— Toph, você tem certeza de que suas amigas estão indo para o lugar certo? — Sokka perguntou depois de algumas horas de viagem. Ela não respondeu, confiava nas toupeiras. 

Toph, Sokka, Suki e Momo viajavam pelo subterrâneo com a ajuda de duas toupeiras-texugo, antigas amigas e mestres da dobradora de terra. 

As toupeiras começaram a cavar para cima, Sokka reclamou da terra que caia, Toph fez uma barreira para se proteger e Momo aproveitou a carona, Suki protegia o rosto com o leque. Em alguns minutos estavam fora do túnel, a chuva encharcou todos rapidamente. Se despediram das toupeiras e a garota cega explicava que estavam em uma cidade da nação da Terra e que as toupeiras não conseguiam passar dali. 

— Melhor acharmos um abrigo logo, antes que a chuva piore — Suki falou. 

Caminharam até achar uma casinha com fenos e um animal gigante, visto que o animal estava dormindo e parecia manso resolveram ficar por lá, se aconchegaram de qualquer jeito e dormiram rapidamente por conta do cansaço da viagem. Momo ignorou tudo e todos e foi se deitar no pelo quentinho do animal que dormia pesadamente. 

*****

As três amigas caminharam por alguns minutos de baixo da chuva, mas resolveram se esconder da tempestade entrando em um bar 24 horas. O dono do local tinha muita coragem em deixar o estabelecimento aberto mesmo com a enorme temporal. 

— Odeio chuva! — Mai reclamou torcendo a barra da roupa que vestia. 

— Ai meninas, estou com medo — Ty Lee se aproximou de Azula. A princesa apertou a mão da amiga e a puxou para um abraço de ombro, assim confortando-a. 

Mai revirou os olhos e se retirou do local para dar intimidade para as amigas e se secar o máximo possível, já que também odiava estar ensopada de água gelada. Ty Lee e Azula se entreolharam e sorriram, a menina de trança deu uma cambalhota e parou sentada no colo da princesa. 

Azula e Ty mantinham em relacionamento escondido, haviam contado apenas para Mai por serem amigas de infância, a princesa estava ciente de que muitos não estavam preparados para tê-la como rainha e além disso ter como par romântico uma pessoa do mesmo sexo, porém ela não se importava com essa parcela da população, iria ser rainha e se casaria com Ty Lee independente se aceitassem ou não, pois ela era a princesa Azula do reino do fogo e nada e nem ninguém poderia para-la. 

A dobradora passou os dedos finos e frios pela lateral do rosto da namorada, tirou a franja do olho de Ty e se aproximou para um beijo. O clima estava esquentando quando Mai reapareceu. 

— Encontrei um hotel que poderemos passar a noite — disse ignorando a cena em que as outras se encontravam — fica no reino da Terra, não é muito longe, mas iremos que enfrentar a chuva novamente. — Só em pensar na chuva a morena revirou os olhos. 

 — Vamos até lá — a princesa se levantou e seguiu ao lado da namorada e pouco atrás de Mai. 

Chegando ao local pediram um quarto com duas camas, certamente Mai iria ter problemas para dormir... 

 *****

Iroh juntou-se com Aang e Katara, pouco tempo depois Zuko reapareceu, ele e a menina evitavam o olhar. O mais velho contava histórias que já havia passado, Aang demonstrava entusiasmo ao ouvir as batalhas e guerras que tio Iroh fazia questão de falar os detalhes, o irmão de Ozai contou que chegou a conhecer o antigo Avatar Roku. 

O Avatar é o único que consegue dobrar os quatro elementos. Há um ciclo que é seguido pelo Avatares sendo essa: Fogo, Ar, Água e Terra. Roku tinha o fogo como elemento base e pela ordem o próximo Avatar teria o Ar como o primeiro elemento. 

— Os nômades são os únicos dobradores de ar, Aang você sabe quem é o novo Avatar? — Katara perguntou ansiosa. 

— Não — respondeu chateado ao ver o sorriso da dominadora se desfazer. 

— O Avatar só sabe que é o Avatar quando completa 16 anos, e como não foi revelado ainda quem é, até Aang pode ser o novo Avatar. —Iroh falou rindo e segurando a barriga. 

Katara olhou Aang e sorriu, depois se voltou para Zuko, olhou para baixo e arrumou os cachinhos. Um silêncio surgiu juntamente com a troca de olhares. Aang encarava Zuko e Katara, enquanto a dobradora tentava disfarçar o olhar para o príncipe, o terceiro olhava de canto de olho para o monge se sentindo desconfortável, mas sempre que seus olhos se encontravam com os de Katara seus lábios curvavam instantaneamente.  

— O que irão fazer amanhã? — O tio perguntou percebendo a tensão que estava ficando cada vez mais forte. 

— Tenho que dar um banho no Appa e quero passear pela cidade, o monge Gyatso disse que aqui é um lugar incrível. 

— Irei encontrar algum lugar para treinar a dobra da água. E você Zuko? 

— Vou servir chá — respondeu encarando o tio. 

Iroh riu alegre e disse que irá dar uma folga para o sobrinho, também disse que haveria um festival dança e que os jovens poderiam aproveitar para conhecer a cidade e se divertirem. 

— Já está tarde, melhor descansarmos para ter energia amanhã. Boa noite. 

— Boa noite — responderam em coro e foram dormir.  

Uma noite calma, a lua não era visível por causa das nuvens cinzas que vagavam na escuridão, a água caia mais calmamente e foi parando ao passar das horas. 

Na manhã seguinte o sol nasceu fraco, a brisa fria ainda tinha cheiro de chuva, as árvores estavam úmidas e alguns pingos de chuva caiam quando o vento balançava as folhas, algumas pessoas já passeavam pelas ruas da pequena cidade. Sokka babava enquanto dormia no chão, Suki dormia usando a bolsa como travesseiro e Toph estava no casulo feito de terra macia. 

Appa abriu os olhos preguiçosamente e bocejou, quando percebeu que um animal dormia utilizando o seu rabo como coberta dobrou o ar levantando todos os fenos da barraca e assim chamando atenção de Aang, o garoto que estava tomando chá voou para onde Appa estava e se assustou ao ver intrusos na enorme cabana. 

— Quem são vocês? O que fazem aqui? — Aang perguntou ameaçando os invasores com o bastão. 

Sokka acordou dando um grito, antes mesmo de abrir os olhos já pegou o bumerang na mão. Suki se sentou rapidamente e abraçou Momo que voo assustado para os braços da guerreira, Toph desfez as paredes de terra e se virou para a direção do monge. 

— Quem são vocês? — Aang repetiu ainda mais bravo.  

Katara viu o menino pela janela e resolveu ir ver o que estava acontecendo, olhou para onde o bastão estava apontando e deu um largo sorriso, em torno dos olhos formaram algumas rugas de felicidade. Correu até Sokka e se ajoelhou abraçando o irmão. Suki sorriu e abraçou mais forte Momo, se aproximou dos dois irmãos e se juntou ao abraço. A menina cega reconheceu a dobradora e assim como a outra abraçou os dois. Aang abaixou o bastão e encarou a cena sem entender nada, deu um passo para trás e olhou para o bisão que voou até as costas do dono. 

Não demorou muito para os dobradores de fogo ir até o local. Iroh sorriu ao ver o grupo feliz pelo reencontro, Zuko logo entendeu de quem se tratavam e também sorriu, porém, o sorriso logo se foi quando Toph percebeu sua presença e dominou a terra o deixando preso no ar. A guerreira Kyoshi não ficou para trás e com muita agilidade escalou o muro de terra e o ameaçou com o leque de metal fechado próximo ao pescoço do príncipe. 

  — O que está fazendo aqui? Quer capturar a Katara? — indagou Suki abrindo o leque. 

Katara logo soltou Sokka e explicou que Zuko era amigo. Após todas as apresentações o grupo se reuniu em volta da mesa para saborear o café da manhã e contar as histórias que haviam passado. Tio Iroh disse que abriria a casa de chá, pois com o festival o Dragão Jasmim logo ficaria cheio.