chapter one: symptoms

Lily sentia dores nas pernas, aquilo sempre acontecia, mas, naquele dia, estava muito pior. Ela gritou. Uma, duas, três vezes. Não sabia onde estava, mas sabia que não estava sozinha. Sentia sono, não conseguia nem se levantar.

Anteriormente, tivera alguns surtos, mas seus pais sempre davam a mesma desculpa: era fase. A passagem da adolescência para a fase adulta. Lily não ligava, às vezes, nem ligava para nada do que eles diziam.

Sua cabeça girou. Uma. Duas. Três.

“Não, não, não, não.”

E apagou.

Quando acordou, estava numa sala branca, seus olhos doíam, suas pernas não mais. Sentiu medo, queria que calassem a boca.

“Eu já sei! Já sei, eu sei.” Não aguentava mais, queria ficar sozinha, só um pouco. Não era possível que só conseguisse paz ao dormir.

“Lily, sou a Dra. Chapman, vou te dizer três palavras e você irá repeti-las para mim, tudo bem?” Lily manteu-se em silêncio, olhava para a janela com puro horror. “pedra, luz e criança.”

Demorou-se longos segundos antes que ela olhasse para a Dra. Chapman, acalmando-se. “Criança.”

Lily estava tão mais calma, sentia uma calmaria sem fim no peito, a figura na sua frente era bela. Lá estava ele novamente, depois de dias sem aparecer. “Obrigada por estar aqui.”

“Lily, você escuta muitas vozes?”

“O tempo todo” riu-se, abraçando os joelhos. “Elas não me deixam em paz.”

“Você ama seus pais?” Dra. Chapman voltou a perguntar, ainda com o papel e caneta nas mãos. Lily queria que ela fosse embora. Apenas deu de ombros, voltou a olhar o garoto ao seu lado, sorriu para ele.

“Vamos embora daqui a pouco, James.”

“Com quem você está falando, Lily?” a garota riu novamente. Dra. Chapman era louca. “Seus pais estão aqui para levá-la para casa” disse com o olhar preocupado.