Bulletproof Grower escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 17
A estrela da noite


Notas iniciais do capítulo

Dessa vez não vou falar nada aqui (medo de dar spoiler kkkk).



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— Mais um dia — anunciou Jimin, feliz ao entrar na sala de dança.

— Mais um ensaio — acrescentou Hoseok.

— Estamos chegando perto — lembrou Junggie.

— Ansioso? — perguntou o mais velho.

E nervoso — Junggie riu.

— Que nervoso o quê? Você já está mais que acostumado com o palco.

— É a performance mais difícil que eu já fiz.

— O que seria uma pena se você não tivesse talento. Ou se não tivesse treinado o suficiente. Não é o caso.

— E olha quem tá falando, hein… — notou Hoseok. — O cara que sabe de tudo.

— Sim, mas vamos adiantar. Eu garanto a gente, mas ensaio nunca é demais.

— E pra vocês é só um. Eu ainda tenho que passar outras duas performances.

— Ah, eles vão ficar tão emocionados! — comentou Hoseok.

— Vão sim — garantiu Jimin.

— Não seria possível se vocês não estivessem ajudando. Obrigado, ajussis.

— Você merece o melhor — sorriu Hoseok.

 

~

 

— Boa noite a todos — anunciou Sunghee. — Queremos agradecê-los pela presença em uma ocasião tão especial. Estamos muito felizes por estar comemorando mais uma vez em união.

— Então, — continuou Yoongi — sejam oficialmente bem-vindos à festa de aniversário de 10 anos do príncipe de Omelas, que como sempre, vai presenteá-los com uma incrível performance. Por favor, aplausos para a estrela da noite…

— Min Seokjung!

Depois do anúncio dos pais, que estavam ao pé da escadaria do grande salão da Casa do Juízo, Junggie desceu as escadas com seu microfone auricular e sua roupa vermelha, enquanto eles se afastavam para assistir. Lá em baixo, Junggie começou sua performance de dança sozinho. A música era Rainism. Quando ele começou a cantar, Jimin e J-Hope chegaram para dançar com ele. No segundo refrão, chegavam mais dançarinos de apoio, os meninos da turma 9 de dança.

Depois de algum tempo, todos se arrumaram em fila escondendo Junggie lá atrás, que apareceu com uma estilosa bengala prateada e fez mais um solo antes de ser acompanhado novamente por eles. Com um fantástico fim, a dança terminou já com os aplausos vindos de todas as mesas da festa. No entanto, era apenas o começo.

Todos os dançarinos de apoio saíram da cena enquanto Junggie se encaminhava para o piano no canto. Nem Yoongi nem Sunghee sabiam que ele faria isso, então ficaram surpresos. Ele sentou-se no banco e encarou as teclas, sem colocar suas mãos sobre elas. Fechou os olhos. O som começou a soar. Yoongi cobriu a boca com a mão ao ouvir as notas de First Love, logo seguidas por Junggie começando a cantar.

Como sempre, a música começou delicada e amena. Junggie fechava os olhos e entregava à letra seus sentimentos. Por vezes, deixava seus dedos passarem pela superfície do piano. Depois de um tempo, levantou e começou a andar próximo à área das mesas, olhando para seus convidados. Encarou os membros de sua família, que o ouviam respeitosa e atentamente. Encarou seus pais, que pareciam tocados com aquela escolha, principalmente o pai, segurando as lágrimas. Correu os olhos por alguns de seus irmãos, pelos membros do juízo, pelos mentores, pelas cuidadoras… Até que, próximo ao ápice da música, seus olhos encontraram alguém que ele não esperava ver.

Ela. Com seus mesmos cinco anos.

E porque ela trazia significado a tudo aquilo, ele tornou tudo mais intenso. As lembranças que se acumularam fizeram sua emoção crescer, a vontade de chorar, a respiração profunda, a intensidade na voz e em suas palavras, colocando aquilo tudo para fora, sem que tivesse planejado. Seus sentimentos sendo expostos como em uma catarse, mas que não era, era mais como se revelasse a verdade para ele mesmo. Enquanto os olhos dela permaneciam sobre ele, ele tentou continuar a performance como planejado, andando e encarando pessoas, mas seu olhar sempre voltava para ela.

Quando a emoção da música cessou, voltando à calmaria do início, ele foi recuando para o piano, para sentar-se novamente no banco enquanto sua respiração se acalmava.

Começou outra música, mais animada. Era Mama. Um sorriso se formou em seus lábios enquanto ele se levantava e voltava para o centro e os dançarinos de apoio retornavam. Performou com eles canto e dança de Mama normalmente até a ponte, quando todas as luzes se apagaram, deixando apenas um holofote que acompanhou Junggie enquanto subia as escadas. No patamar, havia um suporte com uma lanterna de papel flutuante. A música parou por um momento enquanto ele a pegava. Quando o refrão explodiu de novo, varias luzes começaram a se acender ao lado dele. Lanternas foram acesas em cadeia partindo de Junggie e se espalhando por todo o mezanino dos corredores superiores que cercavam o salão. Todos estavam cheios com as crianças de Daegu, que cantaram juntas, transformando o salão da Casa do Juízo em mais um palco 360º. Aproximando-se do final da música, todos eles soltaram as lanternas, que começaram a flutuar pelo salão.

Junggie foi aplaudido enquanto desceu as escadas correndo e foi até seus pais, que o esperavam de braços abertos, emocionados com a homenagem. O pequeno os agradeceu por tudo.

Querendo ou não, a família Min tinha se tornado um pouco mais próxima depois da partida de Florzinha. Sendo uma consequência, estava implantada. Mesmo que ela estivesse ali, eles ainda eram uma família mais unida. Os pais de Daegu e seu filho legítimo.

 

~

 

Pouco mais tarde, o jantar foi servido. Junggie estava sentado à mesa com seus pais e avós maternos.

— Poderiam ter me avisado que ela vinha.

— Estragar a surpresa? Não, não, obrigada — disse Sunghee.

— Como a encontraram?

— Não a encontramos — contou Yoongi. — Ela veio a algumas apresentações da Casa, e em uma das últimas eu a convidei.

— Ela tem nos visitado? Por que ninguém me conta essas coisas? — Junggie parecia um pouco insatisfeito.

— Ela mesma pediu para ficar nas sombras — justificou Sunghee. — Não queria chamar a atenção de todo mundo. Acho que seria pior ter que falar com todos, sendo sempre uma despedida.

— Você ainda nem falou com ela, né? — perguntou Yoongi.

— Nem sei mais se ela quer que eu fale com ela. Se quer ficar nas sombras…

— Mas é seu aniversário — argumentou Jungkook. — Ela é sua convidada.

— É. Pode ser…

— Não sente mais falta dela? — perguntou Yumi.

— Sinto. É que… faz tanto tempo…

— Você se acostumou — concluiu a avó. — Se acostumou à ausência dela.

— Foi difícil — disse ele. — E se eu me aproximar de novo… E me desacostumar?

— Se pudesse viver de novo aquela época, você trocaria todas as boas lembranças para não sofrer?

Junggie pensou por um tempo, enquanto encarava sua avó.

— Não. Definitivamente… — ele riu um pouco. — Não.

 

~

 

A primeira música a tocar na festa propriamente dita foi DNA, uma das últimas produções do Bangtan, digna para esse tipo de situação. Outras músicas do mesmo gênero tocaram.

Junggie estava torcendo para que Florzinha fosse dançar, pois não tinha ideia de como começaria algum assunto. De qualquer modo, ele foi para a pista e dançou com os irmãos e irmãs que estavam ali. A maioria das músicas tinha uma coreografia que eles conheciam. Ele continuava de olho em Florzinha, sempre sentada na mesa com as ajummas. Então, teve uma ideia.

— Aqui, por que vocês não vão lá conversar com a Florzinha?

— A gente? — perguntou Yonok. — Ah, não sei. Faz tanto tempo que não a vemos…

— Eu sei. Estou com a mesma sensação. Mas vocês ao menos ainda têm a mesma idade que ela.

— Ih, vai ficar se achando só porque tá com deizão? — brincou Jaehwa. — Ah, vamos, meninas, acho que pode ser legal!

— Chamem ela pra pista — sugeriu Junggie.

— Duvido que ela queira… — opinou Namkyu. — Parece muito tímida.

— Vamos tentar — disse Jaehwa. — Acho que já sei o que fazer! Vão indo na frente.

As duas meninas deram de ombros e foram para a mesa das ajummas e começaram a falar com Florzinha. Na distância, Junggie, as observou se abraçarem. Pouco depois, Jaehwa chegou e também começou a interagir. Junggie tentou disfarçar que não estava ansioso pelo resultado.

— Muito bem galera — disse o DJ no microfone. Por algum acaso o nome dele era Kim Taehyung. — Agora é uma das minhas horas favoritas. Hora do Cypher!

Uma leve comemoração enquanto Taehyung ia para o meio da galera com dois microfones.

— Vamos começar com o Príncipe de Omelas, nosso pequeno talento rapper.

Taehyung entregou o microfone a Junggie, que deu de ombros.

— Me vê um número 4 aí.

As crianças de Daegu ao redor já comemoraram. O Cypher começou com muita interação. Literalmente, uma roda se abriu, trazendo o significado real do cypher. Muitas das crianças foram acompanhando Junggie enquanto fazia a parte de Namjoon interagindo com a galera e arrancando gritos, principalmente das meninas. Taehyung tinha sumido, provavelmente procurava um oponente. A resposta veio com a parte de Hoseok. Florzinha saiu do meio da plateia com o segundo microfone. Taehyung estava ali por perto. Ela também deixou as crianças animadas, já que fazia cinco anos que ninguém a via performar. O mais surpreendente para Junggie foi que ela não hesitou em interagir com ele, como se se vissem todos os dias.

Todos ficaram curiosos para saber quem dominaria a parte do Yoongi. Além de ser a última parte, era a parte do pai deles. O choque foi geral quando os dois começaram a cantar juntos depois do segundo refrão. Totalmente sincronizados, com dicção perfeita, interação e tudo que se esperava daqueles dois. O pai, é claro, estava orgulhosíssimo.

Depois do cypher, a música voltou a tocar normalmente, e Junggie teve o que estava esperando: um pretexto para conversar.

— Parabéns — disse ele, ao se aproximar dela.

— Opa, é você quem tá fazendo aniversário, guri. Parabéns.

A menina abriu os braços, surpreendendo-o. Ele a abraçou. Era muito diferente do que ele se lembrava. Ela parecia menor. A altura dela batia no diafragma.

— Obrigado. Faz… bastante tempo que não fazemos nada desse tipo.

— É. Faz sim. — ela o soltou. — É bom estar de volta.

— É? — ele não escondeu a surpresa. — Quero dizer, sim, imagino que seja…

Florzinha riu com a confusão dele.

— Você cresceu, hein…

— É… faz parte de ser um crescente, né… Você… Está exatamente como eu me lembro.

— Faz parte de ser uma pessoa morta normal…

— Você disse que também era uma crescente.

— Também disse que não era como você.

— Então não é normal.

— Vamos mesmo discutir hoje?

— De jeito nenhum. Que tal apenas fazer o que fazemos de melhor?

— Ótima ideia.

Junggie e Florzinha foram devolver os microfones e aproveitaram para fazer alguns pedidos de música. Ficaram na pista dançando juntos, conversando, revivendo boas memórias e rindo.

— Como está seu quarto de infância?

— Desativado. As coisas voltaram para Daegu, exceto as mais pessoais.

— Tipo…?

— Móbile. E o piano, também.

— Você ainda frequenta?

— Passo mais tempo na sala de estudos e no observatório. E em Daegu, obviamente.

— Imagino. Você continua fazendo shows incríveis.

— Ouvi dizer que você tem frequentado as apresentações.

— Não consigo me desligar completamente. A arte está dentro de mim.

— Foi por isso que você cresceu.

— É.

Houve um tempo de silêncio.

— Mas, então… Se você passa bastante tempo no laboratório, seus estudos devem andar muito bem.

— Sim. Astronomia sempre me fascinou, até pela minha história. Mas faz alguns anos que me contaram que tenho um tipo de poder relacionado a isso.

— Poder?

— É. Como todo mundo no Juízo.

— Bom, você vai ser juiz daqui a alguns anos, né… Ansioso por isso?

— Não muito. Ficar trancado numa sala julgando pessoas e condenando-as a punições não é uma atividade muito atraente pra mim.

— Sua mãe esperou muito pelos quinze anos. Sabe, pra poder ser juíza.

— Sei — disse Junggie, tentando não parecer incomodado com o fato dele chamar Sunghee de “sua mãe”. — Mas eu não sou assim.

— E o que quer fazer?

— Várias coisas. Atuar em Daegu, astronomia…

— Não tem como conversar sobre isso? Pedir para não ser juiz?

— Até tem, mas… Não sei o que diria para eles. Até porque… Não sei exatamente o que quero.

— Ainda é cedo. Você só tem dez anos.

— Você, com cinco, foi muito mais bem resolvida do que eu.

Os dois riram, apesar do clima levemente tenso que se instalou.

— Eu tinha bem mais que cinco anos. Sabe que isso é só uma aparência.

— Sei.

— Mas continue falando sobre seu poder.

— Ah… Parece que eu posso interferir na ação dos astros e estrelas aqui.

— Interessante. Bom, isso explica porque você tem constelações nos olhos.

— Tenho o quê?

— Ah, você não sabia? Tem estrelas nos seus olhos.

— Como você sabe?

— Eu vi. Em um daqueles exercícios de olhar, sabe?

— Entendo.

— Muito interessante, seu poder. Então, tem estudado sobre isso?

— Sim. Parece que é um poder difícil de dominar, mas a parte científica já me encanta. Disseram que eu posso tentar praticar mais pra frente, mas ainda é cedo. Mesmo sem praticar, já descobri muitas coisas interessantes.

— Que tipo de coisa?

— Muita coisa. Posso te mostrar alguns resultados.

— Adoraria ver.

 

~

 

Junggie e Florzinha esperaram passar a hora do parabéns para subirem à sala de estudos. Junggie foi mostrando alguns painéis nas paredes e nas bancadas, falando coisas interessantes que tinha descoberto analisando teorias sobre o que poderia ser feito a partir daquele poder. As informações que Michung e Jimin tinham fornecido haviam sido determinantes para o andar dos estudos.

— Então, dá pra controlar a maré?

— Sim. A gravidade da Lua. Mas, veja, é algo muito amplo. As consequências seriam em larga escala. Tem que saber muito bem o que está fazendo.

— Para não gerar uma catástrofe. Imagino. Então você ainda não consegue fazer nada?

— Pouca coisa. Consigo mexer um pouco com a luz das estrelas. — Junggie apontou para alguns quadros de fotografia. — Vem, eu vou te mostrar no observatório.

Junggie foi para a escada vertical, mas Florzinha ficou olhando um quadro totalmente preto.

— O que é isso?

Junggie voltou para olhar, e ficou um pouco nervoso.

— Isso? É... Se chama blecaute. Consigo escurecer todo o céu se a situação for favorável. — Junggie omitiu o fato de que “favorável” queria dizer uma grande solidão causada pela ausência dela e subiu antes que ela fizesse mais perguntas.

Tal como na infância, ele manipulou os controles o para apagar a luz e abrir o domo. Mostrou o céu mais iluminado que o normal, que abriu um grande sorriso no rosto de Florzinha. Ela parecia encantada, mas não impressionada.

— Vou te mostrar algumas constelações.

Florzinha quase não acreditou quando um conjunto de estrelas começou a brilhar mais forte, sobressaindo-se.

— Esse é o Pinheiro.

De fato, era o desenho que os pontinhos pareciam formar. As luzes até pareceram um pouco verdes por um momento.

— Uau — agora sim, impressionada. Boquiaberta.

— Esta é a... Florzinha.

Pontos avermelhados brilharam mais forte, mostrando um pequeno botão de flor. Florzinha sorriu delicadamente, não muito encantada, até que os pontos começaram a se mover e multiplicar, em um tipo de animação enquanto a rosa se abria, mostrando muitas pétalas.

— Aigoo… Como isso é possível?

Junggie riu.

— E a minha favorita é a Borboleta.

Pontos laranjas formaram uma linda borboleta. A princípio, estática, mas logo começou a bater suas asas lentamente, e voou pelo céu noturno, aventurando-se.

— Isso é… Simplesmente incrível. — Ela olhou para ele. — Muita coisa mudou, não é mesmo?

— Sim. Você nem me contou nada sobre o que aconteceu com você…

— Seria impossível contar tudo em uma noite — ela riu. — Até pra você me contar seus estudos.

Junggie assentiu, segurando o riso. Começou a pensar que era a oportunidade perfeita para pedir pra ela voltar. Mas ele sabia que não podia. Sabia que aquele pedido poderia estragar aquela noite, então voltou a olhar para o céu. Sem querer, deixou transparecer um pouco da sua tristeza e Florzinha notou, mas não encontrou muita coisa que pudesse fazer.

— Me mostra mais constelações?

Os dois deitaram no cubo para observar o céu. Junggie passou o finzinho de noite criando e destacando constelações, mostrando tudo para Florzinha, que sorria, satisfeita. Parecia feliz com o novo poder dele. Quando parou para notar, ela estava quase dormindo.

— Flor — sussurrou ele, chamando sua atenção. — Você não tem hora pra ir?

— Minha carona só vem às seis… — murmurou ela, já caindo.

Junggie pensou se não seria conveniente conseguir um aposento para ela, mas já estava praticamente dormindo. Só então, ele notou o quanto seu corpo estava pesado, suas pálpebras querendo cair sobre os olhos. Deixou escapar um levíssimo riso ao olhar para ela. Mal podia acreditar que ela estava ali.

Observou-a dormir por um tempo, piscando lentamente com cabeça apoiada na mão, até capotar.

 

~

 

Acordou com uma luz bastante forte e incômoda. Piscou várias vezes, tentando se acostumar. Deveria ser o amanhecer, mas estava muito mais intenso. Colocou a mão entre os olhos e a luz, fazendo um tipo de sombra. Controlou a luz para que ficasse mais branda ao seu olhar. Viu Florzinha indo para fora do observatório, onde uma carruagem dourada guiada por um homem que parecia igualmente dourado estava estacionada. Ele a viu subir na carruagem antes que ela começasse seu curso pelo céu, indo para longe.

— Mas… Mas…

Junggie estava bastante decepcionado. Ela nem ao menos se despedira! Sua tristeza, no entanto, pareceu dar uma pausa quando ele notou um  pote de vidro transparente com purpurina verde ali do lado dele, onde ela estivera dormindo. Junto, havia um bilhete. Apressou-se em abri-lo e lê-lo.

 

“Fiquei pensando sobre aquilo de não termos tempo para conversar. Precisamos colocar os assuntos em dia, com calma. Que tal mandar uma carta? Escreva, dobre em formato de avião e coloque o meu endereço na asa esquerda e o seu na asa direita. O meu é: Bosque Solar, casa 34. Delfos, Grécia. Jogue o pó de Hermes sobre o avião para garantir que ele vai chegar, e então lance. Seria ótimo retomar o contato!”

 

~

 

Yumi tomou um grande susto com alguém batendo insistentemente na porta de seu aposento. Acordou de sobressalto, se perguntando quem poderia estar tão animado àquela hora da manhã. Abriu a porta.

— Junggie?

— Halmeoni, não vai acreditar! Ela deixou um endereço e pediu uma carta! — Junggie estava eufórico, mas Yumi mal tinha acordado.

— Florzinha?

— Claro, Halmae! Eu achei que ela tivesse se tornado uma nômade, mas parece que mora com Apolo, sei lá. Me ajuda a escrever uma carta?

Depois da pergunta, Junggie abriu seu sorriso mais brilhante. Yumi o encarou por um tempo com os olhos semicerrados.

— Não sou boa com isso.

— Como não? A senhora não trocava cartas com o halabeoji?

— Aí que tá. Sempre fui ótima em receber cartas. Ele tinha um talento incrível para fazer as garotas se derreterem. Por que não pede ajuda pro seu halabeoji?

Junggie se inclinou lentamente para o lado e viu seu avô ainda dormindo.

Ok, Jungkook não estava exatamente no topo da lista de pessoas com quem Junggie mais conversava. O pequeno estava cansado de ouvir sua mãe falando sobre como o avô era tímido, mas como estava orgulhoso do excelente desempenho artístico do neto. Se falavam normalmente, conversavam às vezes até, mas nunca houve muito assunto. Foi Jungkook quem ensinou Junggie a voar, e depois a fotografar profissionalmente para captar resultados dos estudos celestes. Nessas épocas de aprendizado, eles se viam bastante, mas depois voltavam à mesma situação de sempre. Dentre todas as coisas que haviam sido estudadas por eles, nenhuma era tão pessoal.

Mesmo assim, Junggie acreditava que valeria muito à pena.


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Notas finais do capítulo

Olha só quem cresceu! Só assim para reencontrar a Florzinha, não é mesmo?
E não é que ela deixou um endereço? Danadinha!



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