Bulletproof Grower escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 5
Eu sou especial


Notas iniciais do capítulo

Digamos que a história de fato começa aqui kkkk



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/757101/chapter/5

Min Seokjung levantou da caminha num pulo e saiu correndo pela casa, de pijama mesmo. Já tinha decorado o caminho para o salão que vinha visitando todos os meses no último ano, todas as semanas no últimos mês, todos os dias na última semana. Assim que ele chegou, começou a pular de alegria ao ver que os espectros estavam começando a decorar tudo para a sua tão aguardada primeira festa de aniversário.

Os pais tinham decidido fazer festas de cinco em cinco anos: Aos cinco, aos dez e aos quinze, onde ele teria atingido a maturidade biológica máxima. O fato era que Junggie estava ansiosíssimo por aquele momento, já que via, de vez em quando, os registros das festas anteriores, que ele sempre ouvia falar que eram muito divertidas e especiais; tratavam-se sempre de momentos únicos, coisa que deixava uma criança como Junggie muito curiosa. Como era um “momento único”? Ele não sabia, mas certamente descobriria! Outra coisa que o deixava animado era que, finalmente, poderia entrar oficialmente na Casa Daegu.

A Casa Daegu era, para Junggie, o puro encanto. Para começar, era uma iniciativa de seu pai, inspirada por sua mãe, então estava completamente ligada à sua história. Depois, vinha o fato de ser o único lugar em Omelas onde havia outras crianças com as quais ele podia brincar e interagir, seus irmãos e irmãs. Só que ele geralmente ficava só nos pátios, apenas brincando. No máximo, assistia algum ensaio, coisa que Yoongi evitava, na tentativa de não fazer dele um privilegiado. O que ele mais amava era assistir aos espetáculos, que ficavam cada vez maiores e passaram a ser divididos não apenas pelas alas A e E, mas também pelas habilidades. Havia recital de dança, recital de canto, concerto de orquestras, grandes peças de teatro etc. Além disso, as turmas eram divididas por faixa de idade, além da habilidade. Toda essa mudança não foi apenas para abrigar os cinquenta e poucos novatos dos últimos anos, mas também para que cada turma pudesse mostrar mais de seu desenvolvimento.

Junggie gostava muito das habilidades artísticas que seus pais trabalhavam, que eram canto, rap, piano e principalmente dança, que era sua grande paixão. Yoongi ficou realmente meio chateado por seu filho não gostar tanto de piano, mas sabia que cada um tinha suas particularidades.

Mesmo sem poder ter aulas oficiais em Daegu, Junggie já era ensinado pelos mestres da Casa do Juízo. Jimin e Hoseok o ensinavam a dançar, o que os tornou próximos, de certa forma. Sua própria mãe também o ajudava muito nessa parte, de forma que ele tinha três professores incríveis. Talvez por isso tanta paixão; havia muito mais dançarinos do que pianistas em casa, e ele se inspirava muito em suas referências.

Ele tinha aulas com todo o Juízo, assim como sua mãe tivera; até mesmo as moças, como Michung e Géssyca o ensinavam coisas, como vocal e linguagem musical. Ele tinha muito carinho pelos juízes, muito carinho por seus pais, que lhe eram muito caros, mas ninguém conseguia superar a pessoa mais especial para ele: sua avó.

Yumi era a única pessoa que não ensinava nada para Junggie. Na época de Sunghee, ela ensinava mais coisas do mundo feminino, na época em que era a única ajumma da casa e a única que poderia fazê-lo; era coisa de que Junggie não precisava, então eles usavam aquele tempo para o que quer que fosse, que era sempre muito espontâneo. Ela contava histórias do passado, mas não como uma típica vozinha; era mais como uma fofoca de refeitório de escola, o que divertia muito Junggie. Eles passeavam muito no jardim, brincavam de coisas quaisquer, e tudo o que mais encantava Junggie em sua avó era seu poder. Ah, digam vocês, não gostariam de ter uma avó chimaera?

Claro, eram os bichinhos que tornavam aquelas brincadeiras tão divertidas. Cada dia, um animal diferente, mas ele sempre soube que ela não era um animal qualquer. Era um animal com o qual ele sempre poderia contar. Ela costumava aconselhá-lo quando estava em forma de raposa, coisa que ele amava ouvir. Encantava-se com a sabedoria dela, que não era aquela sabedoria de Namjoon, do tipo “trezentos e vinte ao cubo”. Era uma sabedoria tão prática, tão humana, tão visível, quase palpável.

O que encantava Junggie não era o simples fato de estar com uma raposa. Era o fato de estar com uma mulher que tanto lhe inspirava, que era sua avó, e que ela lhe dizia coisas incríveis sem estar maior do que ele. Ela sempre fazia questão de se transformar em animais pequenos que ele pudesse segurar e abraçar como se não fosse alguém mais velha que ele.

Junggie desceu correndo as escadas quando viu a raposa passeando pelo salão, dando algumas ordens.

— Halmeoni!

Ela olhou para ele e sorriu. Já estava acostumada a receber abraços repentinos e fortes.

— Oi, meu menino! — disse ela, feliz, correspondendo ao abraço daquela forma de raposa. — Está ansioso por hoje?

— Mas que pergunta, halmeoni, é claro que sim! Esperei por isso a morte toda. — Ele olhou ao redor, encantado. — Está tudo tão legal!

Ela riu.

— É só o começo, grande. Estará ainda mais brilhante à noite.

— Junggie! — chamou Sunghee, descendo as escadas. — Sabia que ia vazar pra cá…

— Eu também, por isso estou aqui — confessou Yumi.

— É, eomeoni, mas esse menino é tão curioso… Por acaso quer atrapalhar os preparativos pra sua festa, é?

— Claro que não, eomeoni! Eu só vim ver como estão as coisas…

— Sei. E seus ajussis estão esperando para o último ensaio.

— Ah, não dá ruim não, essa coreografia tá no meu sangue! — disse ele, correndo para cima.

— Tá sim, grande! — garantiu Yumi, rindo. Sunghee também conteve o sorriso.

— É lindo como ele carrega tanta história — comentou ela, enquanto o filho sumia.

— E é lindo como ele se orgulha disso tudo.

 

~

 

— Vocês estão realmente animados? — perguntou ela, se sentando.

— Fala sério, Florzinha, você é a única que não gosta do nosso irmão.

Seu irmão, Jaehwa. Ele não é meu irmão.

— Tem alguma coisa que não bate, então — insistiu outra menina. — Nós somos filhas de Yoongi e Sunghee, ele também, se você é nossa irmã e não é irmã dele…?

— Aí que tá. Vocês estão se iludindo ao considerá-lo irmão.

— Ou você tá se iludindo em não considerá-lo — disse outra. Eram quatro meninas, ao todo.

— Yonok, eu já expliquei meu ponto de vista e não vou mudá-lo.

— Parem! — pediu Namkyu, olhando para o pé da escadaria, onde estavam os pais delas. — Olhem. Parece que vai começar!

As quatro se atentaram. Sunghee e Yoongi fizeram um discurso sobre o nascimento e crescimento de Seokjung, o “Pequeno Príncipe”, coisa que Peuro achou uma chatice. Só prestou atenção quando ouviu falar sobre “performance”. Aparentemente, Seokjung iria “debutar” com uma performance de dança junto aos seus ajussis. Peuro já conseguia ver Jimin-ajussi e Hoseok-ajussi em extremidades diferentes do que parecia ser o palco, uma área sem mesas ao pé da escadaria.

— Que coisa. Ele não frequenta a Casa Daegu, mas tem os mesmos mestres.

— Só me falta você querer que ele não tenha aula com os próprios ajussis — reclamou Namkyu.

Peuro não respondeu. Continuou prestando atenção no momento em que Yoongi anunciava a entrada dele com toda aquela pompa que ela odiava.

— O mais novo herdeiro do Juízo, o segundo crescente, a terceira geração do poder de Omelas. Min Seokjung!

O menino apareceu. Até que era bonitinho, coisa que Flor não ousou admitir nem em sua expressão. Ele estava usando uma roupa parecida com a do pequeno príncipe, aquela verde. Ela teve vontade de rir, sempre achou ridículo aquele macacão verde com o cachecol amarelo esvoaçante. No entanto, percebeu que as outras três pareciam encantadas, como sempre, e revirou os olhos.

— Não é possível.

Junggie desceu em sua pequeneza e elegância, sendo observado por todos. O sorriso era radiante, não por toda aquela atenção, mas por finalmente estar entrando em sua festa, a primeira festa em que entrava na existência inteira.

No fim da escada, foi recebido por seus pais, que o abraçaram. Depois, foi para o centro do palco encontrar-se com os ajussis. Os três se cumprimentaram curvando-se e se prepararam para começar a performance, de costas.

— É o que eu tô pensando? — perguntou Peuro.

Realmente, seu palpite estava certo: Boy In Luv. Ela não conhecia a história muito bem, mas sabia que tudo tinha começado com aquela música e que ela envolvia seus avós maternos e rosas vermelhas. “Bem a ver com o Pequeno Príncipe”, pensou, entediada.

— Vocês realmente não acham um absurdo que ele já saiba dançar? Ele não deveria aprender em Daegu, com cinco anos?

— Ele tem talento — reconheceu Jaehwa, sorridente, ignorando as reclamações de Peuro.

— Hum… Nem tanto. Vocês dançam muito melhor que ele. Qualquer uma de nós.

— Tenho minhas dúvidas, diria que está equiparado.

— Vamos testar então, Yonok! — disse Flor, puxando a irmã, que logo fez uma careta de desespero.

— O quê? Não quer que a gente entre na performance do menino, quer?

— Quase isso. Ele precisa entender que não é o único dançarino desta ilha. Não é a estrela que todo mundo pensa.

 

~

 

Seokjung, Hoseok e Jimin dançaram normalmente até o fim do primeiro refrão, mas Jimin já estava preocupado com o que aconteceria. Do nada, a música começou a mudar sutilmente. Boy In Luv foi abaixando o volume enquanto uma segunda música aumentava, o que deixou o pequeno um tanto confuso. Mesmo assim, ele só parou de dançar quando viu as três meninas chegando.

Yoongi ficou de queixo caído quando percebeu o que estava acontecendo. Quis ter notado antes para impedir, mas àquela altura podia apenas assistir. Logo, Junggie olhou para ele levemente desesperado, mas Yoongi sorriu.

“Curte”, desenhou ele com os lábios. Junggie voltou a atenção para as meninas. Já as tinha visto pelos pátios e palcos, eram suas irmãs. Elas estavam dançando a primeira parte de Baepsae. Aquela da frente, ele já tinha visto-a muitas vezes, ela era uma das filhas mais queridas de seu pai. Ela era especial, realmente. E dançava bem, coisa que ele já tinha notado de alguns espetáculos. Quando a primeira parte dela estava acabando, ele olhou para seu pai, que agora estava perto do som. O olhar dele foi o suficiente para que o príncipe entendesse que sua vez estava voltando. Então, olhou para seu tio-avô, que estava ali perto para lhe jogar a rosa, peça tão importante naquela performance. A rosa era mágica, também era um tipo de microfone e propagou a voz de Junggie quando ele cantou a ponte. Florzinha o observou mantendo seu olhar afiado. No high note, ele a ofereceu a flor, mas já imaginava que ela fosse recusar. Com isso, jogou-a longe e se preparou para o final.

Como foi o final? Bom, Yoongi colocou as duas músicas juntas no mesmo beat e os dois grupos dançaram juntos, no mesmo ritmo, com aquela pontinha de desafio. Jaehwa observava aquilo indignada. Deveria ser o momento de Junggie, não de Flor. Já Yoongi estava atento a cada detalhe, como se assistisse à final da Copa do Mundo.

 

~

 

— Ainda bem que eles não são da mesma turma — comentou Sunghee com Yoongi quando a festa voltou ao normal.

— AINDA não.

— Como assim? — perguntou ela, preocupada.

— Pretendo unificar os trabalhos das turmas masculina e feminina esse ano.

— E o que você quer com isso? Que seus filhos entrem em guerra?

— Basicamente. Eu vejo que há uma competição clara entre eles, e é isso que vai incentivá-los ao esforço para superar um ao outro. Assim, a evolução deles será potencialmente elevada.

— Você sabe que isso é uma combinação explosiva, né?

— Sim! Uma combinação explosiva… Que vai culminar em uma explosão de talento puro!

— Espero que você esteja certo. Não quero nossos filhos brigando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Já viram que isso vai ser bom, né? kkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bulletproof Grower" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.