Em Minha Pele escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

O significado da capa e do título pode ter passado batido aos olhos dos menos atentos, mas explicá-los-ei.

A imagem da capa é a personificação da depressão que Duda tem por causa do estupro que sofrera. É uma arte quase abstrata. O nome "Em Minha Pele" é o sofrimento que ela está passando como se fosse uma doença que está na pele dela (igual lepra ou uma ferida literal). Então é isso.

Boa Leitura.



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A tenente Solange foi atender a uma ocorrência na casa do prefeito. Chegando lá viu a perícia averiguando um carro da família. Luís e Rafael chegou logo em seguida.

O corpo em pedaços do cachorro foi tirado pela perícia forense. Solange pediu permissão para fazer algumas perguntas sobre o caso.

— Vocês disseram que o cão havia desaparecido hoje pela manhã. Sabe me dizer se alguém estranho passou por aqui?

— Só um rapaz que entrega água, mas ele veio e logo foi embora. E quando eu fiz o pagamento dos garrafões, já havia percebido o sumiço do Teddy.

— Percebi que na entrada do sítio, o muro tem, pelo menos, três metros sem uma cerca elétrica. Pode ser que o cão tenha sido sequestrado na madrugada. Um ou dois criminosos entrou ou entraram pulando o muro.

— Pode ser — disse Luís. — Mas Teddy dormiu dentro de casa como sempre.

— Então posso presumir que alguém que trabalha aqui seja cúmplice desse crime? Vejo que existe mais coisas nessa história.

Duda entregou o bilhete para Solange. Os outros três ficaram surpresos.

— O que é isso?

— Há um ano, Rafael e eu nos casamos e fomos de viagem para a Bahia. Num hotel de lá fomos rendidos por criminosos que queriam nos roubar. Um deles me pegou à força e me estuprou. Tenho depressão até hoje. Agora quando eu chego aqui acontece a morte do meu cachorro e esse bilhete... — Duda chorou.

— Então, senhora Maria Eduarda, eu posso presumir que o bilhete e a morte do cão têm a ver com o crime de um ano atrás. Você também presume?

— Sim.

— O que aconteceu com os bandidos?

— O que me estuprou foi morto e o outro foi preso. Mas o que foi preso continua lá. É impossível ele ter saído.

— Ou ele pode ter mandado alguém para te perseguir. O pior que ainda não podemos garantir que um stalker esteja por trás disso e nem que ele esteja ligado aos bandidos do estupro.

— E o que faremos agora, policial? — perguntou Rafael.

— Eu vou ser sincera com vocês. Sobre a morte do cachorro, dará em nada. As leis são brandas quando o assunto é proteção aos animais. A pessoa leva alguns meses de detenção, mas pode pagar multa ou converter em serviços comunitários. O máximo que conseguiriam era prendê-lo por invasão e olhe lá.

— E vai ficar por isso mesmo? — disse Jocieli.

— Não. O trabalho será feito, mas precisamos ter um nome, um suspeito, um ser humano com cara de culpado. Com licença que tenho outra ocorrência.

Solange entrou na viatura e foi embora.

Duda explicou para os pais e o marido que o conteúdo da missiva era aquela simples frase, mas que foi impactante. Luís prometeu contratar um segurança particular, porém a moça negou veementemente ter um desconhecido no seu encalço.

...

Os dias foram passando, abril foi passando. Passaram-se dez dias desde a morte de Teddy e tudo parecia absolutamente normal. O relacionamento do casal continuou morno, com Rafael tendo algumas crises por não tocar na esposa. Esta, por sua vez, continuou indo para as sessões com Marta Simone.

— E você acha que não está dando conta do recado?

— Eu me sinto culpada por não deixar o meu marido feliz. Ele é tão paciente, mas até eu perderia a paciência comigo.

— E o que você quer?

— Não sei. Me dê uma luz — Duda pegou nas mãos de Marta.

— Não seria melhor o divórcio? Sei lá... se você acha que magoa o seu marido, melhor se separarem. E se seu marido for um bom homem mesmo, ele compreenderá.

— É que... Rafael era o popular da faculdade. Estudamos juntos na Unifor e ele era um dos mais populares. Lindo, atlético, teve outras namoradas. Como dizem hoje: o crush de muitas. Até sermos envolvidos num namoro, noivado e casamento. O cara simplesmente veio de São Paulo para morar no Ceará com os pais. Difícil ter que largar um homem assim.

Marta Simone se levantou, pôs a mão sobre o ombro da garota.

— Homem nenhum é suficientemente bom para as mulheres. Pense nisso e verá que eu tenho razão.

Duda se despediu da psicóloga e foi embora. Marta retirou um cigarro e um isqueiro da gaveta do birô e fumou ali mesmo. Pegou um porta-retrato que estava sobre a mesa e o levantou.

 

— Como é que é? Colocou a nossa filha pra ouvir conselhos de uma militante feminista?

— Ela é psicóloga e tem experiência em tratar abusos sexuais. Luís, estou desesperada para curar a nossa filha. Se for pra por nas mãos daquela mulher a melhora de Duda, eu arrisco.

— Esse povo não dá ponto sem nó. — O prefeito se lembrou de tomar o remédio para diabetes. Aos sessenta anos, Luís sofria de problemas cardíacos e obesidade.

Jocieli entregou o frasco do remédio para ele.

— Consultou o doutor Malta?

— Vou fazer isso amanhã. Preciso ir embora.

Jocieli chamou o marido mais uma vez e deu um beijo nele. Rafael acompanhou o sogro até a prefeitura.

...

Rafael passou meses tentando se aproximar da esposa, mas a recusa dela agravou ainda mais o casamento. Eram como dois estranhos dormindo na mesma cama. Se pudesse voltar no tempo e nunca ter feito aquela viagem...

E como homem tem os seus desejos, caiu em tentação. Nesse tempo que ficou levando gelo da mulher, o advogado foi encontrar consolo em outro lugar.

— Oi, querido?

— Por que está aqui? Como sabe que trabalho aqui?

— Por favor, Rafael. Somos amantes há seis meses. Tentando fugir de mim? Eu ligava para o celular, mandava mensagens, nada.

— Escute, Daniela, essa relação não pode mais continuar. Sua prima e eu somos casados! E agora ela tá recebendo tratamento adequado e melhorando. Não estrague isso.

— Pois vou agora mesmo na casa da minha tia e contar toda a verdade.

Rafael ficou apreensivo com o que a mulher poderia dizer.

...

Uma greve geral dos servidores municipais da cidade abalou o dia para Luís. Uma semana de negociações com o sindicato dos professores municipais, garis e outros. O motivo era salário atrasado.

— Parece que a imprensa está lá fora acusando você de trabalho escravo — disse um vereador da base aliada.

— Esse tumulto na porta da prefeitura não tá me fazendo bem. — Retirou a gravata e abriu o colarinho da camisa. — É muita pressão.

— Rosano, está se sentindo bem? Porque você está suando muito.

— É o nervosismo. Só preciso respirar um pouco.

— Não tá bem. Vou chamar uma ambulância.

O prefeito sentiu uma forte dor no peito e desmaiou ali mesmo no seu gabinete. A secretária, o vereador e um empresário foram pegos de surpresa pelo ataque do homem.

Jocieli recebeu a sua sobrinha em casa. Daniela respirou fundo e tentou falar sobre o caso com Rafael, no entanto alguém telefonou para o celular da primeira-dama.

— Meu Deus!

Duda foi correndo para o hospital municipal de Nova Tauape. Chegando lá, viu o médico dando as condolências para a sua mãe.

...

Cemitério particular

Um padre fazia uma oração no enterro do prefeito Luís Rosano. Foram muitas autoridades para a cerimônia, inclusive o governador do estado. Todos ficaram impactados com a repentina morte do prefeito.

As autoridades políticas, o vice-prefeito, amigos pessoais e até o governar deram as condolências.

Duda, de luto, chorava ao ver o caixão do seu pai ser enterrado.

— Minhas condolências, querida.

— Marta? Pensei que não viria.

— Eu sou a sua psicóloga. Estou preocupada com a sua depressão. Preciso estar sempre por perto.

— Eu... eu não entendo como ele morreu tão de repente...

— Realmente perder um ente querido na morte é duro. Sei o que está sentindo.

Rafael viu a esposa um pouco mais afastada enquanto Daniela o encarava. Uma grande reviravolta na vida de Eduarda estava prestes a acontecer.


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