— Porque me beijou? - Furiosa, me afastei bruscamente de Christian.
A verdade é que eu não estava furiosa e sim confusa. Os lábios dele desencadearam em mim sentimentos que eu não queria sentir.
    - Namorados se beijam, sabia? - Retrucou Christian,sorrindo cinicamente. - Acho que eu merecia um muito obrigado,Christian.
     Eu o encarei arqueando a sobrancelha.
    - Obrigada...quer saber, obrigada por nada. - Respondi irritada. - Deus, foi uma péssima ideia dizer que estamos namorando...agora todos vão pensar que...
    - Todos ou apenas o Edward?Se importa tanto assim com o que ele pensa?      - Provocou Christian.
    - I-isso é ridículo. - Me sentei, evitando encara-ló.
    - Que seja...- Christian deu de ombros e sentou na cadeira de frente a mim. -...a ideia foi sua e não minha.
   - Não foi uma ideia. - Afirmei, depois beberiquei o café frio. - Foi puro desespero.
    Christian franziu as sobrancelhas.
   - Desespero?
   - Alice me convidou para ser madrinha de casamento ao lado do Edward.
   - Nossa.
   - Nossa o que? - Indaguei.
   - Eu estava certo o tempo todo.
   - Certo do que ? - Eu o interrompi. - Do que você está falando?
   - Ele está apaixonado por você. - Disse Christian. - Aposto como essa ideia de madrinha de casamento foi dele...
   - Você só pode está louco, Christian. - Disse rindo sem emoção. - Edward ama a Leyla. Ele deixou isso bem claro na ultima vez que nos vimos, e também a Alice não fazia a menor ideia de que eu estava morando em Nova Iorque...
    - Não seja ingenua. - Christian repreendeu-me. - Você não tem noção do quanto Edward me persuadiu para contrata-lá. O amor dele pela minha irmã é fachada. Eu sei disso porque os observo a muito tempo,esperando uma brecha para manda-ló para bem longe das nossas vidas.
    - Por que quer tanto afasta-ló da sua família? - Perguntei, ligeiramente curiosa. - Já pensou na possibilidade da sua irmã sofrer por causa disso?
Christian riu como se eu tivesse acabado de contar uma piada extremamente engraçada.
    - É serio isso?Você é tão ingenua. - Respondeu ele, irônico.-Leyla ama o controle que tem sobre o Edward. Ele é apenas um brinquedo em suas mãos . No instante que me livrar dele, ela o substituirá por outro. Sempre foi assim.
   - Que horror! - Exclamei chocada e ao menos tempo enojada. Apesar do meu passado com Edward, não gostava da ideia de vê-ló ser capacho de alguém daquela forma. Me doía pensar no que ele estava se sujeitando apenas por amar a Leyla ou seria apenas por dinheiro? Eu já nem sabia mais o certo.      - Bom...preciso ir.
    - Não vá... - Christian apressou-se a dizer. - ...você me deve um café.
Franzi o cenho.
    - Desculpe, mas fica pra próxima. - Levantei e peguei a sacola com o vestido na cadeira ao lado.
    - Se preferir podemos ir para minha casa... - Sugeriu Christian ao levantar-se também. - ...moro a dois quarteirões daqui...
    "É serio isso? " , pensei enquanto o encarava. Tudo o que eu queria era ficar longe dele e sua casa era o ultimo lugar que iria.
     - Prefiro ir para casa.
    - Então posso acompanha-lá pelo menos?
   Revirei os olhos,depois dei de ombros concordando com a sua insistência. Minha casa não era tão longe dali, então bastava eu ignora-ló e tudo ficaria bem.
    - Tudo bem. - Respondi.
    ***
    Na portaria, voltei-me para o Christian. O mesmo me fitava com as mãos no bolso. Vendo-o de tão perto,eu não podia negar que ele era um homem muito atraente e mesmo me odiando por isso, senti um lampejo de desejo estremecer meu corpo.
    - Eu vou subir...estou cansada... - Me virei para abrir a portaria, mas Christian me segurou pelo braço. Virei-me para ele e o encarei. - O que você quer? - Não foi uma pergunta muito inteligente e a resposta era obvia, mas eu preferia me enganar do que deixar os pensamentos irritantes ganharem forma na minha mente.
     Christian soltou meu braço e aproximou-se de mim. Ele tocou a extremidade do meu rosto com os nós dos dedos, depois traçou uma linha invisível até meus lábios e o contornou com o polegar. No mesmo instante meus lábios se entreabriram e eu me amaldiçoei por isso.
    - Eu quero beijar você, Bella... - Sussurrou ele,olhando para os meus lábios. - ...desde a primeira vez que a vi...
    - Christian...- Tentei me afastar dele, mas minhas costas bateram contra a porta de vidro.Aquela deixa foi o suficiente para ele espalmar as mãos contra o vidro, prendendo-me em seus braços. - ...por favor... - Nossos lábios estavam a centímetros de se tocaram e céus, como eu gostaria de beija-ló. Gostaria de esquecer aquele acordo ridículo, gostaria que fossemos apenas o Christian e a Bella, nada mais além disso. Queria tanto que tudo fosse mais simples e que ele não fosse o meu chefe, cunhado do Edward...
    - Sinto muito...eu não posso... - Eu o empurrei e abri a porta do prédio, entrando sem olhar para trás. Porque se fizesse isso tinha certeza que seria traída pelo meu corpo e voltaria correndo para os seus braços.
    Dentro do apartamento, eu fechei a porta e encostei na mesma,deixando que meu corpo escorrega-se até o chão frio. As lágrimas queimavam meus olhos, enquanto o sentimento de frustração me estraçalhava. Por que o Christian? De todos os homens da face da terra, eu tinha que desejar justo ele? Logo o homem que eu tinha certeza que me machucaria tanto quanto o Edward me machucou. Não, não podia ser.
    - Merda! - Xinguei ao arremessar a sacola do vestido.

A segunda feira chegou mais rápido do que eu desejará. Depois de fugir como uma garotinha patética, não sei se estava preparada para encarar o Christian.Se ao menos eu o tivesse afastado ou sei lá me explicasse o quanto aquilo não daria certo, mas não, tive que correr como sempre fiz em toda a minha vida. Foi tão ridículo,que me sentia envergonhada apenas de lembrar. Infelizmente,fugir ou esconder não era uma opção naquele instante. Depois de um longo banho, me preparei para ir ao trabalho.
    Quando entrei no escritório Christian já se encontrava sentado em sua mesa. Concentrado nos papeis que estavam em suas mãos,ele demorou alguns segundos para notar minha presença. Erguendo o olhar, um sorriso curvou-se no canto dos seus lábios.
     - Bom dia, Bella. - Disse ele, suavemente.
   - Bom dia. - Respondi,evitando o máximo de contato visual possível. - Trouxe o projeto do hotel nas Ilhas Canaria.
    - Pode deixar ai, depois darei uma olhada. - Respondeu ele. - Bella?
    Coloquei as pastas sobre a mesa e ergui o olhar, fixando-o nele.
   - Sim?
   - Você sente alguma coisa por mim? - Perguntou Christian, direto.
Franzi as sobrancelhas, minhas bochechas arderam diante daquela pergunta. Era ridículo pensar na possibilidade de sentir algo pelo Christian além da sua relação profissional.Porém, era impossível negar os sentimentos conflitantes que me tiraram o sono depois do nosso breve beijo.
    - Por que está me perguntando isso tão de repente?
     Christian deu de ombros.
   - Apenas curiosidade. - Respondeu ele,depois voltou a se concentrar nos papeis em suas mãos.
    - Eu não sinto nada por você. - Afirmei, mas por um instante senti o irritante sentimento de duvida pairar sobre mim. Que diabos estava acontecendo comigo? Me questionei mentalmente. - Satisfeito?
   Christian fitou-me, enquanto um sorriso irritante brincava nos seus lábios. Por instante tive a sensação de que ele sabia o que estava causando mim. Sabia dos meus desejos e vontades, sabia o quanto desejei beija-ló e sabia que naquele momento tudo o que eu queria era que ele me prendesse em seus braços e terminasse o que começou na noite anterior. Céus, esse homem estava começando a me enlouquecer.
    - Desmarque todos os meus compromissos. - Disse ele,depois de um breve silencio. - Preciso resolver alguns problemas pessoais e por isso não sei se voltarei hoje á empresa.
   - Tudo bem... - Respondi,sentindo-me frustada.
   Voltei para minha mesa e decidi que me concentraria no que realmente era importante, meu trabalho. Christian e eu, era apenas uma fantasia da minha cabeça. Deseja-ló era perigoso e minha vida já era o suficientemente difícil.
   - Bella... - Christian havia saído do escritório e encontrava-se ao meu lado.Me levantei e o fitei, sentindo uma ligeira ansiedade. Era como se borboletas dançassem dentro do meu estomago - ...eu não aguento mais...

— Eu também não... - Disse ligeiramente arfante pelo impulso que começará a me dominar.
   Joguei os braços ao redor do seu pescoço e o beijei. Christian por instante pareceu surpreso com a minha repentina atitude, mas logo retribuiu o beijo. Ele me segurou pela cintura, depois deslizou uma das mãos pela minha nádega e a apertou, arrancando um gemido manhoso da minha garganta. Céus, que homem delicioso. A maneira como ele brincava com a minha linguá, instigando-me a querer mais e mais dele. Me senti agradecida por está presa em seus braços, pois eu tinha certeza que derreteria a qualquer momento sobre suas caricias. Sobre protestos dele, interrompi o beijo e o levei para dentro do escritório. Eu não sabia ao certo quais as consequências do "depois", mas naquele instante isso pouco me importava. Agora apenas o desejo era a prioridade.