Havia bastante movimento na sala de reunião dos tenentes das 13 divisões. Alguns dos vaizards voltaram a assumir seus cargos antigos, como era o caso de Hiyori e Mashiro. Notava-se a ausência do tenente da 3a divisão Izuru Kira e da tenente da 11a divisão Yachiru, muito provavelmente por terem se ferido gravemente na Guerra. Kiyone e Sentaro estavam na sala representando a 13a divisão e Ikkaku representando a 11a divisão. Renji ainda não retornara de sua missão.

— Ahnn, onde será que está o Abarai-kun? Será que ele está bem? - Hinamori dizia com uma expressão de preocupação.

— Tsc, ainda tem dúvida? Renji deve ter ido atrás da Rukia-chan, desde ontem que ele anda meio aéreo. Eu conheço aquele cabeça de abacaxi o suficiente pra saber disso. - Ikkaku dizia num tom baixo apenas para Hinamori ouvir, sorrindo discretamente.

— É verdade, né? - Ela abria um sorriso terno - Agora que disse isso... Não notou que de uns tempos pra cá eles se reaproximaram bastante? Isso não é ótimo?

— Bom, era de se esperar. Renji trabalhou duro pra que ele se sentisse digno de se aproximar de uma Kuchiki. Já estava na hora de ele ter a pessoa que ele mais se importa perto dele de novo. - Ikkaku cruzava os braços e fechava os olhos, mantendo a serenidade na expressão.

Hinamori mantinha o sorriso e afirmava com a cabeça, parecendo contente. Sempre fora próxima de Renji desde a Academia e acompanhou de perto quando ele soube que Rukia iria ser adotada pelo clã dos Kuchiki. Lembrava que ele não foi mais o mesmo desde aquele dia, e ele passou a ter como objetivo de vida alcançar em poderes o líder daquela família, Byakuya Kuchiki.

***

— Tenente, com sua licença! Temos novas informações. - Um membro da 13a divisão entrava na edificação, onde Rukia estava preparando um relatório - Os distritos ao Sul de Rukongai estão em situação crítica e necessitam de apoio das 13 divisões. Precisamos de liderança para nos guiar.

Rukia erguia a cabeça rapidamente pensando no que ia fazer, já que teria que abandonar seus afazeres para atender a nova missão.

— Entendi... Quais distritos já estão sendo socorridos? - Ela se levantava.

— A informação que tenho é que a 6a divisão está em Inuzuri sob comando do tenente deles.

— Creio que estão fazendo um bom trabalho. Renji conhece aquele lugar tão bem quanto eu... Bom, então vamos para outro distrito próximo a Inuzuri. - Ela dizia isso num tom decidido, em seguida saía dali com o Shinigami e encontravam outros deles lá fora, partindo em seguida em grupo para o destino.

Após cortarem vários caminhos e seguirem alguns atalhos pelo ar, o grupo de Shinigamis da 13a divisão sob o comando de Rukia passavam por Inuzuri. Ela avistou Renji e o grupo que estava com ele.

— Quero que achem o distrito próximo daqui em situação mais crítica! Eu vou checar como estão as coisas aqui em Inuzuri. Eu logo alcanço vocês, seguirei suas reiatsus.

O grupo se despedia com um "Entendido, tenente!" E sumiam dali. Rukia ia em direção ao local onde se encontrava Renji e seus comandados. Ele logo sentia a presença dela e a olhava.

— Foi mandada pra socorrer Inuzuri também? Francamente, esse lugar não me trás boas recordações, acho que pra você também não... - Renji dizia isso direcionando o olhar para o seu grupo, que continuavam trabalhando no resgate. Membros da 4a divisão começavam a surgir e a levar os sobreviventes para seu esquadrão para que fossem tratados.

— Na verdade, esse lugar me trás um misto de sentimentos e lembranças, e nem todas são ruins. Afinal, foi exatamente aqui que eu finalmente tinha encontrado algo que eu pudesse chamar de família. - Rukia dizia isso com a voz serena e o olhar calmo, mas ambos transparecendo uma certa melancolia.

Nesse momento, Renji direcionou seu olhar para a pequena Shinigami que estava ao seu lado. Ele parecia um tanto surpreso com o que tinha acabado de ouvir.

FLASHBACK ON

— DEIXE ELE EM PAZ! - Uma jovem Rukia dizia enquanto atacava um homem gordo armado com uma espada enferrujada. Parecia estar defendendo um de seus companheiros, enquanto os outros estavam jogados ao chão. Renji era o único que parecia estar consciente.

— NÃO VENHA, RUKIA! POR FAV... - O último garoto que estava de pé foi golpeado por aquela espada antes que ele pusesse completar a frase.

Rukia ficava parada empalidecida com uma expressão de horror em seu rosto, observando aquele horrível cenário onde seus amigos tinham sido todos feridos.

— Heheh, você eu não vou matar, sua ladrazinha de merda! Aposto que você me renderá uma boa grana. - O homem virava-se para Rukia e começava a se aproximar dela com a espada erguida.

A garota nesse momento teve todas as suas forças dissipadas; aquela cena dos seus amigos todos mortos a deixou tão abalada que não conseguia se mover. Nesse momento, o homem a segurou pelos cabelos, levantando-a e encarando sua face abatida, sorrindo asquerosamente. Não deu tempo dele proferir sua próxima palavra, pois sentiu sua cabeça explodir.

— R...Renji?! - Rukia observava o garoto disparar um kidou das mãos. Ele havia se posto em pé com muita dificuldade e considerou um golpe de sorte aquele ataque ter atingido o inimigo, já que Renji nunca fora bom com kidous. Automaticamente, após aquele ataque, o garoto caía enfraquecido. Rukia ia até ele rapidamente, o impedindo que caísse no chão - RENJI!

— Aquele velho miserável... Maldito seja... Você... está bem... Rukia? - O garoto dizia com muita dificuldade, se esforçando pra erguer um pouco a cabeça e fitar Rukia. Observava que lágrimas começavam a cair dos olhos dela. Desejou naquele momento que nunca mais queria vê-la daquele jeito. - Idiota... Não chore... É claro que eu não ia morrer... Eu preciso... - Ele dava um leve gemido de dor nesse nomento por conta de um ferimento no abdômen - ... proteger... você...

Nesse momento, Rukia chorava baixinho enquanto apoiava a cabeça do garoto em seu colo. Ela não sabia das técnicas de kidou com clareza, mas já conseguia fazer algo com cura, e ela fez isso em seu companheiro sobrevivente.

— Eu também quero te proteger. Afinal, somos uma família... - Rukia dizia isso ainda chorando, enquanto curava o garoto. Ele já mostrava vários músculos salientes e o timbre da voz já era de um adulto. Naquele momento, ele ficara calado e observava Rukia com ternura, enquanto recebia algumas técnicas de cura.

FLASHBACK OFF

— Foi aqui que encontramos você... E também foi aqui que nos despedimos deles. - Renji dizia um tanto cabisbaixo, mas fitando Rukia. Mas logo levantava a cabeça e tentava dar um rumo melhor àquele assunto - Mas felizmente agora você pertence à uma família que te trata como uma rainha. Você vive no conforto, come o que quer e nunca mais teve que roubar pra não morrer de fome. E eu, apesar de não ter sido adotado por nenhuma família da nobreza, agora sou um tenente e vivo bem... Acho que enfim vencemos na vida, né?! Haha...

— É... - Rukia suspirava de leve, mas mantinha a expressão melancólica - Mas, Renji. Você não sente falta de uma... família?

As palavras sumiram naquela hora da boca do tenente. Sua expressão apagou-se instantaneamente, e ficou procurando por palavras que não saíam.

— Eu preciso ir ao encontro do meu esquadrão, perdi muito tempo aqui com você. - Rukia finalmente deu-se conta de sua missão, por isso encerrou rapidamente a conversa, e também porque notara que havia deixado Renji desconcertado. - Qualquer coisa nos comunicamos. - Ela desaparecia dali em um salto.

Renji observava-a partir, enquanto apenas um pensamento passava pela sua cabeça, porém não conseguiu dizer tais palavras.

"A única família que eu sinto falta eu acho que não terei mais de volta. Você era a minha família, Rukia. E no meu coração e na minha alma você nunca deixou de ser".