Charging Ranger escrita por Nanahoshi, Heisenberg24


Capítulo 1
Prólogo - "Plausível", collants coloridos e uma armadura


Notas iniciais do capítulo

ADIVINHA QUEM É Q FEZ A LOUCURA DE COMEÇAR UMA LONGFIC NOVAAAA???
*Que novidade, né Nana-chan?*
Sei que tá todo mundo querendo me dar uma voadora de dois pés, mas eu estava inconformada de não aproveitar uma personagem sensacional que eu tinha criado. E eu tive a felicidade, depois de reassistir Homem Aranha: Homecoming, de ter um insight de que essa personagem caberia perfeitamente no universo Marvel.
Então eis-me aqui SIM COM UMA PERSONAGEM ORIGINAL, pq teve muita gente falando que não conseguia ler no modelo reader pq achava estranho/amador/desconfortável. E tb teve o fator @Tamaki_Pixel na equação pq SIIIIIIIIIIIM
A MINHA MAIOR FELICIDADE DE ESTAR POSTANDO ESSA FANFIC É ESTAR VOLTANDO A ESCREVER EM CONJUNTO COM A DIVA DAS DIVAS, RAINHA DAS OCS E DAS FANFICS, A MENINA Q EU N SEI SE SHIPPO COM O PETER QUILL OU COMO STRANGE, A MARAVILHOSA @Tamaki_Pixel!! Sem ela esse projeto não seria tão maravilhoso quando está sendo, pq eu to precisando de projetos maravilhosos e terapêuticos pq eu já to querendo chorar com o meu TCC.
Espero muito que vocês curtam a trama dessa história que eu criei para uma (nem tão) nova super-heroína situada no universo da Marvel ♥ Prometo muita ação, romances foférrimos e bastante teenage life. Sejam bem-vindos meus leitores maravilhosos ♥
Boa leitura!!



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O Homem de Ferro aterrissou na plataforma de pouso praguejando enquanto os robôs já se encarregavam de tirar-lhe a armadura. Era um desaforo ter que sair sábado de manhã para resolver qualquer coisa. Perdera praticamente uma manhã toda em que poderia estar dormindo. Stark adentrou seu laboratório particular já livre das partes metálicas e se dirigiu a sua mesa. Mal deu dois passos para frente, uma voz infantil ecoou contra as paredes, fazendo Stark dar um leve pulo.

— Tony!!

Uma forma miúda veio correndo de um dos cantos do laboratório e se jogou contra as pernas de Stark. O bilionário foi obrigado a dar um passo para trás para não cair.

— Ei, wow! Calminha aí! O que... – Stark fez uma pausa e olhou para a porta do laboratório, que estava fechada. – Como você entrou aqui, Cendi!?

A garotinha ergueu os olhos e deu um sorriso levado para Stark.

— Eu sei a senha. – ela declarou como se não fosse nada demais.

— Quem te contou?

— Ninguém. Eu descobri.

Stark abriu a boca para falar alguma coisa, mas tornou a fechá-la e fixou o ponto da porta em que o painel de acesso aparecia.

— J.A.R.V.I.S., protocolo anti garotinhas inteligentes, por favor. – disse como se pedisse um café.

— Senhor – a voz de computador soou por toda a sala. – Não possuo dados com os quais basear esse sistema. Não consigo detectar nenhum hackeamento do sistema. Cendi não o invadiu.

Stark encarou a garotinha, que sorria como uma criança sorri quando é pega no flagra. Depois, soltou um longo suspiro e se abaixou para pegar Cendi no colo e levá-la para sua mesa. Colocou-a sentada ao lado do teclado e, sentando-se em sua cadeira, analisou-a. Cendi Danugam era uma garotinha de sete anos com a pele escura feito chocolate ao leite. O cabelo escorria liso num tom negro tão escuro que lembrava piche, e emoldurava seu rosto infantil até um pouco abaixo do queixo. A ponta da franja teimosa vivia escorregando detrás de suas orelhas, o que lhe dava um ar ainda mais infantil, pois era comum vê-la com o cabelo bagunçado. Tinha o nariz redondo levemente achatado, e a boca de um bege muito bonito se destacava bem desenhada combinando com os olhos grandes e espertos. Era uma menina de estatura mediana para a idade, e por ter traços de hiperatividade, sempre estava fazendo alguma atividade que exigia muito esforço físico, o que já a deixava mais encorpada que o resto das meninas. Mas mais do que hiperativa, Cendi era um pequeno gênio. E fora exatamente esse detalhe que criara um laço estranho entre os dois desde a primeira vez que se viram. Quando olhava dentro de seus olhos alaranjados, ele quase conseguia ver a sua própria silhueta infantil de sete anos, na mesma idade em que desenvolvera seu primeiro motor.

— Então, o que está fazendo aqui?

Cendi sacou uma folha de papel que trazia enfiada num dos bolsos de seu casaco, e entregou-a a Stark.

— Mamãe e papai vieram trabalhar hoje de manhãzinha. Como não tinha ninguém pra ficar comigo, eles me trouxeram. Disseram para eu já adiantar meu dever de casa. Assim eu posso brincar o resto do fim de semana. Eu quase terminei, mas fiquei em dúvida numa questão. Eu comecei a fazer de um jeito, mas papai disse que estava errado. Como mamãe saiu quando ligaram pra ela, pensei em vir aqui em cima esperar você pra pedir ajuda.

— Seu pai disse que estava errado, hein? – comentou Stark lendo a questão que criara dúvida na criança mais brilhante que conhecera fora ele mesmo. – Ele não te ajudou a encontrar a resposta certa?

— Ele está trabalhando lá no hangar, então não quis incomodar muito. Mas ele disse que tinha que ser algo mais... plausível. – a pequenina disse a palavra com uma careta. – O que é plausível?

Os olhos de Stark correram pelo enunciado da questão:

“O que você quer ser quando crescer? Faça um desenho e diga o motivo de sua escolha em duas frases.”

Cendi se inclinou para observar o desenho juntamente com o bilionário. Ela fez um biquinho e disse:

— Meu pai disse que eu devia colocar algo como policial, bombeira, professora ou astronauta. Eu acho que é mais difícil ser astronauta do que o que eu escolhi.

No quadrado destinado ao desenho, havia um esboço refinado demais para uma criança comum de sete anos. Era uma silhueta de uma mulher, que trajava um collant alaranjado que cobria seu corpo inteiro. Usava botas e luvas brancas, e um capacete com detalhes em preto, laranja e prata. Ela fazia uma pose, como se mostrasse um distintivo, mas na verdade, era um telefone celular. Sob o desenho, havia duas linhas destinadas à justificativa. Cendi começara a apagar o que havia escrito, mas ainda era possível ler sem muito esforço.

“Quando eu crescer, quero me tornar uma Power Ranger porque eles são heróis justos, legais e ajudam as pessoas. Também quero ter meu próprio megazord.”

— O que é plausível, Tony? – perguntou Cendi segurando o antebraço de Stark e balançando-o com força. – Você não me respondeu!

— Ah... ah! – exclamou o herói, parecendo sair de um transe. – Plausível é algo que faz sentido. Que podemos aceitar como possível.

A garota olhou confusa para Stark. Depois, seus olhos lentamente minguaram para uma expressão de compreensão e tristeza.

— Então... Papai acha que não é possível que eu me torne uma Power Ranger?

O Homem de Ferro olhou fundo nos olhos da garotinha que sonhava em se tornar uma heroína. Naquele momento, ele pôde visualizar claramente as frases cortadas e hesitantes de Arion tentando dissuadir a filha em desenhar sua versão adulta vestida como uma ranger. No final das contas, era esse o maior medo dele.

Stark baixou os olhos e fixou o ponto central do tórax de Cendi, o mesmo ponto em que seu ‘coração’ circular brilhava sob sua camisa. Ali ele podia ver um volume discreto sob a blusa de algodão da garota. Mesmo sem poder ver, ele sabia que, sob o tecido, havia um cristal hexagonal que emitia uma luz laranja um tanto cálida. A marca que a lembrava o tempo todo que era diferente dos demais. A marca que a lembrava que ela não pertencia àquele mundo. A marca... que ela herdara de seu pai.

— Seu pai te disse o motivo de ele não achar plausível você ser uma Power Ranger? Amarela se possível. Sabe, minha favorita.

— Eu vou ser a ranger laranja! – exclamou Cendi em protesto contra a colocação de Stark.

— Mas laranja é tão brega. – reiterou Stark.

— Eu gosto de laranja. – retrucou Cendi concentrando-se na primeira parte da pergunta do herói. A tristeza havia desaparecido de seu rosto, sendo substituída por uma expressão pensativa. Ela bateu o indicador teatralmente no queixo algumas vezes e, por fim, respondeu:

— Uma vez ele disse que aquelas roupas não protegiam nada. E que seria impossível ter um megazord porque não haveria lugar para esconder um mecha daquele tamanho.

Stark soltou uma risadinha.

— Seu pai disse isso mesmo? Sobre as roupas eu até concordo, mas... – sua voz minguou enquanto um sorriso torto lhe curvava um dos cantos da boca.

Cendi assentiu. Stark riu de novo.

— Nem parece que é um dos engenheiros mais brilhantes das Indústrias Stark. – disse o bilionário tão baixo que a garota não conseguiu ouvir. Ao terminar, bateu palmas e se colocou de pé, abriu os braços e dei meia-volta para ficar de frente para Cendi.

— Muito bem, então! – Stark esfregou as mãos. – Eu tenho uma boa notícia! O seu pai está errado!

Cendi arregalou os olhos parecendo bastante confusa. Stark começou a gesticular, girando os braços, desenhando silhuetas no ar e apontando para equipamentos enquanto falava:

— Aquelas roupas podem proteger sim se forem feitas do material certo... Ou quem sabe até transformadas em uma armadura? E, sim, as Indústrias Stark tem hangares que podem guardar pequenas cidades dentro, então podemos guardar um Megazord. – ele fez uma pausa teatral, na qual girou e deu dois passos para ficar bem perto de Cendi. Ele se abaixou e bateu o indicador no centro do tórax da menina, exatamente sobre o cristal. – E sim! Você pode se tornar uma Power Ranger! Tudo o que você precisa está aqui.

Ele bater o dedo no cristal, mas dessa vez, não o tirou.

— Você tem determinação, coragem, inteligência e... um cristal.

Cendi entortou as sobrancelhas diante da menção do último item. Stark pegou a mão da garota e trouxe-a para se peito, colocando-a sobre o reator arc.

— Eu tenho um círculo. Você tem um hexágono. Entretanto, mesmo tendo formas diferentes, o meu círculo e o seu hexágono são iguais. Você é como eu. Precisamos deles para viver mas, ao mesmo tempo, podemos usá-los para dar vida a outras coisas.

— Como... como uma armadura? – perguntou Cendi, hesitante, mas cheia de expectativa.

— Exatamente.

— E também um... megazord? – a última palavra foi dita num sussurro. Stark sabia. Cendi estava colocando para fora o sonho infantil mais louco que já tivera.

Stark assentiu. Nesse instante, um bip indicou que alguém introduzira a senha na porta do laboratório. Stark e Cendi se viraram a tempo de ver uma mulher alta trajando uma calça cheia de bolsos e uma regata cinza cheia de manchas de óleo puxando a porta e entrando no laboratório. Se Stark pudesse fazer uma previsão de como Cendi ficaria em uns 20 anos, ali estava o esboço perfeito. A única coisa que a garota não herdara de sua mãe eram os olhos alaranjados e o cristal incrustado em seu tórax.

Minerva Danugam era uma mulher em seus 33 anos de idade, e tinha o mesmo tom de pele cor de chocolate de Cendi. Os fios negros escorriam compridos, mas como estavam quase sempre amarrados, iam apenas até a metade das costas. O rosto era anguloso e tinha um leve ar agressivo graças as sobrancelhas grossas na parte interna e muito finas na parte externa. Os olhos escuros eram muito atentos e profundos, garantindo à Minerva um olhar que intimidaria a maioria das pessoas de coração fraco. Tinha o corpo bem trabalhado até demais para uma mulher, pois passara a vida toda carregando as pesadas peças de suas criações mecatrônicas. Foram exatamente essas criações que levaram Tony Stark até o casal de engenheiros Danugam, que há 14 anos trabalhava para as indústrias Stark.

— Bom dia, Tony. – cumprimentou ela batendo dois dedos na aba do boné branco que usava e baixando um pouco a cabeça.

— Ei, Minerva. – Stark deu dois tapinhas na cabeça de Cendi e disse: – A engenheira mirim indetectável por J.A.R.V.I.S. daqui um tempo pode acabar hackeando o banco de dados do Pentágono.

Cendi deu um sorriso típico de uma criança que é pega no flagra.

— De novo!? – ela exclamou brava e surpresa ao mesmo tempo. – Já é a sétima vez! Cendi, é pra você parar de ficar invadindo o laboratório do Tony. Existe um motivo pra ele colocar uma senha.

— Ela não invadiu, senhora. – corrigiu J.A.R.V.I.S., educadamente. – Ela usou de métodos considerados não invasivos pelo sistema, pois não consegui detectar nada.

— Nem é tão difícil assim de entrar... – Cendi retrucou com um biquinho. – E eu gosto de ficar conversando com o J.A.R.V.I.S.

Minerva fechou os olhos e suspirou, curvando o canto dos lábios para cima.

— Seu pai não devia ter te ensinado programação de jeito nenhum...

À menção do pai, Cendi soltou uma exclamação e se esticou até a mesa de Stark, onde deixara seu dever de casa.

— Olha só, mamãe! O tio Tony me ajudou com o dever de casa! Papai tinha dito que não era plausível, mas o tio disse que era sim!

Minerva se abaixou e pegou o papel que sua filha agitava energeticamente no ar. Analisou o desenho e as duas frases escritas pela filha. Depois, soltou mais outro suspiro e se abaixou, ficando agachada diante de Cendi. 

— Seu pai disse o porquê de achar que não era plausível você ser uma ranger?

— Ele disse que as roupas não protegiam. E que era impossível esconder um megazord. – ela baixou os olhos e fixou o hexágono discreto que fazia volume em sua blusa. – Ah... Ele também disse que era perigoso.

Minerva apertou os olhos e trocou olhares com Stark.

— Está tudo bem, Cendi. É muito bonito ver que você quer ajudar as pessoas quando crescer. Se você quer se tornar uma heroína, faça por onde! Estude bastante, treine e, um dia, poderá salvar a vida de muitas pessoas!

Cendi balançou a cabeça várias vezes para cima e para baixo, um sorriso enorme iluminando seu rosto infantil. Minerva sorriu e bagunçou o cabelo da filha.

— Ah querida, só para sua professora não achar que eu estou fazendo seu dever de casa, que tal você desenhar um croqui dessa roupa que você fez?

Cendi estudou seu desenho e perguntou:

— Mas ele não está bom assim?

— Está sim! – respondeu Minerva rindo. – É que lembra que da última vez que pediram para você desenhar seu brinquedo favorito, ela achou que eu que tinha desenhado?

Cendi soltou um “aaaaaah” de compreensão.

— Tá bom! – respondeu a menina sorrindo e dando de ombros.

— Pode ir terminar isso lá na minha sala, Cendi. – disse Stark apontando para a porta casualmente. – A Pepper está lá. Quando terminar, pode ir assistir Power Rangers na sala de TV. Ela gravou alguns episódios pra você. Qualquer coisa pergunte para o J.A.R.V.I.S.

— Sério!? – a garota girou para olhar para Stark, dando um pulo no ar. Ele assentiu.

— Eeeebaaaaa!!! – cantarolou Cendi correndo para a saída do laboratório e sapateando enquanto subia a escada.

Quando o barulho ficou distante, Minerva virou-se, mas antes que pudesse dizer algo, o Homem de Ferro retrucou:

— Eu ainda não me conformo que a Cendi convive com o maior super-herói de todos, e ela ainda prefere esses moleques de colã colorido que nem existem.

Minerva soltou uma gargalhada e balançou a cabeça, desaprovando o ego de Stark. Mas, por fim, agradeceu:

— Obrigada, Tony. Ainda bem que você interviu antes que o estrago ficasse maior. Eu vou ter uma conversinha com Arion mais tarde.

Stark riu.

— É bem curioso como vocês dois abordam essa questão de forma tão diferente. Você também não fica com medo de imaginar Cendi chutando o traseiro de terroristas, alienígenas e afins daqui alguns anos?

Minerva fixou a porta do laboratório por onde a filha saíra. Sua mão direita inconscientemente desceu para massagear sua perna do mesmo lado.

— Eu sinto um pouco de medo, mas eu confio no talento de Cendi. – ela baixou os olhos e acrescentou – Além disso... Eu sei bem como é maravilhosa de sonhar a vida inteira em se tornar um herói e acabar se tornando um de fato.

Tony seguira o movimento da mão de Minerva e perguntou, apontando para a perna que ela massageava:

— Ainda está muito ruim?

Minerva deu uma risadinha amarela.

— Dá para andar, até correr. Mas não sei o quanto posso aguentar. Além disso, ela não responde de forma tão rápida quanto antes.  Você sabe que preciso dos reflexos das pernas.

— Eu posso fazer uma prótese inteligente e-

— Não, Tony. Já falamos sobre isso. Eu fiz o que tinha que fazer. Meu tempo já acabou.

— Mas você mal tinha começado. – retrucou Stark se colocando de pé.

Minerva abriu a boca para responder, mas o bipe acusou novamente a entrada de alguém no laboratório. Um homem ruivo trajando uma camisa com o logo das Indústrias Stark e uma calça idêntica a de Minerva aproximou-se da dupla.

— Bom dia, Sr. Stark.

— Bom dia, Arion. – respondeu Tony sentando-se em sua cadeira e girando-a de um lado para o outro. – Quantos anos mais vamos precisar conviver para você me chamar pelo primeiro nome como sua esposa e sua filha fazem?

Arion deu uma risadinha e parou há alguns passos do bilionário, colocando-se um pouco mais próximo de Minerva. Stark o mediu de cima a baixo. Arion era um bom exemplo da definição de uma pessoa exótica. Ele possuía a pele clara, mas havia uma camada alarmante de sardas mais escuras que quase lembravam vitiligo. Seu cabelo era ruivo, mas o alaranjado de seus fios parecia anormalmente aceso, como se brilhasse. O mesmo efeito se observava em seus olhos, que qualquer um poderia jurar que brilhariam no escuro como duas lanternas laranjas. Tinha o rosto anguloso de forma harmoniosa, mas que estranhamente fazia o exótico de suas feições se suavizar. Em seu peito, podia-se notar, assim como em Cendi, um volume discreto e geométrico. Entretanto, o cristal de Arion tinha a forma de um losango. Quando o engenheiro abriu a boca para falar, Minerva o cortou com a voz carregada de indignação:

— Que ideia foi essa de dizer que a Cendi devia desenhar algo mais plausível no dever de casa dela!?

Arion olhou confuso para a eposa, depois lançou um olhar interrogativo para Stark, que arqueou as sobrancelhas e fez um gesto de dispensa com a mão. Quando ele girou a cadeira ficando fora do alcance do olhar de Minerva, Arion teve certeza que o que queria dizer era “estou fora”. O engenheiro tornou a encarar a esposa.

— Dever de casa?

Minerva bufou diante do ar desentendido do marido.

— Céus! Vcê não tem jeito mesmo. O dever de casa dela sim! O que ela estava fazendo hoje lá no hangar.

Arion pensou por mais alguns segundos até que suas sobrancelhas subiram, denunciando que se lembrara:

— Ah sim! Ué, eu só ajudei a Cendi antender o que enunciado pedia. A questão pedia que ela desenhasse algo que ela quer ser quando crescer

Minerva cobriu o rosto com uma mão, tentando manter a calma.

— Você enfatizou a parte errada, Arion. A parte importante é “o que ela quer ser”.

O engenheiro continuou encarando Minerva, confuso.

— Qual é a diferença?

— Argh! – Minerva encrespou os dedos e jogou os braços para o alto. – Jesus! Será que todo mundo é assim lá de onde você vem? Vocês por acaso já nascem adultos sem um pingo de imaginação?

Arion franziu as sobrancelhas.

— Eu ainda não entendi o que fiz de errado.

— Pelo amor de Deus, Arion! Você quase destruiu o sonho da sua própria filha e ainda está na dúvida do que fez de errado!?

— O quê?

— Sonhos, Arion! Sonhos! Aquela questão é pra estimular a imaginação das crianças, dar asinhas pros sonhos delas! Não interessa se é plausível ou não.

Arion permaneceu alguns instantes em silêncio e, depois recomeçou:

— Mas você sabe que é perigoso...

— Perigoso!? Arion!! Acorda! Essa não é a questão! Você precisa prestar mais atenção na sua própria filha. Ela cresceu rodeada de máquinas super tecnológicas, carros de última geração, laboratórios de ficção científica e super-heróis. O que mais você esperava vir dela?

— É exatamente por ela ter crescido nesse meio que é ainda mais arriscado deixar ela... sonhar com esse tipo de coisa. Você sabe muito bem que, quando ela ficar mais velha, pode con-

— Ela só tem sete anos, Arion! Deixe a menina sonhar com o que ela quiser!

— Minerva, eu não quero perder a Cendi tão cedo...

— E eu quero que ela seja feliz! – Minerva explodiu, o tom de voz subindo várias oitavas. – Quero que ela cresça e se torne o que vá fazer ela feliz! Puxa vida, vocês têm que ser tão racionais!? Tão medrosos!? Você vive cortando as asas da Cendi quando pensa que o que ela está fazendo é perigoso!

— Minerva...

— Pode parar por aí! Eu cansei disso! Você nunca mais ouse fazer isso de novo! Se a Cendi quer ser uma heroína, ela vai ser! Nem que eu tenha que construir um Megazord pra ela!

Um dos cantos da boca de Stark se repuxou no sorriso. O herói se colocou de pé e fez um gesto apaziguador com as mãos.

— Ok, ok. Sei que a discussão é séria, mas acho melhor vocês se acalmarem primeiro antes de voltar a discutir sobre isso. Arion, se você subiu aqui, tinha algo para me dizer?

O engenheiro colocou-se numa posição mais rígida e respondeu:

— Senhor, o protótipo...

Nesse instante, a porta do laboratório tornou a se abrir, e Pepper entrou com uma expressão levemente tensa.

— Sr. Stark, três agentes da S.H.I.E.L.D. estão te esperando no hall.

— Você disse que eu não estava aqui, Srta. Potts? Estou em uma convenção em Cleveland, se alguém perguntar.

Stark começou a dar as costas para Pepper, mas esta respirou fundo, e disse:

— Na verdade, eu já disse que você estava aqui.

Stark trocou olhares com os dois engenheiros, revirou os olhos e ajeitou a roupa.

— Muito bem. Não tem jeito. Ahm, vocês dois podem ficar aqui. Eu volto num instante.

Stark se dirigiu para a porta, mas ao passar por Minerva diminuiu o passo e segurou seu ombro, dando um leve aperto. Baixando um pouco o rosto, o Homem de Ferro sussurrou para a engenheira:

— Não se preocupe com a Cendi, está bem? Vou construir para ela uma armadura.

***

[Acho que agora vai funcionar.]

[Senhorita, porque não optar por uma tecnologia mais avançada para armazenar seus dados? Fitas cassetes estão há muito ultrapassadas.]

[Exatamente, J.A.R.V.I.S.! Se eu guardasse isso num computador, mesmo que criptografado, esses dados correriam um sério risco de serem roubados. Os hackers de hoje não são brincadeira. E essa minha pesquisa tem que ser mantida em sigilo total... Nem a minha mãe pode saber.]

[A senhorita então prefere que eu gere um algoritmo para determinar o local onde vai esconder essas fitas?... Oh! Senhorita Cendi, a fita já está gravando!]

[Hã?... Eita, é mesmo! Faça silêncio, J.A.R.V.I.S.. Ninguém pode saber que você está me ajudando.]

[Sim, senhorita]

[Pigarro.]

Março de 2010:

Essa foi o período em que a Iniciativa dos Vingadores foi colocada pela primeira vez em prática. Além disso, a necessidade de poder de fogo para combater a invasão alienígena trouxe de volta uma heroína que agira nas sombras em nome das Indústrias Stark. Fontes confiáveis referiam-se a ela pelo codinome “Mecha Master”. Na batalha, como sugerido pelo seu codinome, ela operou um mecha que foi decisivo no sucesso dos Vingadores.

 Entretanto, aparentemente, a batalha para impedir a invasão custou-lhe a integridade de um dos membros inferiores. Ela ficou comprometida, mas de acordo com arquivos secretos das I.S., ela teve os movimentos restaurados graças a um exoesqueleto desenvolvido pelo próprio Tony Stark.

Junho de 2013

Início do incidente do Hangar P-4, que se estendeu por uma semana inteira. No incidente, diz-se que boa parte de um novo material produzido pelas Indústrias Stark foi perdido, e uma baixa imensurável na equipe de engenheiros de Stark fez com que todo o projeto fosse engavetado. Blogs e fóruns da Deep Web ainda teorizam sobre o que as I. S. estariam desenvolvendo. Alguns corajosos alegam que as Indústrias Stark estava tentando criar um exército de mechas do mesmo modelo visto na batalha dos Vingadores. Uma postagem em anônimo declarou que dois desses mechas haviam sido encontrados em hangares abandonados no sudoeste e no centro-leste do país. A teoria foi reforçada pela descoberta de mais hangares subterrâneos com localização aleatória que continham peças que poderiam ser utilizadas na construção de mechas de batalha. É possível que mais mechas estejam sendo mantidos escondidos nesses hangares.

Aqui é Cendi Danugam, e esse é a parte 4 do Projeto de Recuperação do Arquivo Mecha das Indústrias Stark.

Câmbio desligo. 


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Notas finais do capítulo

O que acharam meus lindos ♥? Gostaram dessa (não tão) pequena introdução da nossa pequenina?? Ainda tem muuuuuuita história pela frente, altos segredos e plot twists então se preparem!
Espero muito que vocês tenham gostado assim como eu gostei de estar desenvolvendo essa personagem do jeito que eu tanto queria. E espero tb que você não me xinguem por eu ter trocado pro modelo OC HUEHUEHUE
Muito obrigada do fundo do coração para você, minha linda leitora, meu lindo leitor que está sempre aqui apoiando meus projetos. Vcs tem um lugar especial reservado no meu coraçãozinho de escritora!
Beijos da Nana-chan e até a próxima!



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