A Prima Piriguete escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 5
Esnobando




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— Fui a um baile funk!

Paulo notou os olhos dos colegas se acenderem de curiosidade e admiração pela coragem dele. As perguntas logo começaram.

— Ih como é que é? Tem muita sacanagem lá?

— Demais!

Paulo pôs-se a contar as sacanagens que vira e que não vira, tendo o cuidado de acrescentar as sacanagens que fizera e não fizera.

— As meninas lá são todas taradas! Elas dançam roçando no pau da gente! Aí eu boto o meu pau para fora e entro nelas dançando ao mesmo tempo!

— E é verdade que tem muito traficante lá?

— Eu vi uma porção, com metralhadora na mão!

Nesse ponto Paulo enfeitou a narrativa, se bem que suspeitasse que muitos lá eram bandidos mesmo.

— Mas quem foi que te levou lá, você foi sozinho?

— Eu fui com a minha prima, ela já conhecia aquele lugar. Eu contei para vocês que eu estou em casa com uma prima gostosa! Ela é mó piriguete!

— Ihh o Paulo está com o pau na botija! Você já comeu ela?

— Ahh essa eu vou deixar para a imaginação de vocês...

— Não se reprima, coma a sua prima HAHA

Ficaram ali entre risadas contando vantagens como se já fossem homens feitos e fizessem tudo o que os adultos fazem. Paulo sentiu-se nas nuvens. Pela primeira vez, passou um recreio inteiro sem que seus olhos buscassem Solange ao menos uma vez.

De volta para casa, experimentou mandar algumas mensagens para meninas com quem havia dançado no baile funk. Umas não responderam, outras pareciam não se lembrar dele. Passada a euforia, Paulo foi caindo na real. Aquele não era o seu mundo. Não tinha como trazer alguma daquelas meninas para o seu bairro, mesmo se ela topasse, todo o mundo ia zoar. Não tinha coragem de voltar lá sem Carla, aliás nem sabia o caminho. De volta à estaca zero. A única coisa que mudara efetivamente era que Carla estava cada vez mais segura de contar com ele para suas bandalhas, e ficava cada vez mais audaz.

— Ai meu priminho, não conta para a sua mãe daquele garoto que veio aqui ontem, hein?

— Paulo, dá para você pegar o meu celular lá no armário da sua mãe?

Irritado com os constantes pedidos, Paulo lembrou da conversa com os colegas. E se ele a comesse de verdade? Tinha a prima ali, sempre a provoca-lo com o corpo dela. Respondeu no tom mais safado que conseguiu:

— Só se você sentar aqui no meu colo e ficar rebolando!

— Ihh Paulo está precisando de uma namorada! Serve um beijinho?

— Serve!

Rindo da brincadeira, ela lhe deu no rosto o beijo mais pudico que pôde.

— Ahh assim não vale!

— Fazer o seguinte: se você for lá buscar o meu celular, eu prometo que fico sem calcinha o resto do o dia!

— Sério?

— Sério!

Paulo foi no armário da mãe até a gaveta onde ela escondia o celular de Carla. A prima ficou um bom tempo teclando  mensagens e rindo das respostas. Paulo ainda duvidava que ela fosse cumprir o prometido, mas ela despiu a calcinha e continuou o trabalho, tendo o cuidado de arrumar motivos para se curvar e subir escadas. Extasiado, os olhos de Paulo buscavam a sombra coberta de penugem entre suas pernas, uma nesga de lábios vaginais e o botão do ânus que fugazmente apareciam a cada movimento. A farra só terminou quando a mãe chegou de repente, e Carla teve que fazer força para disfarçar antes de ter chance de vestir novamente a calcinha.

Na escola, o momento de Paulo havia passado. Sua ida ao baile funk havia sido considerada uma gostosa safadeza, mas também uma mera excentricidade, baile funk não era coisa para aquele pessoal metido. Alguns colegas já estavam rindo dele pelas costas, e ele agora se preocupava com a possibilidade daquilo já haver chegado aos ouvidos de Solange: baita queimação de filme! Mas as esperanças se reacenderam naquela tarde que ele chegou do colégio e foi recebido por Carla com um sorriso cúmplice.

— Arrumei uma novinha que está a fim de você!


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