O resgate do tigre escrita por Anaruaa


Capítulo 22
Coisas ruins




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Voltamos à aldeia dos silvanos e tomamos o café da manhã. Eles nos deram roupas novas e alimentos e nos disseram que enquanto estivéssemos viajando por suas terras, nós só precisaríamos pendurar aquelas roupas em galhos de árvores, que enquanto estivéssemos dormindo, as fadas limpariam e consertariam -nas.

Fauno veio até nós com um bebê no colo, dirigindo-se à Kelsey:

— Antes de irem, gostaríamos de lhe pedir um favor — disse ele. — A família do novo bebê quer saber se você poderia escolher um nome para seu filho.

— Tem certeza? E se eu der um nome de que eles não gostem?

— Eles ficarão honrados com qualquer nome que der à criança.

Fauno entregou o bebê a ela, que começou a embala-lo e falar com ele de forma amorosa. Imediatamente me lembrei do sonho. Senti uma felicidade transbordante, uma ansiedade para viver tudo aquilo.O bebê segurou e puxou o cabelo de Kelsey, então eu me aproximei dos dois, afastei o cabelo dela e toquei a mão do bebê, que agarrou meu dedo com força.

— Ele tem força na mão— Comentei sorrindo.

— Tem, sim. Gostaria de chamá-lo de Tarak, em homenagem a seu avô, se você não se importar — Ela falou, olhando para mim.

— Acho que ele iria gostar de ter um xará.

Kelsey comunicou a escolha à fauno e todos os Silvanos comemoraram. Eu me aproximei de Kelsey, passei os braços por seus ombros e sussurrei sorrindo:

— Você vai ser uma boa mãe, Kelsey.

— Neste momento estou mais para tia. Aqui. Sua vez.

Ela me entregou o bebê sonolento e eu o aninhei em meus braços, sonhando com o dia em que ela me entregaria nosso filho. Fiquei ali, olhando para aquele bebê tão delicado, extremamente feliz com a possibilidade de ser pai um dia.

Quando Kelsey retornou, ela tinha trocado de roupa e estava pronta para ir embora. Entreguei o bebê para a família e sai para me trocar também.

Quando finalmente deixamos a aldeia, eu sabia o caminho a seguir e por isso ia seguindo à frente. O tempo todo eu me lembrava do sonho e ficava imaginando a vida com Kelsey, nosso namoro, noivado, nosso casamento e nossos filhos. Eu estava feliz e não conseguia disfarçar. Sempre que olhava pra ela eu sorria.

— O que deu em você? Está agindo diferente.

— Estou?

— Sim. Poderia dizer por quê?

Eu hesitei, pensando se deveria contar a ela, então suspirei e comecei:

— Um dos meus sonhos foi com você. Você estava recostada numa cama, cansada, mas feliz e linda. Tinha um menino recém-nascido de cabelos escuros nos braços. Você o chamou de Anik. Era seu filho.

— Ah. Havia... mais alguém lá comigo?

— Havia, mas eu não conseguia ver quem.

— Sei.

— Ele parecia conosco, Kelsey. Quero dizer... ou ele era de Ren ou... era meu.

Kelsey parou de caminhar e ficou calada. Parecia estar pensando no que eu lhe dissera. Depois de um tempo ela me perguntou sobre os olhos do bebê. Eu olhei para o rosto dela por um tempo, antes de lhe responder:

—  Os olhos dele estavam fechados. Ele estava dormindo.

— Ah.

Ela recomeçou a caminhar, e eu a toquei no braço para que ela continuasse me ouvindo:

— Uma vez você me perguntou se eu queria ter um lar e uma família. Eu não pensava que fosse querer isso sem Yesubai, mas, vendo você daquele jeito no meu sonho, com aquele bebezinho... sim. Eu quero. Quero aquele bebê. Quero... você. Eu o vi e me senti... possessivo e orgulhoso. Quero a vida que vi em meu sonho mais do que tudo, Kells. Achei que você deveria saber disso.

Ela assentiu silenciosa, parecia estar triste.

— Quer me contar o que você sonhou? — perguntei

Ela balançou a cabeça enquanto olhava para a barra do vestido, que ela segurava.

— Não. Não mesmo.

Nós caminhamos em silêncio por longas horas. Kelsey parecia constrangida e eu resolvi respeitá-la e não tocar mais naquele assunto. Nós seguimos através dos morros que eu tinha visualizado no meu sonho e chegamos a uma caverna na base de um deles.

— Ótimo. Outra caverna. Não gosto de cavernas. Até agora minhas experiências com elas não foram nada boas.

— Vai ficar tudo bem. Confie em mim, Kells.

— Como quiser. Por favor, você primeiro.

A caverna estava escura e Kelsey não conseguia enxergar. Eu já havia sentido o cheiro de mel e ouvido o som das abelhas antes de entrarmos. Kelsey acendeu uma lanterna e ficou surpresa ao ver que a caverna parecia uma colméia gigante, com favos de mel pendurados nas paredes. No meio da caverna, num pedestal, estava a pedra ônfala.

— Ai! — Uma abelha havia lhe picado e Kelsey a esmagou com a mão.

— Shh, Kells. Fique quieta. Elas vão nos incomodar menos se nos movermos devagar e em silêncio e fizermos logo o que viemos fazer.

— Vou tentar.

As abelhas voavam ao nosso redor e tentavam nos atacar, mas o ferrão parecia não conseguir penetrar o tecido das fadas. Ainda assim, recebi algumas picadas na mão e no rosto, assim como Kelsey.

Nós chegamos até a pedra e Kelsey não sabia o que fazer:

— O que eu faço?

— Tente usar seu poder.

Kelsey retirou as mãos de dentro das mangas de sua blusa e as colocou na lateral da pedra, liberando calor para ela. A pedra ficou amarela, laranja, depois vermelha e começou a liberar uma fumaça que tomou conta da caverna, fazendo com que as abelhas desmaiassem.

— Acho que talvez você tenha que aspirar os vapores, Kells, feito aqueles oráculos de que o Sr. Kadam falou.

— Certo. Vamos lá.

Ela debruçou-se sobre a pedra e inspirou fundo. Então ela desmaiou. Eu a peguei em meus braços, levando-a até a floresta. Lá eu percebi que ela tinha várias picadas de abelha.  Peguei o frasco que recebera dos silvanos e comecei a aplicar seu conteúdo sobre sua pele. Quando acordou, Kelsey reclamou:

— Argh! Que coisa nojenta! O que é isso?

Estendi o frasco em sua direção enquanto respondia:

— Os silvanos nos deram isso quando eu lhes disse que encontraríamos muitas abelhas. Eles nunca ouviram falar de abelhas que picam, mas usam este unguento nas árvores para reparar o dano quando um galho é quebrado pelo vento. Acreditaram que ajudaria.

— Quando você contou a eles que iríamos a uma caverna de abelhas?

— Quando você estava trocando de roupa. Eles explicaram que essa caverna ficava fora de seus domínios.

— O cheiro é horrível.

— Mas qual é a sensação?

— É... boa. Calmante e refrescante.

— Então imagino que você possa tolerar o cheiro.

— Acho que sim.

— Você conseguiu? Viu a árvore?

— Sim. Vi a árvore e as quatro casas e algo mais também.

— O que mais?

— Como você disse antes, tem uma serpente no jardim. Para ser específica, é uma serpente muito grande enrolada na base da árvore, impedindo que se tenha acesso a ela.

— É um demônio?

    Ela pensou um pouco:

— Não. É só uma serpente excepcionalmente grande com um dever a cumprir. Eu sei como chegar lá. Siga-me e no caminho decidiremos o que fazer.

— Está bem. Antes, porém... você se importa?

Eu estendi o frasco para Kelsey, que entendeu o recado e começou a esfregar o unguento na minha pele. Ela terminou de passar no meu pescoço e tirei a camisa para que ela esfregasse em minhas costas, pois algumas abelhas tinham entrado sob minha camisa e me picado. O toque dela era quente e delicado.

Ela terminou a tarefa e colocou-se à minha frente. Joguei o cabelo para trás para que ela passasse o unguento no meu rosto. Ela tocou o meu lábio, onde havia uma lesão e parou ali por um instante. Eu segurei minha respiração por alguns segundos e fiquei olhando para ela. Eu queria beijá-la.

— Dói? — perguntou erguendo os olhos.

— Sim — eu disse baixinho.

Porque doía. Estar perto dela sem poder tocá-la, doía. Sentir seu toque suave sem poder esperar nada além disso, doía. Saber que a mulher que eu queria pertencia a outro, doía.

Kelsey terminou de passar a pomada no meu rosto e se afastou rapidamente. Guardou a pomada e começou a caminhar, enquanto eu vestia a camisa. Eu a alcancei rapidamente e nós continuamos a caminhar, até que o sol se pôs e nós montamos acampamento. 

Eu estava agitado e não conseguiria dormir. Pedi para que Kelsey me contasse uma história, porque sua voz me acalmava. Mas desta vez eu fiquei acordado.

— Gilgamesh era um homem muito inteligente. Tão inteligente que encontrou uma forma de entrar furtivamente no reino dos deuses. Vestiu um disfarce e fingiu que estava incumbido de uma tarefa de grande importância. Por meio de perguntas astutas, ele descobriu o esconderijo da planta da eternidade.

— O que é a planta da eternidade?

— Não tenho certeza. Talvez fossem folhas de chá ou alguma coisa que se colocava na salada ou na comida. Ou talvez uma erva ou até mesmo uma droga, como o ópio, mas a questão é que ele a roubou. Quatro dias e quatro noites ele correu sem parar nem para descansar a fim de escapar da ira dos deuses. Quando descobriram que a planta havia sido roubada, ficaram furiosos e anunciaram que haveria uma recompensa para quem conseguisse deter Gilgamesh. Na quinta noite, Gilgamesh estava tão cansado que teve que se deitar para descansar, mesmo que apenas por alguns instantes.

Ela tomou fôlego e continuou:

— Enquanto ele dormia, uma cobra em sua caçada noturna passou por ele e encontrou a planta fragrante, que Gilgamesh havia colocado numa pequena bolsa de pelo de coelho. Pensando ter conseguido facilmente um coelho como jantar, a cobra engoliu a bolsa inteira. Na manhã seguinte, tudo o que Gilgamesh encontrou foi a pele da cobra. Essa foi a primeira vez que uma cobra trocou de pele. A partir daí, as pessoas dizem que as cobras têm uma natureza eterna. Quando troca de pele, ela morre e nasce de novo.

Ela parou por um instante, depois perguntou se eu tinha ficado acordado desta vez.

— Fiquei. Gostei dessa história. Durma bem, bilauta.

— Você também.

Eu me virei de costas e tentei dormir. Mas fiquei me lembrando do meu sonho, revendo em minha mente o bebê de Kelsey, o meu bebê, ansioso para que o sonho se tornasse real.

Demoramos dois dias para chegar até à árvore da visão de Kelsey. A princípio, pensamos tratar-se de uma floresta com grandes árvores, mas ao nos aproximarmos,ficamos impressionados  ao perceber que na verdade, aqueles eram galhos de uma única árvore enorme. Eu lembrei a ela de que havia algo na pesquisa de Kadam e ela parou para pegar as anotações na mochila.

— Ele diz aqui que é uma árvore do mundo, gigante, com raízes que descem ao submundo e folhas que tocam o céu. Supõe-se que tenha mais de 300 metros de largura e centenas de metros de altura. Acho que é esta mesmo.

— Parece que sim.

Começamos a caminhar sobre os galhos. O vento soprava forte e o lugar estava escuro. Senti como se alguém estivesse nos observando. Segurei a mão de Kelsey, que comentou:

— Imagine o tamanho das ninfas que nasceriam desta árvore.

Depois de horas caminhando, chegamos ao tronco. O galho mais próximo estava muito alto e não tínhamos material para escalar.

— Sugiro que acampemos aqui na base e comecemos a contorná-la de manhã bem cedo. Talvez possamos encontrar um galho mais baixo ou uma forma de escalá-la.

— Parece bom para mim. Estou exausta.

Nos preparávamos para dormir quando um corvo pousou no chão, não muito longe de onde estávamos. Kelsey pareceu preocupada a ver o pássaro, mas não disse nada. Pedi que ela me contasse uma história.

— Odin é um dos deuses do povo nórdico. Ele tem dois corvos chamados Hugin e Munin. Corvos são ladrões notórios e esses dois corvos de estimação eram enviados pelo mundo todo para roubar para Odin.

— O que eles pegavam?

— Ah, esse é o aspecto interessante. Hugin roubava pensamentos e Munin, lembranças. Odin os mandava sair cedo pela manhã e eles retornavam à noite. Empoleiravam-se nos ombros dele e sussurravam em seus ouvidos os pensamentos e as lembranças que haviam roubado. Dessa maneira, ele sabia tudo o que acontecia e as ideias e intenções de todos.

— Seria conveniente tê-los numa batalha. Você saberia que movimentos o inimigo planeja.

— Exatamente. E era o que Odin fazia. Mas um dia Munin foi apanhado por um traidor. Quando Hugin voltou para sussurrar pensamentos na mente de Odin, este imediatamente os esqueceu. Naquela noite, um inimigo entrou furtivamente no palácio e derrotou Odin. Depois disso, as pessoas deixaram de acreditar nos deuses. Hugin fugiu e ambos os pássaros desapareceram. A lenda dos corvos de Odin é uma das razões por que se acredita que ver um corvo é mau agouro.

— Kells, você tem medo de que o corvo roube suas lembranças?

— Minhas lembranças são o que possuo de mais precioso agora. Eu faria qualquer coisa para protegê-las, mas não, não tenho medo do corvo.

— Durante muito tempo eu teria dado qualquer coisa para ter minhas lembranças apagadas. Pensava que, se pudesse esquecer o que aconteceu, talvez eu fosse capaz de dar continuidade à minha vida.

— Mas você não ia querer esquecer Yesubai, assim como eu não quero esquecer Ren nem os meus pais. É triste lembrar, mas faz parte de quem somos.

— Humm. Boa noite, Kelsey.

— Boa noite, Kishan.

Na manhã seguinte, Kelsey reclamou que sua pulseira tinha sumido. Começamos a procurá-la mas, não a encontramos em lugar algum. E eu percebi que outras coisas haviam sumido.

— Kells, a câmera também sumiu, assim como todos os pães de mel.

— Ah, não! O que mais?

Olhei para o pescoço dela, preocupado.

— O quê? O que foi?

— O amuleto sumiu.

— O que aconteceu? Como podemos ter sido roubados no meio do nada? Como não senti alguém tirando coisas do meu corpo enquanto eu dormia? — Kelsey gritava descontrolada.

— Desconfio de que tenha sido o corvo.

— Mas isso não é real! É só um mito!

— Você mesma disse que os mitos com frequência se baseiam em fatos reais. Talvez o corvo os tenha levado. Eu teria acordado se tivesse sido uma pessoa. Um pássaro eu ignoro enquanto durmo.

— O que vamos fazer agora?

— A única coisa que podemos fazer. Prosseguir. Ainda temos nossas armas e o Fruto Dourado.

— Sim, mas o amuleto!

— Vai ficar tudo bem, Kells. Tenha um pouco de fé, lembra? Como disse o Mestre do Oceano.

— Para você é fácil falar. Não teve sua única fotografia de Yesubai tirada de você.

Eu a olhei por um momento, magoado, e lhe respondi com tristeza:

— A única fotografia que já tive de Yesubai é a que tenho na mente.

— Eu sei, mas...

Eu ergui seu rosto para que olhasse para mim:

— Você tem uma chance de ter o homem de volta. Não se preocupe tanto com a fotografia.

— Tem toda a razão. Vamos em frente, então.

Nós dois concordamos em circular o tronco a partir da esquerda e assim o fizemos.

— O que vai acontecer quando encontrarmos a serpente, Kells?

— Não é uma serpente perigosa. Ela simplesmente guarda a árvore. Pelo menos foi assim que pareceu pela pedra ônfalo. Se a serpente sentir que temos uma razão legítima para passar, ela vai nos liberar. Se não, vai tentar nos deter.

Nós já caminhávamos havia duas horas quando Kelsey  chamou a minha atenção:

— Kishan! Você viu isso? — Me perguntou olhando para o tronco.

Eu olhei mas não vi nada de diferente. Eu disse isso a ela.

— Ponha sua mão sobre ele. Sinta bem... aqui. Está vendo? A textura muda. Aí! Outra mudança! Ponha sua mão sobre a minha. Consegue sentir agora?

— Sim.

Uma seção do tronco, de pouco menos de dois metros começou a se mover. Outro segmento acima dele se moveu na direção contrária. O vento redemoinhava à nossa volta. Uma forte sucção de ar, seguida por um vento forte, agitou a grama curta. Eu olhei para cima e tomei um susto.

— Não se mexa, Kelsey.

O ar começou a se mover de forma mais intensa.

— O que foi, Kishan?

Ouvi o som de algo se movendo na grama. Ramos partiam, folhas estremeciam e galhos gemiam. Ouvi uma voz profunda e sibilante.

— O que vocccêsss essstão fazendo na minha floresssta?

Nós nos viramos devagar e demos de cara com o olho enorme da criatura.

— Você é a guardiã da árvore do mundo?

— Sssssim. Por que vocccêsss essstão aqui?

Subi o olhar, impressionado com a enormidade da cobra. Dei um passo a frente e segurei a mão de Kelsey com uma mão e o chakram com a outra, pronto para atacar caso fosse necessário.

— Estamos aqui para reivindicar o prêmio aéreo que descansa no topo da árvore – disse Kelsey.

— Por que eu deveria deixá-lossss passssssar? Para que preccccisam do Lenççççço Divino?

— O prêmio aéreo é um lenço?

— Ssssssssim.

— Bem, precisamos dele porque irá ajudar a quebrar a maldição lançada sobre dois príncipes da Índia e a salvar o povo de seu país.

— Quem sssão essssssesssss príncccccipesssss?

— Este é Kishan. Seu irmão, Ren, foi sequestrado.

A cobra aproximou o rosto de mim e lançou a enorme língua em minha direção. Eu permaneci firme enquanto ela me inspecionava.

— Eu não conheçççço essssses irmãosssss. Voccccêssss não podem passssssssar.

A imensa cabeça começou a se virar enquanto o pesado corpo deslizava pelo chão. Kelsey gritou para chamar a atenção da guardiã:

— Espere!

A cobra voltou-se para Kelsey, assim como eu. Fanindra tinha ganhado vida e estava no ombro dela, projetando sua língua em direção à cobra gigante.

— Quem é esssssa?

— O nome dela é Fanindra. Pertence à deusa Durga.

— Durga. Ouvi falar dessssssa deusa. Essssssa ssssserpente é dela?

— É. Fanindra está aqui para nos ajudar em nossa busca. A deusa Durga nos enviou e nos forneceu armas.

— Essssstou vendo.

A guardiã examinou Fanindra por um longo momento, como se ponderasse nosso destino. As duas serpentes pareciam estar se comunicando silenciosamente uma com a outra.

— Voccccêsss podem passssssar. Presssssinto que não esssstão mal-intencccccionadossssss. Talvezzzzz vocêsssss tenham ssssssuccccccessssssso. Talvezzzzzz ssssseja o ssssseu desssstino. Quem sssssabe? Vocccccêssssss irão passssssar por quatro casassssss. A casa dossssss pássssarosssss. A casa dasssss cabaççççassssssss. A casa dasssss ssssssereiasssssss. E a casa dosssss morcccccegossssss. Tenham cuidado. Para prosssssseguir, voccccccêssssss precccccisam fazer asssss melhoressss esssssscolhasssss.

Kishan e eu fizemos uma mesura.

— Obrigada, Guardiã.

— Boa sssssorte para voccccêsssss.

A imensa serpente balançou o corpo pesado e a árvore enorme roncou. A parte de seu corpo que estava enroscada no tronco se moveu, separando-se e revelando uma passagem secreta e uma escada oculta.

Puxei Kelsey para a passagem e a cobra deslizou o corpo, fechando-a novamente.


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