Bulletproof Grower escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 8
Espaço e olhar


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é pequenininho, mas muito fófis.



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— Caminhando pelo espaço.

O comando já conhecido levou os alunos a iniciarem, automaticamente, uma jornada sem rumo pela sala de dança.

— Ocupando os espaços vazios — acrescentou Yoongi. — Olhem nos olhos dos irmãos. E irmãs.

Era o primeiro treino da mais nova turma mista. Haviam ocorrido alguns ensaios gerais em virtude da coreografia de abertura, mas era a primeira vez que se reuniam para, efetivamente, trabalhar os corpos juntos e aprender uma performance.

Florzinha caminhou descalça pelo chão de madeira, encarando os olhares das irmãs que lhe eram caras, e também os olhares dos irmãos que começava a conhecer. Então, repentinamente, encarou Min Seokjung e flagrou-o dar um sorrisinho. Era comum manter-se encarando um irmão durante alguns segundos, sem parar de caminhar, até que se perdessem os olhares.

Mas os olhares não se perderam. Eles estavam prestes a sair do ponto de vista um do outro, mas Junggie começou a mudar seu andar, caminhando para trás e lateralmente. Florzinha segurou o riso. “Ridículo”, pensou ela, mas não era mais aquele tom pejorativo. De qualquer modo, ela mergulhou na brincadeira. Fosse para onde fosse na sala, mantinha uma distância segura, que podia chegar à largura da sala, de forma que passavam muitas crianças entre eles, mas eles mantinham o olhar firme.

— Hoje nós vamos fazer o jogo do olhar. Vocês já sabem como é. Vamos fazer duplas, e eu já tô vendo uma pra começar. Senhor Min Seokjung, senhorita Ah Peuro.

— Olha só no que você me meteu, Seokjung — disse Florzinha, fingindo estar brava enquanto se encaminhava para perto dele.

— Sempre estamos em destaque. Porque somos tops.

Assim que Yoongi terminou de designar os pares, o jogo começou. Florzinha e Junggie ficaram sérios e se olhando nos olhos. As regras diziam que deveriam manter os olhares e usá-los como armas na defesa ou ataque, tudo baseado no que estavam vendo do outro lado: era possível atacar se houvesse brechas, se defender caminhando para trás, etc. Só não valia desviar o olhar.

Florzinha viu nos olhos de Junggie uma grande força. Era um olhar firme e direcionado, mas não tinha nada de ameaçador. Ela tentava manter o seu rígido e frio, porém ainda não ousava atacar. Então, ela percebeu ele virando levemente a cabeça. Ela viu, nesse pequeno gesto, um pouco de gentileza: ele não iria atacar, e ela sabia disso. Não era do feitio dele.

Então caberia a ela atacar. Era do feitio dela, sim. E se ele não atacaria, alguém deveria fazê-lo. Pensou em dar o primeiro passo, tentou tornar o olhar um pouco mais furioso, mas não teve coragem. Como poderia, depois do que havia acontecido aos dois?

Assim, seria aquilo, para sempre? Para sempre olhar no fundo dos olhos dele? Não saberia dizer se era bom ou ruim. Mas manteve-se firme, encarando-o por um tempo que depois não soube precisar, mas parecia a eternidade.

Então, ele começou a jogar. Não atacou, mas mostrou presença. Mudou o olhar, sem deixar de manter a essência estável dele. Esboçou um sorriso, mexeu a sobrancelha. “Está me provocando”, pensou Florzinha, e deixou um pouco de dúvida transparecer. De repente, ele mexeu um pouco o rosto, e seu olhar tornou-se mais aberto, parecia um pouco mais próximo, embora ele não tivesse avançado. Parecia dizer algo. Pensando nisso, ela decidiu tornar-se mais atenta, olhando bem dentro daquelas pupilas. Ali, começou um tipo de conexão. Florzinha sentiu que algo tinha mudado; eles estavam compartilhando a mesma sensação. Não havia conforto, mas havia segurança. Segurança para fazer o que era necessário.

Florzinha e Junggie avançaram no mesmo exato momento. Cada um deu um passo seguro em frente, de forma que os rostos deles se colaram. Os dois permaneceram invictos com seus olhares furiosos. Yoongi não conseguiu conter seu queixo: estava no chão. Os dois, no entanto, pareciam alheios a tudo que estava ao redor, como se estivessem em outro mundo. Os olhares permaneciam firmes, focados e atentos.

Florzinha quase se desfez quando encarou os olhos de Junggie naquela distância de apenas alguns centímetros, mas conseguiu se manter. A dificuldade não foi simplesmente pela proximidade, aquilo não era nada; a questão foi o que ela viu. Encarou aquilo por mais tempo que não soube precisar.

— Muito bem… Afastem e abaixem a cabeça — conduziu Yoongi. Eles já estavam acostumados com o exercício, e o fizeram bem. — Se olhem de novo. — Eles se encararam novamente, mantendo a firmeza. — Amigos.

As expressões suavizaram e as crianças começaram a rir levemente. Era o código para o fim da dinâmica. Os irmãos respeitosamente aplaudiram uns aos outros e se curvaram. Era comum, em alguns casos, que os “inimigos” se abraçassem depois, mas ninguém estava esperando que Junggie e Florzinha fizessem isso. No entanto, eles fizeram; abraçaram-se com a maior naturalidade e se curvaram um ao outro antes de voltarem-se para Yoongi, que ainda estava impressionado, mas continuou a aula.

— Ok, pessoal, agora vamos fazer mais um jogo. Como temos duas turmas se misturando, muitos de vocês não se conhecem, então vamos fazer a rodinha.

Os alunos se dispuseram em roda.

— Hoje vamos fazer assim: cada um vai criar três movimentos simples e executá-los sincronizadamente com os três jamos de seu nome. Então, na sua vez você faz o movimento dizendo seu nome, e em seguida todos na roda repetem essa ação, e a vez vai passando pela roda. Isso é importante para a primeira etapa de preparação da nossa performance. Então, vou começar. Min… Yoon… Gi.

Yoongi fez três passos simples com seu nome. Seus filhos o repetiram. A vez passou para a direita e assim sucessivamente.

— Ok, foi um ótimo jogo. Agora, pessoal, nós vamos nos dividir em quatro grupos iguais em quantidade, inclusive em quantidade de meninos e meninas. Vou pedir para quatro meninas tirarem os times, e já de cara vou desfazer uma panelinha sinistra. Florzinha, Jaehwa, Namkyu e Yonok.

— Sacanagem — murmurou Namkyu, indo para o lugar.

— Quem vai escolher primeiro? — perguntou Jaehwa.

— Calma, gente. Nessa primeira rodada, não importa quem vai escolher, porque pode repetir. Nem adianta perguntar “Como assim, apeoji?”, que eu não vou dizer. Apenas escolham um menino.

— Junggie — disse Jaehwa, logo.

— Junggie — Yonok riu, porque já imaginava que ele seria o único escolhido pelas três.

— Junggie — assentiu Namkyu.

Todos olharam para Florzinha. Ninguém imaginava que ela fosse dizer.

— Junggie.

— Ué — Jaehwa não conseguiu conter a surpresa, mas parecia feliz.

Junggie tentou se encolher dentro dele mesmo. Estava morrendo de medo do que aquilo significava.

— Então, vamos tirar no JoKenPo qual time vai ficar com ele? — perguntou Namkyu.

— Não… Nenhum time vai ficar com ele. Vocês acabaram de escolher Junggie para ser o protagonista da performance.

— Quê? — perguntou ele, meio assustado. Não queria essa responsabilidade de cara… E  não queria ser o centro das atenções, não depois da conversa com Florzinha. As meninas também pareciam chocadas. Todas elas queriam Junggie no time delas!

— É isso mesmo. Alguém tem algo contra?

Junggie sentiu vontade de protestar, mas não teve coragem.

— Agora sim, JoKenPo. O resultado vai definir os números dos grupos e, claro, a ordem de quem tira.

Com base nisso, o Grupo 1 ficou com Florzinha, o Grupo 2 ficou com Namkyu, o 3 com Jaehwa e o 4 com Yonok. Elas tiraram os times.

— Bom, — começou Yoongi. — vocês devem estar se perguntando como isso vai funcionar. É o seguinte: a música tem cinco partes. Quatro partes serão divididas entre os grupos e a quinta vai unir todo mundo. A Parte 1 fica por conta do Grupo 1 e assim sucessivamente. Cada um de vocês terá dois ensaios semanais. Nas segundas, ensaia o grupo um. Nas terças, o 2, nas quartas o 3, nas quintas o 4 e na sexta temos um ensaio com todo mundo, onde vamos passar apenas a Parte 5. Nós só vamos juntar tudo mesmo no Ensaio Geral. Junggie, você não precisa estar em todos os ensaios, mas precisa estar sempre nas sextas e escolher mais um dia que você deve tentar variar. Ah, pessoal, tem uma coisa importante que vocês precisam saber: o recital de dança deste ano vai ser muito diferente do normal. Esse ano eu tô muito inspirado e preparei coisas incríveis para serem feitas. Como devem ter notado, meu foco está aqui na turma de vocês, então vamo meter bronca. Eu já disse que essa pode ser a performance clímax do espetáculo, e não é qualquer espetáculo. Sendo bem sincero… Tá, vou falar logo: teremos um palco especial, um palco diferente de tudo que já tivemos, e foi projetado por mim mesmo. Ele vai servir muito bem para esse modelo que estamos montando. Só mais uma coisa: essa música vai ser cantada, e quem vai cantar é o Junggie, nosso protagonista. Como eu disse, vai ser algo grandioso, pessoal. E enfim… Acho que foram todos os anúncios. No mais, galera, ajeitem a escala de vocês e programem as demais atividades em dias fora do que foi programado pelos seus grupos.

 

~

 

— E aí? — perguntou Yonok, cada vez mais curiosa. Parecia ser a parte mais emocionante.

— Bom, quando a gente avançou, meu rosto encostou no dele.

— Aigoo! — murmurou ela, a mais empolgada, embora as outras duas também estivessem em êxtase.

— E como foi olhar tão fundo nos olhos dele? — perguntou Namkyu.

— Ah, incrível, gente… Sério… Tentem imaginar… Olhei bem fundo naqueles olhos, dentro daquelas pupilas pretinhas e ver além delas, onde as estrelas brilham num mar de luz…

— Aigoo, desde quando você é tão poética?

— Não estou sendo poética, Jaehwa, estou só descrevendo o que eu vi.

— Como assim? — perguntou Yonok. — Você não tá querendo dizer que literalmente viu estrelas no olhos do Junggie… tá?

— Sim, eu tô. Literalmente, eu vi o espaço. Junggie literalmente tem constelações nos olhos.


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Notas finais do capítulo

O.o
O que vocês acham que isso significa?
~
AH, DESSA VEZ EU LEMBREI:
Pra vocês conhecerem os atores que eu imagino serem o Junggie e a Florzinha.

>>> Junggie é o Gabriel Palhares, um ator mirim brasileiro com descendência japonesa, que é simplesmente uma fofura. Ele já interpretou um filho de um coreano na novela Geração Brasil, e os dois dançavam juntos em um programa. Ele era chamado de Minishin (o pai era o Shin), o que lembra o nosso Minisuguinha kkkk
https://globoplay.globo.com/v/3715958/ > Link do vídeo deles dançando.
Também tem uma foto muito fófis dele com uma gravatinha coreana, nesse site:
https://odia.ig.com.br/_conteudo/diversao/televisao/2014-07-22/novela-geracao-brasil-lanca-talento-mirim-na-televisao.html

>>> Florzinha é a Na Haeun, uma coreaninha que ficou conhecida pelos covers de dança, e há pouco tempo debutou original.
Link do MV: https://www.youtube.com/watch?v=030ibgnaK54
Tem um menino no MV que super me lembra o Junggie também kkk



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