Bulletproof Grower escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 21
Sangue legítimo


Notas iniciais do capítulo

Nossa, tem tempo que eu não apareço por aqui, né?
Bom, troca de período na faculdade, a preparação de uma temporada no Teatro de Bolso e os próprios três dias de espetáculo. Isso sem contar os assuntos capoperos, ou seja, meu grupo cover em um intensivão pesado.
Agora, acredito que tudo volte a ficar suave para mim, mas não para Junggie. Esse capítulo tá cheio de emoção...



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No dia seguinte, os preparativos para a festa de Junggie continuaram a mil. O Juízo permanecia dividido entre isso, julgamentos e ações na Casa Daegu. Com a ajuda de Yoongi, que agora estava presente, ficou um pouco mais fácil, mas ele ficou sem tempo para dar atenção a Minji, que ficou por conta de Junggie a maior parte do tempo, em alguma das casas. Em alguns momentos, Yoongi conseguiu algum tempo para conversar a sós com ela, mas não foi nada relevante.

Em uma das conversas com Junggie, Minji confidenciou.

— Sabe, Junggie… Eu queria passar mais tempo com seu pai.

— Conte-me mais sobre isso.

— Ah, você sabe, eu estou aqui temporariamente. Depois da sua festa, eu vou embora, então só tenho esse tempo para estar com Agust depois de tantos anos.

— Mas ele tem estado muito ocupado. Eu imagino como você deve estar decepcionada.

— É. Eu sempre imaginei que, quando morresse, poderia revê-lo e voltar aos bons e velhos tempos, mas… Tudo é muito diferente agora.

— Bom… Ele suspendeu algumas atividades em Daegu para dar conta da festa, mas hoje ele vai dar aula de dança para a minha turma. Quer vir comigo? Sei que não é como você pensou, mas...

— Seria ótimo! Na verdade, eu não sei o que fazer. Quando temos tempo, apenas conversamos, é meio… monótono, até constrangedor, dependendo do assunto. Não temos assunto, aliás, não nos vemos há tanto tempo…

Junggie pensou sobre ele e Florzinha, sobre a distância, sobre como conseguiam aproveitar o tempo juntos fazendo coisas diferentes.

— É, nesse caso, acho que será bem interessante para você. Vai vê-lo em ação, acho que nunca viu isso antes, certo?

— Certo.

— Então! Ele é incrível dando aula. Acho que é bem diferente da época da infância de vocês, mas… É muito ele. Acho que é o cara que você precisa reencontrar.

 

~

 

Junggie providenciou uma roupa de treino de dança para Minji e levou-a para uma das salas de dança. Alguns meninos já haviam chegado e estavam conversando em grupos enquanto começavam a mexer um pouco os corpos, já que o professor ainda não estava ali.

— Cadê o appa, Junggie? — perguntou um dos meninos.

— Não sei. Está atrasado, deve estar saindo de um julgamento ou algo assim. Mas vamos começar a alongar, gente.

De fato, os meninos começaram a fazê-lo, sem nenhuma orientação. Mexiam-se de acordo com a necessidade do corpo, em grupos, duplas e até sozinhos. Percebendo que Minji estava deslocada, Junggie foi ajudando-a. Mal percebeu quando aquele garoto com quem discutira alguns anos atrás chegou e começou a observá-los.

— Uau, Seokjung, até que enfim encontrou uma garota do seu tamanho!

Junggie fechou os olhos e respirou fundo. Não conseguia acreditar que ele ainda estava com aquele papo chato. Virou-se para ele fingindo gentileza.

— Não vai apresentar sua namoradinha? — perguntou o outro, brincalhão.

— Ela não é minha namorada, é nossa tia, seu idiota!

— Aigoo, que violência! — disse ele, fingindo estar com medo. — Então essa é a famosa Jeon Minji? É, Junggie, você não brinca em serviço. Primeiro, cata a filha querida que tem metade do seu tamanho, e agora a irmã da infância do papai?

O menino e mais dois que estavam com ele começaram a gargalhar. Junggie fechou bem a mão e deu um riso forçado. Ouvir aquilo era muito pior na presença de Minji.

— É melhor você calar a boca, cara.

— Por quê? Vai fazer o quê? Chamar sua avozinha querida?

— Resolvo meus problemas sozinho.

— Afinal, “sozinho” é a palavra que melhor te define desde que ela foi embora, né?

A paciência de Junggie chegou ao fim. A mão já fechada voou de uma vez só na cara do irmão, fazendo algumas pessoas que já assistiam ao conflito (inclusive Minji) gritarem. O garoto virou e quase caiu no chão. Riu debochadamente enquanto virava o rosto de volta para Junggie.

— Vou arrancar seu sangue legítimo!

O garoto empurrou Junggie para a parede e segurou sua camisa, prendendo-o ali antes de dar um soco em seu nariz. Ao redor, os meninos gritavam, alguns tentando separar, outros incentivando. Junggie tentou se desvencilhar dele, mas levou outro soco. Decidiu apelar: concentrou o brilho das estrelas da sua alma e direcionou um raio de luz para seu inimigo. Ele gritou e foi para trás com as mãos nos olhos ardendo. Junggie socou sua barriga, fazendo seu tronco se curvar para frente, e deu uma cotovelada forte em suas costas, derrubando-o no chão de bruços. Colocando-se sobre ele e valendo-se das aulas de taekwondo de Jimin, rapidamente o imobilizou. No entanto, logo em seguida, sentiu alguém segurando-o e afastando-o da situação, e tentou se desvencilhar.

— Calma! — gritou Minji, ainda segurando-o.

O outro garoto se levantou e ameaçou avançar, mas alguns meninos o seguraram pelos braços.

— Calma, Junggie — insistiu Minji, já que ele ainda estava nervoso em seus braços.

Os dois pareciam estar com a energia total para atacar. Só uma coisa foi capaz de fazê-los parar.

— Já acabaram? — perguntou Yoongi na porta, sem parecer estar muito satisfeito.

Todos os meninos olharam para ele e tentaram parecer inocentes. Os que lutavam, ainda presos, pararam de querer brigar e foram soltos. Ao contrário do último incidente envolvendo os dois, Yoongi não parecia triste ou decepcionado. Estava realmente irritado.

— Eu não acredito que vocês estão realmente brigando como duas criancinhas! Quem começou?

Os meninos apontaram para Junggie. Yoongi ficou olhando para ele como se olhasse para um criminoso.

— Aula cancelada — disse ele, enquanto andava em direção a Junggie e segurava o braço dele. — Vamos pra casa. — Com o olhar, indicou que Minji deveria ir junto.

Junggie foi levado pelo braço até o hall de entrada da Casa do Juízo. Minji queria interceder por ele, já que ele tinha sua razão, mas sentiu que não devia. Afinal, era só uma hóspede.

— Tô esperando a explicação — disse Yoongi.

— Ele me ofendeu. Ofendeu Minji, ofendeu Florzinha, ofendeu você, ofendeu até a minha avó. Quando cansei de ouvir, dei um soco nele, e aí ele disse… — Junggie riu enquanto limpava o nariz manchado. — Disse que iria arrancar meu sangue legítimo.

— Você é igual a seu pai — comentou Minji, de repente.

— Por quê? — perguntou Junggie.

— Ele costumava brigar com alguns meninos idiotas que implicavam comigo por eu ser hipoglicêmica.

— É — concordou Yoongi, depois de pensar um pouco. — É igual a seu pai. Vem, vamos te levar pro Jin. — Eles começaram a andar. — E eu vou expulsar ele.

— Não — pediu Junggie. — Espera mais alguns dias.

— Você quer mesmo esse cara na sua festa? — perguntou Minji.

— Muito. Ele tem que ver uma coisinha.

 

~

 

Junggie acordou todo animado, apesar de a ansiedade nem ter dado a ele uma noite de sono muito boa. Muita coisa para resolver ainda, e tudo teria que estar pronto até as cinco, quando todo mundo começaria a se arrumar. Ele colocou a mão na massa para resolver os últimos detalhes de sua última festa, garantindo que tudo fosse perfeito. Estava com a mãe ajeitando a iluminação quando ela resolveu dar uma pausa.

— Junggie, vamos conversar um pouco.

— Agora? — perguntou ele, estranhando. Estavam no meio da preparação, e ele estava com medo de não dar tempo.

— Sim — disse ela, já guiando-o pelos ombros a uma das mesas de convidados. Junggie sentou.

— Que horas vamos colocar as louças? — perguntou, olhando para a toalha que era a única coisa sobre a mesa. — E os arranjos?

— Os espectros vão cuidar disso. Junggie, olha pra mim. — Sunghee teve que conduzir o olhar de Junggie pelo queixo. — Hoje é um dia muito especial e blá blá blá… Não estou falando pela festa, nem para fazer o papel de mãe emotiva, nada disso. Estou falando sobre sermos crescentes. Agora, não somos mais, certo? Bom, e daí?, você deve pensar. Enquanto eu crescia, me disseram que eu estaria livre para tomar minhas próprias decisões aos quinze anos. Não foi bem o que aconteceu, mas não vem ao caso. Garanto que você terá, sim, sua autonomia a partir de hoje, ao contrário de mim.

— Não tô entendendo.

— Eu tô falando essas coisas porque… Foi na minha festa de 15 que eu beijei seu pai de verdade pela primeira vez. Eu o tinha escolhido para fazer comigo a performance principal da noite, mas sinceramente, eu não imaginava que fosse dar nisso. Ele sempre foi muito especial para mim, desde que começou a me ensinar piano, e fomos nos aproximando ao longo dos anos… Mas foi quando começamos a preparar aquela performance que eu realmente descobri quem ele era de verdade, e descobri o quanto ele realmente significava para mim. O que eu quero dizer é que este não é apenas um momento de estagnação do crescimento. É um momento de descoberta, um momento de decisão. Não tenha medo de seguir seu coração hoje, filho. Não importa o que aconteça. Nós estaremos do seu lado.

Junggie sorriu e segurou firme a mão da mãe. Ele não entendia muito bem o que ela falava naquele momento, mas sentia que saberia muito em breve. Então, agradeceu.

— Muito obrigado, eomma.

Junggie não deixou de pensar em Florzinha. Naquele momento, ela era para ele exatamente o que seu pai havia sido para sua mãe. Partner da grande performance da noite, escondendo um sentimento que ninguém sabia se poderia ser revelado. O que ela falava poderia ser em relação ao que ele sentia por ela: algo antigo, porém velado.

Ele estava revoltado. Queria que ela estivesse ali. Primeiro, porque seria incrível ter alguém tão especial ao seu lado em um dia tão especial. Segundo, porque a grande performance da noite não tinha sido passada na real nem sequer uma vez pelos verdadeiros performers. Florzinha só tinha treinado com Yoongi, e Junggie com Sunghee e Namkyu. Esta, aliás, só entrou nos ensaios depois de Junggie muito reclamar da diferença de altura entre Sunghee, com quem estava ensaiando, e Florzinha, com quem realmente dançaria. Para ajudar nesse ponto, pediram que Namkyu também ensaiasse. O tal espetáculo que Apolo estava preparando continuava sendo a justificativa para a pequena chegar só mais tarde.

Junggie estava na esperança de, ao menos, vê-la antes do grande momento, mas, como sempre, a carruagem solar só chegou às seis, com o pôr-do-sol. A essa hora, Junggie já estava se arrumando em seu quarto.

Às sete, os convidados começaram a chegar e se acomodar às mesas já com as louças habilmente dispostas pelos espectros. Yoongi e Sunghee cuidaram da recepção enquanto os espectros serviam as entradas. Géssyca e Taehyung estavam cuidando da música: ela garantindo a afinação dos instrumentos das crianças de Daegu e ele dando a última checada na aparelhagem do DJ (ele mesmo). Jin começou a festa na cozinha, fiscalizando se os espectros estavam conseguindo entender as indicações nas bandejas. Yumi e Jimin haviam sido escalados para apoiar no camarim de Junggie, enquanto Nana e Seohyun ajudavam a dar conta de Florzinha. Os outros juízes já estavam aproveitando a festa, cumprimentando convidados conhecidos e (por que não?), começando a se empanturrar de folhados.

Minji era a mais deslocada do povo todo, já que a família Min estava ocupada, mas encontrou uma companhia nada convencional: Jeon Jungkook, que parecia tão deslocado quanto ela. Afinal, Jungkook não era ninguém sem sua Yumi. No começo, foi bem desconfortável, porque a única pergunta que Jungkook conseguiu pensar foi “Como tá o seu marido?”, ao que ela provavelmente responderia “Aquele que te matou? Tá bem, obrigada”. Já Minji só conseguiu pensar em conversar sobre a filha dele, que ela suspeitava que a odiava. Em vez disso, eles começaram a conversar sobre a festa, a música, a decoração, os convidados e tudo o mais. Para desespero de Jungkook, no meio do nada, Nana apareceu pedindo alguma ajuda no camarim feminino, já que o “atraso” de Florzinha tinha deixado a situação um pouco caótica. Meio sem saber o que fazer, ela foi, e Jungkook ficou só comendo até Namjoon aparecer com os mesmos assuntos.

Depois de algum tempo, Yumi e Jimin desceram, para o alívio de Jungkook.

— Ele está pronto — disse Yumi, satisfeita.

— Pelo que tô sabendo, Florzinha não está tão adiantada assim.

Apesar da previsão, só demorou mais alguns minutos para que Nana, Seohyun e Minji descessem também. Depois de confirmarem que estava tudo pronto, Yoongi e Sunghee foram para o pé da escadaria para anunciar a entrada dos dois.

Junggie estava usando uma roupa elegante inspirada no sobretudo azul royal do Pequeno Príncipe e uma coroa dourada, escondido atrás de cortinas brancas que davam para as escadarias de entrada do salão.

Ele estava nervoso. Não 50% ou 70% nervoso. Estava, definitivamente, 100% nervoso. Primeiro, porque era ela. Segundo, porque ele não a tinha visto durante algum tempo. Terceiro, porque nunca tinham ensaiado a coreografia juntos. Ele nem sequer ouviu o que seus pais falaram, só tinha certeza de que havia sido algo muito bonito, mas ele não estava em condições de pensar. Jin Samchon deveria estar gravando tudo, certo? Enfim, se não estivesse, uma cópia do discurso deveria servir. Seus ouvidos estavam abafados, levemente chiados, como se estivesse surdo por um tempo. Ele só ouviu quando seus pais anunciaram:

— O Príncipe Min Seokjung e a Princesa Ah Peuro.


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Notas finais do capítulo

Aaaah vai começar.
Estão preparados pra isso?



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