Só podia ser uma aparição. – Megan pensou. – uma assombração.

Com certeza havia bebido demais no jantar. Sua mente provavelmente a estava confundindo. A pessoa a sua frente devia ser um tio de Justin que se parecia muito com Edward. Poderia ser até um irmão gêmeo de Edward. Mas o próprio Edward não, não podia ser ele, não era possível.

—Está tudo bem? – a empregada perguntou. – irei limpar tudo imediatamente.

—Megan? – Edward abriu um sorriso demonstrando a mesma surpresa. – é você mesma?

Megan piscou varias vezes seguidas, sua ficha ainda estava caindo.

A única pessoa que ela pensou que nunca mais iria encontrar estava bem a sua frente, abrindo um sorriso como se nunca houvesse tido um problema entre eles. Como se se ela não tivesse sido obrigada a fazer de Yale sua carta de alforria para se afastar de New York depois do que Edward e ela causaram.

Quando percebeu que Edward estava se aproximando, Megan saiu a passos firmes, passando por ele em velocidade de luz.

Foi até o jardim, soltando sua respiração. Seu coração estava martelando em seu peito, seus batimentos pareciam estar prestes a rasgar sua pele.

Sua boca estava seca e em sua cabeça só conseguia ver Edward parado falando seu nome, com aquele sorriso inocente e ao mesmo tempo malicioso.

—Está tudo bem? – Justin tocou seu ombro a fazendo saltar.

—Podemos ir embora? – ela perguntou, exasperada.

—O que aconteceu? – ele tocou seu rosto. – está fria e pálida.

—Eu sei que não deveria pedir isso. – ela se aproximou. – mas, por favor, me leva embora desse lugar.

—Tudo bem. – ele assentiu ainda preocupado. – vamos nos despedir. – ele a puxou pela mão.

—Não! – ela o soltou. – eu não posso voltar lá dentro.

—Megan, você está me deixando muito preocupado. Alguém te agrediu?

—Não, claro que não. – ela forçou um sorriso. – sua família é incrível.

—Então, que droga está acontecendo?

—Diga a todos que estou com dor de cabeça, se despeça por mim e agradeça por tudo.

—Tudo bem. – ele suspirou. – vá para o carro. – ele jogou a chave para Megan.

—Não se esqueça de abraçar sua mãe e sua avó. – ela sorriu. – elas vão ficar felizes.

Ele sorriu indicando o carro.

—Me espera lá.

Ela assentiu.

❁❁❁

Justin entrou na sala e deparou-se com a empregada limpando o chão, ao seu lado havia um pequeno cesto com cacos de vidro.

—O que aconteceu? – ele perguntou.

—Sua namorada está bem? – sua avó parecia preocupada.

—Ela só está com dor de cabeça.

—Ela paralisou e derrubou a taça. – sua prima disse confusa.

—Onde está ela? – seu primo Edward se aproximou. – onde a Megan está?

—Você a conhece? – Justin perguntou desconfiado.

—Eu preciso falar com ela.

Justin estava perdidamente confuso. Que merda estava acontecendo? Por que Edward queria falar com Megan? Por que ela estava tão desesperada para ir embora? Ambos tinham alguma ligação? De qualquer forma ele não deixaria Edward conversar com ela. Estava obvio que Megan havia fugido dele. Mas por quê? Ela teria que lhe dar uma boa explicação.

—Eu já vou ir. – Justin virou-se para sua mãe. – vamos nos encontrar mais vezes, mãe.

—Me visite também! – sua avó deu um tapa em seu ombro.

Ele riu as abraçando e se despedindo de seus outros parentes. Explicou sobre Megan estar com dor de cabeça e todos entenderam perfeitamente, desejando melhoras para ela.

Antes de sair fuzilou Edward com o olhar. Então fechou a porta.

Ao chegar ao carro, Megan estava encurvada com as mãos tampando seu rosto.

Ela suspirou lentamente, sem perceber a presença de Justin.

Ele a observou por mais alguns segundos e deu partida no carro a assustando.

O clima no carro era estranho, estava silencioso.

Justin esperava ansiosamente por uma explicação, mas ela não dizia nada, nem olhava para ele.

Justin acelerou o carro, estava mais rápido que o normal, mas nem isso havia chamado à atenção de Megan.

Ela olhou para o céu através do vidro e soltou outro suspiro.

A saia de seu vestido estava novamente para o lado, mostrando mais de suas pernas.

—Ajeite sua saia! – ele disse impaciente.

—O que? – ela parecia estar fora da realidade.

Sem vontade de repetir, Justin tirou uma mão do volante e ajeitou a saia de Megan. Ela não tinha noção do quanto aquilo o distraía.

Ela observou a mão dele ajeitando seu vestido e voltou-se a olhar para fora.

—Me diz logo o que aconteceu! – Justin aumentou o tom de voz.

—Eu não quero conversar sobre isso agora.

—Você estava desesperada! E depois Edward veio perguntar de você. – sentiu uma pontada de irritação em sua voz. – que droga esta acontecendo, Megan?

—Eu sinceramente não quero conversar sobre isso agora. – ela o olhou. – eu te explico assim que minha ficha cair.

—O que é tão surreal?

—Edward. – ela sussurrou.

Justin resmungou, estava claro que Megan não falaria nada naquele momento.

Ele a observou novamente. Ela se contorceu desconfortavelmente no banco, fazendo com que a saia de seu vestido se desajeitasse outra vez.

Dessa vez ele não ajeitou, ficou apenas observando. Desejando tocá-la, como havia feito no jantar. Ainda estava impressionado por Megan não ter o parado naquele momento.

Ela não era ciente de até onde ele poderia ir.

—Cuidado! – ela gritou.

Ao olhar para frente viu que havia pedaços gigantes de rochas na estrada. Ele jogou o carro para o lado, onde havia uma poça enorme de lama.

O cabelo de Megan estava em seu rosto, ela os afastou respirando fundo.

Justin tentou sair da poça, mas o carro não andava, provavelmente havia emperrado.

—Você se importa de se sujar um pouco? – ele olhou para Megan.

—O que? – ela franziu o cenho.

❁❁❁

Justin só podia estar ficando louco. Fazer Megan tentar empurrar o carro era uma péssima ideia.

—Mais forte! – ele gritou de dentro do carro, enquanto tentava dar partida.

—Estou tentando. – ela gritou. Seus braços já estavam doendo.

Lama espirrava para todos os lados. Já não era possível enxergar a cor rosa do vestido de Megan.

Havia tirado o salto, para não afundar na lama junto ao carro. Mas ela fazia tanta força que seus pés estavam sendo tampados.

Seu cabelo estava inteiramente sujo, por que Justin havia pedido isso a ela?

Ele estava com raiva. Megan não havia explicado o que tinha acontecido, seu olhar vago estava o irritando e a forma como ela citou o nome de Edward o irritou mais ainda.

Aquela era uma forma de punir Megan, talvez não fosse o mais correto. Mas ele estava se divertindo ao ver ela se enchendo de lama.

Depois de várias tentativas, Megan desistiu.

Parou ao lado do carro lançando seu olhar mais furioso para Justin.

—Droga. – ele sussurrou descendo do carro. – não tem jeito.

—E o que você vai fazer?

—Vamos ter que deixa-lo aqui. – ele a observou. – mandarei alguém vir buscar.

—Não tem medo de ele ser roubado?

—Não se preocupe! Certificarei de que ele fique seguro. Se alguém tentar o roubar, vai assinar sua sentença de morte. – ele sorriu. – e não vai demorar muito para virem busca-lo. Umas três horas no máximo.

—Ficaremos esperando aqui?

—Não. – ele a olhou sorrindo. – a não ser que você queira ficar cheia de lama a noite inteira.

—Idiota!

—O que foi? Você está bonita.

Megan o olhou maliciosamente, mas de um jeito encantador. Aproximou-se aos poucos de Justin, deixando menos de um centímetro de distancia entre eles.

Por algum motivo, Justin não conseguiu se mover. Era como se Megan estivesse o enfeitiçando, apesar de sua aparência naquele momento.

Ela abriu um sorriso e o abraçou fortemente.

—Agora você também está sujo de lama! Que gracinha!

—Você não fez isso! – ele entreabriu os lábios. – vou me vingar.

Megan saiu correndo soltando gritinhos. Justin estava logo atrás dela, corriam pela estrada como duas crianças.

Justin a agarrou pela cintura a girando.

Ela passou as mãos no vestido, sujando mais suas mãos de lama e em seguida passou no cabelo de Justin.

—Você está maluca! – ele riu.

Ela ria observando como Justin havia ficado quase mais sujo que ela.

Então ela se aproximou novamente, o abraçando. Mas dessa vez não era para sujá-lo. Ela apenas sentiu vontade de abraçá-lo.

Justin a envolveu com os braços. Sentindo as batidas do coração de Megan. Ele apoiou sua cabeça na dela, seu cabelo continuava cheiroso e macio, mesmo sujo de lama.

Quando ela estava prestes a solta-lo, ele a puxou de volta.

—Vamos ficar assim por mais trinta segundos.

Megan assentiu. Se entrelaçando mais a Justin.

—Acho que já passou trinta segundos. – ela sorriu.

—Mais trinta minutos então. – ele a apertou mais contra seu corpo.

Não queria soltar Megan. Queria manter aquele momento pelo resto de sua vida. Mesmo estando sujos.

Eles ouviram o barulho de um trovão, em poucos minutos sentiu pingos de água cair, ficando cada vez mais forte.

—O que vamos fazer? – Megan o olhou.

—Deve haver um hotel no meio da estrada.

Justin pegou sua mão.

Eles começaram a correr, em busca de um hotel.

A estrada estava vazia e escura, a chuva estava mais forte e não havia sinal de vida.

—Meu Deus! – Megan gritou.

—O que foi? – Justin perguntou preocupado.

—A qualquer hora vai aparecer um psicopata!

—O que?

—Olhe nossa situação! Um assassino irá aparecer a nos levar para nos picar e nos comer.

—Você realmente é louca. – ele disse.

—É serio! – ela parou de andar. – talvez não devêssemos nos mover, ele pode nos sentir.

—Se você vai ficar parada ai, eu vou sozinho. – ele voltou a andar rindo.

—Não! – ela correu passando em sua frente. – quem fica por ultimo costuma morrer primeiro!

Então os dois voltaram a correr. Um tentando passar na frente do outro.

❁❁❁

Depois de uma longa caminhada, Justin avistou um motel. Parecia antigo e isolado, mas eles não tinham outra opção.

Ele pegou a mão de Megan novamente – que estava exausta. – e a guiou até o motel.

—Que lugar estranho. – ela disse olhando ao redor.

Justin abriu a porta e entrou no lugar.

Um homem que aparentava ter um cinquenta anos estava no balcão lendo um jornal.

—Com licença. – Justin disse. – há algum quarto disponível?

O homem abaixou o jornal lentamente observando Justin e Megan da cabeça aos pés, ele devia estar estranhando o estado em que eles se encontravam.

—Sim. – respondeu friamente. – todos os quartos estão disponíveis.

Megan esbugalhou os olhos. Aquilo realmente estava parecendo um filme de terror.

—Vamos ficar com um. – Justin disse.

Megan segurou mais firme a mão de Justin, aquele homem tinha todos os índices de psicopata, desde seu olhar frio ao seu tom de voz.

Justin pegou sua carteira, que estava no bolso de sua calça. Por sorte era de couro e não havia molhado seus pertences.

O homem os guiou ao segundo andar, o quarto em que haviam escolhido ficava no fim do corredor.

—Há algo para comer? – Megan ousou perguntar.

—É só ir à cozinha. – respondeu, abrindo um sorriso assustador. – vocês parecem estar famintos.

—Nós estamos. – Justin falou.

—A porta ao lado do balcão é a cozinha, sirvam-se a vontade.

Ele entregou a chave do quarto para Justin e saiu a passos firmes.

Ao entrar no quarto, Megan observou cada detalhe. Estava óbvio que era um lugar muito antigo. Os poucos enfeites que tinha eram feitos de madeira. Um lado da janela estava trincado.

—Quem ficaria a vontade em um motel dessa maneira? – Megan perguntou.

—podemos fazer um teste. – Justin sorriu.

—Um teste? – ela o olhou.

—Vamos fazer o que as pessoas costumavam fazer em um motel, assim podemos avaliar se vale à pena ou não.

Megan ficou boquiaberta, ela preferia não responder Justin. Estava fora de si naquela noite. Principalmente depois de se deparar com Edward.

—Tome um banho. – Justin se aproximou. – eu já volto.

❁❁❁

Justin desceu até a sala de recepção. Uma mulher estava organizando algumas coisas.

—Com licença. – ele disse. – vocês vendem camisetas ou qualquer peça de roupa?

—Temos algumas! – ela sorriu indo até uma caixa.

Quando ela lhe mostrou as roupas, Justin não sabia se ria ou se chorava.

Todas as peças eram xadrez com flores desenhadas. O vestido possuía um laço enorme nas costas.

As peças masculinas eram de diferentes cores misturadas. E parecido com o vestido, havia algumas flores desenhadas.

—Eu mesma costuro. – a mulher sorriu.

—Vou ficar com elas. – Justin disse, engolindo em seco.

❁❁❁

Megan havia tomado um longo banho, estava enrolada na toalha que havia encontrado no banheiro.

Não sabia para onde Justin havia ido, talvez ele estivesse morto.

—Não duvido disso! – ela disse para si mesma. – com aquele homem psicopata!

Ela sentou-se no sofá soltando um grunhido.

—Eu só quero minha própria cama!

Ela deu um pulo quando Justin abriu a porta do quarto. Ele segurava uma sacola na mão.

Ele observou Megan da cabeça aos pés, seu cabelo molhado grudava em sua pele e alguns fios caiam sob seu rosto.

—O que é isso? – ela tomou a sacola de sua mão.

—Essas roupas combinam perfeitamente com você. – ele sorriu.

—Acho que prefiro ficar de toalha. – ela disse tirando as roupas da sacola.

—Eu também prefiro que você fique de toalha.

Era incrível. Justin tinha uma incrível habilidade de tirar sarro de tudo, com um fascinante sorriso e os olhos tão frios possíveis de confundi-los com gelo de um iceberg.

Ele riu com a expressão surpresa de Megan e foi para o banheiro.

Enquanto Justin tomava banho, Megan vestiu o vestido que ele havia comprado, ela estava literalmente bizarra.

—Ele vai ficar pior! – ela riu olhando as peças masculinas.

—Impossível! – ele saiu do banheiro com uma toalha amarrada na cintura.

Megan sentiu raiva de si mesma. Seus olhos não conseguiam desviar-se de Justin, seu corpo úmido fez Megan desejar o lamber inteiramente. Seu coração acelerava cada vez mais e ela sentia-se ofegante.

Justin percebeu em como Megan o estava encarando. Ela o desejava.

Esse poderia ser o momento perfeito para conquistá-la e a levar para cama. Era tudo que ele desejava desde o primeiro segundo em que a viu.

Mas ele não podia fazer isso com ela, ele partiria seu coração.

Droga. Seus pensamentos o confundiam de uma forma inexplicável.

—Pare de me encarar desse jeito! – ele riu indo até ela e bagunçando seu cabelo. – não sabe o risco que corre quando me olha assim.

—O que? – Megan se recompôs. – eu não estava...

Ela parou percebendo o erro que havia cometido. Havia o encarado descaradamente, quase havia pulado encima dele.

—Eu vou para cozinha. - ela disse rapidamente.

Megan teve dificuldade em abrir a porta, estava muito nervosa com o que tinha acabado de ocorrer.

Eu estou ficando louca! Eu estou ficando louca! Eu estou ficando louca! – eram as únicas palavras que vinham em seu pensamento.

Ao chegar à cozinha sentou-se a uma pequena mesa para dois lugares, se debruçou e enterrou a cabeça em seus braços.

Ela estava ciente de que Justin voltaria a falar de Edward, ele exigiria uma explicação. E não tinha como ela fugir. Megan teria que contar o que havia acontecido em New York.

Ela nunca achou que tocaria nesse assunto novamente. Mas as coisas saíram de controle.

Mas como ela contaria que Edward havia sido o maior problema em sua vida? E como contaria que a única culpada disso era ela mesma?