Bulletproof Grower escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 19
Casos de família


Notas iniciais do capítulo

O bicho vai pegar.



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Junggie e Florzinha voltaram a se falar por cartas poucos dias depois. Florzinha elogiou o espetáculo e a recepção do Juízo. Disse que todos no bosque estavam comentando sobre a visita a Omelas. Os dois continuaram se comunicando por cartas com bastante frequência, voltando a ficar cada vez mais próximos.

Nos anos seguintes, Florzinha continuou frequentando o Daegu Dance, sempre passando alguns minutos no backstage antes do show começar. Nesse tempo, os dois conversavam e aproveitavam um pouco de tempo juntos antes do show propriamente dito, mas não era muito tempo. No meio desses anos, o Juízo recebeu, não ao mesmo tempo, novos segundistas especiais. Graças à vinda dos pais de Yoongi, Junggie pôde finalmente conhecer seus avós paternos, que ficaram orgulhosos com o sucesso do filho no pós-vida. Os dois encontraram morada em uma ilha próxima dali, e passaram a frequentar os shows da Casa Daegu. Junggie logo animou-se em contar isso para Florzinha. Em geral, aqueles anos estavam sendo de algumas recepções de pais em momentos diferentes, mas receber seus avós foi bastante especial para Junggie.

No ano de 2053, Junggie estava com seus 13 anos quando recebeu Florzinha novamente em Daegu. As conversas no camarim eram cada vez mais comuns para ele, e eram momentos em que sentia que eram novamente irmãos muito próximos. Ele sempre ouvia-a falar “Você cresceu...”. tentava fazer aqueles momentos durarem a eternidade enquanto acontecessem. No entanto, naquele ano, aconteceu algo que mexeu um pouco com ele. Depois de conversar com Florzinha e levá-la ao portão do backstage, Junggie voltou para o camarim e continuou a se arrumar.

— Você não acha que ela é muito nova pra você?

Junggie olhou para um de seus irmãos da turma 13, que de repente vinha indagá-lo.

— Nova? Ela é 200 anos mais velha que eu.

— É, teoricamente, mas… Na prática ela só tem cinco anos. Olha o seu tamanho e o tamanho dela! Não tem como isso dar certo.

— Ei, calma, eu não… Nós não temos nada, somos só…

— O quê? Irmãos? Sério? Isso vocês não são.

— Somos só amigos.

— Tudo bem. Vamos apenas fingir que você não tem nenhuma segunda intenção.

— Você não sabe de nada. Não sabe de nada sobre a idade do Segundo Mundo.

— E você sabe, crescente? Bom, acabou de admitir que está apaixonado por uma criança. Que absurdo!

— E o que você tem a ver com isso? — berrou Junggie, sem mais paciência para lidar com aquele intrometido. O que o irritava mais nem era o que ele achava ou deixava de achar, mas o fato de tocar naquele assunto, de fazê-lo perceber algo que sempre tentava esconder: ele ainda a amava.

— Parem — ouviram a voz como um despertador frio.

Olharam ao redor, percebendo que várias crianças observavam aquela discussão, e encontrando Suga em meio aos outros. Seu olhar direcionado para lugar nenhum, como se não quisesse acreditar que realmente estava presenciando aquela cena. Apresentava-se com um rosto decepcionado. Ele fechou os olhos, amargo.

— Você devia se envergonhar.

Junggie sentiu um arrepio. Sentiu o peso daquelas palavras. Ele era uma decepção. Uma vergonha, um fracasso. Justamente para alguém tão importante, alguém que sempre depositara sua confiança nele. A pessoa com quem dividia suas sombras.

— P-pai. Eu…

Junggie engoliu suas palavras. Ele tinha argumentos, tinha sim, mas não conseguia usá-los. Não conseguia ir contra seu pai. De repente, tudo que achava certo parecia errado. Ele quis correr dali. Viu Yoongi abrir seus olhos úmidos e direcioná-los para ele.

— Não você.

O pequeno príncipe demorou dois segundos para entender e seguir os olhares de todos para o irmão que brigava com ele.

— O que foi? — perguntou ele, confuso e levemente abalado. — Apeoji… Não acredito que concorda com… Não acredito que vai defender seu filho legítimo.

Yoongi levantou a mão, como se não quisesse ouvir mais nenhuma palavra. De fato, ninguém disse nada. Ele parecia muito triste.

— Eu ensinei muita coisa nessa casa. Primeiro, piano. Depois, basquete. Rap, canto, dança, vários instrumentos, vários esportes, pintura, desenho, dobradura, e tudo o mais… Mas a coisa mais importante que eu ensinei foi respeito. E você não aprendeu.

Yoongi olhou ao redor.

— Crianças… Prestem bastante atenção na lição de hoje. Ela não foi planejada, mas… nunca é tarde para mais uma aula. — Voltou seu olhar para o menino. — Quando você se envolve nas questões de um de seus irmãos, deve ser para aconselhá-lo, apoiá-lo, ajudá-lo. Não para julgar e atirar pedras. Nunca deve-se agir com ignorância para com seu irmão. Esse é o princípio mais importante de qualquer família. Vocês já deveriam saber disso. Já são 36 anos de projeto! Agora, além de faltar respeito com Junggie… Você ofende a mim quando diz que estou defendendo alguém por algum motivo que não seja a justiça. Defendê-lo porque é meu filho legítimo? Todos vocês estão cansados de saber que não faço distinção entre vocês como artistas e como alunos. Todos vocês sabem disso!

Junggie já estava chorando silenciosamente. Odiava ver o pai daquele jeito.

— Quanto à sua incrível descoberta sobre os sentimentos do Junggie… Gostaria que se lembrasse de que temos um telepata e uma empata em casa. Eu sei disso há mais tempo que qualquer um de vocês, até mesmo mais tempo que o próprio Junggie. E ora… Até parece que vocês não sabem o que é sofrer por um amor impossível, vocês secaram as minhas lágrimas! E vocês sabem que eu não dei o braço a torcer. Sabem que, por mais que eu estivesse sofrendo, eu não fui além dos meus limites. Eu segui fazendo o que era certo. E é o que ele está fazendo. Uma atitude nobre. Atitude de príncipe.

O camarim permaneceu algum tempo em silêncio, enquanto algumas crianças mais emotivas engoliam o choro. Yoongi passou as mãos nos olhos e voltou a se dirigir ao menino.

— Não volte a repetir isso. E nenhum de vocês, nunca se esqueçam do respeito. Agora vamos, temos um show pra fazer.

As crianças começaram a se mexer voltando às atividades. Junggie esperou o pai sair para ir atrás dele e, longe dos olhos dos irmãos, abraçá-lo. Ele queria dizer alguma coisa.

Mas não conseguiu dizer nada.

 

~

 

Alguns dias depois do espetáculo, Junggie já estava contando a Florzinha sobre uma briga no camarim que mexeu com toda a Casa. Claro que omitiu o fato de ela estar no meio, mas não poupou detalhes sobre o lindo discurso de seu pai sobre respeito. Garantiu ter ficado orgulhoso dele. Falou sobre como seu avô paterno não havia sido nada gentil e estava na plateia para presenciar Yoongi sendo aquilo tudo durante o espetáculo.

Os dois continuaram conversando por cartas como sempre, já acostumados àquela realidade. Cada um permanecia na sua arte, mas contando os minutos para receber a próxima carta, lê-la cuidadosamente e respondê-la com carinho. Só uma coisa mudou: Junggie se escondia sozinho no observatório quando começava a pensar nas coisas que seu irmão lhe falara; aquilo havia afetado sua opinião sobre o que sentia sobre Florzinha. Ele a amava, não tinha dúvidas, mas que futuro aquele amor poderia ter? Uma diferença absurda de idade, de maturidade corporal, até mesmo de país. Chegaria o momento em que aquele sentimento se perderia? Ele sentia-se culpado por aquilo, culpado por ainda amá-la… Mas quando lia aquelas cartas, sentia seu coração ser aquecido por algum sentimento que vinha dela, mas não conseguia saber se era equivalente ao dele. Se fosse, seria perigoso demais.

Como sempre, voltaram a se ver depois de um ano, com mais um Daegu Dance. No camarim, conversaram bastante sobre os preparativos para a festa de 15 anos, que estavam andando freneticamente.

— Deveríamos nos apresentar — sugeriu Junggie, no fundo com um pouco de medo do que sua própria sugestão poderia significar. — Sinto… Sinto falta de performar com você.

— Também sinto — confessou ela, surpreendendo-o. — Bom… É nos 15 anos que se valsa, não é?

— É — disse ele, sorrindo com aquela ideia. Olhou para uma arara aleatória, fingindo interesse naquelas roupas, tentando esconder o quanto a ideia o deixava nervoso. Era uma proposta tentadora, mas ele temia sobre o que os irmãos pensariam. Já havia sido uma péssima experiência da última vez. — Acha que vai dar certo?

— Eu sempre sonhei com uma valsa de 15 anos — murmurou ela, olhando para os próprios sapatos, que pareciam tão interessantes quanto a arara.

Ele voltou a encará-la. Ela era só uma criança de 200 anos que nunca chegara aos 15. Uma criança com sonhos, como qualquer outra. Talvez a altura não a fizesse exatamente a parceira ideal, mas em seu coração, sabia que ela sempre seria sua dupla perfeita no palco.

— Vamos dar um jeito, Florzinha. Vamos dançar juntos no meu début, ok?

Ela olhou para ele e sorriu.

— Ok.

Ele a abraçou.

 

~

 

— Omma, estava pensando sobre a valsa.

— Ah, não se preocupe, a música está escolhida, a coreografia está sendo montada, tudo certo.

— Hum… Achei que eu escolheria.

— Não tivemos tempo. Precisávamos colocar tudo em prática logo.

— Hum. É que eu… Queria dançar com a Florzinha.

— Nós sabemos, meu bem! Eu e seu pai estamos agilizando a coreografia por isso. Quando estiver pronta, ele vai para Delfos ensinar a Florzinha enquanto eu ensino a você a sua parte.

— Achei que ela viria. Ou que eu iria até ela.

— É, seria bom, mas ela está agilizando um espetáculo com Apolo também, e você está em função de preparar tudo para a festa. Também foi difícil seu appa deixar tudo encaminhado em Daegu, mas Jimin e Géssyca estão dando conta de tudo. Ele já não daria muita atenção com a festa se aproximando.

— É. Espero que dê tudo certo.

— Vai dar, meu bem. Confie.

 

Yoongi viajou uma semana depois. Ficaria em Delfos até poucos dias antes da festa, treinando com Florzinha. Na primeira noite sem o appa na Casa, Junggie teve um sonho com ele, e contou para a eomma antes do ensaio matinal.

— Sonhei que o flagrei dançando na chuva de madrugada e o mandei entrar em Casa. Então nós entramos e eu o ajudei, e te encontramos no corredor.

— E eu te ajudei a cuidar dele. Te ajudei a cumprir a terrível tarefa que era cuidar de Min Yoongi.

— Sim. E você falou sobre A Culpa é das Estrelas. E eu falei sobre Romeu e Julieta.

— Enquanto eu fumava. Isso não é um sonho. É uma lembrança da sua existência anterior.

Junggie riu.

— Eu já suspeitava.

Sunghee riu um pouco e se levantou.

— Então, vamos ensaiar?

— Sim — disse ele, se levantando, um pouco mais sério. Segurou as mãos de Sunghee. — Eomma… Se ela não vier, você vai dançar comigo, não é?

— Por que está nervoso com isso? Ela vai vir, meu filho. Seu appa está lá para garantir que tudo dê certo.

— Sim. Então… Será que você me daria a honra de uma valsa? Eu vou pedir à halmoni também… Quero valsar com as mulheres da minha vida nos meus 15 anos.

— Ah, para — Sunghee abraçou o filho, emocionada. — Não posso chorar, ainda não. Parece que foi ontem que eu estava no seu lugar. Nem consigo acreditar.

— Tudo bem chorar, eomma. Tudo bem não chorar, também.

— Não, temos que ensaiar — disse ela, soltando-o. Secou rapidamente os olhos um pouco molhados e sorriu para ele. — Vamos?

 

~

 

— Novidades? — Junggie perguntou a Namkyu. Aproveitou o tempo livre pós-ensaio para praticar um pouco de pingue-pongue com a irmã. Principalmente com a ausência do pai, tinha que se fazer presente na Casa Daegu.

— A única coisa que rola aqui em Casa é que todos estão muito ansiosos para a festa.

— Eu estou nervoso. Você não imagina o quanto.

— Bom, você vai fazer 15 anos. Isso é algo grandioso para um crescente como você. Mas sinto que esse nervosismo é por causa da Florzinha.

— Você já sabe?

— Que vai valsar com ela? Todo mundo sabe. É um dos motivos que aumenta a expectativa.

— Eles… Gostam da ideia?

— A maioria da Casa sabe muito bem que colocar vocês dois junto no palco é a receita de algo excelente.

— E quanto à minoria?

— Você já sabe. Uns babacas que acham errado você dançar com alguém tão menor que você.

Junggie mudou um pouco a intensidade dos movimentos e perdeu a bola.

— Você acha que…

— Que você deve ignorar esses idiotas? Com certeza. Eles são uma exceção.

Junggie pegou a bolinha, ainda inseguro.

— Junggie, olha pra mim — pediu Namkyu, e ele o fez. — O que importa agora é o que ela significa pra você. O momento é seu, e é muito especial. Não deixe nada, NADA estragar isso, ok?

Junggie sorriu. Ela o estava deixando mais confortável com a ideia.

— Obrigado, Namkyu.



Mais tarde, Junggie voltou para casa e verificou com os espectros. Não havia nenhuma nova carta. Ele ficou um pouco decepcionado, mas ela tinha dito que estaria ocupada ao se preparar simultaneamente para duas grandes apresentações. Então, decidiu ir para a sala de estudos, mas, no caminho, encontrou sua eomma conversando com uma moça.

— Ah, oi, Junggie! — disse ela, interrompendo-se. Parecia aliviada. — Essa é a nossa hóspede temporária.

— Eu conheço você — disse ele, franzindo o cenho, incomodado pela falha em sua memória.

— Quase te prendi algumas vezes — ela deu de ombros, divertida.

— Ah… Não era disso que eu estava falando — ele riu, sem graça. — Você é minha… tia? É, acho que sim.

— Ah, você é filho do Agust? — perguntou Minji, fazendo Sunghee torcer o nariz disfarçadamente. Ela não gostava daquele nome.

— É — confirmou Sunghee. — Filho, a Minji vai ficar com a gente até a sua festa, não é demais? Bom, por que não leva ela até seus aposentos e aí vocês aproveitam para conversar… Eu preciso encontrar o Tae Oppa agora.

— Tudo bem… — disse Junggie, estranhando a situação toda, antes de sorrir para Minji. — Vamos, vou te mostrar um lugar legal.

Junggie levou Minji para conhecer a Casa Daegu. Obviamente, ela ficou encantada com o projeto que o irmão construíra, nomeando-o como a cidade natal de ambos. Depois, se sentaram em uma mesa no pátio e continuaram a conversar.

— Curiosidade: eu não te conheço, como você me conhece? Lembra-se da outra vida?

— Não me lembro de nada do Primeiro Mundo. Na verdade, minha estadia anterior no Segundo Mundo também não tem memória. Era o que eu achava, mas comecei a ter uns flashes de uns dias pra cá. Foi uma boa evolução. Primeiro, um criminoso. Depois, um servo, e agora, o Príncipe de Omelas.

— Entendi… Mas, então, como me conhece?

— Ah, eu ainda não disse, né? Não conheço você, mas a sua imagem. Um metamorfo a usou durante uma batalha contra meu pai.

— Seu pai… Os juízes disseram que ele não está no país.

— Não. Está na Grécia, resolvendo algumas coisas para minha festa.

— Entendo. Estou ansiosa para vê-lo.

— Imagino. Vocês não se veem há muito tempo… — Junggie estava pensativo. Não queria ser tão indiscreto, mas era fato que vinha pensando na relação que havia entre Yoongi e Minji, desde que começara a se questionar sobre seus próprios sentimentos. Conversar com ela, mesmo que inesperadamente, era uma oportunidade de ouro. — Você gosta do meu pai?

— O quê? — Minji não conteve surpresa. Esperava ter entendido errado. — Como assim? Tipo, ele é legal e…

— Pergunto se você o ama.

— Ah, não, ele é como um irmão para mim! Esteve ao meu lado e me protegeu na parte mais memorável da minha infância. Enfim, por mais que ele seja muito especial para mim, não acho que dê para amar alguém que você sempre considerou um irmão.

— A não ser que essa pessoa tenha te beijado na infãncia — Junggie riu, mas se conteve ao perceber que Minji não via a mesma graça. Pigarreou. — Eu estava falando sobre mim, tá?

— Ah — Minji relaxou um pouco. — Sobre você. É claro.

— Aigoo, mianhaeyo, eu nem tinha lembrado que isso aconteceu com vocês.

— Não se importe com isso, Bambam.

— Junggie.

— Mianhae. Mas então… Quer dizer que você é apaixonado pela sua irmã?

— É o que tento esconder de mim mesmo todos os dias. Eu ainda não sei se é totalmente certo.

— Tem que ouvir seu coração. Sempre.

Junggie sorriu para ela. Era muito simpática.

— Você por acaso teria uma balinha? — perguntou ela. — Minha hipoglicemia não me atinge aqui, mas estou tão acostumada…

Junggie riu.

— Vem. Daegu tem bastante açúcar, vou te arrumar alguma coisa.

 

~

 

— Como ela chegou aqui? Ela só tem 64 anos, poderia durar um bom tempo, ainda…

— Ela teve uma parada cardiorespiratória.

— E por que está tão bonita? Com essa idade, deveria estar cheia de rugas…

— Dá para “rejuvenescer” na passagem, se essa imagem te representar melhor… Ela ainda é bem jovial.

— Jovial — Sunghee pronunciou como um deboche, antes de jogar mais um dardo no alvo. — Jovial! E por que vocês tinham que falar para ela ficar até o aniversário do Junggie? Era só dizer que Agust dela está beeeem longe e tchau!

— Own, tá com ciuminho — brincou Taehyung, passando o dedo na borda do copo. Ele estava sentado em um banco na sala de armas, bebendo suco de morango.

— Não tô com ciuminho, oppa — garantiu ela, pegando mais dardos.

— Você nem fez questão de esconder. Fala sério, Sunny, acha que o hyung vai te deixar por causa dela? O filho de vocês vai fazer 15 anos, cara!

— E eu devo ignorar o fato de ela ter sido a única pessoa no universo que o Yoongi beijou além de mim?

— Ah, claro, tirando as 683 garotas que ele pegou na adolescência.

— Você me entendeu. Ela é diferente! Se ela não tivesse ido para Seoul antes dele, se eles não tivessem se separado, provavelmente teriam se casado.

— Não foi o que aconteceu.

— E se eles não estivessem em planos diferentes quando se reencontraram, ah… Com certeza teria rolado alguma coisa.

— Mas não rolou!

— Mas agora eles estão no mesmo plano. Eles podem se tocar. E ela está… Jovial, como você diz.

— Ela também é casada.

— Casada, tá. Duvido que ela queira ficar de molho até o Baek vir. As pessoas mudam os sentimentos quando mudam de plano, você sabe muito bem disso.

— Sunny, chega de paranoia! Não tem nada demais nisso. Tá fazendo tempestade em copo d’água.

Sunghee olhou para o copo onde o suco se mexia freneticamente, sozinho.

— Engraçado, você.

— Me deixa misturar meu suquinho. E pode perguntar pro Jimin Hyung, se quiser. Aposto que ele vai dizer sem hesitar que a Minji não sente nada pelo Yoongi Hyung!

 

~

 

Jimin hesitou.

— Eu não vou te falar.

— Ah, não? Você quer que eu arranque essa menina daqui de casa pelos cabelos, é?

— Garota, você precisa parar de ficar vindo atrás de mim só pra descobrir esse tipo de coisa. Todo mundo nessa casa precisa! E você, mocinha, também tem que aprender a confiar no seu marido.

Sunghee cruzou os braços, insatisfeita, e ficou pensando. De repente, seus olhos brilharam, como alguém que descobre o mais podre segredo de alguém.

— Aaah, eu já sei! — disse ela, ameaçadoramente. Jimin até deu um passo para trás. — Você estava lá quando ela contou todas aquelas paradas da infância dos dois. Está protegendo sua amiguinha, Park Jimin? Por acaso você shippa Yoonji, é?

— Eu vou fingir que não ouvi esse monte de bobagem que você acabou de dizer — Jimin estava sério e entediado. — Eu não sou empregado de ninguém, não sirvo apenas para dar com a língua nos dentes. Mas talvez você devesse saber uma coisa: se seu casamento não sobrevive sem um Park Jimin, se não há confiança, talvez ele realmente não devesse existir.

Jimin saiu da sala, bastante incomodado, sem deixar Sunghee dizer mais nada.

Afinal, ela não tinha mais nada que pudesse dizer.


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Notas finais do capítulo

É, rapaz, o bicho pegou.



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