Party of Four escrita por Fluconheira


Capítulo 2
S01E02 - A namorada do James, espionagem e tortas explosivas


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/757646/chapter/2

— Aquele é o James Potter, é o mal em figura de gente. Ele parece um garotinho egoísta, traiçoeiro e descarado, mas na verdade, ele é muito, muito mais que isso. — a voz de uma narradora era nítida ao fundo enquanto James era carregado pelos companheiros do time de futebol.

 

— Ele é a abelha rainha, uma estrela. Os outros três são só os zangões dele. — continuou uma voz, desta vez, masculina.

 

James agora andava em câmera lenta pelo corredor, passando a mão nos cabelos sedosos, e os cantos da tela cheio de glitter e com um efeito desfocado.

— James Potter, como é que eu posso começar a explicar James Potter?

Uma garota negra que fazia aulas de álgebra com James, começou:

— O James Potter é perfeito!

— Ele tem duas bolsas de pele e um carro importado prateado. — confirmou uma outra morena.

— O cabelo dele está no seguro por US$10.000,00. — afirmou Xenophilius Lovegood.

— Soube que ele faz comerciais de carro… no Japão. — disse Emmeline Vance.

— O filme que ele gosta mais é Marcação Cerrada. — falou Mary Macdonald.

— Ele até conheceu o John Stamos no avião. — começou Roxanne Malfoy.

— E ele disse que ele era lindo. — terminou Bertha Jorkins.

— Um dia, ele me socou no rosto… — falou o garoto de cabelos oleosos e narigudo. — isso foi irado! — disse Severus Snape num tom débil.

 

James sorriu involuntariamente, fazendo umas pequenas gotas de baba cair em seu travesseiro. Um tapa em sua nuca o fez despertar com um gemido. Sua vista estava embaçada, até ele buscar seus óculos em sua penteadeira e o colocar em seu rosto e em seguida, sua mãe, Euphemia, entrar em foco.

 

— Acorda, garoto… — Euphemia tirou o cobertor de James e o dobrou. — Escola.

 

James bocejou preguiçosamente e abraçou seu travesseiro, voltando a fechar os olhos com a sensação de que havia encontrado a melhor posição para dormir de todos os tempos.

 

— Só mais cinco minutos. — balbuciou o moreno.

 

James ouviu os movimentos de sua mãe mexendo no seu cesto de roupa suja.

— Lily está na sala esperando por você. — informou Euphemia e saiu do quarto do filho, fechando a porta atrás de si.

 

Foi como se houvesse recebido um choque elétrico: James pulou da cama e correu para o banheiro, onde foi fazer suas necessidades matinais. Após o banho rápido, saiu de seu banheiro com a porta escancarando-se com barulho e chutou seu velho toca-discos, que ficava ao lado da porta, um pouco quebrado. O som deu um rangido e começou a tocar Billie Jean, do Michael Jackson. James passou as mãos no cabelo e fez o passo do moonwalk desajeitado.

 

— Palmas! — a voz de Sirius Black saiu do canto direito do seu quarto, onde ficava o armário.

 

— AAAAH!!! — berrou James em um grito fino, muito assustado. Sua toalha escorregou, caindo aos seus pés. O moreno se apressou para enrolar ela novamente em sua cintura e precisou respirar fundo para o coração voltar aos batimentos mais calmos. — O que tá fazendo aqui, Sirius?

 

Sirius deu de ombros, fazendo uma bola com o chiclete que estourou, com um “ploh” que ecoou pelo quarto.

 

— Minha moto está na oficina… pensei que você pudesse me dar uma carona pra escola. — respondeu Sirius, pegando uma revista masculina que estava ao lado da TV. — Achei que você estivesse mandado as coelhinhas pras cucuias depois da Evans…

 

James andou até Sirius e pegou a revista de suas mãos, e as abraçou com carinho.

 

— A coelhinha de março é o meu amor… — justificou-se ele.

 

— Deixa só a Lily saber… — Sirius começou, mas foi rapidamente interrompido por James.

 

— Se você contar, eu…. — James ficou parado com o dedo indicador erguido e a boca aberta, pensando em uma ameaça à altura.

 

Sirius deu um sorriso cínico.

 

— Vai o que? A Lily sabe que o “GJ”...

 

— Não ouse falar do GJ! — disse James convicto, mas Sirius detectou um pouco de receio em seu tom.

 

— O “Grande James” te deixou na mão, Prongs? — falou Sirius cruzando os braços, com os dentes escancarados. — e pelo o que vi, ele não está tão grande assim… — finalizou Sirius com uma gargalhada, apontando para a parte íntima do melhor amigo.

 

James deu um sorriso amarelo.

 

— Não é “Grande”! — James rolou os olhos. — É “Gigante”. E ele só está tímido… — justificou-se alisando suas partes íntimas. — Calma, meninos… ele não quis magoar. — continuou James olhando para baixo.

 

Sirius andou até a porta e abriu, indo para fora.

 

— Te espero na sala. — disse apenas e fechou a porta, com um quê de: chega dessa conversa por hoje.

 

James suspirou e passou as mãos no cabelo, olhando seu reflexo no espelho.

 

— Você é maravilhoso. — disse e piscou para si mesmo, passando a mão pela barba mal feita e um olhar seduzente.

 

***

 

— Onde está Lily?

 

Foi a primeira coisa que James perguntou ao entrar na cozinha. Seu pai, Fleamont, tomava seu café e com o costumeiro, jornal matinal na mão esquerda.

 

O pai de James, o senhor Potter, era um senhor de estatura média, com um óculos redondo de graus descansando sobre a ponta do nariz. Era raríssimo ver o senhor Fleamont usando outra peça de roupa que não fosse sua gravata de bolinhas e seu terno risca giz cinza. Havia umas piadas na família de que o senhor Potter tinha um terno para cada ocasião da rotina: um terno para pijama, para passeios aos fins de semana e… E eles param por aí. Ele tinha uma expressão severa, mas era só um disfarce, pois era um senhor muito simpático. Todos os dias da semana o senhor Potter ia trabalhar no centro da Hogsmeade City: uma empresa de xampu de cabelos, o que era um pouco irônico, já que, não havia um único fio de cabelo em sua careca.

 

Fleamont Potter abaixou o jornal e analisou o filho.

 

— Quem?

 

— Lily, pai. Minha namorada. — explicou James abrindo a porta da geladeira e pegando o leite, e o bebendo direto da caixa, sem se importar de buscar um copo. — Mamãe disse que ela estava aqui.

 

— Foi só um motivo pra te fazer levantar da cama. — Euphemia brotou magicamente atrás de James e tomou a caixa de leite, fazendo o líquido cair e James babar todo na tentativa de não deixá-lo derramar. — Quantas vezes eu já disse pra não beber direto da caixa? — ralhou Euphemia, levando a caixa de leite até a própria boca, bebendo da mesma.

 

— E quando você vai trazê-la aqui? — quis saber Fleamont. — Tenho interesse em conhecer minha nora.

 

James olhou entediado para mãe e voltou um olhar orgulhoso para o pai.

 

— Hoje a noite. — informou James, limpando a boca com um guardanapo que descansava sobre a mesa.

 

Euphemia cuspiu todo o leite em cima do marido, que se protegeu da chuva com o jornal, que ficou encharcado.

 

— E você só me diz isso agora, Potter?! — urrou Euphemia, seus olhos azuis pareciam soltar faíscas e os cabelos ruivos estavam arrepiados. Euphemia Potter detestava anúncios feitos de última hora.

 

— Foi mal, mãe. — James encolheu atrás do seu pai antes que sua mãe resolvesse cuspir fogo ao invés de leite. — Relaxa, ok? Aliás, estou atrasado para a escola.

 

Sirius entrou no cômodo mastigando e com vários biscoitos na mão.

 

— Bom dia, família! — anunciou.

 

— Sirius, o que é isto? — perguntou Fleamont.

 

Sirius olhou para suas mãos e olhou para Fleamont.

 

— São biscoitos.

 

— São do cachorro.

 

— Vocês têm cachorro? — perguntou Sirius perplexo. — Como eu nunca vi? Oh… entendi. — Sirius olhou para James. — Seus pais te dão xingamentos estranhos.

 

James rolou os olhos.

 

— É do vizinho. — explicou James. — O Snape, lembra? Adotou um cachorro e o treinou para correr atrás de mim quando saísse de casa.

 

— E você dá os biscoitos para dar tempo de fugir dele? — perguntou Sirius.

 

— Não, na verdade os biscoitos são Pokémon que vão lutar contra o dog. — James balançou a cabeça sério e convincente.

 

— Então eu engolir o Pikachu? — Sirius arregalou os olhos.

 

James deu um tapa da cabeça do amigo.

 

— Claro que não, seu mané! — disse James. — É claro que são para o cachorro comer! Vamos indo ou vamos chegar atrasados.

 

Eles se despediram e saíram de casa, com a sorte do cachorro do ranhoso não estando à vista, eles entraram no carro de James. O moreno deu partida e caiu na estrada, em direção a Hogwarts High School.

 

***

 

Lily Evans atravessou a porta da escola e andou plena pelo longo corredor e desviando de garotos briguentos e fedidos. Eles nunca colocam para lavar esses casacos do time? Ugh! Até a meia de Vernon Dursley, namorado de sua irmã Petúnia, cheirava melhor que isso. E uma dica: as meias deles fedem muito.

 

A ruiva logo encontrou suas melhores amigas conversando em seus armários: Marlene Mckinnon, Alice Fortescue e Dorcas Meadowes. Quem viu Lily se aproximando primeiro foi Alice, que chamou a atenção das amigas.

 

As quatro meninas, já reunidas formaram um círculo com os olhos fechados, parecendo ignorar todo o barulho que os adolescentes faziam a sua volta, e deram as mãos. E juntas, começaram a cantar em uníssono:

 

Sei que você vai querer ser uma de nós! Winx: Quando damos nossas mãos, nos tornamos poderosas porque juntas somos invencíveis! — as meninas se separam e fizeram umas poses complexas. — Winx! É tão bom poder sorrir e o mundo iluminar. Venha se juntar à nós voando. Winx!

 

Ao terminar a performance, Lily viu em sua frente, o seu namorado, James Potter, com o queixo caído e os olhos arregalados, com sua mochila caída de um lado do ombro. Ao seu lado estava seu melhor amigo, Sirius Black, sorrindo e balançando a cabeça num ritmo da cabeça de uma galinha.

 

— James! — gritou Lily abraçando seu namorado e lhe dando logo um beijo na boca. — Senti sua falta! — disse Lily toda sorridente.

 

— Vocês se viram ontem. — disse Sirius rolando os olhos.

 

— E todo esse tempo pareceu um século longe da minha tchutchuquinha — retrucou James sorrindo para Lily. — Minha fadinha preferida.

 

— Own! Que fofo! — disse Dorcas com as mãos juntas e os olhos brilhando.

 

Sirius passou a mão nos cabelos e deu um sorriso seduzente.

 

— E aí, Mequinón? — falou encostando no armário, junto a Marlene.

 

— A gente não tinha aula? — perguntou Marlene olhando para Alice.

 

— Estou tão ansiosa para conhecer seus pais. — disse Lily mordendo o lábio. — Será que eles vão gostar de mim?

 

— É claro que vão! — disse James sorrindo.

 

— cof cof não cof cof — disse Sirius em meio a tosses falsas.

 

— cof cof ninguém te perguntou cof cof — retrucou Marlene.

 

— Você tem que conhecer a torta de chocolate explosiva da dona Euphemia, Lily. — falou Sirius rindo, ignorando a resposta grosseira de Marlene. — aquela torta é um estouro.

 

James fez uma careta e rezou para que o amigo estivesse errado. A “torta de chocolate explosiva da dona Euphemia” foi um apelido dado por Peter para um bolo um tanto diferenciado da mãe James. Iremos poupar explicações.

 

Os garotos seguiram para aulas e enquanto uns estudavam, outras apenas tentavam, que era o caso de Marlene, Alice e Dorcas. As três tinham aula de física juntas e aproveitaram o momento para discutir o que importava naquele momento: o bem estar de Lily.

 

— Lily está nervosa. Acha que a mãe do Potter vai lixar ela pelo tratamento que Lily deu para o James todo esse tempo… — explicou Alice para Dorcas, que parecia perdida no mundo da lua, como sempre.

 

— Tratamento? — perguntou Dorcas confusa e com uma mão no queixo, pensativa. — A Lily tem um spa? Eu não sabia!

 

Alice rolou os olhos e Marlene fez um nó nos dedos e bateu levemente na cabeça de Dorcas. Um “Tuc, Tuc” foi o som parecido que saiu.

 

— Ai! — reclamou Dorcas com a mão na cabeça.

 

— Ôh, cabeça de vento, acorda! — disse Marlene. — Ela tá falando dos foras e patadas que a Lily deu para o James esse tempo todo…

 

— Ah! Vocês não explicam… — justificou-se Dorcas. — hum… acho deveríamos estar por perto sabe?

 

— Como assim? — Alice virou para a morena.

 

— Perto da Lily… para nos certificarmos que a morcega velha não vá fazer nada. — explicou Dorcas.

 

Alice e Marlene se entreolharam. Foi como se uma lâmpada imaginária tivesse acendido no alto de suas cabeças; elas haviam tido uma idéia.

 

***

 

— Então, você é Lily Evans. — perguntou Euphemia fingindo grande interesse.

 

Lily deu um sorriso tímido.

 

— Sim, senhora. E a senhora é Euphemia Potter. — afirmou Lily balançando a cabeça.

 

Euphemia concordou com a cabeça e piscou. James e Fleamont se entreolharam, o clima ali não estava nada agradável.

 

— A filha do xerife. — entoou Euphemia. — James me contou de uma revista que fizeram na escola, a procura de um fugitivo… confundiram Sirius com um mendigo usuário de drogas.

 

— Ele chegou a morder um policial. — lembrou-se Fleamont rindo. Como ninguém achou graça, ele se recuperou. — Quer dizer, lamentável.

 

— James me contou que o senhor trabalha em uma empresa de xampu. — disse Lily sorrindo. — É um pouco cômico. — E olhou para a careca brilhante do senhor Potter. Ele não achou graça, parecia ter ouvido aquela piada um milhão de vezes.

 

James bateu palma e ergueu-se do sofá, mas sua mãe, Euphemia, o puxou para baixo, forçando-o a sentar.

 

— Ainda não acabamos. — falou Euphemia.

 

— Tem razão! — disse James. — Já que conheceu meus pais, deixe-me apresentá-la ao Meu Ego. — falou para Lily, sorrindo. — Ele faz parte da família.

 

Euphemia levantou-se e disse para Lily.

 

— Gostaria de falar à sós com você, querida. Será que podemos?

 

Lily olhou para James e voltou seu olhar para a senhora Euphemia e engoliu a seco. Um “glut” foi o som que saiu da garganta de Lily. A ruiva levantou-se e acompanhou a sogra até o hall de entrada.

 

Enquanto isso…

 

Três garotas estavam escondidas atrás de uma moita em frente a casa dos Potter’s. Marlene, com um binóculo observando a movimentação da casa pela janela e Alice, entediada. Dorcas brincava com um capacete de soldado militar que havia achado no porão da sua casa.

 

— O que está acontecendo? — perguntou Alice.

 

— Nada. — respondeu Marlene ainda atenta.

 

— Está acontecendo “nada” há quinze minutos. — murmurou Dorcas.

 

— Me dá isso aqui! — falou Alice tomando o binóculo das mãos de Marlene e espiando ela própria. Ela exclamou.

 

— O que aconteceu? — perguntou Marlene.

 

— Nada. A anciã levantou e… Lily levantou também! Elas estão se afastando. — anunciou Alice. Marlene tomou o binóculo da amiga e o colocou na frente dos olhos. Alice o agarrou de volta e as duas entraram em uma briga silenciosa de quem iria ficar com o binóculo. As duas acabaram dividindo, cada uma ficando com uma lente, e as cabeças grudadas. Alice bufou. — Sua cabeça é enorme! Tá tomando conta do espaço todo. — reclamou.

 

— A sua que é! Parece uma melancia. — retrucou Marlene.

 

— Sua cabeça é tão grande, mais tão grande que sua mãe teve duas bolsas. Uma pro seu corpo e a outra pra cabeça. — disse Alice.

 

— Sua cabeça é tão grande, mais tão grande que quando sua mãe fez ultrassom, acusou gêmeos. — respondeu Marlene.

 

— Meninas… — chamou Dorcas.

 

— Sua cabeça é tão grande, mais tão grande que se você cair vai ser detectada como o próximo asteróide a colidir com a terra. — replicou Alice.

 

— Meninas… — voltou a chamar Dorcas.

 

— Sua cabeça é tão grande, mais tão grande que seu apelido na escola era Selena Gomez. — respondeu Marlene.

 

— Falou, Rainha de Copas. — disse Alice com os olhos semicerrados. — dá um alô para o Chapeleiro.

 

— Pode deixar, Alice. — disse Marlene com deboche. — Cuidado para não cair em outro buraco, não vai ter um guindaste para tirar sua cabeça entalada dele...

 

— Meninas! — exclamou Dorcas.

 

Alice e Marlene viraram-se e perguntaram em uníssono:

 

— O que é?!

 

As vozes fez um eco pela rua e elas foram forçadas a se abaixarem. Depois de uns segundos, voltaram a erguer as cabeças.

 

— Lily e a anciã. — sussurrou Dorcas. — Estão se abraçando.

 

— O que?? — perguntou as duas, em uníssono, com os olhos arregalados. Marlene e Alice voltaram a ter a discussão de quem iria espiar primeiro pelo binóculo. Marlene ganhou.

 

— O que tá acontecendo? — perguntou Alice roendo as unhas.

 

— Eles estão saindo da sala. — falou Marlene. — Acho que vão jantar. — Ela ficou uns segundos em silêncio e abaixou o binóculo. — Agora esperamos.

 

Dorcas e Alice soltaram um longo suspiro. Marlene ofereceu o objeto a Dorcas.

 

— Sua vez de espionar. — disse a loira.

 

Dorcas pegou o binóculo dando de ombros e o colocou na frente dos olhos. Ela abaixou.

 

— Não enxergo nada.

 

— Deve ter sido porque você o colocou ao contrário, gênio. — disse Alice, rolando os olhos.

 

— Oh. — exclamou Dorcas e voltou a espiar a rua e ao redor da casa usando o binóculo. De repente, ela chiou e apontou para um pouco a esquerda da casa dos Potter’s. — Um morcego! Um morcego gigante, olhem isso!

 

Alice pegou o binóculo e observou. Em seguida, abaixou o objeto e franziu o cenho.

 

— Pelos dragões de Daenerys Targaryen, o que diabos é aquilo? — murmurou com descrença.

 

— Deixa eu ver. — pediu Marlene usando o binóculo e observando.

 

O morcego gigante na verdade era o vizinho dos Potter’s, Severus Snape, vestido de preto e se camuflando na escuridão da noite; espiando os vizinhos.

Marlene mordeu o lábio, pensativa.

 

— O que ele está fazendo?

 

— Esperando o momento certo para sugar o nosso sangue. — gemeu Dorcas, com medo e colocando as mãos no pescoço.

 

— Ele é muito vampiresco. — disse Alice pegando o binóculo de volta de Marlene e dando uma segunda espiada no garoto. — Dá pra ver a oleosidade daquele rosto daqui! Dá pra fritar um pastel naquele nariz.

 

— E quem ia comer o pastel? — perguntou Dorcas com a língua pra fora.

 

Marlene e Alice entreolharam-se com as bocas formando um: “ugh”. Ninguém respondeu a pergunta de Dorcas pois a viatura do xerife estacionou silenciosamente do outro lado da rua. As amigas trocaram olhares medrosos. O que o pai de Lily estava fazendo ali?

 

O senhor Evans desceu da viatura e andou calmamente até as meninas, onde apoiou o corpo em um joelho.

 

— Sabiam que espionar pessoas é um ato de invasão de privacidade? E isso é um crime?

 

As três garotas balançaram a cabeça afirmativamente, apreensivas.

 

— Vai nos prender, senhor Evans? — perguntou Dorcas.

 

— Ainda estou pensando nesta possibilidade, senhorita Meadowes. — falou o sherife, pegando o binóculo da mão de Alice e observando a sala de visitas dos Potter’s através da janela. — Algo suspeito?

 

— Sim, senhor. — informou Alice. — Lily e a senhora Potter foram vistas se abraçando.

 

O senhor Evans abaixou o binóculo.

 

— Isso é decididamente suspeito. — disse balançando com a cabeça. — Quero relatório, meninas. Continuem assim e quem sabe, vocês não estarão no tribunal respondendo perguntas sobre invasão de privacidade. — o senhor Evans levantou-se. — Agora tenho que ir. Não quero que Lily saiba que eu estive aqui… e lembrem-se: fiquem de olhos abertos.

 

As meninas assentiram e o xerife voltou ao seu carro, dando partida e indo embora. Dorcas juntou as mãos para os céus.

 

— Graças à Deus! — agradeceu. — Não posso ser presa, meus pais me matariam.

 

— E isso fariam eles irem presos. — lembrou Marlene. — Que irônico!

 

Elas ficaram sem saber o que o falar por um tempo, até o garoto morcego havia sumido. Alice ergueu a cabeça e exclamou:

 

— Lily! — e então, seu rosto fez uma expressão de desacreditada. — Lily?



De volta à residência dos Potter’s…



Lily foi guiada pela senhora Potter até o hall de entrada, onde ela parou com as mãos na cintura.

 

— Então… — começou lentamente.

 

— Então…? — perguntou Lily com um sorriso nervoso.

 

— Você é a garota que sempre dava foras no James? — perguntou Euphemia.

 

— Sim, senhora.

 

— E o esnobava?

 

— Sim, senhora.

 

— E o humilhava na frente de seus amigos sempre que tinha chance?

 

— Sim, senhora.

 

Euphemia, de uma expressão séria, abriu um sorriso.

 

— Eu e Fleamont éramos iguaizinhos à vocês no meu tempo.

 

O coração de Lily deu uma relaxada. Aquela senhora por acaso gostava de testar o coração das pessoas daquele jeito?

 

— Sério? — perguntou Lily surpresa.

 

— Sim! — confirmou Euphemia. — Consigo até ter uma simpatia por James, mas tenho certeza que ele mereceu. — Lily riu e seu coração esquentou quando dona Euphemia disse: — Bem vinda à família Potter, querida.

 

Lily não soube o que responder além de um simples obrigada, e apenas abraçou a sogra, que correspondeu com um sorrisinho no rosto.

 

Elas voltaram para a sala, e ao ver o sorriso animado no rosto de Lily, James acalmou-se. Sabia que as duas haviam se dado bem. O jantar correu muito bem, Lily estava bem mais calma e relaxada. Até a hora da sobremesa.

 

Ao ver que a mãe havia feito a famosa “Torta de chocolate explosiva da dona Euphemia”, ele gemeu. Lily ficou muitíssimo animada. Animada demais…

 

— Hum… — murmurou Lily com a boca cheia de torta. — Hum… muito. Muito bom. Isso é divino!

 

Euphemia sorriu satisfeita e cortou mais uma fatia, colocando no prato de Lily.

 

— Vamos, eu sei que você quer mais um pedaço! — disse Euphemia dando uma piscadela para Lily. — Esqueça essas formalidades.

 

Lily se curvou para James, e sussurrou no pé do ouvido do namorado:

 

— Eu amo a sua mãe. — E voltou a dar atenção a torta. James e Fleamont tomaram o devido cuidado de não comer mais que uma fatia.

 

Euphemia começou a desconversar sobre como era na sua adolescência, quando eles saiam de suas casas para paquerar e que hoje em dia, os jovens só sabiam namorar pelo celular e computador.

 

— E os dinossauros não pegavam você, querida? — perguntou Fleamont, rindo.

 

— Claro que não! — respondeu Euphemia. — Eu montava em cima dele, não lembra disso, querido? Você sempre pedia uns minutos pra se recuperar.

 

James e Lily entreolharam-se e deram risadas. Fleamont ficou sem graça, perdendo-se na própria piada. Não deu muito tempo e o estômago de Lily embrulhou. Ela respirou fundo e virou para James.

 

— Posso usar o seu banheiro?

 

James assentiu e levou Lily até um banheiro do primeiro andar. Agradecendo, Lily apressou-se para levantar o vestido e abaixar a calcinha. A vontade de sentar naquele vaso era tanta que ela chegou a suar; e quando o fez, soube o porquê o nome “torta de chocolate explosiva” e torceu para que James não ouvisse a explosão.

 

Ao terminar de fazer sua necessidade, deu a descarga, e como se não estivesse com a sorte de defecar pela primeira vez na casa do namorado no primeiro encontro com os pais, tinha que gerar uma criatura que era grande demais e observa-lá boiando na água.

 

— Ótimo! E agora? — murmurou Lily.

 

Deu mais uma descarga e aquela coisa ainda estava lá! Ela parecia ter gostado de ficar boiando no vaso dos Potter’s, mas Lily não gostou nada disso. Como iria descer? A engrenagens da cabeça da ruiva começaram a funcionar. Lily andou até a pia e abriu as gavetas na esperança de encontrar algo que lhe fosse útil, e achou: um saquinho de papel.

 

Como ia tirar o cocô do vaso? Ela não fazia a menor idéia. Não iria pôr as mãos… talvez um pente? Lily teve a certeza que viu um pente de cabo fino na gaveta da pia. Então, ela voltou a procurar e achou. Voltou ao vaso e olhou o filho que havia parido pelo ânus.

 

— Eu odeio você. — sussurrou ela e entrou numa luta para pescar o cocô.

 

Foi uma tarefa árdua. Cada vez que tentava enfiar o pente, o desgraçado afundava e voltava a boiar, fora o trabalho para não molhar os dedos. Quando conseguiu, Lily estava suada e seu cabelo estava mais espantado que vassoura de gari. Lily olhou o cocô enfiado no pente: parecia um churrasco queimado e que fedia muito.

 

A ruiva sem mais delongas, o jogou dentro do saquinho com pente e tudo e respirou fundo, aliviada. Mas o problema logo chegou: onde iria jogar aquele saco? Não podia simplesmente jogá-lo na lixeira do banheiro!

 

Devia ter alguma lata do lado de fora da casa! Lily abriu a pequena janela do banheiro e esforçou-se para colocar boa parte do seu busto no parapeito. A vista dava para a lateral da casa, e como previu, as latas de lixo estavam junto a cerca do vizinho. Lily mirou e atirou o saco. Infelizmente, caiu para fora, junto a uma moita, caindo em cima de algo que não parecia folhas. Em seguida uma voz masculina murmurou um “Eca” e um garoto que parecia um morcego voando pela noite, saiu correndo.

 

Lily tentou voltar para dentro, mas estava presa e totalmente entalada na janela do banheiro dos Potter’s.

 

— Ai meu Deus! — gemeu Lily, choramingando.

 

Três criaturas vieram correndo em direção a Lily, e ela percebeu que eram suas amigas.

 

— Lily! O que tá fazendo? — perguntou Marlene.

 

— Aproveitando a vista! — gritou Lily de volta, impaciente. — Eu tô entalada! Me ajudem.

 

— Como? — perguntou Alice.

 

— Arrumem uma escada, alguma coisa!

 

As meninas procuraram algo que pudesse ajudar, mas não encontraram algo muito útil. Então, Marlene apontou para o porão que havia no quintal dos Potter. Parecia uma casinha de um cômodo só para guardar tralhas. As meninas foram até lá o mais silenciosamente que puderam e abriram a porta, e lá estava uma escada. Mas era muito pequena.

 

— E agora? — perguntou Dorcas.

 

— Vamos tentar. — disse Alice, dando de ombros.

 

E então, elas carregaram a escada até a janela em que Lily estava presa. Marlene tomou a iniciativa e subiu, ficando no último degrau e esticou as pernas e os braços para alcançar Lily. As duas deram as mãos e Marlene fez força para empurrar Lily para dentro do banheiro, sem muito sucesso.

 

— Anda! — gemeu Marlene com os dentes cerrados.

 

— Não tô conseguindo! — disse Lily fazendo o movimento da sanfoninha na esperança de desprender-se dali.

 

Marlene ficou na ponta dos pés e acabou desequilibrando, e agarrando as mãos de Lily para não cair da escada, ficando pendurada no ar.

 

— AAAAH! — berrou desesperada.

 

Seus pés começaram a chutar na esperança de alcançar a escada novamente, mas isso só fez dar um pontapé na escada, que caiu com um estrondoso barulho por cima das orquídeas da senhora Potter.

 

— EU TÔ SAINDO! — berrou Lily agarrando as mãos de Marlene com toda força que conseguia.

 

— O QUE? — urrou Marlene de volta.

 

O busto de Lily desprendeu do parapeito da janela, fazendo-a escorregar para o lado de fora com o peso de Marlene. As duas gritaram, mas as nádegas de Lily ficaram presas novamente no parapeito.

 

— Marlene! Sua calcinha é de patinhos! — disse Dorcas rindo, filmando com o celular a cena cômica.

 

— Deixa só eu chegar aí em baixo, sua filha da… — ameaçou Marlene, mas não chegou a terminar, pois Lily berrou:

 

— A GENTE VAI CAIR!!

 

— O QUE? NÃO! SOCORRO!!!

 

Lily e Marlene gritaram em uníssono:

 

— AAAAAHHH!!!

 

Lily desprendeu-se por completo e as duas caíram por cima de Alice, que fazia força para erguer a escada sozinha. O baque foi surdo e ouviam-se gemidos.

 

— Minha perna. — gemeu Alice.

 

— Meu braço. — choramingou Marlene.

 

Lily se pôs de pé, sorridente e ergueu as mãos para o alto, gritando:

 

— Viva!!! Eu tô viva! — e começou a dar pulinhos. — Viva! — Lily virou para o lado e seu sorriso morreu.

 

James encarava a cena parecendo perplexo. Euphemia e Fleamont correram para ajudar as meninas antes de descobrirem que elas haviam quebrados os ossos.

 

— Se esse é o primeiro encontro, não quero nem imaginar os próximos! — disse Fleamont enquanto James correu para ligar para a ambulância.

 

O vídeo que Dorcas gravou, viralizou no YouTube e nas outras redes sociais, fazendo as meninas virarem memes. E ainda, Lily teve que aturar Sirius zoando ela sempre que eles se viam. Alice e Marlene tiveram que enfaixar a perna e o braço, respectivamente; e a última prometendo nunca mais subir em uma escada na vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram das referências? Sentiram vergonha alheia da Lily? Cocô é um assunto tão nunca falado em fics que resolvi incluir aqui!

Sobre a atualização: sei que desde setembro muita gente espera o ep03, e SIM: meu bloqueio tá finalmente indo embora e em breve, vocês terão um capítulo cheio de comédia (vai valer a pena, juro solenemente ♥)!

Então... até breve! e não esqueça de comentar sua parte favorita!

kisses ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Party of Four" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.