanto fazia isso, Rebeca olhou para a menina. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, e ela olhava com certa esperança para Gabriel.

Mas espera aí...

Ela não tinha reparado por causa das manchas de sardas que a menina tinha no rosto todo, mas era ela. Os cabelos estavam escuros e oleosos, como se não os lavasse a meses.

Gabriel conseguiu soltá-la, e Rebeca a ajudou a levantar. A garota parecia desolada e com medo. Saíram do cômodo, e antes de chegar na metade do outro, alguém entrou na sala, fazendo os três pararam. Era um soldado, segurando uma arma na direção deles.

— Freeze! — Ele disse tentando se impor com a voz trêmula.

— Gabriel... — Rebeca sussurrou, olhando o homem. — Faz alguma coisa.

— Só porque sou eu ali, não significa que eu saiba o que fazer — disse com medo.

O rapaz olhou os três, e encarou a outra Rebeca, se demorando nela. Então baixou a arma. — Weglaufen, schnell!

A garota correu até ele, segurou seu rosto e o beijou na bochecha, correndo para o corredor.

— Sie auch! — Ele disse com pressa, olhando os dois parados.

A garota apareceu de novo e olhou para eles. — Hier! — Balançou as mãos, como se os chamasse.

Sem saber o que fazer, a seguiram. Ela foi até a última porta e entrou. Os dois entraram, mas ela ficou na porta, olhando algo.

— Kommst du nicht? — perguntou, parecendo apreensiva.

Houve mais alguns barulhos no andar de baixo da casa.

— Verdammt! — O rapaz soltou, parecendo xingar, e em seguida entrou no quarto.

A garota fechou a porta, a trancando com a chave, e depois foi até o guarda roupa que havia ali. Abriu as portas e abriu espaço entre as roupas que estavam penduradas. Tateou o fundo do móvel e abriu duas portinhas.

— Hier! Schnell — Apontou para a pequena passagem.

Rebeca foi a primeira a entrar, seguida de Gabriel, o outro Gabriel e por último a outra Rebeca, que fechou as portas do guarda roupa, ajeitou as roupas e fechou as portinhas.

Era um túnel estreito, onde tiveram que engatinhar. Seguiram por mais cinco minutos, até chegarem em uma passagem para cima.

Parecia pesado, mas Rebeca fez força para cima, conseguindo arrastar a pedra fina que havia ali. Colocou a cabeça para fora, e viu que tinham saído em uma espécie de galpão pequeno.

Colocou os braços para fora, ficando de joelhos no chão e se apoiando nas bordas da saída, mas então algo surgiu em sua frente e ela olhou para cima, já temendo.

Ethan estava ali, estendendo a mão para ela.

Ela suspirou, aliviada, e pegou sua mão, se deixando ser ajudada e saiu do buraco, já ficando perto dele e o abraçando.

— Eu achei que íamos morrer... — falou baixo.

Enquanto ele a abraçava com um braço, estendeu a outra mão para ajudar Gabriel a sair. E ele também se juntou ao abraço.

— Não suma de novo, por favor. — Gabriel disse ao soltá-lo.

— Me perdoem... Eu quase a peguei.

Os outros dois saíram também, encarando Ethan.

— Fliehen. — Ethan disse calmamente.

— Aber was ist mit dir? — Ela perguntou.

— Keine sorge. Go! — Os apressou.

Os quatro trocaram últimos olhares, e os outros dois saíram pela porta nos fundos. Ainda haviam barulhos de bombas e tiros lá fora.

— Vamos. — Ethan chamou, suavemente.

Um portal surgiu na frente da porta, e logo eles passaram por ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se vocês quiserem, coloco a tradução das falas entre parenteses. Mas eu acho que a graça é ficar sem saber, justamente igual a Rebeca e o Gabs xD



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Através do Tempo - Entre Vidas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.