A Prima Piriguete escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 9
Começar de novo




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O que mais irritava Paulo era que a prima agia como se nada houvesse acontecido. Continuava a provoca-lo com seu corpo e suas piadinhas, e Paulo ainda tinha que disfarçar sua irritação. A vontade era de denuncia-la, mas não podia fazer isso sem confessar que fora cúmplice dela, então o remédio era ficar bem quieto e cozinhar seu mau humor. Suspirou. Continuava na estaca zero, não pegava ninguém, tinha que começar de novo.

À procura do que fazer, pegou o celular. Trocou umas mensagens com Analu, e recebeu um convite de Virgínia para ir no shopping. Virgínia. Já quase nem lembrava dela. Achara ela bonitinha, mas não mais do que isso. Na falta de outras opções, servia.

Virgínia apareceu sorridente com seus piercings  seu óculos redondo que lhe dava um ar vagamente intelectual. Paulo esforçou-se para parecer também um sujeito interessante, e foram bater perna pelo shopping.

— Qual é a sua matéria preferida?

— O que você achou do que a Ritinha disse para o Marcos da 72?

— Qual canal que você assiste?

— Você tem primos?

Nesse momento Paulo teve vontade de dizer que tinha muitos, sim, inclusive uma prima piriguete que estava morando com ele. A conversa era assim, o assunto mudava com a mesma velocidade com que os olhos dela iam de um lado a outro atrás das vitrines. Mas ela falava muito de família, um assunto que Paulo queria evitar. Foi chegando mais perto dela, e logo já estavam de mãos dadas.

— Vamos ao cinema?

Viram o filme, e na saída as mãos já não se desgrudavam. Quando foram fazer o lanche, os olhos dela já não iam de um lado a outro, mas mantinham-se fixos nos dele. Os diálogos foram ficando mais lentos, e dava para sentir a respiração. Lentamente, a boca de Paulo aproximou-se da dela. Depois do beijo, palavras carinhosas, Paulo estava gostando, mas sentia falta de alguma coisa mais picante. Quando foi leva-la em casa, pareciam velhos conhecidos.

A saída com Virgínia levantou um pouco o astral de Paulo, mas ele era realista o suficiente para perceber que se dependesse dela, não deixaria de ser virgem tão cedo. Bem, podia deixa-la no seu caderninho, como Solange fazia com ele. Os pensamentos de Paulo foram interrompidos por Carla, que chegou cochichando no seu ouvido, voz lânguida:

— Ai Paulo, você arruma outra festa para eu ir com você?

Paulo ficou satisfeito por dentro ao constatar que tinha autodomínio e não manifestara em um instante toda a raiva que sentia pela cara de pau da prima. Ao invés disso, armou um ar bem malicioso e demorou alguns segundos antes de responder:

— Só se você me contar direitinho o que você fez lá na sua casa para vir parar aqui!

— Ahhh Paulooo...

Paulo cruzou os braços e manteve o meio sorriso nos lábios. Finalmente, sentia-se por cima. Sabia daquele ponto fraco da prima, ela havia aprontado poucas e boas lá na cidade dela, e não queria falar a respeito. Ficou calado, saboreando o embaraço de Carla, até que ela destravou a língua:

— Se eu fizer umas poses pelada para você, você me ajuda?

Sem esperar a resposta, ela já girou os quadris e ergueu o busto, abaixando a alça do vestido e subindo a barra da saia até mostrar o elástico da calcinha. Paulo achou graça, mas não estava para brincadeiras.

— Não! Resolvi parar com isso. Você já está fazendo muita M, se continua assim, vai parar na casa de uma tia muito pior!

Carla ficou sem palavras. Sorrindo amarelo, pareceu que ia dizer alguma coisa, mas nesse momento o som dos passos da mãe na cozinha pôs fim ao diálogo, e a prima voltou à estante onde passava cera. Sentindo-se vitorioso, Paulo voltou a seus pensamentos. O som do celular despertou-o. Era uma mensagem de Solange.

Sol: oi gato cumé qui tá?


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