Bulletproof Grower escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 4
O Pequeno Príncipe


Notas iniciais do capítulo

Já estão prontos pra conhecer o Junggie?
Sim, é agora! Eu disse que não ia demorar kkkk



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Yoongi quase teve um arrepio na espinha, mas sua sogra maravilhosa acabou tranquilizando-o.

— Eu duvido, Jeon Jungkook. Não tem como alguém ser mais neurótico que você, e se tiver alguém que chegue perto, não é o Yoongi Oppa.

— Nossa, você fala como se eu fosse um péssimo pai.

— Não foi um péssimo pai, amor, só deu alguns vacilos desnecessários, mas ninguém é perfeito.

— Sem querer me meter, mas já me metendo — disse o líder Namjoon — acho que já deu desse papinho. Não temos que ficar comparando Jungkook e Yoongi como pais, isso só pode acabar gerando outro problema do qual não precisamos. Gente, fala sério. Vamos ter outro bebê, que tal simplesmente celebrar?

 

~

 

No geral, Jungkook ficava realmente apavorado com a tranquilidade de Yoongi, mas tentava disfarçar por saber que ele era o exagerado da história. Jungkook costumava tratar Yumi como se fosse de açúcar quando ela estava grávida. Já Yoongi tratava Sunghee normalmente e não via problema em tomar algumas atitudes que Jungkook considerava extremamente perigosas, como dançar. Apesar de toda a preocupação de Jungkook, nenhuma dessas atividades impediu que sua filha tivesse uma gravidez tranquila. Ela entendia que Yoongi estava ajudando-a de alguma forma, estando ao lado dela. Ele não a tratava como se fosse de açúcar, não a acompanhava pra cima e pra baixo, mas também não deixava de separar uma parte do dia só para ela, só para dedicar-lhe uma massagem nos pés, uma conversa sobre o futuro ou, simplesmente, sua companhia paterna, onde ele se deixava acariciar a barriga dela e rir como bobo, transbordando que, sim, ele estava emocionado com aquele milagre.

No dia do parto, também ocorreu tudo como planejado. Os meninos ficaram em uma sala ao lado, prontos para dar todo o suporte a Jin na cura contínua, enquanto as meninas e algumas das mães-sem-filho ficaram ajudando Sunghee.

Yoongi estava 100% concentrado em sua tarefa, embora estivesse, de fato, um pouco nervoso com aquilo tudo. Jungkook vez ou outra perguntava como ele conseguia não estar em pânico. Ele só respondia dando de ombros. Ele estava preocupado, sim, mas sabia que era mais importante exercer sua função com calma para que tudo desse certo no final. Inevitavelmente, Jungkook acabou percebendo que as mãos de Yoongi estavam tremendo um pouco e, sem mais nem menos, começou a gargalhar dele, como se fosse um grande mico para alguém tão durão deixar sua fragilidade aparecer. Yoongi tomou a decisão mais sábia: ignorou-o completamente.

Ficar pensando no que estava acontecendo do outro lado o deixava aflito, então ele se focou em outra coisa: Seokjung tinha mais de 350 irmãos adotivos que estavam na expectativa para finalmente conhecê-lo. Era apaixonante observar o comportamento das crianças, sempre fazendo perguntas sobre como seria e, a parte mais engraçada, inventando situações futuras como “ele vai ser pianista como o papai” ou “ele vai ser fotócino como a mamãe”. Tudo era muito novo para eles. Afinal, muitos ali já existiam havia décadas, viam os irmãos chegarem e alguns irem embora, mas era a primeira vez que teriam um bebê, que o veriam crescer. Florzinha ficava sempre feliz ao receber notícias. Ele se lembrava de quando tinha contado a ela. No começo, ela achou que fosse brincadeira, mas ficou toda animada.

— Então é por isso que está trazendo todas as coisas?

— Sim, filha. Quero refazer o quarto todo para ser o quarto do seu irmão. Exatamente como era. Faltam poucas coisas, agora.

— E como fez isso?

— Eu fui atrás de algumas fotos tiradas nesse quarto e as usei de referência para recolher as coisas lá em casa. Trouxe tudo pra cá e fui montando.

— Sozinho? — ela parecia espantada.

— Foi, ué.

— Por que ninguém te ajuda?

— Ninguém sabe. Quer dizer, só o Jimin Ajussi, mas… Eu acho que prefiro fazer isso sozinho. Afinal, esse é o meu filho, não do Jimin. Eu cuidei de cada detalhe, flor.

— Isso é muito bonito. Então… — ela ergueu o móbile. — Deve querer colocar isso.

Yoongi riu.

— Pode colocar, se quiser. Você é a irmã dele, não é?

— Sim.

— E este é um móbile que você tem admirado. Você o cedeu.

Flor deu de ombros.

— Bom… Você fez isso tudo para ele. Esta aqui é a minha contribuição. Meu primeiro presente para o meu irmão.

Yoongi sorriu, meio emocionado. Tudo bem que ele tinha muitas crianças, mas Ah Peuro sempre fora das mais especiais. Diferente de todas as outras crianças que simplesmente chegavam, ela havia conquistado seu lugar na Casa Daegu.

O choro agudo interrompeu suas lembranças, ao mesmo tempo em que a tensão em Jin sumia. Como esperava-se, ele desmaiou ali mesmo, enquanto os outros o amparavam. Deitaram-no na poltrona ali ao lado.

Passaram-se alguns minutos enquanto os dois lados se estabilizavam, até que finalmente chamaram Yoongi para o outro quarto. Ele estava a caminho quando Jungkook deu dois tapinhas em seu ombro, chamando sua atenção. Ele olhou e viu a mão do mais velho estendida; segurou-a.

— Vai que é tua.

Yoongi riu. Sabia que Jungkook queria dizer muitas coisas que não conseguia dizer com palavras, mas seus olhos, seu sorriso esboçado, a força de seu aperto de mão e até mesmo a energia que corria ali eram suficientes para traduzir. Mesmo com tantas brincadeiras, tanto desespero, tanta coisa que parecia oposição naqueles últimos tempos, não havia oposição alguma. Jungkook confiava em Yoongi, confiava que ele seria um bom pai e, de alguma forma, lhe passava o bastão. Era a vez dele, e isso não era nenhum castigo; era um milagre.

O mais novo quis dizer mais alguma coisa ao hyung, mas estava ansioso demais para conhecer seu filho, então simplesmente foi.

Seokjung estava nos braços da Seohyun Ajumma, que terminava de enrolá-lo na mantinha e vinha caminhando bem lentamente em sua direção, apenas para indicar que ele poderia pegá-lo.

— Cuidado, as asas ainda são muito frágeis — conduziu ela na passagem.

Yoongi teve todo o cuidado ao pegar aquele bebê, como se fosse feito de açúcar (agora sim). Olhou para aquela coisa miúda, sentiu seu peso levíssimo e assistiu àqueles movimentos irregulares e sem direção. Por um momento, imaginou como seria quando ele aprendesse a dançar — e aprenderia, nem que fosse na marra — e aqueles momentos estivessem definidos e precisos. Por enquanto, não importava. Ele era apenas um bebê, uma nova vida-morta, a coisa mais mágica que Yoongi poderia presenciar. Ele era tão pequeno, seus olhos nem estavam abertos ainda, ele só tinha uns fiapos na cabeça e era todo enrugadinho… E ele se mexia. Yoongi nunca diria que ele estava morto. Havia um pequeno pedaço de milagre se movendo minuciosamente em seus braços. Era simplesmente a coisa mais linda. E ele o observou, completamente encantado, tentando entender como era possível. Primeiro, como era possível aquele ser tão incrível existir. Segundo, como era possível amar tanto alguém que tinha acabado de conhecer. Ele se lembrou de quando Sunghee nascera, de quando a pegara no colo e simplesmente soube que estava perdido. Ali, Yoongi soube: ele tinha muita sorte por ter recebido aquele presente. Tinha sorte por ter uma esposa tão incrível e agora, finalmente, o sangue do seu sangue. Depois de 350 crianças emprestadas que ele amava e chamava de suas, ele tinha um minisuguinha de verdade. A mistura perfeita entre ele e o amor da sua morte. Ele era o cara mais sortudo do mundo, ele tinha a família mais incrível do mundo, e não importava mais que ele chorasse, não tinha como esconder, nem por que esconder, que ele estava completamente tocado.

— ALOU, papai, a mamãe também quer ver o Junggie, tá?

— Desculpa, bae — disse ele, com a voz meio afetada pela emoção e pelas finas lágrimas que ele tinha deixado cair, enquanto se encaminhava lentamente para sentar ao lado de sua esposa na cama e lhe entregar Seokjung.

Ah, ele não queria entregar, mas sabia que não podia ficar com a felicidade toda para ele. Então, deixou o bebê cuidadosamente nos braços da mãe. Sunghee o pegou com uma mistura. Ao mesmo tempo em que estava muito ansiosa, sua expressão entregava que ela tinha medo de não ser cuidadosa o suficiente. Já tinha visto seu tamanho, e ele era fofamente pequeno. Quando o segurou, notou que ele era fofamente leve.

— Oi, Junggie! — disse ela, delicadamente, e pôs-se a rir.

Ela estava imensuravelmente feliz. Depois de tanta espera, finalmente podia ter seu filho nos braços, e estava encantada com ele. Encantada com como ele era pequeno e fofo. Pequeno, mas cresceria. Ele era um crescente, e eles dois eram os únicos crescentes de que se tinham notícias. Duas exceções, dois milagres, dois seres especiais. Ela havia crescido, e ele iria crescer; ela podia ver que ele seria incrível.

No fundo, ela queria rir, mas obrigou-se a ignorar Yoongi enxugando as lágrimas que haviam caído. Não era justo caçoar dele, ela estava verdadeiramente emocionada com o fato de ele ter chorado naquele momento tão especial.

— Ele é a sua cara — disse ela.

— Credo, amor, coitado do menino! Ele é a sua cara!

Sunghee riu. Sabia que Yoongi estava brincando, e mesmo assim teve vontade de discutir sobre a beleza dele.

— Ele é um príncipe — ela mudou o discurso, o que queria dizer que Yoongi era um príncipe.

— É sim — dessa vez, ele concordou. — Nosso Pequeno Príncipe.

Sunghee olhou para Yoongi de repente, impressionada. Ela não achou que a associação entre seu filho e um personagem clássico da literatura, tal como ela e Alice, aconteceria de forma não natural. Ela amava ser Alice a partir de seu mestre Namjoon, e agora Min Seokjung também faria sua própria história.

 

~

 

Os Juízes ficaram doidos ao conhecer o novo herdeiro. Vovô Jungkook ficou todo bobinho. Jimin riu um pouco do fato de Yoongi ter chorado, mas não como uma piada; estava feliz por ele estar se entregando àquele novo sentimento.

Três dias depois, Yoongi e Sunghee levaram o recém-nascido Junggie para conhecer seus irmãos adotivos. Ele foi colocado em uma sala vazia da Casa Daegu, e as crianças entravam em suas respectivas turmas, cada turma de uma vez, para não bagunçar. Lá dentro, eles viam o irmão e conversavam um pouco com os pais sobre ele.

Yoongi estava ansioso pela turma de Dança Feminina 5. Não se engane pelo número 5, eram a turma mais nova; afinal, a Casa Daegu só aceitava crianças a partir de cinco anos. Dessa forma, elas não demoraram a chegar. Era a turma de Florzinha. Durante os nove meses, ele tinha percebido alguma expectativa nas crianças, mas principalmente nela. No entanto, a reação de Florzinha não foi bem o que ele estava esperando.

A menina chegou com a sua turma, timidamente mais atrás. Ele percebeu como ela estava e a chamou para mais perto. Ela foi, até, e olhou o irmão, mas não esboçou nenhuma reação nítida. Depois de poucos segundos ela assentiu e se afastou para a janela, enquanto as outras meninas da turma continuavam encantadas com Junggie.

Yoongi olhou para Sunghee, um pouco surpreso e levemente chateado pela frieza inesperada dela. Eles não precisaram trocar palavras para que ele entendesse que deveria falar com ela naquele momento, enquanto Sunny continuava com Junggie as outras filhas.

— Flor? — Yoongi chegou aos poucos, com a voz mansa. — Podemos conversar?

Ela continuou olhando a janela com a expressão fechada. Yoongi já fora frio daquela maneira, então sabia reconhecer que “não se afastar” era, provavelmente, um sim.

— Aconteceu alguma coisa com você? Eu achei que estivesse… animada para conhecê-lo.

— Eu estava. Mas agora eu vejo que ele não é meu irmão.

Yoongi tentou fingir que não estava chocado.

— Como assim?

— Ele é totalmente diferente de nós. Totalmente especial. Porque ele é um bebê, é um crescente e… ele é seu filho de verdade. Tem seu sangue. Ao contrário de nós.

O coração de Yoongi começou a se apertar.

— Está dizendo isso porque ele está tendo uma apresentação, e ninguém mais teve?

— Não é só por isso, Suga — ouvir “Suga” em vez de “pai” foi uma agulhada. — Isso foi só o que me fez ver que ninguém em Daegu será tão importante quanto ele. A apresentação é só um privilégio, e nem é o primeiro. Um quarto lindo na Casa do Juízo, uma família de verdade. Ele vai crescer e ter coisas que nós nunca teremos. Ele é mesmo um príncipe. E eu… Sou só uma flor qualquer em um jardim com muitas flores iguais.

— Ah, não. Você sabe muito bem que não é só mais uma. São 350 crianças nessa casa, e eu tento distribuir atenção. Claro que nunca vou conseguir ser presente para todos, mas eu nunca deixei de ser presente pra você, deixei? Mesmo quando você nem era de Daegu, sempre foi a mais importante. Não foi, Peuro?

— Sim — admitiu ela.

— Isso não é à toa. Você é especial, e isso é fato. Então me diga o que você quer que eu faça. Quer que eu jogue o Junggie da janela por acaso?

Ela conseguiu rir um pouco.

— Claro que não, pai, que horror.

Ele sorriu.

— É, eu não vou fazer isso. Você está certa, ele é meu filho “de verdade”, mas isso não diminui vocês como meus filhos, muito menos torna vocês órfãos novamente.

— Você nos procurou quando não tinha ninguém. Você também era meio órfão, e agora tem uma família.

— Faz muito tempo que eu tenho uma família, Flor, e nem por isso eu deixei vocês. Eu fiz vocês serem parte da família, e é por isso que eu trouxe o Junggie para conhecer vocês, irmãos e irmãs dele. Exclusividade seria se eu o deixasse trancado nos privilégios da Casa do Juízo, né não?

— É, acho que sim.

— Então. Ele vai ter coisas a mais, isso é óbvio. Não dá pra ignorar que ele é especial, mas você também é, Florzinha. Sempre foi. E vai continuar sendo.


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Notas finais do capítulo

Já viram a treta, né?



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