90210 escrita por Leoparda


Capítulo 4
4º Ato


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que deixaram Reviews.

Capítulo totalmente dedicado a Uhu ~ Chan;
Brigada amore por ter revisado os capitulos {LL} :*



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Reita Po.v

   
 Estava subindo de volta para o quarto, quando vi Uruha batendo na porta de Ruki e dizendo qualquer coisa. Vi Taka balançar a cabeça e fechar a porta. Koyou tentou o quarto de Kai (que provavelmente estava roncando igual a um porco, por isso não ouviu as batidas na porta) e de Aoi, que esse por fim acabou cedendo a aquela típica cara de “Me adota, eu sou carente”.  

 Sinceramente? Todos sabem que o Koyou é gamado no Yuu. Agora vem à parte legal da historia: Koyou é bissexual e o Yuu hetero, sendo assim quase zero as chances do Aoi largar tudo para ficar com ele. Por que estou contando isso?   Bem... porquê eu também tenho problemas com um hetero, ou pelo menos um chibi que diz que é hetero, mas na verdade adora me provocar, só pra ver até onde vai a minha razão e meu limite. 

--

  Senti meu corpo quente, mais quente que o normal. Na hora pensei que estivesse com febre, mas quando me mexi na cama e senti fios de cabelo, abri meus olhos rapidamente e logo em deparei com a escuridão do quarto. Cocei meus olhos, me levantei, fui até o banheiro que ficava acoplado com o meu quarto e abri a porta de leve. Foi quando passei pela pia e pelo espelho que dei dois passos para trás. Voltei e me olhei no reflexo do espelho, chocado.

 Dei o maior berro de toda minha vida. Olhei para meus pés e berrei de novo. Olhei para minhas mãos e meus cabelos e pude jurar que o terceiro berro havia, definitivamente, sido o mais estranhos de todos, pois não era um grito, e sim um uivado.

 

 Um segundo uivo saiu da minha garganta, e eu não conseguia pensar em mais nada, só na vontade imensa que eu estava de comer carne. Foi quando olhei de volta para o espelho e notei que meus dentes também haviam crescido; junto com eles, pêlos e mais pêlos; na parte de cima de minhas mãos haviam dois chumaços enormes, minhas unhas estavam maiores também; meu cabelo estava em pé e meus olhos verdes. Eu realmente estava parecendo um cachorro transmutado. Notei que estava vestido com um belo casaco de pele de urso e uma calça social preta.

 

 Não sei o que me deu, mas abri a porta do quarto quase a quebrando. Sai em disparada pra ver se encontrava carne na cozinha. Minha fome era tanta, que podia comer uma pessoa, se deixasse. Cheguei no local e abri a geladeira, os armários.

 

Nada! Absolutamente nada além de baratas, ratos e insetos. Foi quando ouvi um barulho alto vindo de fora da casa, olhei pela janela e vi Yuki debruçado ajustando, o que eu imaginei ser o motor do ônibus. Meus lábios formaram um sorriso sanguinário e eu não conseguia raciocinar direito. Apenas pensava em fome e em como deveria ser o gosto daquela carne. Pensei em não fazer, em recuar, ignorar o que quer que fosse que tivesse me descontrolando, mas a fome era muita e minha boca salivava só de pensar.

 Sai pela porta dos fundos, discretamente, atravessei o grande jardim da frente da casa com frieza. Andei até a parte direita do ônibus, tentado não ser descoberto. Caminhei em passos mansos, até que pisei num galho. Assim que levantei minha cabeça uma luz branca e forte me cegou e eu não consegui me mexer. 

- Quem tá ai? – O motorista disse tentando não demonstrar medo – Olha se for pra assaltar, se ferrou, porque esse ônibus está totalmente acabado e lá dentro não tem nada de interessante.

 

 Silêncio. Um silêncio que pareceu durar, até ele voltar a trabalhar. Deve ter pensado que o ladrão fugira após dizer aquilo. Olhei para suas costas e mordi o lábio inferior. Se tivesse que ser, seria agora. Dei um passo rápido e mordi seu pescoço fundo, até que ele se mexeu e tentou me fazer largar. Cai no chão com um pedaço dele na minha boca e só conseguia ouvir seus berros de dor e suplício. Não pensei duas vezes, engoli aquela carne como se estivesse saboreando o melhor prato do mundo, o sangue escorria pelos cantos de minha boca. Após terminar de comer, fiz questão de lamber qualquer restante de sangue que pudesse haver em meus dedos e em minha boca. Sentei no asfalto e olhei em volta observando onde ele poderia ter se escondido.

 

 Limpei minha boca com força, e uivei mais uma vez, porém mais alto e por mais tempo que os outros. Após isso ouvi uma respiração ofegante e um cheiro inconfundível de sangue. Ambos vindo de trás do ônibus. Dei um sorriso malicioso, me levantei e caminhei a passos calmos até a minha vítima. Ele estava encostado no ônibus com as duas mãos em cima do machucado, como se tivesse tentando fazer parar de sangrar, olhando de esguelha para o lado direito do ônibus. Quase como se pudesse ver se eu estava chegando perto ou não. Por sorte eu havia ido pelo lado esquerdo, quando vi que ele tentava, pegar um isqueiro no bolso, não pensei, apenas pulei em seu pescoço e terminei o que havia começado.

 Devo ter ficado apenas alguns minutos ali, suficiente para comer o restante da carne, até fiquei impressionado após ter terminado e notar que a minha fome ainda era grande e que o corpo daquele infeliz motorista só havia saciado um pouco dela. Levantei e olhei ao redor, pensando no que poderia comer. Logo percebi que estava sozinho naquela estrada enorme, com apenas aquela casa abandonada, mas que não tinha chegado ali sozinho. Era isso! Eu tinha meus amigos. Até arregalei meus olhos com meus pensamentos, tudo bem matar um motorista qualquer, mais meus amigos?! MEUS PRÓPRIOS AMIGOS?! Que nunca fizeram nada além de me apoiar e me consolar quando eu precisava?! Não, não podia fazer isso, preferia morrer de fome.  

Abri a porta da casa com cuidado, mas deixando um rastro de sangue, que havia em minhas mãos, no casaco branco e em meu rosto. Eu estava cheirando a morte. Quando estava quase terminando de subir a escadaria que levava ao meu quarto, ouvi uma voz conhecida atrás de mim.

 

- Achei que estivesse dormindo, pon – Ele me disse com um tom brincalhão.

- Eu também digo o mesmo a você, chibi.

 

Ele se mexeu no sofá em que estava sentado. Deus, será que ele sabia?

 

- Não consegui dormir, os ratos não me deixam – Deu uma leve risada – e você?

 

- Decidi, dar uma volta, estava precisando de ar fresco...- Eu sempre o convencia com minhas mentiras, não era agora que não conseguiria, não é mesmo?

 

- Sei, então me diga, essa mancha de sangue no seu pé é do ar fresco?

 

Eu estava de costas! DE COSTAS! Como ele conseguiu ver a mancha?! Preferi não perguntar, continuei de costas ainda segurando corrimão como se realmente fosse subir.

 

- Onde? – Fiz uma voz meio inocente, abaixei a cabeça e fingi estar olhando para os meus pés, tentando dar realidade a minha ‘ingenuidade’.

 

- Eu só tenho cara de tapado, Akira, sou mais inteligente do que você pensa, se acha que essa sua voz inocente e sua cabeça falsamente abaixada me fazem acreditar na sua mentira, você se enganou feio – Disse um tanto quanto frio e rude, pude ouvir ele se levar e começar a andar – Ou acha que eu não vi o que você fez? – senti seu hálito quente contra minha orelha e meu pescoço.

 

- Não sei do que você está falando... – Disse rude e baixinho, como se fosse segredo.

 

- Você é um assassino, seu mentiroso! – E me puxou com força para encará-lo. Logo segurou meus ombros e ergueu meu queixo com mais força ainda para olhar em seus olhos – ACHA ISSO CERTO?! VOCÊ MATOU O CARA, REITA!

 

-... – Senti meus olhos arderem e lágrimas escorrendo pelo meu rosto, junto, infelizmente minhas unhas e dentes crescerem e para piorar, a minha fome, que parecia já ter sido controlada, voltou mais forte ainda que da primeira vez. Puxei seu pescoço com delicadeza e senti-o recuar um passo, olhei nos olhos dele e disse o que jurei nunca dizer em voz alta.

 

- Eu te amo, Taka... – E antes que ele pudesse se mexer, pulei e virei sua cabeça até um limite que eu sabia que humanamente não chegaria e logo vi o sangue escorrer.

 

 Ajoelhei-me à sua frente, balançando pra frente e pra trás como uma criança, “Não era para isso acontecer, não era, é culpa sua, apenas sua, sua, sua coisa medonha, olha o que você fez, matou a única pessoa que sempre amou, seu retardado”.

Senti-me tonto e logo desmaiei.

  

OOOoooOOO

“Porque sonhei isso? Diabos, ainda não conseguia entender, isso deveria, supostamente, ser um sinal?! Eu deveria me declarar pra ele?! MAIS QUE BOSTA DE SONHO!”

 Taquei uma almofada no ar e a vi cair perto da porta. Quando me levantei pra apanhá-la notei como meu quarto era tenebroso, cheio de bichos mortos por varias partes.

  “Realmente pra alguém que só ficava hospedado nos mais luxuosos hotéis do mundo, Suzuki Akira, até que você decaiu um pouco, hein?” Ri com meus próprios pensamentos. “Será que ele se incomodaria em me ouvir um pouco?!” Olhei pra porta de novo, decidido a tentar, afinal se até Koyou já havia saído da cama esta noite, eu com certeza passaria despercebido pelo corredor. Abri a porta, fechando com calma. Em seguida, passei pelo quarto de Uruha, chegando à porta que realmente me importava. Pensei em bater antes, mas se o acordasse, não seria nada agradável, por isso apenas abri com calma. Quando entrei, notei que ele estava sentado de costas na cama. Um calafrio subiu por minha espinha, enquanto olhei para os cantos vazios e sem vida do quarto.


~ Continua

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Notas finais do capítulo

Lembrando; - sem reviews = sem continuação :}



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