Culpa e Perdão: O pior de uma mente apaixonada escrita por NightlyPanda


Capítulo 10
Capítulo 10 - Caminhos e Mentes em Perigo




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Que bom que você estava pensando em mim... você nunca escapa dos meus pensamentos

(ღ˘⌣˘ღ)

Esse tipo de mensagem ainda me desnorteava, eu não parecia estar acostumando em ter essa atenção vindo de alguém, ainda mais esse alguém sendo ele.  Precisava me por em ordem para conseguir me arrumar sem ficar atrasado para a palestra. Se não tivesse sido atribuído nota na presença desse evento eu claramente não estaria perdendo meu tempo com isso, mas pelo menos em consegui uma folga no trabalho para participar desse workshop.

Fui até o banheiro e tomei meu banho, era uma manhã amena, o contato das primeiras gotas de água fria que caía do chuveiro sobre mim assustava minha pele para depois se tranquilizar naquele banho escaldante. O calor da água amenizava qualquer desconforto e parecia descontrair todos meus músculos a um nível que se soltariam um do outro. O banho estava tão bom que acabei por perder a noção do tempo. Quando saí do banheiro, fui pegar meu celular e vi que estava descarregado, tinha me esquecido completamente de o colocar para carregar durante a noite. Vi no relógio na parede e já estava para lá de atrasado. Desesperei-me para terminar de me arrumar, na hora de me vestir, lembrei que veria Nolan e precisava estar decente, nisso foram mais uns quinze minutos de pegar e trocar uma roupa e outra. Quando finalmente saí de casa, não daria mais tempo de pegar o ônibus e chegar no horário. Acenei para um táxi e entrei no carro sem mal ver quem era o taxista.

“Merda”, pensei tão alto que cheguei a pronunciar as letras, o taxista me olhou pelo retrovisor como se tivesse me dirigido a ele. Saí tão desesperado que não peguei o carregador do celular, não tinha nada de bateria nele, tinha que arranjar um, dar uma carga no celular e avisar o Nolan na hora que fosse o encontrar. Já estava atrasado quando cheguei na sede da DAZus. Parado de frente para aquele prédio enorme, chegava a ficar um pouco tonto de olhar para cima e ver até onde ia. Devia ter uns cinquenta ou mais andares. Um mar de pessoas entrando e saindo da portaria, não sabia nem por qual porta passar. Do lado de dentro, havia igualmente um número incalculável de pessoas passando de um lado para o outro, e parecia que ficar parado ali no meio sem saber o que fazer não era nada corriqueiro, como se as pessoas que ali passavam já estivessem programadas em automático, porque nesse pouco tempo que eu parei ali desnorteado, umas três pessoas que passaram por ali mexendo em seus celulares, esbarraram em mim  e me olharam com um sério semblante de repreensão. Avistei um balcão de atendimento no fundo daquele ambiente e fui lá me situar sobre onde seria a palestra.

— Er... Bom Dia.

— Bom dia, o que a DAZus pode fazer pelo senhor hoje? – Aquilo soou como se fosse tirado de um comercial de televisão, a atendente nem me olhava, estava com o fone de atendimento no ouvido, digitando no teclado e conversando comigo ao mesmo tempo.

— Eu sou aluno do curso de Arquitetura e Urbanismo... sobre o workshop... é... eu queria saber onde está sendo a palestra?

— Ãnh? – Ela me olhou como se eu tivesse feito uma pergunta para a qual ela não estava programada para responder. Eu olhei para ela ainda mais confuso e ela me respondeu com o mesmo olhar em retorno. Abri minha mochila e peguei o papel da divulgação do evento e entreguei para ela. A reação dela foi de ainda mais espanto ao me ver entregando aquele papel para ela, como se eu tivesse entregando algo proibido. Ela o analisou e puxou a outra atendente, a mostrou o papel e elas se viraram para mim?

— O senhor não foi informado? – Me perguntou a outra atendente. Eu continuei olhando com o claro olhar de quem não faz ideia de o que eu deveria estar informado. – Foi enviado a todos os inscritos no workshop que o evento teve o local alterado, não vai ser mais aqui no prédio central, eu vou anotar o novo endereço para o senhor.

Ela me entregou o bilhete com o endereço, eu agradeci e me enfiei naquela multidão que ali transitava, em direção à saída. “Que maravilha, já não basta estar atrasado, ainda vim para o local errado”, pensei seriamente em voltar para casa e esquecer tudo aquilo, mas parecia ainda mais longe ir para casa do que ir para o local do bilhete. Por sorte, o mesmo taxista que me trouxe ainda estava parado na frente do prédio, fui até ele e perguntei se estava livre, ele acenou que sim com a cabeça, eu entrei no carro e o dei o bilhete com o endereço.

Aquele dia não estava cooperando em nada, a cereja do bolo foi o enorme engarrafamento que pegamos. A cada dez segundos que o trânsito andava, parava por cinco minutos. Já estava quase uma hora atrasado do começo da palestra. Se o céu estivesse plenamente alinhado a meu favor, eu conseguiria chegar a tempo de assinar a lista de presença. O tráfego começou a fluir. Pouco antes de passarmos pelo cruzamento das avenidas que estávamos, uma van preta passou descontrolada na outra faixa, em sentido de onde víamos, aquilo me deixou um pouco sem ar. Coloquei a cabeça para fora da janela e vi ela acelerando em direção oposta a nós. Dissipei minha atenção daquilo com o motorista falando algo sobre como hoje as pessoas não têm a menor prudência no trânsito. Passados uns dez minutos, já estávamos no local onde estava sendo a palestra.

Me identifiquei na portaria, peguei meu crachá, por sorte ainda podia entrar no auditório, consegui assinar a lista de chamada, minha nota estava garantida. Entrando no auditório, me assentei ao fundo, e peguei meu notebook para fingir fazer alguma anotação do que estava sendo apresentado pelos palestrantes. Enquanto digitava qualquer coisa, vi que a moça ao meu lado havia tirado um carregador de celular da bolsa e colocado de volta, fiquei completamente tentado a pedir emprestado, mas igualmente sem jeito para isso. Tomei uma certa coragem e a interrompi. Senti que estava com certa sorte por ela ter me emprestado.

Conectei o cabo no celular e no meu notebook e o deixei carregar um pouco. Os palestrantes começaram a apresentar questões importantes sobre os desafios da arquitetura com a globalização das culturas e do próprio mercado da construção civil, eu fui desviando minha atenção para eles até estar realmente sintonizado com a palestra em si que nem prestei atenção no meu celular que carregava. Por mais uma hora e meia mal pisquei enquanto ouvia atentamente ao que eles falavam.

Ao fim da palestra, se abriu o microfone para perguntas e eu fui me perdendo naquilo. Quando realmente terminou, a moça ao meu lado me avisou que estava saindo e me pediu de volta o cabo. A devolvi e a agradeci imensamente pelo favor. Arrumei minhas coisas e também saí do auditório. Já era quase uma da tarde, não parecia nem que tinha ficado ali por quase duas horas, ainda mais que eu tinha perdido uma hora e meia de palestra. Já na rua, peguei meu celular e o liguei. Tinha uma mensagem do Nolan falando que ele ia me esperar na entrada do prédio da DAZus, já tinha mais de uma hora que ele tinha mandado aquela mensagem. Liguei para ele, estranhamente ele estava demorando a atender, normalmente ele atendia com certa rapidez. Assim que caiu na caixa postal e aquela voz começou a falar que após o sinal seria gravado meu recado, passaram algumas ambulâncias e carros de polícia em toda velocidade, seguindo em direção ao norte, pelo mesmo caminho que vim de táxi. Fiquei observando aquela movimentação que acabei deixando começar a gravar uma mensagem de voz na ligação. Desliguei a chamada e a tentei de novo, sem qualquer sucesso. Tentei mais uma vez e nada. Algumas pessoas saindo dali começaram a falar sobre algo que havia acontecido, quando passaram por mim só consegui ouvir algo sobre uma explosão. Peguei o celular e solicitei um táxi por aplicativo. Quando o táxi chegou, entrei pela porta de trás e já fui dizendo que iria para o prédio sede da DAZus.

— O senhor não está sabendo do que aconteceu? – Me indagou surpreso o taxista.

— Não. – Respondi em um baixo tom, algo em mim sentia que não seria uma resposta sobre algo qualquer.

— Alguém entrou com uma van dentro da portaria da DAZus, estava cheia de explosivos potentes, o prédio está em chama, a polícia falou que vai vir ao chão a qualquer momento. A área está toda isolada.

A imagem daquela van de mais cedo me passou pela mente na mesma hora, eu não sabia bem o que fazer. Meu coração apertou forte em meu peito, eu não consegui falar com Nolan e só de pensar que ele tinha ido para lá... Não queria nem continuar a pensar nisso.

— O senhor pode então ir para até onde está liberado de chegar perto do prédio por favor? Eu pago o dobro da corrida ao senhor. – Ele me olhou concordando com os olhos, ajustou sua boina e acelerou o carro. Ele perguntou se eu me importava dele ligar a rádio para ouvir as notícias e eu disse que não, inclusive reforcei para que ele ligasse. Enquanto isso, tentava insistentemente ligar para Nolan, mas sem qualquer êxito. A simbiose da ansiedade com o desespero começara a me consumir. Mandei algumas mensagens para ele, elas chegavam no celular dele, mas ele não visualizava, na conversa, ele não ficava online desde manhã cedo.

Nesse exato momento estamos todos recuando, blocos de concreto do prédio começaram a se soltar da estrutura e cair ao chão. Os bombeiros estão pedindo para que todos se afastem o mais longe já da área de isolação, ao que tudo indica o prédio vai desabar a qualquer momento e...

O rádio começou a chiar e nada da jornalista voltar a dar informações, um estrondo seguido de ruídos e uma gritaria agitada foi apenas o que se ouvia.  A transmissão parecia ter caído e por uns três minutos apenas chiados e ruídos foram emitidos pelo rádio naquele carro. Uma sequência de tossidos sucedeu e a jornalista voltou a relatar a situação

O prédio veio ao chão nesse exato momento, uma enorme quantidade de fumaça e poeira ocupou todo o espaço, a corrente de ar criada com a queda foi impressionante, não estamos conseguindo enxergar quase nada...

Eu já não conseguia mais parar de tremer, ouvir aquilo me enfraqueceu todas as células do corpo.

— O senhor ainda quer ir para lá? – Me perguntou em um frio tom o taxista. Olhei para ele, peguei todo o dinheiro que tinha comigo e o entreguei, seria o suficiente para pagar dez corridas daquela.

— Por favor! Eu preciso ir para lá.

— O senhor que manda! Mas não sei se vão nos deixar chegar tão perto, a coisa não deve estar nada boa lá.

— O mais próximo que o senhor conseguir já me ajuda.

Ele continuou a dirigir e depois de um breve silêncio soltou um cochicho dizendo que devo ter alguém que eu me importo muito lá.

— Mais que qualquer outra coisa. – Respondi sem tirar os olhos da via que passávamos.

O taxista andou por mais uns cinco minutos e chegamos a um bloqueio. Ficamos parados ali por algum tempo e ele me informou que talvez ali fosse o limite onde conseguiria ir. O agradeci e saí do carro. Em pé naquela rua, vi uma multidão de pessoas à minha frente, policias e bombeiros passando cobertos de cinzas, pessoas sendo carregadas, algumas no chão tossindo, outras desmaiadas. Quando mais andava para frente, pior a situação que se mostrava. Pessoas sangrando pelo rosto, chorando desesperadas, uma desolação total se aglutinava ali. Os bombeiros faziam atendimentos e primeiros socorros com as pessoas esticadas pela rua, os próprios policiais andavam desnorteados de um lado para o outro. Segurava meu celular forte em minha mão esquerda enquanto seguia reto, só conseguia pensar que Nolan estaria em algum lugar, bem e sem nenhum arranhão. “O trânsito devia estar pesado na hora que ele saiu de casa, não deve nem ter conseguido chegar até aqui”, pensava nisso e me agarrava a essa possibilidade, para mim, não era plausível existir outra. Uma mão pousou sobre meu ombro, meus batimentos pararam ao sentir aquele toque.

— Nolan? – Disse esperançoso sem nem dar conta que lágrimas começavam a escorregar para fora dos meus olhos.

— O quê? Não. Você não pode ficar aqui, estamos atendendo os feridos e tirando todos daqui, a fumaça e as cinzas ainda estão fortes, por favor, se estiver com dificuldade de respirar, me siga até a ambulância.

Ver aquele bombeiro me tirou qualquer reação. Ele continuou falando e eu não prestei atenção em uma só palavra.

— Eu preciso encontrar alguém.

— Ãnh? Você conhecia alguém que estava aqui na hora da explosão?

— Eu preciso encontrar ele.

O bombeiro não me respondeu, mas senti sua mão me puxando pela rua. Segui com um espantalho, arrastado por aquelas pessoas, sem nem saber se era eu mesmo que ordenava minhas pernas para que andassem. Quando paramos, tinha mais uma bombeira com a qual ele falava.

— Tenente Coronel! Esse garoto está procurando por alguém que estava na hora da explosão, as identificações ainda não começaram, não é?

— Identificações? – Repeti em direção a eles.

Eles se olharam e ela abaixou a cabeça, respirou fundo e me encarou. Se virou ao outro bombeiro e deu uma batida em seu ombro com a prancheta que segurava.

— Pode deixar que eu tomo conta disso, você vai procurar por mais quem precise dos auxílios respiratórios. – Ele olhou para ela após ouvir aquilo, acenou e saiu andando.

— Olha garoto, - Disse ela com os olhos fixados nos meus. – ninguém esperava por essa explosão, foi um ataque terrorista o que aconteceu. Não vou nem posso mentir para você, já tem mais de vinte pessoas mortas, e algumas ainda estão soterradas nos escombros. Os feridos estão recebendo os primeiros socorros aqui na rua mesmo e imediatamente levados para os hospitais da cidade. Não se sabe ao certo ainda quem está soterrado, para qual hospital cada ferido está indo, nem qual a... a identidade dos que faleceram. Eu estou voltando para o batalhão dos bombeiros para reportar a situação e organizar os planos de ação dos bombeiros, posso levar você comigo para ver se lá eles têm alguma informação. Mas é tudo que eu posso fazer por você agora.

A encarei e continuei em silêncio. Ela se virou e saiu andando. Respirei fundo, virei-me para trás, encarei todo aquele cenário. Me agarraria a qualquer hipótese de saber algo sobre ele. Guardei meu celular no bolso e corri atrás daquela bombeira.

Ela parou ao lado de uma moto e colocou o capacete, me entregou um e pediu para que eu colocasse. Quando saímos dali, fechei meus olhos e só conseguia visualizar aquela cena de desolação e desespero. Não saber o estado nem onde Nolan estava me deixava ainda mais agoniado.

Chegando no batalhão, ela parou a moto e fomos até a portaria do prédio. Lá dentro estava a maior confusão, um corre e corre de bombeiros, telefones tocando por todo o local, gritos cortavam todo o ambiente, um caos total.

— Tenente Coronel! – Uma bombeira a parou. – Tenente Coronel, a senhora precisa vir para a sala de reuniões, estão todos lá aguardando as ordens da senhora.

Ela acenou positivamente com a cabeça e me disse para esperar sentado ali que voltaria para olhar comigo sobre quem eu procurava. Ela saiu com a outra bombeira e foi resolver o que tinha para resolver. Fiquei sentado ali esperando que alguém me trouxesse alguma notícia de Nolan para mim. Peguei meu telefone e tornei a ligar para ele, mas ninguém atendia. Olhar o ponteiro do relógio à minha frente se mover ia aumentando a ansiedade que se rebelava dentro de mim por saber algo dele. Me mantinha focado em pensar que ele estava bem e nada havia o acontecido, mas a cada minuto que se passava, mais e mais flashes de algo ruim o acontecia passavam em minha mente e meu coração apertava ainda mais. Fiquei uns quarenta minutos sentado ali sem respostas. Ela apontou no fim do corredor seguida por alguns outros bombeiros, parou perto de um balcão, disse algo a eles, dois saíram pela esquerda, ela olhou para mim, suspirou fundo e veio em minha direção. Quando se aproximava de mim, uma bombeira a parou e disse que tinham algumas pessoas resgatadas do local, que não tiveram ferimentos graves e estavam ali.

— Todos eles receberam os primeiros socorros?

— Sim Tenente Coronel!

— Ok, traga eles até mim e vamos ver para qual posto de saúde ou hospital o mandamos para que averiguem se estão todos bem.

Ela voltou a andar em minha direção, parou em minha frente e me informou o que ficou sabendo.

— Olhe garoto, não tem uma lista com o nome de todos os feridos que foram para os hospitais, nem dos desaparecidos e os que... vieram a óbito. Eu mandei que fizessem as identificações e listassem o nome de todos que já foram para algum hospital ou posto de saúde. O que eu fui informada é que a maioria está sendo levada até o Hospital Gaia, na zona nordeste da cidade. Posso te deixar lá para você ver se quem você procura está lá.

— Já é de alguma ajuda, eu agradeço.

Ela me olhou com um semblante leve e pôs a mão esquerda no meu ombro esquerdo.

— Eu só preciso olhar mais algumas coisas e nós vamos para lá. Pode me esperar aqui que eu venho te buscar para irmos.

— Obrigado.

Ela se virou e foi andando, mas antes que se afastasse, a parei e perguntei onde tinha um banheiro que eu pudesse ir. Fui andando na direção que ela me deu, ouvi ela conversando com algumas pessoas que chegavam.

Entrei no banheiro, era um cômodo todo branco, quadrado, com uma iluminação fluorescente que dificultava a visão depois de caminhar pela escuridão daqueles corredores. Lavei meu rosto, me encarei no espelho, mas não era o meu reflexo que via, mas sim o rosto de Nolan. Eu precisava muito de o achar, ter certeza que ele estava bem, tê-lo novamente comigo, me ter em seus braços. Molhei novamente meu rosto e peguei algumas folhas de papel para secá-lo. Voltei para o salão da portaria do batalhão, a Tenente Coronel me avistou e me chamou para irmos até o estacionamento. Chegando perto da moto, ela me entregou o capacete e montou na moto.

— Merda! Me espera aqui, esqueci a chave no balcão.

Ela saiu andando e eu fiquei sentado ali, vi algumas pessoas passando cabisbaixas, cobertas de cinzas, pelo estacionamento e entrando em uma van, alguns bombeiros vinham atrás. A Tenente Coronel apontou pelas portas do prédio, colocou o capacete, montou na moto e a ligou.

— Segure-se aí que vamos rápido.

Fiquei olhando para os carros no estacionamento enquanto ela dava a partida, a moto acelerou, algo de estranho me chamou a atenção naquela van dos bombeiros.

— NOLAN!

Desci da moto correndo, a Tenente Coronel levou um susto, ouvi ela gritando atrás de mim, mas saí desesperado em direção àquela van. Aquele rosto na janela saiu do assento e veio em minha direção. Não estava sonhando, era ele. Tirei o capacete e o deixei cair no chão. Corri em frente sem nem me importar com nada, as lágrimas saíam de meus olhos e ficavam pelo ar enquanto corria, quando fechei meus olhos, meu corpo estava envolvido por aqueles braços.

— Você está vivo! – Dissemos ao mesmo tempo um ao outro.

Meu corpo já não tinha mais forças, minhas pernas fraquejaram e eu caí completamente em seus braços. Ele me abraçou forte, e eu retribui como se jamais fosse o soltar, era bem o que eu pretendia mesmo. As minhas sinapses não eram capazes de acompanhar a quantidade de emoções que me enchiam e me esvaziavam de qualquer razão. Abri meus olhos para poder olhar cada detalhe de sua face. Aquele rosto se mostrava como uma verdadeira aparição celestial em minha frente, senti que passava pela sensação de acordar do pior pesadelo da minha vida e encontrar todo o conforto do mundo em seus braços.

— Eu estava com tanto medo de te perder! Você não faz ideia de como foram horríveis essas horas sem saber se você estava bem, Hugo. Eu vi o prédio desabando, não tinha nenhuma notícia de você, ver tudo aquilo caindo e pensar que você podia estar lá dentro, eu nunca me senti tão perdido em toda minha vida.

Ele enxugou minhas lágrimas com suas mãos, beijou minha testa e voltou a me envolver em seus braços. Eu estava paralisado de saber que ele estava bem, não conseguia falar nada, queria apenas ficar naquele momento e esquecer de todo aquele dia.

— Então era ele que você estava procurando tão desesperado assim mais cedo? – Disse um bombeiro vindo por trás de Nolan. – Que bom que o encontrou bem, mas a gente ainda precisa te levar para o hospital para ver se você tá bem e...

— Alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? – A voz entoada da Tenente Coronel rasgou o espaço como um trovão. O bombeiro ao ouvi-la, bateu em continência e apresentou a situação, que Nolan era um dos que estavam na região do desmoronamento e que iria o levar para o hospital para verificar se ele estava bem. Mas disse não saber quem eu era, mas que Nolan estava me procurando na hora do desmoronamento.

— Pelo visto você achou quem estava procurando, bom. Pode ir com ele para o hospital, me livra de ter que te levar lá então. Mas da próxima vez, não pule de uma moto em movimento gritando no meu ouvido. E não jogue o capacete da minha moto no chão assim, ele não é barato.

Por mais que ela estivesse em toda pose de comandante daquele batalhão, eu não podia deixar de ver nela a esperança que me levou até Nolan.

— Obrigado. – Foi tudo que consegui dizer a ela. Ela abaixou a cabeça movimentando um leve sim com o rosto e se virou voltando para dentro do prédio.

— Ei, vocês dois, eu não quero estragar o clima aí, mas tem mais gente que precisamos levar até o hospital, então se puderem ir agilizando para mim. – Disse o bombeiro acenando para entrarmos na van.

No caminho todo até o hospital, Nolan foi segurando minha mão sem soltar por nenhum segundo. Escorei meu rosto em seu ombro, fomos assim, em silêncio. Palavras não eram capazes de moldar o conforto que eu sentia em estar ao lado dele sabendo que ele estava bem. No hospital, ele entrou para a ala de exames e eu fiquei esperando na secretaria do hospital. Ele voltou com seu olhar confiante de sempre, aquela expressão esculpida que não demonstrava qualquer fraqueza, e no movimentar do canto de seus lábios, conseguia seduzir qualquer ser vivo, mesmo com alguns curativos no rosto, mantinha intacto o seu charme. Ele se sentou ao meu lado e ficamos esperando os resultados dos exames.

— Hugo, por que você não me respondeu de manhã?

— Nolan, eu...- Olhei para frente e pensei que se eu o tivesse avisado que o local da palestra tinha sido alterado, nada disso teria acontecido, eu não teria o colocado em risco algum. Pensar que por minha culpa ele podia ter se ferido sério, que ele podia estar debaixo daqueles escombros, que... que ele podia não estar ao meu lado agora, me embrulhava o estômago. – Eu me atrasei para arrumar antes de sair de casa, quando eu peguei no telefone, ele estava descarregado. Eu não tive tempo de por ele para carregar, quando cheguei na sede da DAZus, a secretária me informou que o local da palestra tinha sido alterado. Eu fui para o novo local, lá dentro eu consegui um carregador emprestado, mas fiquei entretido com a apresentação e só peguei no celular depois que tinha acabado o evento. Já era quase duas da tarde, eu te liguei algumas vezes, em todas chamou até cair. Foi quando eu entrei no táxi e fiquei sabendo do que tinha acontecido. Eu fui para a sede da DAZus, mas eu pedi a todas as forças celestiais do universo para que você não tivesse lá quando ouvi que o prédio tinha desabado. Quando eu cheguei lá e vi tudo... eu... eu... – Não consegui conter o choro, estava idiota igual uma criança soluçando de chorar, senti tanto ódio por estar chorando que comecei a engasgas ainda mais para falar. – Me desculpa Nolan. Eu jamais quis por você em risco, por favor me...

— Shhhiiii. – Disse ele colocando o dedo em minha boca. Ele bagunçou meu cabelo e passou a mão sobre meu rosto, limpando minhas lágrimas. – Você não tem nada do que se preocupar, não foi culpa sua. A gente nem precisa falar disso, é só porque eu fiquei extremamente preocupado com você quando fiquei sabendo que o prédio tinha sofrido um atentado, e eu achei que você estava lá dentro. Eu perdi o controle da minha própria razão, tudo que eu pensei foi em te salvar, foi assim que eu saí desesperado para perto do prédio, os policiais até tentaram me segurar, mas aí... Quando o prédio desabou, Hugo, eu achei que tinha te perdido, uma parte da minha vida acabou naquele momento. Quando eu vi você olhando para mim daquela moto, mesmo de capacete, quando você me encarou, eu sabia que era você. O alívio que eu senti, eu jamais senti tanta felicidade em toda minha vida Hugo, saber que você estava bem, eu não consigo nem expressar o quão em paz eu fiquei quando tive você em meus braços.

— Ele não está mentindo viu. – Disse um homem sentado atrás de nós. – Eu estava lá em serviço na hora, sou policial. Na hora que ele quebrou o bloqueio, ele só falava que precisava salvar alguém, até atacou meu braço para que eu o soltasse. Inclusive eu vim aqui para o hospital para ver como ficou meu pulso, eles enfaixaram, mas não quebrou. Eu podia te prender, você sabe né. Mas eu não consigo imaginar o desespero que você passou. Quando o prédio desabou, ele só conseguia gritar seu nome. Eu nunca vi alguém tão preocupado com outra pessoa assim. Vocês devem ser muito importantes um para o outro.

Nolan continuou a acariciar meu rosto e eu sorriso de volta para ele. Eu tinha medo de tudo isso ser apenas um sonho e eu acordaria daquilo no verdadeiro pesadelo que era minha vida antes de Nolan entrar nela.

Uma médica chegou acompanhada de um enfermeiro e eles traziam os resultados dos exames que Nolan tinha feito, estavam todos ótimos, só passaram alguns remédios para aliviar a dor e o desconforto pela exposição excessiva às cinzas e à fumaça. Prontos para irmos embora, nos despedimos de todos ali e fomos para a saída do hospital. Do lado de fora do hospital, dei sinal para um táxi que estava parado ali, abri a porta para Nolan e entrei pelo outro lado.

— Para onde vamos? – Perguntou o taxista.

Antes que eu pudesse responder, Nolan já foi dando o endereço do seu apartamento e o taxista saiu dirigindo.

— Essa noite você vai passar comigo Hugo, por favor. Mas isso não é um pedido. – Disse ele colocando o dedo sobre meu lábio inferior e segurando meu queixo. Com aquele sorriso no rosto, eu não tinha nem como dizer não.

Quando chegamos em seu apartamento, ele abriu a porta e me deixou entrar, passou por trás de mim e foi andando abraçado em minhas costas. Subimos até o seu quarto e ele se sentou na cama.

— Você deve estar um pouco sonso ainda Nolan, você ficou muito tempo sem comer nada e respirou muita fumaça. Descansa um pouco aí que eu ligo a banheira e arrumo seu banho, depois eu faço algo para comer.

— Sim senhor!

— Mesmo eu não sendo nenhum chef, prometo que faço algo decente. – Disse com os dentes cerrados, em um cochicho que eu mesmo mal me ouvi. Ele sorriu e se deitou sobre a cama.

Fui até o banheiro e liguei a banheira para encher, peguei as bombas e os sais de banho, os joguei na banheira quando ela encheu. Era realmente uma banheira enorme, cabia umas quatro pessoas ali tranquilo. Liguei os massageadores da banheira e deixei as luzes do banheiro acessas, arrumei as toalhas sobre o suporte e peguei a pantufa que ficava debaixo do balcão da pia, em uma organizadora que tinha uns cinco pares de pantufas, todas de patas de animais de pelúcia. Peguei a de panda e fui até ele. Realmente, ele estava desgastado, fiquei menos de quinze minutos no banheiro arrumando o banho e ele tinha cochilado. Sentei-me ao lado dele, fiquei com dó de o acordar, ele descansa tão serenamente. Fiquei passando a mão em seus cabelos, mas ele acabou abrindo os olhos, com um sorriso no rosto.

— O banho está pronto?

— Está sim, pode ir tomar seu banho que eu vou arrumar algo para você comer.

Ele se levantou, viu que eu peguei as pantufas, as calçou e disse que aquelas eram suas favoritas.

— É o meu animal favorito. – Disse para ele.

— Hugo. – Ele me pegou pelos braços e me aproximou gentilmente de seus lábios. Suavemente, sua boca foi me dominando sem que eu opusesse qualquer resistência. Aquele beijo lento, intercalado de movimentos mais profundos, ia me tomando por completo. Suspirando, em um baixíssimo e calmo tom, ele foi dizendo meu nome.

— Hugo. Eu posso te pedir para tomar esse banho comigo? Por favor. – Disse ele respirando acima de meu pescoço, passando seu rosto em minha pele e envolvendo minha cintura com seus braços.

— Nolan, eu...

— Por favor Hugo. Só fica comigo no banho.

E a cada beijo que ele me tomava, me puxava em um passo a direção ao banheiro. Fomos seguindo até a banheira. No banheiro, ele passou a mão sobre o interruptor apagando todas as luzes, ficando apenas a luz amarelada sobre a banheira acessa, mas ele abaixou a intensidade dela ao mínimo. Ele se sentou na bancada dela e me puxou para ainda mais perto dele. Ele sentado, foi levantando minha camisa e beijando meu corpo. Aqueles lábios desbravando minha pele, marcando minha alma com seus movimentos. Tirei meus sapatos e ele levantou a sua camisa. Ele se levantou e continuou a me beijar, abraçando a minha cintura e passando a mão até meu cinto, o tirando e desabotoando minha calça, eu estava extremamente perdido nele para sentir qualquer coisa que me impedisse de o permitir naquele momento. Botão por botão, ele foi abrindo, sem tirar seus lábios de mim, os levando a passear por entre meu pescoço e tórax. Pegou minhas mãos e as conduziu para que eu fizesse o mesmo com sua calça, abrindo os botões e a descendo. Continuou a me beijar e a passar suas mãos por todo meu tronco, as parou sobre meu calção, opondo alguns dedos por dentro dele. Nesse momento, minha respiração oscilou, mas não disse nada e nem o impedi. Ele ajeitou seus dedos sobre minha cintura e os senti firmar, me segurando e me puxando para seu colo. Senti então que estava sendo carregado, passei minhas pernas por entre sua cintura e ele me segurou assim sobre ele. Entrou me carregando na banheira, mas sem tirar seus lábios dos meus em nenhum instante e se sentou, comigo em cima de seu colo. A água chegava até pouco abaixo dos meus ombros. Ficamos naquela estase por cerca de uns vinte minutos, apenas mexendo nossos lábios e mantendo os nossos braços envolvendo um ao outro. Mantive-me sentado em seu colo, mas me virei e encostei minhas costas em seu abdômen, seus braços passaram por baixos dos meus braços e ele me manteve em seu abraço. Segurei suas mãos com as minhas, entrelaçando-as e voltando meu pescoço para se encontrar com o dele.

— Nolan. – Naquele momento, não conseguia falar normalmente, era como se estivesse sem qualquer força para falar sentenças inteiras. – Sobre hoje, eu realmente queria pedir desculpa por te colocar em risco. Eu...

— Hugo, não precisa.

— É que, eu preciso te falar isso. Quando eu fiquei sabendo o que aconteceu com o prédio da DAZus, só de pensar que você poderia estar lá, e você não tava me atendendo. Eu jamais senti tanto pavor em toda minha vida, Nolan. Eu não quero parecer o desesperado infantil dizendo isso, mas eu jamais tive alguém com quem eu me importasse tanto, você entrou em minha e agora eu não quero mais ela sem você. Eu, não sei o que são esses sentimentos ainda, mas...

— Hugo, eu não sabia que eu podia sentir o amor, mas você me fez capaz. Você é toda a forma de amor da minha vida, eu não quero perder você e nem deixar que a minha vida continue sem você. Eu te prometo, eu jamais vou deixar que algo me separe de você.

Aquele banho, eu fiquei tão relaxado e em paz junto de Nolan que eu podia adormecer em seu colo dentro daquela banheira. Ficamos ali bem mais de uma hora. Quando saímos do banho, estávamos tão relaxados e com os corpos tão suaves que fomos direto nos deitar. Ele apagou a luz do quarto, se deitou virado de frente para mim e ficou passando seus dedos em meu rosto. Acariciando-me, senti o sono aos poucos chegar, um singelo beijo de boa noite me adormeceu.

Ao acordar, no dia seguinte, estava sozinho na cama. Senti o cheiro do café da manhã subindo do andar de baixo. Levantei-me e fui até ao banheiro lavar meu rosto e escovar meus dentes, vi que tinha um roupão pendurado na parede, o vesti e me dirigi para a cozinha.

— Ahh não! Eu tava com tudo pronto para subir com o teu café para a cama, pode voltar a deitar Hugo, não precisa levantar tão cedo. – Me disse ele com aquele sorriso envolvente em seu rosto.

— Até parece que eu preciso disso Nolan. – Fui andando para atrás dele e o abracei. – Bom dia!

— Bom dia! – Disse ele se virando e beijando minha testa. – Já que você está aqui, vamos tomar nosso café.

Nos sentamos à mesa para o café da manhã. Ele havia preparado tanta coisa que eu nem sabia por onde começar. Mas a verdade é que eu não comia desde o lanche que serviram na palestra do dia anterior, estava faminto.

— O que você vai fazer hoje?

— Bom, eu tenho que ir para casa e depois passar na biblioteca, não avisei nada para a Ágatha, ela deve estar preocupada. Meu celular descarregou de novo, preciso por ele para carregar, e também hoje é sexta, eu tenho que ir para a faculdade.

— Achei que ia passar o dia com você. – Aquela foi definitivamente a maior cara de cão sem dono que ele já fez na vida. – Mas eu entendo, de todo jeito, pode tomar seu café em paz, depois que estiver pronto eu te deixo em casa.

Ele parou do nada, segurando a xícara do seu café no ar, eu o encarei, até parecia que ele tinha acabado a bateria.

— Nolan?

— Eu me esqueci. Ontem, quando eu estava lá, eu saí do meu carro e o deixei na rua, meu telefone ficou dentro dele. A chave ficou no bolso da minha calça, preciso ir lá buscar ele.

Eu sabia o quanto ele era fascinado naquele carro, mesmo ele nunca tendo dito isso diretamente. E não era qualquer carro, mesmo a polícia tendo isolado a região, não era seguro deixar aquele carro na rua.

— Faz o seguinte Nolan, eu pego o metrô para casa e você vai buscar seu carro. Tem uma estação que passa aqui perto da sua rua, ela para na estação do centro, lá eu pego a linha para minha casa.

— Mas eu não quero deixar você ir sozinho. Eu quero te levar.

— Não precisa. E de todo jeito, o carro ficou perto do prédio da DAZus, não é? Você vai ter que ir pro centro de todo jeito, podemos ir junto de metrô até a estação de integração que fica no centro, de lá você vai pegar o carro e eu pego o metrô da linha que vai para minha casa.

— Boa! Vamos até o centro então. Lá eu pego meu carro e te levo. – Ele estava determinado a me levar, mas não ia ser tão fácil tirar o carro de lá.

— Nolan, não se preocupa com isso. Não acho que vai ser você só ir lá e tirar o carro. A polícia deve ter isolado a área, você vai ter que se identificar, procurar o carro, isso se eles não tiverem o guinchado até algum pátio da polícia. Sério, pode ficar tranquilo, eu posso ir sozinho pra casa, sem problema.

Ele olhou com uma face de derrotado, por dentro, sabia que ele queria me levar, mas quando eu disse que talvez o carro tivesse sido guinchado, ele quase chorou.

Terminamos nosso café e nos arrumamos para sair. Fomos até a estação que ficava perto do prédio dele e pegamos o metrô para o centro. Lá, ele fez questão de me esperar entrar no outro metrô, certificou de que eu não ia ficar o esperando sozinho e, assim que eu fui, vi ele indo em direção a escadaria para sair da estação.

Quando cheguei no meu prédio, cumprimentei os porteiros e o pessoal da recepção, eles me olharam meio sem reação, por eu não ter voltado para casa ontem e por aparecer como se nada tivesse acontecido naquela cidade ontem, apenas subi direto para meu apartamento. Da porta para dentro, olhei para minha cozinha quase nunca utilizada, fui até o meu quarto e coloquei meu celular para carregar. Enquanto trocava de roupa, o celular vibrou com uma nova notificação.

 Você achando que eles teriam adotado algum procedimento com os carros que ficaram na rua, ai ai... Meu carro tava no mesmo lugar, do mesmo jeito que deixei (-_-;)・・・

Ri um pouco ao ler aquela mensagem. Deixei o celular carregando e fui arrumar algumas coisas para ir para a biblioteca. Foi só sair do quarto que ele começou a tocar. Eu vi o identificador da chamada e por um segundo não acreditei que aquilo pudesse estar acontecendo.

— Hugo?

— Tio?!


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