O resgate do tigre escrita por Anaruaa


Capítulo 32
À caminho de casa




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Começamos a viagem de volta para casa assim que amanheceu. Fomos nos alternando ao volante enquanto Kelsey e eu contávamos detalhes da nossa busca a Kadam, que estava muito interessado e fascinado, e fazia anotações de tudo.

Paramos em um hotel e nos sentamos para mostrar as fotos que havíamos tirado em Shangri-la. Perguntei a Kelsey porque ela não levara câmera fotográfica para Kishikinda e Kadam respondeu que era porque naquela ocasião eles tiveram que levar água e comida.

Fui passando as fotos até que chegou naquela de Kelsey no nosso primeiro dia com os silvanos. Sorri satisfeito.

— Com certeza vou querer uma cópia desta aqui, apsaras rajkumari. — entregando-lhe a câmera

Kadam se virou para ver a foto:

— Está muito bonita, Srta. Kelsey.

— Você devia tê-la visto pessoalmente. Muito bonita não faz jus a ela.

Kadam riu e foi pegar sua bolsa no carro. Eu me levantei e encostei o quadril na mesa, Inclinei-me para falar com Kelsey:

— Na verdade, eu diria que nunca vi nada mais bonito.

Ela abaixou o rosto e balançou os pés, nervosa.

— Bem, é sempre impressionante quando a pessoa se arruma. Um tratamento de beleza de fadas iria causar comoção nos salões.

Eu segurei delicadamente seu cotovelo e a virei para mim.

— Não foi um tratamento de beleza que a fez ficar linda. Você é sempre linda. A maquiagem somente realçou o que já estava lá. — Eu ergui seu queixo com um dedo e a olhei nos olhos. — Você é uma mulher maravilhosa, Kelsey.

Kelsey me olhava apreensiva, então eu coloquei as mãos em seus braços e acariciei. Ela não me repeliu, então eu desci meus lábios em direção aos dela, mas ela colocou a mão no meu peito, me empurrando devagar.

— Kishan— Falou baixinho.

— Gosto da maneira como você diz meu nome.

— Por favor, me solte.

Ergui a cabeça, um pouco frustrado, e retirei minhas mãos dela.

— Ren... é um homem de sorte, muita sorte.

Fui até a janela, me perguntando o que Kelsey de fato sentia por mim. E o que ela sentia por Ren. Eu estava certo de que ela ainda amava o meu irmão, mas percebia que ela sentia pelo menos atração por mim. Eu me perguntava em que momento Kelsey me amaria ao invés dele. Olhei para ela, que segurava um pijama e sabonete.

— Acho que também preciso de um tratamento de beleza. Um banho quente está me chamando.

— É, eu também. Um banho quente vai ser magnífico.

— Quer ir primeiro?

— Não, pode ir.

Respondi para provocá-la:

— Seria sensacional se você me dissesse que queria economizar água.

—Kishan!— exclamou indignada

Eu pisquei para ela:

— Não achei mesmo que quisesse. Mas não se pode culpar um homem por tentar.

Neste momento, Kadam entrou e mudamos de assunto.

Voltamos à estrada no dia seguinte e era minha vez de dirigir. Kelsey e Kadam estavam discutindo sobre a visão que ambos tiveram com Lokesh e tentavam desvendar a origem do homem tatuado que viram com Ren.

Enquanto conversavam, fiquei pensando sobre meu relacionamento com Kelsey. Claramente, estava diferente agora em relação a quando começamos a viagem. Eu me sentia muito mais à vontade ao falar sobre meus sentimento e demonstrá-los  e Kelsey não me repelia como antes.

Eu sabia que ela se sentia mal e culpada ao retribuir minhas investidas, mas eu percebia que ela não se incomodava mais com meus toques, meus olhares ou mesmo com meus beijos. Mas eu queria mais, eu precisava de mais. E eu sabia que eu teria mais.

Desde aquele primeiro sonho no bosque dos silvanos, eu sabia que ela seria minha, que ela teria um bebê de olhos dourados e este seria meu filho. O segundo sonho apenas confirmou este fato e me causou alívio, já que eu imaginava que ter Kelsey me afastaria de vez de Ren, que se sentiria traído por mim novamente. Eu estava disposto a pagar este preço, mas agora que eu sabia que não aconteceria desta forma, eu estava completamente feliz e ansioso por este momento.

Olhei para o retrovisor e vi Kelsey olhando para a janela, mordendo o lábio pensativa.

— Um tostão por seus pensamentos.

O rosto dela ficou vermelho e ela respondeu:

— Só estava pensando em salvar Ren.

Então virou-se no banco e fechou os olhos. Eu a acordei quando chegamos.

Kelsey estava feliz por estar em casa. Eu levei as malas para dentro, depois fui para o meu quarto, descansar um pouco. Mais tarde, desci e encontrei Kelsey e Kadam na mesa de jantar, onde havia alimentos da aldeia dos silvanos. Puxei uma cadeira para me sentar perto dela:

—Ei! Por que não fui convidado para o chá dos silvanos?

Comemos e bebemos o néctar e pedimos ao fruto que produzisse mais. Ficamos maravilhados ao ver que ele era sim, capaz de reproduzi-los. Nós conversamos bastante, depois Kadam pegou alguns livros e nós pesquisamos sobre as diferentes tribos da Ìndia. Kelsey e Kadam esperavam encontrar algo sobre as tatuagens do tal servo de Lokesh. Quando meu tempo acabou, transformei-me em tigre e dormi aos pés de Kelsey, mas ouvi quando ela descobriu algo:

— Sr. Kadam, dê uma olhada nisto.

— Sim. Este é um dos grupos em que pensei. São os baigas.

— O que o senhor sabe sobre eles? Onde vivem?

— São uma tribo indígena quase sempre nômade, que evita associações fora de suas comunidades. Eles caçam e coletam alimentos, preferindo não cultivar o solo. Acreditam que trabalhar a terra prejudica a Mãe Natureza. Que eu saiba existem dois grupos deles: um em Madhya Pradesh, na região central da Índia, e outro em Jharkhand, que fica no leste do país. Creio que tenho um livro que oferece mais detalhes sobre sua cultura.

Levantei a cabeça para observar Kadam, que foi à prateleira pegar outro livro.

— É sobre os adivasis. Deve haver mais informações sobre os baigas aqui.

Kelsey inclinou-se e coçou minha orelha.

— O que são os adivasis?

— Trata-se de um termo que classifica todas as tribos nativas em conjunto, mas não as diferencia entre si. Várias culturas se enquadram no termo adivasis. Aqui temos os irulas, oraons, santals e — ele passou mais uma página — os baigas.

Kelsey continuava coçando minha orelha, então eu relaxei e dormi. Percebi quando ela se levantou para ir ao seu quarto e a segui pelas escadas. Entrei em seu quarto, parando em frente a porta de vidro, para que ela me deixasse sair para a varanda, onde eu dormiria. Ela se ajoelhou a meu lado e acariciou minhas costas.

— Obrigada por me fazer companhia.

Pulei no banco de balanço e voltei a dormir.


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