90210 escrita por Leoparda


Capítulo 5
5º Ato


Notas iniciais do capítulo

… o maior capítulo de todos, espero que gostem :*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/7576/chapter/5

Ruki P.O.V

- Cigarrinhos, cigarrinhos, onde estão vocês, meus amores? – Divaguei, procurando dentro dos bolsos do meu pijama. - Ah sim, olá meus pequenos, como vão? – Peguei um e acendi o mais rápido que consegui. Precisava sentir a nicotina correndo junto com meu sangue;  Traguei forte e em seguida soltei a fumaça,

 

Deus como isso ajuda.

 

Ainda mais quando você acaba de ter o pior pesadelo da sua vida, e não, eu não estou falando de transar com o Akira ou algo assim, e sim do pesadelo assombroso que acabava de ter.

 

--

  

 Ouvi o barulho de chuva, senti algo caindo eu rosto e logo abri os olhos. Remexi-me algumas vezes antes de sentar-me e olhar para a janela molhada até criar vontade de levantar, pois havia goteiras e isso me enervava a ponto de não me deixar dormir.

 Arrastei-me até a beirada da cama, olhei para trás e vi agora a chuva batendo mais forte contra a janela, porém reparei que a parede em volta era feita de pedra, “Espera, a parede daquele muquifo de ratos, era feita de concreto normal” – foi o que veio a minha cabeça.

Dei um pulo da cama e olhei ao meu redor, não conseguia enxergar muito por causa da luz fraca, mas conforme meus olhos acostumaram com o escuro, pude perceber que não estava mais no quarto daquela casa maldita. Olhei pra frente e vi a porta semi-aberta e fora vinha uma luz forte. Abri o restante e quase cai pra trás, ao ver um corredor enorme,  também feito de pedra e no seu final uma porta;

 

 Não consegui pensar, simplesmente andei até a outra ponta, e quando cheguei, o outro lado a abri sem delicadeza alguma.

 Recuei dois passos pra trás. Não podia acreditar, eu estava num teatro enorme (muito rico por sinal), provavelmente estava em algum camarote. Tinha uma vista alta dele, era todo em vermelho e tinha detalhes em dourado. Havia no meio do teatro um lustre magnífico de o que eu jurava ser cristal transportado para trás. Um palco anormalmente grande com cortinas gigantescas vermelhas por trás. “Cacete, o Kai tava certo, fumar antes de dormir causa delírios”.

  Ouvi vozes que interromperam meus pensamentos, virando-me para o palco, vi que havia uma mulher muito bonita, usando um vestido rosa pomposo e cheio de babados brancos (uma coisa um tanto quanto exagerada, se me permite). Vi que ela carregava algumas folhas brancas na mão, mas não tive tempo de pensar em mais nada, pois segundos após entrar no palco ela começou a cantar. Deus como tinha uma voz linda, aquela mulher! eu poderia apostar que jamais havia escutado uma voz igual aquela. Logo a ficha caiu, porque não perguntar a ela onde eu estava?

- Hei, moça! – Eu praticamente gritei e logo após ela parou de cantar.

 

- Quem está aqui?! Raoul es tu?!

“Em que época ela acha que vive? No século XIX?Só pode ser mesmo, Deuses...”


- Ai, foi mal, mais eu não sou esse tal de Raoul não, meu nome é Ruki, será que.. – Percebi que ela me procurava com os olhos pelo teatro, porém falhando.

 

– Riku?! Que espécie de nome vossa mercê tem? – Olhei em volta do camarote e logo vi uma escada, desci o mais rápido que pude, a fim de conversar melhor com a moça.

 

- Riku não, dona, Ruki. A senhora pode-me dizer onde estamos?! – Eu falava em voz alta ainda descendo aquelas escadas, que pareciam não ter fim.

 

- Ora! Mais que espécie de pergunta é essa?! Estamos na Ópera!

 

- É disso eu sei, madame, o que eu queria saber era aonde esse maldito teatro fica... – Quando finalmente achei que tinha acabado as escadarias, logo percebi que aquela só era a primeira de três, o que realmente me chateou, mas mesmo assim me apressei em descer as escadas.

- Você quer dizer OPERA, – Ela disse praticamente berrando – Pois bem seja lá quem es tu, lunático, saiba que estamos em Paris, especificamente na Opera de Paris.

 

Parei de andar no mesmo momento, tentei me segurar para não cair. Eu tinha entendido direito? Paris?! Mais como?! NÓS ESTAVAMOS NO JAPÃO! Comecei a passar mal, senti tontura e tentei me equilibrar. Senti o lado esquerdo do meu rosto doer forte, arder, como se tivesse relado em fogo, passei a mão por cima, o que pareceu piorar ainda mais a dor.

 

Foi quanto reparei: desde quando eu estava usando luvas? Olhei para baixo e reparei que minha calça também não era mais a do meu pijama. Era vermelha, quase como se fosse veludo. Olhei para meu tronco e notei que a blusa que vestia era uma camisa, aberta até o tórax, branca, cheia de babados. Fitei minhas mãos, vendo que no final da manga havia mais babados. Comecei a ficar ainda mais atordoado. Foi quando notei que alguns degraus abaixo havia uma espécie de sala com um espelho enorme.

 

Cai no chão, não acreditando no que eu estava vendo, aliás, do que não estava. Havia metade de uma mascara branca cobrindo meu rosto do lado esquerdo, me ajoelhei na frente de um dos grandes espelhos e comecei a passar as mãos pelo meu corpo e pelo meu rosto e quando criei coragem o suficiente, decidi levantar a máscara.

Não consegui gritar, era tão pavoroso que o grito ficou preso na minha garganta. Meu rosto, meu lindo rosto, que eu sempre cuidei tanto estava em carne viva (pelo menos na parte esquerda) como se eu tivesse participado de um incêndio e aquela parte exata havia sido exposta ao fogo por muito tempo.

Senti meus olhos arderem e lágrimas deixarem meu rosto, lágrimas silenciosas. Não podia acreditar naquilo, só podia ser uma brincadeira, ou algo do gênero.

 

Ouvi uma voz alta e sair dos meus pensamentos. Olhei pelo reflexo do espelho e vi a mulher parada, com a mão na boca como se tentasse controlar um grito de horror. Levantei-me e olhei pra ela.

 

- Vossa mercê...Era vossa mercê afinal de contas – Disse chocada, recuando alguns passos.

 

- Eu?! O que eu te fiz?! PORQUE MEU ROSTO TA ASSIM, SUA VADIA?! – Não conseguia segurar, se foi por culpa dela que meu rosto ficou assim, então eu só podia jurar que haveria retorno, em dobro.

 

- Como eu deveria saber, Fantasma?!

- PORQUE EU... – E logo caiu a ficha... Paris, roupas do século XIX, Ópera, máscara branca; fantasma! Eu era o Fantasma da Ópera – Deus, isso é impossível, deve ser um pesadelo! Aposto que se eu sentir alguma dor forte eu acordo em seguida!

 

Belisquei-me. E nada. Para piorar a mulher estava achando que eu era um louco de pedra. Foi quando ouvi uma terceira voz, que conhecia muito bem.


- Christine, Christine, onde estas? – Era a voz do Reita?! Não, não poderia ser, será que até em sonho ele não pode me deixar sozinho?!

 - ... – Ela nao se mexia, ainda devia etsar chocada com o meu rosto, o mais lógico, afinal não é todos os dias que se vê um anão vestido de Fantasma da Ópera não é mesmo?

 - Christine mas o que?... – Ele disse abraçando a “Christine”, só de ver seu cabelo de costas eu tinha certeza, era ele.

 - Reita?! – Acho que ele se assustou ao reparar que havia uma segunda pessoa ali.

- Reita?.. – Disse se virando de frente pra mim – MEU DEUS,  o que es tu, oh? Demonio!? 

- DEMONIO?! EU?! TÁ TIRANDO, É?! – Praticamente gritei, quando vi sua cara de assustado. Logo lembrei que estava sem aquela bosta de máscara. Encontrei-a no chão e a peguei, colocando de volta ao lugar que pertencia. – Não vou mais gritar, pois eu mesmo estou chocado com tudo isso, mas agora me diga, quem é você? – Terminei de arrumar a mascara e apontei para a moça. 

- M-meu nome é C-Christine, eu sou cantora de uma das óperas – Praticamente gaguejou de tanto medo de mim.

- Hum, legal, muito prazer Christine, eu sou o Ruki, cantor de uma banda também, mas, bah, isso não vem ao caso. Vem Reita, vamo sair daqui – Disse já segurando o corrimão para descer e puxar a mão dele.

 - Não sei quem é Reita, – Ele dispensou a minha a mão de uma forma rude e logo puxou uma espada da roupa. MANO, DAONDE VEIO ESSA ESPADA?! – E o senhor, faça o favor de se retirar e deixar-me em paz com minha noiva.

 Meu sangue congelou, meu coração falhou algumas batidas e eu juro que podia desmaiar. Eu tinha ouvido bem, NOIVA? Como assim NOIVA?! Não! Ele era... Ele é meu! Eu sou egoísta e não o divido com ninguém, principalmente com uma piranha mal vestida. 

- Pára de frescura Reita, vem logo!

- Meu nome é Raoul, suma de uma vez daqui! Já disse, – Virei-me para encará-lo e pude sentir a espada parada em minha garganta – se não lhe mato aqui e agora! 

Ri, realmente isso estava começando a ser engraçado. Foi quando vi que a menina correu para longe de ambos, provavelmente para evitar ver sangue.

 - Amor, abaixa isso, - Subi um degrau e ele logo recuou. Fiquei de frente com ele, ainda vendo a espada parada na minha garganta – é só um sonho Reita, você não é o Raul e eu não sou o Fanta – Senti algo perfurar a minha pele e atravesar meus músculos e coração. Não podia acreditar. Não era verdade. Quando olhei pra baixo e o que vi era a minha camisa branca, agora machada de vermelho pelo sangue.

 A espada estava encravada no meio peito, em cima do meu coração. Senti-me tonto e cai de joelhos, logo tombei e deitei naquele chão gelado. Sentia lágrimas escorrerem dos meus olhos. Como alguém tão doce podia ter feito isso comigo? 

- Eu disse, meu nome não é Reita – Vi ele abaixar do meu lado, arrancar a espada e logo devolver pro lugar de onde tinha saído. Fiquei ali, sentido o meu corpo esfriar cada vez mais e lágrimas mais grossas escaparem. Quando o vi levantar e ir embora, disse, com o restante de minhas forças, algo que jurei jamais dizer:

- Eu te amo Akira. 

Fechei os olhos e senti tudo indo embora.

--

“Nota mental: fumar antes de durmir causa sonhos esranhos” Pensei soltando pela última vez a fumaça do cigarro pelo quarto. Levantei-me e o joguei pela janela, que ficava de lado pra cama. Quando me virei vi que não estava tão sozinho no quarto quanto pensei.

 Vi uma pessoa loira, descabelada e cansada deitada na minha cama, olhando pra mim e me convidando pra ir deitar ao seu lado. Dei um sorriso e aceitei o convite, deitando de frente pra ele, me aconchegando mais em seu peito descoberto e bem malhado. Abracei-o pela cintura e fiquei ali fazendo ciírculos imaginários com a minha mão em suas costas, sentido-o abraçar o meu pescoço e ficar brincar com o meu cabelo.

- Não consegiu dormir, bebê? – Disse bem baixinho e carinhoso, apenas acenei com a cabeça de leve, negando.

- Já disse pra não me chamar assim, me sinto como se tivesse cinco anos – Tentei parecer revoltado, mas é claro que falhei. Senti um leve sorriso contra minha testa.

- Mas você tem cinco anos, amor – Assenti e parei no mesmo instante de fazer os círculos. Ele sentiu e provavelmente ignorou. 

- Por que me chamou assim?! – Levantei o rosto, só pra ver se ele tinha dito de propósito ou se foi por descuido.

- Porque eu te amo, chibi e você é tão hétero que no nosso primeiro beijo você também disse que me amava, lembra? – Fiquei mudo, ele tinha razão. Sabia que ele ainda me amava do jeito que o amava, mas sempre preferi ignorar, afinal, é sempre mais prático. 

- Não posso ser seu namorado, ninguém vai nos respeitar e.. – Tentei explicar o meu ponto de vista, mas na hora fui cortado, por seus lábios prensados sobre os meus, formando um doce selinho.

 - Nunca contei e nunca contarei sobre o que nós sentimos, pode ficar tranquilo, meu amor – e me deu mais um beijo, dessa vez mais profundo e sem malicia. Estava tão cansado e mesmo assim tão feliz, que nem reparei, mas logo adormeci. 

Continua~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão acompanhando e gostando, vocês fazem uma Onça muito feliz (:

LEMBRANDO; No Reviews, no continuação :*