P.O.V Geral

A luz tinha voltado e eles estavam na cozinha preparando o jantar. Sam era mais habilidosa na arte de cozinhar, Freddie sentou numa banqueta de frente para o balcão e passou a observá-la cortar o tomate em pequenos quadradinhos.

Reparou nas unhas menores, pintadas de lilás. Ela tinha retirado as unhas postiças e o esmalte preto. Estava sem maquiagem, com o cabelo amarrado num coque alto, vestia apenas um moletom cinza-claro por cima de um shortinho branco de algodão.

Como ela era linda e ele gostava muito de admirá-la. A pele alva e macia sob a luz amarelada da cozinha do chalé. O cabelo loiro-dourado, os brilhantes olhos azuis e a boca naturalmente rosada.

Percebeu que ela tinha paciência e mastria para aquilo. Sam se sentia à vontade na cozinha e cozinhar era uma de suas coisas favoritas.

— Quem te ensinou a cozinhar? - Perguntou quebrando o silêncio.

— Aprendi sozinha. Minha mãe que não foi, ela não sabe quebrar nenhum ovo. - Respondeu colocando o tomate cortado num potinho redondo.

Pegou uma cebola média e começou a descascar.

— Hum... Eu aprendi com a minha mãe. Ela me ensinou o básico. Quer ajuda? - Perguntou.

— Bom pra você, eu queria ter uma mãe como a sua... - Deixou escapar. - Corte esse pimentão em tirinhas. - Entregou o pimentão avermelhado para ele. - Cuidado com os dedos, essa faca é bem afiada. - Passou o utensílio para ele.

— Você pretende cursar Gastronomia? - Segurou o pimentão sobre a tábua de cortar, o legume já estava lavado.

— Minha mãe jamais permitiria. Ela quer que eu curse Administração. - Disse com certa frustração. - A minha irmã vai cursar Direito. - Comentou.

— Mas você não quer isso, certo? Me fala o que quer cursar. Qual é o seu sonho? - Perguntou curioso.

— Meu sonho é pegar meu violão e viajar pelo mundo, me apresentar, ser livre... - Largou a cebola cortada ao meio.

— Você se sente presa, reprimida por sua mãe? - Se indignou.

— Ela só quer o meu bem, Freddie... - Abaixou a cabeça, suspirando. - Minha mãe quer o melhor para mim. - Contou.

— O melhor para você é fazer o que você ama, o que deseja. Você quer ter sua liberdade, você tem todo o direito de escolher. Se liberte, siga seus sonhos, Sam. Seja feliz. - Freddie aconselhou. - Você tem o meu total apoio. Eu vou com você para onde você for. - Disse se surpreendendo com as próprias palavras.

— Não, Freddie, não! - Sam disse exasperada. - Você não pode largar tudo e embarcar nisso comigo... Seria uma loucura. Não quero atrapalhar o seu futuro brilhante... - Tarde demais, ela conteve a vontade de tapar a boca.

Freddie rodeou o balcão e parou em frente à loira, a segurou pela cintura e a encarou com firmeza.

— Do que adianta ter um futuro brilhante e não te ter comigo? - Perguntou baixinho.

Sam enguliu em seco, a garganta fechou. Ela não tinha palavras. Grudou os lábios nos dele, passando os braços ao redor do pescoço do moreno.

Ela buscava desesperadamente por uma resposta. Aquele beijo poderia ser a sua solução... Ou melhor, sua resposta definitiva.

[...]

Músicas da banda Lifehouse tocavam no aparelho de som vermelho em cima de uma mesinha redonda. Era uma das bandas preferidas de ambos, uma coisa em comum. A loira tinha levado alguns CD's na bagagem, decidiram colocar Lifehouse para tocar enquanto assavam Marshmallows na lareira.

"Desesperado por mudanças
Esfomeado pela verdade
Eu estou mais perto de onde comecei
Estou perseguindo você"

As canecas pretas decoradas estavam pela metade, chocolate quente era perfeito para se degustar com Marshmallows quentinhos e deliciosos.

"Eu estou ainda mais apaixonado por você
Deixando para lá tudo que eu tinha
Eu estarei aqui até que você me mova
Estou esperando por um momento aqui com você"

O piso amadeirado, onde eles estavam sentados de frente para a lareira, estava coberto por três edredons, um cobertor macio e almofadas de duas cores.

"Esquecendo tudo que está faltando
Completamente incompleto
Eu levarei o teu convite
Você leva tudo de mim"

Sam e Freddie compartilhavam o cobertor. A noite estava tranquila, a fina garoa continuava lá fora. A garota tinha desligado as luzes do chalé. Somente as chamas fortes da lareira iluminavam a sala.

Eram um ambiente calmo, confortante e acolhedor.

Como sabiam todas as letras das músicas, acabaram cantando em dueto e se divertiram. Estavam relaxados, a companhia um do outro estava sendo muito agradável.

"Eu estou ainda mais apaixonado por você
Deixando para lá tudo que eu tinha
Eu estarei aqui até que você me mova
Estou esperando por algum momento aqui com você"

Tomaram o chocolate quente, degustaram dos saborosos Marshmallows. Música era um calmante para ela. Uma das coisas que ela mais amava na vida.

"Eu vivo pela única coisa que eu sei
Eu corro e não tenho certeza para onde vou
E eu nem sei onde vou me meter
Eu estou esperando por um momento aqui com você"

Freddie tomou a iniciativa de puxá-la para um beijo longo e intenso. Fez ela sentar no colo dele, as mãos percorriam a fina e delicada cintura.

"Não há mais nada a perder
Não há mais nada a perder
Não há nada no mundo
Que possa mudar a minha ideia
Não há mais nada
Não há mais nada
Não há mais nada"

Sam chegava arfar durante as curtas pausas. As mãos dele foram levantando o moletom quando por fim pararam o beijo, ambos ofegantes.

"Desesperado por mudanças
Esfomeado pela verdade
Eu estou aqui mais perto de onde comecei
Estou perseguindo você"

Ela suspendeu os braços, facilitando a retirada daquela peça. Freddie a despiu da cintura para cima, deixando os seios fartos desnudos.

"Eu estou ainda mais apaixonado por você
Deixando para lá tudo que eu tinha
Eu estarei aqui até que você me mova
Estou esperando por um momento com você"

Os olhos castanhos e admirados como sempre, ficaram fixos no corpo da bela garota que já estava quase seminua.

— Você é linda demais. - Sussurrou.

Ela sorriu, as bochechas ficaram coradas ou era impressão dele?

Se aproximou novamente, beijando-a cheio de desejo. Se deliciaram com o sabor dos beijos trocados. Quando o ar ficou escasso, Freddie afastou os cachos dourados e começou a percorrer a boca pela pele macia do pescoço dela. Sam fechou os olhos, apreciando cada toque dos lábios quentes e macios.

Ele parou e começou a se despir. Não tinha mais tanta vergonha dela. Aquilo era bobagem. Não precisava ter vergonha, certo?

"Eu vivo pela única coisa que sei
Eu corro e não tenho bem certeza para onde vou
E eu não sei onde vou me meter
Eu estou esperando um momento aqui com você"

Estava excitado. Tirou a camiseta e a calça de moletom. Estava sem cueca. Com calma, e um pouco nervoso como era natural naquele momento, fez a garota loira deitar sobre o chão coberto, em cima dos endredons.

Retirou a única peça que cobria o corpo feminino cheio de belas curvas. Largou o shortinho de algodão em cima das próprias roupas e com cuidado se colocou sobre o corpo quente e curvilíneo...

"Apenas esperando um momento
Esperando um momento
Esperando um momento
Esperando um momento com você"

Já estava muito ereto. Pulsava. Aquele era o momento. Se sentia pronto.

— Devagar... - Ela disse baixinho olhando nos olhos dele.

Abriu as pernas e o acomodou entre elas. Também estava excitada. Muito. Pronta para ele.

O ajudou, guiando-o para dentro de si. Gemeu com o contato. Freddie mordeu o lábio inferior. Nunca tinha imaginado que ela fosse tão apertada.

Quente. Macia. Muito apertada. Estava tão úmida.

Ele arfou se afundando nela. Sam gemeu alto. Tinha sentido uma pontada de dor.

— Oh, vai devagar, garotão... Você é grande... - Arfou.

Freddie se desculpou com um olhar. Fechou os olhos apreciando a sensação única. Ainda era estranho e um pouco desconfortante. Mas de certa forma era bom.

Bom ainda era pouco... Ele não tinha sequer palavras para descrever aquilo.

Começou a se mover devagar, temendo machucá-la.

Sam rompeu o contato visual. Grudou os lábios nos dele. As línguas se acariciavam lentamente. Beijá-lo enquanto sentia ele a preenchendo era indescretível.

Os corpos quentes e encaixados se moviam sem pressa. Sam passou as pernas ao redor do moreno, sentindo-o cada vez mais fundo...

Trocaram mais beijos e carícias enquanto davam prazer um ao outro. Nada mais importava... Só existiam eles naquele momento. Nada mais. Aquele era o momento deles.

Freddie chegou ao ápice, gemendo na curvatura do pescoço da loira. Enquanto o corpo todo ainda tremia, com os espasmos, ele a estocou mais três vezes...

Sam cravou as unhas nas costas másculas suadas. O ápice foi tão intenso que a fez gemer alto, quase gritando o nome dele.

Ficaram ali, unidos até suas respirações se regularizarem. Freddie se retirou com cuidado, viu uma pequena quantidade dos fluídos de ambos escorrer pelas coxas dela.

— Não se preocupe. Eu tomo anticoncepcional. - O tranquilizou.

Ele deitou e a puxou, fazendo-a deitar sobre o peito, sentindo o cabelo macio sobre a pele. Afagou os cachos. Sam suspirou se aconchegando nos braços dele.

O CD ainda tocava no volume baixo. A madeira crepitava queimando e a garoa lá fora continuava...

Ela não tinha planejado nada daquilo. Ele tomou toda a iniciativa. Quando Sam deu por si, já estava entregue, não tinha como voltar atrás. Também não queria... Aquilo tudo foi mais que especial. Tinha sido maravilhoso.

— Como foi? O que sentiu? - Perguntou rouca e com a voz baixa.

— Foi perfeito... - Ele abriu aquele sorrisinho torto que tanto mexia com ela.

Era impossível detestar aquele sorriso.

— Não tenho palavras para descrever tudo que eu senti... E você? O que achou? - Deslizou as mãos pelas costas nuas dela.

— Eu também não sei explicar... - Os olhos azuis estavam brilhando como ele jamais tinha visto. - Só sei que vou guardar esse momento comigo... Sempre. - Sussurrou.

Os olhos azuis continuavam fixos nos olhos castanhos. Freddie sorriu. Ele faria o mesmo.

— Faz amor comigo de novo? - Perguntou num sussurro usando aquela palavra pela primeira vez.

— Faço tudo que você quiser, princesa. - Sorriu apaixonado antes de beijá-la da mesma forma.

Amor... Só existe amor entre duas pessoas quando é recíproco. Aquela palavra tão forte tinha poder.

E fazer amor é quando está amando e recebendo amor da mesma intensidade.

Só havia uma questão...

Aquelas palavras dela tinham sido da boca para fora?