Bulletproof Grower escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 20
Inexistida


Notas iniciais do capítulo

Mais um chuchu de capítulo. Vem, treta, vem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/757101/chapter/20

“Omelas, 4 de janeiro de 2055

Meu caro irmão,

 

Um dia muito importante está se aproximando. Finalmente, seu filho vai fazer 15 anos e atingir a maturidade corporal completa. Toda Omelas espera ansiosamente para que ele seja oficialmente apresentado à sociedade. ‘Ansiedade’, aliás, é uma palavra que se encaixa bem em muitas pessoas. O próprio Junggie tem me confidenciado o quanto está nervoso com a aproximação do dia que ele tanto tem esperado. O Juízo está agitado cuidando de todos os preparativos e dando conta das próprias obrigações, além da Casa Daegu. Tudo sem a sua ausência, mas sabemos que é por uma nobilíssima causa. Está com uma importante tarefa em suas mãos, mas já estamos certos de que vai se dar bem.

Estou escrevendo essa carta porque sei bem que o estado de ansiedade também se aplica a você. O fato de estar na Grécia pode estar aumentando ainda mais isso, já que você não pode acompanhar tudo de perto e garantir que as coisas estejam bem. Olha, eu garanto: Estamos todos trabalhando muito duro por isso, não há com o que se preocupar. Mesmo assim, eu sei que está ansioso e nervoso, porque é seu filho quem está chegando ao momento mais importante de sua existência. O Príncipe de Omelas é motivo de orgulho para todos nós, principalmente para você, e eu sei bem disso. Conheço bem seus sentimentos, e ao contrário de Park Jimin, eu não preciso olhar eu seus olhos para descobrir.

Eu simplesmente sei pelo que você está passando porque já estive no seu lugar. Parece que foi ontem que minha pequena Sunghee estava chegando aos seus 15 anos, e eu, como um bobo, não conseguia acreditar. Eu a tinha segurado em meu colo, um bebê tão frágil, como poderia estar com aquele tamanho todo? É inacreditável como o tempo passa rápido, não é mesmo? Conforme a data se aproximava, meu coração não cabia no peito, eu não conseguia olhar para ela e não chorar, de tanto que me emocionava. É um marco. A certeza de que sua criança está pronta para o mundo, mesmo que nunca deixe de ser sua pequena criança, e toda vez que olhe para ela, é isso que se vê. Bom, eu fui um pai de primeira viagem, e sei que você já tem seus 350 filhos no currículo, mas também sei o quanto significa para você que o sangue correndo nas veias dele seja seu.

É, você está passando pelo mesmo que eu. Eu sempre me achei muito especial por ser pai no Segundo Mundo, coisa raríssima. Sempre me achando o mais maduro, o mais velho, o mais sábio… Pura inocência. Diziam que eu era bom em tudo, o golden maknae, então eu me achava o melhor pai de todos os tempos. Mas aí, descobri Daegu. Descobri você e sua gigante prole adotiva. A despeito de como foi dolorosa aquela visita e da crise pela qual estávamos passando, eu admirei você. Admirei por ser um pai tão incrível para aquelas crianças, fazendo coisas que eu nunca poderia imaginar, que nunca poderia cogitar fazer por mim mesmo.

Falha minha ter julgado você, ou melhor, ter julgado o personagem que você usava para esconder aquilo tudo que você sempre foi. Falha minha ter condenado completamente a sua imagem, achando que você nunca seria bom o suficiente para a Sunny. Falha minha ter menosprezado você, sem nunca imaginar do que você seria capaz. É, você foi capaz de muita coisa incrível que até hoje faz meu queixo cair. Bom, já passou, mas mesmo assim, me desculpe novamente por ter sido esse babaca.

Você supera tanto minhas expectativas que não se tornou apenas um marido para a minha filha, um pai incrível para meu netinhos adotivos, mas também o melhor pai que meu neto legítimo poderia ter. Eu fui um pai bom na maioria dos casos, falhei miseravelmente em alguns, me tornei um péssimo amigo. Já você conseguiu se manter meu melhor amigo, um marido muito bom, e um pai muito, muito melhor do que eu poderia sonhar em ser.

Bom, eu nunca fui muito bom em falar, afinal sou muito tímido e você sabe. Mas sou até bom em me expressar por cartas, então eu decidi me aproveitar disso para dizer de uma vez o que estou querendo te dizer há algum tempo, algo que apareceu em meu coração com a aproximação desta data, com as emocionantes memórias dos 15 anos da Sunny voltando. Eu preciso te dizer: muito obrigado por ser isso tudo. Você é o cara.

 

Com carinho,

Jeon Jungkook”



Yoongi recebeu a carta alguns dias antes do seu retorno para Omelas. Já fazia tempo que ele e Florzinha estavam apenas praticando para aumentar a segurança da performance. A carta, obviamente, tinha sido escrita dois dias antes, mas o comoveu imensamente. Ele já estava muito emotivo nos últimos dias, não conseguiu evitar o choro. Decidiu voltar um pouco mais cedo para casa.

 

~

 

— Nossa, amiga, você tá quente — disse Michung, colocando a mão na testa de Sunghee. — Parece que vai explodir!

— Tem febre aqui? — perguntou Minji, ao que alguns responderam sim e outros não.

— Só em casos muito específicos — esclareceu Jin. — Mas conta pra gente, Minji, como estão as coisas no Primeiro Mundo?

A garota parecia alegre ao contar sobre Baekhyun, Sehun, Yonseo e Hansung durante o jantar. A vinda para o mundo dos mortos parecia ser motivo de grande felicidade para ela. Tudo aquilo só deixava Sunghee mais irritada, embora ela até estivesse disfarçando bem. Michung (que, além de ser sua melhor amiga, era empata), era a única que realmente tinha notado, por motivos óbvios. Além dela, só Taehyung, que já tinha dado sua opinião no caso, e Jimin, que mal queria olhar para ela de tão bravo que estava. Sunghee se concentrou no jantar; não queria ficar encarando ninguém, afinal, todos estavam tratando a visita muito bem, até mesmo seus pais. O tímido Jungkook tinha, de repente, se tornado o melhor anfitrião do mundo (tá, ele perdia pro Jin), como se ela não fosse casada com seu assassino, como se não fosse um perigo para o casamento de sua filha.

Inesperadamente, um espectro apareceu.

— Desculpem interromper o jantar, mas… Vim avisar que o senhor Min Yoongi já retornou.

Duas pessoas se levantaram imediatamente, e Sunghee não foi uma delas.

— Onde ele está? — perguntou Junggie.

— No hall de entrada — informou o espectro.

Minji e Junggie pediram licença desajeitadamente e saíram da sala de jantar com pressa. Pela porta que deixaram aberta, ainda foi possível ouvir a correria deles. O espectro educadamente fechou a porta.

— Quanta animação — brincou Nana. — Até parece que passou anos fora.

— Sunny, é sério, o que está havendo com você? — perguntou Michung, que tinha conseguido sentir que o mal-estar dela tinha alguma relação com Byun Minji. Aproveitara-se da ausência da hóspede para perguntar.

— Não é nada. Não quero falar sobre isso.

Michung olhou desesperadamente para Jimin, esperando uma resposta, mas ele só deu de ombros, entediado.

— Cheguei! — gritou Yoongi, sem hesitar em dar um chutão na porta da sala de jantar.

— Quer morrer? — berrou Jin, indignado com o atentado à casa.

— Mian, meus braços estão ocupados — disse ele, rindo.

De fato, seu braço direito estava sobre os ombros de Minji, e o esquerdo sobre os ombros de Junggie. Sunghee não quis nem olhar mas, mesmo com a visão periférica, eles pareciam uma família. Uma família perfeita.

— Voltou mais cedo do que o planejado — constatou Jungkook, feliz.

— Sim. Hoje é quarta-feira, dia da família. Nada mais justo que estar com a minha família!

Yoongi abraçou os dois um pouco mais forte, fazendo-os rir.

— Agora vou pedir para vocês dois sentarem, tenho um pronunciamento importante para fazer neste dia tão especial.

— O que 6 de janeiro tem de especial? — perguntou Hoseok.

— Será para sempre conhecido como “o dia em que Min Yoongi gloriosamente voltou para casa depois de passar tempos amargos longe de sua amada família”. Então alguém me dê logo um cálice desse suco de morango que parece delicioso para fazermos um brinde.

— É de hoje — garantiu Géssyca, servindo o suco no cálice, que foi passando de mão em mão para Yoongi.

— Então, gente, eu estou mesmo muito feliz hoje. Afinal, está chegando o aniversário do nosso “já não tão pequeno” Príncipe Junggie. Alguém me disse uma vez que, não importa o quanto nossos filhos cresçam, eles serão sempre pequenos aos nossos olhos. E, como o senhor Saint-Exupéry fez questão de mencionar, todas as pessoas grandes já foram crianças um dia, mas poucas se lembram disso. — Yoongi estendeu o cálice para Junggie, para dirigir-se a ele. — Junggie, meu filho, você está chegando ao máximo do seu crescimento, mas jamais deve se esquecer da sua infância. São tempos preciosos para ficar na memória de seletas pessoas. Sim, estou adiantando um pouquinho o discurso do grande dia, então o senhor pode ir se preparando para ouvir muita coisa no dia 15 de janeiro porque hoje… Hoje eu quero falar para outra pessoa. Por mais que não seja aniversário dela, acho que ela também merece umas palavrinhas. Já que mencionei a infância, bom… Eu sei que fui muito importante na infância dessa pessoa, porque ela já me disse isso, e se tornou muito importante para mim também. Não seria uma hipérbole dizer que é a pessoa mais especial de toda a minha existência. É exatamente a garota que me fez perceber o quanto é lindo existir, o quanto todos nós temos um papel crucial a ser cumprido neste universo. Eu queria muito agradecer a ela por ter feito tudo o que fez por mim, mesmo sem perceber, e me tornado a pessoa que eu sou hoje. Graças a ela, a Casa Daegu é, até hoje, o lugar onde posso ser quem sou, o lugar que é uma referência mundial em arte, o lugar que abriga mais de trezentas e cinquenta lindas e talentosas crianças que me orgulham muito. E… É, de todas as coisas que ela me fez para mim, e foram muitas, a que mais sou grato hoje e sempre serei… é que ela me deu um filho.

Sunghee estava prestes a jogar a mesa todinha pro alto. Estava inexistida de tanta raiva, achando que tudo aquilo era para uma certa Minji, mas ela tinha certeza de que Minji não tinha dado nenhum filho a seu marido. Foi a primeira vez na noite em que ela ergueu a cabeça do prato, em que ela olhou de verdade para Yoongi, em que percebeu que ele olhava para ela e sorria para ela, apesar das lágrimas escorridas.

— Hoje chegou lá em Delfos uma carta de um sujeito repentinamente me agradecendo por algumas coisas que eu nem fazia questão. E então eu notei o quanto eu esqueço de ser grato a você. Min Sunghee, a mulher da minha existência todinha. Obrigado, muito obrigado por ser quem você é. Eu precisava muito vir aqui hoje pra te dizer o quanto eu te amo. — Yoongi fez uma leve pausa, como se estivesse absorvendo aquilo tudo. Ela aproveitou para finalmente olhar para Jimin que, muito mais simpático, deu de ombros, como se dissesse “eu avisei”. — Eu te amo muito, muito mesmo, eu não sei o que seria de mim sem você. Eu sei que você não gosta muito de Shakespeare, mas acho que vale muito a citação. “Duvida da luz dos astros, De que o sol tenha calor, Duvida até da verdade, Mas confia em meu amor”. O sujeito que me mandou a carta me pediu desculpa por ter me causado uma experiência bastante desnecessária: ficar um tempo sem você. Desde aquela época eu deveria ter aprendido que eu não sou absolutamente nada sem você, Sunny, e que os dias longe de você sempre entram para a lista dos piores dias da minha existência. Então… Aigoo, o que você ainda está fazendo fora dos meus braços?

— Aah, jeongmal… — murmurou Sunghee ao se levantar rapidamente, tentando esconder seu grande sorriso. De repente, estava inexistida de saudades do homem que amava. Foi até ele enquanto ele não tirava os olhos dela, nem ao colocar o cálice cheio sobre a mesa. Ele segurou-a em seus braços. — Eu te amo muito, Min Yoongi. — Ela garantiu, antes de beijá-lo intensamente.

A galera na mesa comemorou muito, enquanto o beijo do casal se prolongava. Namjoon resolveu dar aquela pigarreada.

— É, depois vocês continuam o agarramento no privado, a gente quer terminar de jantar.

— Mian — disse Sunghee sem graça, mas Yoongi não a largou enquanto continuava a falar.

— Faltam mais alguns agradecimentos — disse ele. — Diria mais… Menções honrosas à família. Já falei da minha amada esposa e do meu amado filho. Fica o alô pro meu grande amigo, meu irmão, meu sogrão Jeon Jungkook. Você é o cara. Minha amada sogrinha Yumi, tá no meu coração. Meus fiéis escudeiros da Casa Daegu, Jimin Hyung, Nana Noona e Géssyca Noona. Minha psicóloga, ops, empata favorita, Jung Michung. E vocês também, meus bros. Hoseok Hyung, Taehyung, Namjoon e Jin, todos vocês sempre foram como irmãos e aqui são mesmo. E, claro, como esquecer minha querida irmãzinha? Não esperava te ver aqui tão cedo, minha dongsaeng, mas que prazer recebê-la hoje! Bem-vinda à família.

 

~

 

A noite terminou bem diferente do que Sunghee supunha antes do jantar. A raiva que sentia de Minji tinha passado: a recém-chegada parecia feliz pelo casamento do irmão. Jimin também já estava de bem com ela: ambos esqueceram a discussão passada e se entenderam só pelo olhar.

O que salvou a noite mesmo foi que Yoongi e Sunghee foram conversar na sacada do quarto deles depois do jantar. Ele deixou bem claro que, depois de tanto tempo, não conseguia ver Minji com aquela proximidade toda. Ainda era como uma irmã, mas meio distante. Já o amor a Sunghee estava super fortalecido: nada como uma escapada de casa para notar a falta que a patroa faz. A própria Sunghee já começava a se distanciar da sanidade. Nem sabia o que teria feito com Minji se ele não tivesse chegado naquela noite.

— Então ela fica até a festa?

— Sim — disse Sunghee, sorrindo. Só conseguia olhar para ele e pensar no quanto estava encantada com a surpresa.

— Ainda não acredito que você ficou se roendo de ciúme.

— Aish, para — murmurou Sunghee, envergonhada. — Eu nem tava pensando direito, oppa. Mas eu deveria ficar tranquila, mesmo.

— Sim, confiar no seu oppa.

— Até porque ela e Junggie estavam cheios de conversinha em Daegu.

— Pera, você não tá shippando… Ih, rapaz, enlouqueceu, mesmo…

— É, a sua ausência me deixa louca, Min Yoongi.

— Ah, é? — Yoongi estava divertido. De repente, ficou sério e se aproximou dela para sussurrar em seu ouvido. — Mas eu sei que minha presença te deixa mais louca ainda.

Sunghee arrepiou na mesma hora. Ele mal esperou isso acontecer para beijar seu pescoço.

— Concordo — disse ela, deslizando suas mãos para as costas dele e segurando sua camisa enquanto ele começava a pressionar sua cintura.

Sunghee começou a puxar a camisa de Yoongi para cima, obrigando-o a se desvencilhar dela por um curto tempo. Quando ele voltou, segurou-a firmemente colada ao seu corpo.

— Eu te amo — repetiu ele, antes de começar a beijá-la. Pegou-a no colo levou-a para a cama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ui ui, Yoonhee, que casal.
Espera só até ver os capítulos extras kkkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bulletproof Grower" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.