Em Minha Pele escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 5
Capítulo 5




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A missa de sétimo dia da morte do prefeito Luís Rosano ocorreu na igreja no centro da cidade. Diferentemente do velório e do enterro, apenas os familiares e amigos mais próximos assistiram à missa.

Eduarda e Jocieli estavam na segunda fileira; Rafael, porém, ficou mais afastado das duas. Desde a morte do pai de Duda, o casamento praticamente acabou quando o homem resolveu confessar a traição antes que Daniela o fizesse. Duda ficou decepcionada, mas não surpresa. Mais cedo ou mais tarde algo assim aconteceria. Rafael deixou a casa da sogra e desde então foi morar num hotel da cidade.

Quando a missa terminou, ele foi tentar falar com a esposa, mas ela não quis conversar, muito menos Jocieli. Ambas desceram a escadaria da igreja e entraram no carro sedan preto. Duda sequer olhou para Rafael.

Daniela foi outra que ganhou o desprezo da família, sobretudo de Jocieli. As duas eram tão próximas como tia e sobrinha, tão unha e carne... porém a relação fora abalada por causa de uma traição. A moça, que havia sentado mais distante, tentou conversar com o amante. Rafael, no entanto, desprezou-a e também foi embora.

No sítio da família Rosano, o ar de tristeza era bem evidente. Jocieli chorava pelos cantos, vendo álbum de fotos dela e do falecido marido. Duda resolveu ficar trancada no quarto. Ninguém resolveu descer para o jantar, e as empregadas tiraram o dia de folga.

Rafael buzinou para o porteiro abrir o portão do prédio, estacionou na garagem e subiu ao segundo andar do hotel. Um apartamento pequeno, mas aconchegante. Retirou o paletó, a gravata, pegou um pouco de uísque e bebeu sentado na poltrona. Sua consciência acusou, e justamente quando todos estavam indo bem. A morte do prefeito e agora o divórcio iminente... Tudo deu errado.

 

— Não precisa se esforçar para dizer tudo de uma vez. Sou psicóloga, tenho muita experiência e paciência. — Disse Marta sentada numa cadeira de frente para Duda.

— Parece que minha vida está amaldiçoada, sabe? Sinto que desde aquele estupro, eu jamais serei feliz novamente. Meu casamento é uma farsa, meu marido me traiu com a minha prima, meu cachorro foi achado em pedaços no porta-mala do meu carro, meu pai sofreu um infarto. Tudo isso em menos de quinze dias. Dá pra acreditar? Eu nem sei de onde tiro forças para continuar vivendo.

— Eu garanto que viver é a melhor das escolhas. Sabe o que eu acho? Que você fez bem em se separar do seu marido. Lembra que eu te disse que homem nenhum merece a mulher que tem? Não se rebaixe a ponto de voltar para ele. Nunca.

— Tem razão, doutora. Preciso me valorizar. Agora que a minha mãe está sozinha... Lembrei de uma coisa. Que tal se a senhora almoçar na nossa casa hoje?

— Bom, eu não tenho mais nenhum cliente hoje. Posso sim.

Duda agradeceu mais uma vez a compreensão da sua psicóloga. As duas saíram por volta das onze e meia desse dia em direção ao sítio.

Jocieli recebeu a doutora com muito pouca auto-estima. A mulher falou palavras de conforto para a matriarca da família, e prometeu dar todo o apoio.

...

A perícia constatou que no organismo do prefeito havia uma grande quantidade de açúcar. Com os depoimentos de Eduarda e Jocieli, o homem havia tomado sem saber pois tomava todos os remédios. O doutor Túlio Malta garantiu que o medicamento era o mais indicado e não entendeu o porquê do seu paciente não responder ao tratamento. A perícia analisou os vidros dos remédios e conseguiram desvendar o segredo: o prefeito tomara pílulas adulteradas contendo açúcar. Para isso alguém havia adulterado, ou seja, homicídio.

— Parece que a polícia civil conseguiu desvendar o crime.

— Como? — perguntou Solange ao delegado.

— Com o depoimento da ex-primeira-dama, chegaram a conclusão que uma das empregadas adulterara o remédio. Uma tal de Verônica de Sousa. Fiquem atentos com uma possível chamada. A assassina está foragida, mas a polícia rodoviária federal está a campo.

— Pode deixar conosco, delegado. Essa daí não vai pra muito longe.

Solange e Júlio Becker entraram na viatura. Umas três viaturas partiram para a rodovia ali perto a fim de ajudar na blitz.

Verônica contava um montante de dez mil reais que ganhara com o serviço que fez. A falsa empregada estava junta de seu parceiro num carro quando avistaram a blitz na estrada. O homem desviou de rota e pegou uma pista na contra-mão. A viatura em que Solange e Becker estavam veio na mão, e logo a policial interceptou o carro.

— Paradinhos — disse, apontando a arma para ambos. O parceiro ainda tentou pegar um revólver, mas foi impedido por Becker.

Na delegacia, o reconhecimento foi feito com a ajuda de Jocieli. O delegado agradeceu a cooperação da viúva.

Verônica foi interrogada durante quase uma hora sem parar. Em seu depoimento, a moça contou que foi paga para matar o prefeito. O pagamento foi feito de uma forma anônima, pelos correios. O contato era de um número anônimo vindo de um homem. Depois de confessar o crime e de confessar que havia sido paga para matar o prefeiro, ela foi acusada de homicídio premeditado e outras acusações que agravaram a sua situação.

A viúva chegou em casa visivelmente abatida. Os conselhos de Marta Simone não davam muito jeito. Seu medo era que pegasse depressão tal como a filha.

 

Rafael estacionou o carro na frente de uma academia perto do hotel. O loiro precisou se distrair voltando a malhar e a praticar luta de boxe. Com a ajuda de um personal trainer, o advogado voltou com a sua rotina de esportista.

Suou a camisa bastante nos treinos. Foi ao banheiro do vestiário tomar um banho. Lembrou de sua ex-esposa, de sua vida antes daquela maldita viagem para a Bahia. Se pudesse voltar no tempo, se pudesse nunca ter viajado, ou traído.

Vestiu-se e saiu da academia. O retrovisor esquerdo do seu carro fora quebrado. Nenhum outro carro estava no local.

— Ei, viu quem fez isso? — perguntou ao segurança.

— Fiquei ausente por cinco minutos. Quem quer que tenha feito isso, fez agora.

Rafael ficou furioso.

Longe dali, numa moto, um homem observava a movimentação na calçada da academia. Usou um binóculo. Em seguida deu a partida e foi embora.

...

Desde a morte do prefeito até a prisão de Verônica havia passado muitos dias. O mês de abril estava terminando quando a assassina foi detida. E a vida da família Rosano foi passando o tempo entre a saudade e a tristeza.

Duda chegou em casa antes da chuva torrencial que deu na cidade por volta das oito da noite. Viu sua mãe dormindo no sofá, acordou.

— Mãe, vai ter problema de coluna se ficar deitada aqui.

— Oh, filha. Eu estava vendo o álbum antigo de quando você ainda era criança. A viagem que nós três fizemos para a Disney, lembra?

— Lembro um pouco. Eu tinha cinco anos.

— Em maio faríamos trinta e dois anos de casados. Se eu não tivesse insistido em contratar Verônica, provavelmente seu pai estaria aqui entre nós.

— Mamãe, a senhora precisa ser forte. Lamentar o passado não vai trazer o papai de volta. O que precisa ser feito é seguir em frente e tentar aproveitar a vida ao máximo.

— Já percebo uma melhora. As terapias com Marta Simone estão surtindo efeito.

— Ela é maravilhosa. Acredite.

Duda dispensou o jantar e subiu para o seu quarto. Trancada como sempre, a moça foi tomar um banho e depois se preparar para dormir. A janela do seu quarto tinha uma persiana sobre o vidro, mas resolveu deixar sem a persiana.

Horas se passaram desde que Duda dormiu. Um barulho na janela fez com que ela acordasse. Naquele horário, por volta de uma da manhã, a chuva parou. Um barulho de algo batendo no vidro da janela assustou a moça. Uma terceira vez fez ela constatar que alguém jogava pedras. Ela foi averiguar. Uma pedra maior quebrou a janela. Havia um bilhete amarrado com uma liga.

A letras I-R-A-N foram escritas com caneta simples. Assim que Duda olhou para fora, um sujeito com capuz apareceu no gramado. Retirou o capuz e mostrou ser Iran!

O coração dela disparou, o medo e tudo o que havia sentido na noite do estupro voltou. Imediatamente ela correu para fora do seu quarto.


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