A festa estava incrível, mas Megan se sentia um pouco tonta, se ela bebesse mais um gole ia ficar completamente bêbada, então resolveu parar enquanto ainda estava consciente. Foi para as escadas, já que lá não havia ninguém, assim poderia descansar um pouco.

Olhou seu celular e não havia nenhuma mensagem. Talvez Lia estivesse feliz com ela longe, mesmo demonstrando ter a perdoado, Megan ainda tinha suas duvidas, e ela não a culpava, não depois do que fizera.

Ouviu a porta do telhado se abrindo e um garoto desajeitado foi até as escadas, ele estava bêbado, mal conseguia andar e não parava de rir.

—Olá! – ele disse ao vê-la – você deve ser caloura!

—Oi. – sorriu.

—Você é muito linda.

—Valeu.

—É sério. – ele se aproximou com um bafo horrível de bebidas. – olha essa sua blusa apertadinha, deixa seus seios tão, tão… - ele fez um gesto com a mão como se fosse aperta-los.

Megan desceu dois degraus antes que ele o fizesse.

—Ah! – ele começou a rir. – você é tímida, eu deveria desconfiar.

—É melhor você voltar para a festa. – ela disse já irritada, não estava com paciência para aguentar aquele pobre coitado, ao qual os amigos o deixaram passar da conta nas bebidas.

—Ou talvez possamos fazer nossa festinha aqui mesma, na escada.

Megan revirou os olhos e tentou passar por ele para voltar ao telhado, mas o garoto a segurou firme pela cintura e a prensou na parede.

—Não gosto de garotas que se fazem de difícil. – ele beijou seu pescoço.

Ela tentou o empurrar, mas ele era mais forte que ela, e o máximo que Megan conseguia eram que ele desse meio passo para trás, mas seus braços continuavam a segurando.

—Me solta! – falou, mas não adiantou.

—Gostosa. – ele disse passando a mão pelo seu corpo. – você é uma delicia.

Aquilo estava realmente a irritando, ela ainda estava zonza e ficava difícil se concentrar em tira-lo de cima de si, começou a se rebater e quanto mais ela tentava se soltar, mais ele ria e a apertava contra seu corpo. Aquilo estava mesmo acontecendo?

Ele colocou sua mão debaixo de sua blusa pressionando seus seios, sua única reação foi um soco em seu olho esquerdo. Talvez não tivesse sido tão forte, mas ela sabia que havia sido suficiente para distrai-lo. A mão que estava debaixo de sua blusa foi parar no olho dele, ela aproveitou o breve momento para tentar escapar. Mas ele a agarrou pelo braço a puxando de volta, seu corpo bateu com um impacto tão forte na parede que a fez soltar um grito.

                                                   ❁ ❁ ❁

Justin estava perto das escadas, e ouviu um grito, não ouviu muito bem, mas poderia garantir que havia sido um grito. Quando ele abriu e fechou a porta do telhado, se deparou com aquela garota estranha sendo praticamente abusada pelo idiota do Isac. Ele tentou pensar por alguns segundos o que deveria fazer, mas só havia uma solução.

—Sua imbecil! – Isac estava furioso. – esse soco não valeu de nada. – ele riu.

Ele começou a tentar a beijar novamente, Megan virava o rosto e isso fazia com que ele ficasse mais irritado. Por Deus, ela não sabia mais o que fazer.

Quando Megan estava quase perdendo suas forças de tanto relutar, o corpo do garoto foi puxado para trás e ela o viu caindo enquanto levava socos.

Então percebeu que era o garoto tatuado, o mesmo que havia se esbarrado nela quando chegou à festa.

—Você esta bem? – Justin a olhou.

Não conseguia dizer nada, ela olhou para o garoto que havia tentado a ter a força, seus dois olhos estavam roxos e havia um pequeno esverdeado em seu queixo, ele havia perdido a consciência.

—O que foi? – Justin seguiu seu olhar. – não se preocupe, ele não está morto, eu acho. – era só uma brincadeira, mas ela não parecia ter achado graça, ele não era muito bom em piadas mesmo.

Uma lagrima rolou sobre o rosto de Megan. Se o tatuado não tivesse aparecido, o que teria acontecido? – pensou.

—Ei! – Justin enxugou sua lagrima se surpreendendo com o próprio gesto em seguida. – você esta assustada, eu sei. Mas já esta tudo bem. – ele não sabia exatamente como reconforta-la.

—Obrigada. – sussurrou. – se você não tivesse aparecido, eu… Ele…

—Não precisa pensar nisso. – ele a interrompeu. – só quero pensar em aonde deixar o corpo dele. – ele realmente estava falando como se o garoto estivesse morto.

—Por que não o levamos para o quarto dele? – Megan disse, meio sem pensar.

—O que? – Justin só conseguiu rir surpreso – o cara acabou de tentar abusar de você e você quer o deixar confortável? – talvez aquilo não tivesse soado tão bem, mas o que ela estava pensando?

—Eu não sei, não podemos o largar aqui, podemos? – ela só podia estar brincando.

—Podemos empurra-lo e o deixar rolando escada abaixo.

—O que? – seus olhos se arregalaram fazendo com que Justin tivesse que segurar uma risada. Megan sabia que o garoto era um babaca, mas ela não conseguia fazer tamanha maldade.

—É impressão minha ou você esta preocupada com ele? – Justin não conseguia a compreender.

—Não é preocupação, mas não podemos simplesmente joga-lo.

—Eu estava brincando. – Megan se aliviou.

—Ah. – foi à única coisa que conseguiu dizer. Justin sentiu uma leve excitação quando ela soltou esse gemido tão breve e suave.

—Ta legal… - ele sorriu querendo desviar seus pensamentos – vamos deixá-lo no jardim.

—No jardim? – ela ficou confusa.

—Sim, o tempo não está nada bom, acho que vai chover.

—Quer deixa-lo na chuva? – Justin estava quase a jogando escada abaixo ou por uma das janelas, de preferencia fechada.

—Se não quiser me acompanhar, vou fazer isso sozinho, ele merece.

—Tudo bem, eu vou com você. – Megan não deveria se sentir mal e muito menos piedade, o garoto era um babaca, tentou abusar dela!

—ótimo. – Justin suspirou. – vamos arrasta-lo até lá.

—Arrasta-lo? – ela praticamente gritou.

—Meu Deus garota, o que você pensa em fazer? Se quiser posso jogar ele pela janela.

Ela ficou boquiaberta e Justin observou sua boca, tinha um formato perfeito.

—É melhor arrasta-lo. – ela finalmente disse.

Justin começou a arrastar Isac, ainda não sabia o nome da garota e seria uma forma de quebrar o silencio entre eles e deixa-la mais calma.

—Qual seu nome? – ele perguntou.

—Megan e o seu?

—Justin.

Ele a olhou ao seu lado e ela sorriu. As covinhas de Megan apareceram, seu sorriso era encantador.

—O jardim fica muito longe? – Megan perguntou quando terminaram de descer as escadas.

—Estamos chegando. – Justin disse. – Temos que ir com cuidado para ninguém nos ver com o corpo do Isac.

—Pare de falar como se ele estivesse morto! – seu tom de voz o surpreendeu.

—Poderia estar. – ele disse tão calmamente que Megan chegou a pensar que Justin poderia ser um psicopata.

—Não fale besteiras.

—Me impeça de falar. – ele flertou lhe lançando um olhar malicioso, mas tinha certeza que ela não tinha entendido a referencia, e se por algum milagre ela tivesse entendido, esperava que ela o beijasse logo.

Justin mantinha um relacionamento aberto com Bela, uma ruiva completamente bonita, mas ele não sentia nada mais que excitação por ela, e ultimamente não estava nem sentindo isso.

—Estamos chegando? – Megan finalmente disse, não sabia exatamente se Justin havia flertado com ela, mas quis mudar de assunto, mesmo fazendo a mesma pergunta de antes.

—É bem ali. – Justin apontou para o gramado ao lado da universidade.

Justin deixou Isac atrás de um banco, não queria que algum dos inspetores ou seja lá quem o visse e o tirasse antes da chuva.

Megan não se sentia tão bem em abandonar aquele garoto lá, mas ele merecia.

—Vamos. – Justin sorriu.

Megan se virou e quando deu dois passos…

—Não consigo, não sou tão má. – ela virou-se olhando Isac. – Eu sei que ele merece ser punido, mas pelo diretor ou até mesmo as autoridades.

Justin sentiu uma vontade imensa de pegar uma arma e dar um tiro em sua própria cabeça, aquela garota estava o deixando maluco.

—Megan. – seu tom de voz era áspero. – o diretor não leva nada que acontece em nossas festas em consideração. Somos um bando de bêbados fazendo maluquices.

—Eu sei, mas…

—Me escuta. – ele tocou seu rosto, tinha que a convencer. – estudo aqui há dois anos, conheço muito bem as pessoas daqui.

Megan estremeceu com o toque suave de Justin, ela sabia que ele tinha razão, mas não queria agir de maneira tão infantil, pelo menos era o que ela achava.

Justin percebeu que não a convenceria, ela chegava ser mais teimosa que ele.

—Não me bata. – ele disse, ela fez uma expressão confusa.

Justin a pegou no colo e correu.

Megan se surpreendeu com o gesto, ela deu tapas em suas costas, mas sabia que não resolveria nada.

—Me coloca no chão. Agora! – ela tentou falar firmemente, mas sua voz não era lá grande coisa, as pessoas diziam que era fofa, e ela não gostava muito disso.

Quando entraram na universidade, Justin a soltou rindo.

—Até que você é forte. – ele disse rindo.

—Não devia ter feito isso! – ela disparou.

Megan estava vermelha de irritada e Justin só conseguia rir enquanto ela resmungava.

—Está rindo de mim? – Megan perguntou incrédula.

—Não. – ele tapou a boca com a mão.

—Está sim, posso ver seus olhos rindo.

—Meus olhos estão rindo? Você gostou dos meus olhos?

—Você é maluco! – e a verdade é que Megan havia se derretido pelos olhos de Justin.

—Perdi uma festa inteira por você. – ele finalmente conseguiu parar de rir. – só me agradeça.

—Obrigada, mesmo a culpa não sendo minha.

—Da próxima não se isole da festa.

—Desculpa! Eu não sabia que havia tantos bobocas por aqui.

—Bobocas? – dessa vez ele não segurou a gargalhada. Que tipo de insulto é boboca?

—Acho melhor eu voltar para o meu quarto. – ela se virou e começou a andar em direção ao quarto.

Ele a observou caminhando e percebeu que havia passado mais tempo com ela do que pretendia. Megan realmente era estranha, mas ele havia gostado dela, de alguma forma. Sua boca em forma de coração não saia de sua cabeça, seu sorriso era excitante. Ele se deixou imaginar em como seria beija-la intensamente, em como seria se ela se entregasse a ele. Mas seus pensamentos foram interrompidos por um grito de Bela indo em sua direção.

—Onde você estava? – ela disse furiosa.

—Por ai. – ele respondeu secamente.

Justin queria conhecer Megan e tentaria isso, mesmo que não fosse para ter algo serio, poderiam ter uma boa amizade colorida. Justin prometera a si mesmo que nunca namoraria para se casar, ele só queria curtir a vida, nada de se prender a alguém, ele sabia que isso não dava certo, já havia presenciado muitas coisas que o fizera pensar dessa maneira.