Bulletproof Grower escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 11
Noite iluminada


Notas iniciais do capítulo

Não tem como não começar essa postagem sem pedir desculpas pela demora.
Vocês não sabem o quanto estou sentindo saudade de vocês e dessa história.
Enfim, ontem foi a festa de 15 anos da minha prima, e semana passada o evento de aniversário do meu grupo cover. Ou seja, passei duas semanas completamente atarefada estando à frente da organização desses eventos, isso fora os demais dias de preparação.
Agora as coisas estão mais tranquilas. Aliás, com essa greve, as aulas estão suspensas então é mais tempo para escrever (eu sempre olhando o lado bom das coisas).
Esse é o último capítulo antes do espetáculo em si, que por sua vez é o último da minha reserva. Mas não se preocupem, como disse, a escrita vai voltar normal agora.
Aproveitem esse capítulo que tá bem fofo.



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Junggie deu duas batidinhas no banco ao seu lado; o segundo convite. Florzinha sentou ao lado dele e testou algumas notas. Junggie observou, com encanto, seus dedinhos passearem pelas teclas. Ela o fazia com segurança, mas ao mesmo tempo, de forma delicada e fluida.

— O que vamos aprender?

— Não faço ideia — respondeu Junggie. — Que música se ensina para um iniciante de piano?

Florzinha ensinou Junggie a tocar um pouco de Für Elise. Fez várias explicações, eles praticaram e se divertiram bastante, de uma forma que Junggie não esperava que pudesse acontecer com o piano.

Um pouco mais tarde, o sol começou a se pôr, deixando o quarto com uma linda cor laranja. Aos poucos, Florzinha perdeu a concentração para o espaço.

— Terminamos aqui? — perguntou ela, olhando ao redor.

— Acho que sim. Foi divertido.

Então, ela se levantou e começou a andar pelo quarto. A luz solar parecia formar desenhos no chão. Junggie a observou em sua pesquisa espaço-corporal: ela andava com a ponta dos pés, interagia com os vazios e com os objetos que podiam ser apoio. Começara timidamente até que a luz tornara-se seu novo brinquedo. Cada vez mais, parecia interagir com a menina, movendo-se com ela em sincronia. Ela estava totalmente perdida naquela experiência.

Aos poucos, a luz foi escurecendo, tornando-se vermelha, roxa e finalmente azul anil. Florzinha foi parando aos poucos, com um grande sorriso no rosto. Mal entendia o que tinha acabado de acontecer, porque havia sido levada por aqueles desenhos tão bonitos. Estava um pouco cansada e tonta, e só percebeu quando sentiu Junggie segurando seus ombros. Ela olhou para ele e riu.

— Por que não veio dançar comigo?

Ele não respondeu. Apenas sorriu, antes de começar a conduzi-la para fora do quarto.

— Vem. Quero te mostrar meu lugar favorito nessa casa.

 

Junggie segurou a mão de Florzinha e a levou correndo para cima e para cima. Corriam por um hall, subiam as escadas e repetiam, sempre indo para cima.

— Esse caminho não acaba nunca? Por acaso é no último andar?

— No último andar? Não… É acima dele.

Ao chegarem ao último andar, caminharam com mais calma até uma grande sala. Havia várias bancadas com papéis cheios de anotações e livros abertos. Nas paredes, alguns armários e vários quadros de fotos lindíssimas do céu noturno.

— Então você gosta de estudar — concluiu Florzinha, olhando tudo, tentando entender por que uma sala de estudos era tão importante.

— Estudar qualquer coisa, nem tanto. Eu gosto de estudar isso aqui. Vem, ainda não chegamos.

— Não?

— Não, eu disse que não era no último andar — lembrou Junggie, indo para uma escada metálica quase vertical que Florzinha ainda não tinha notado. — É acima dele.

Junggie subiu sem esperar por Florzinha, provavelmente porque a escada não dava para duas pessoas subirem lado a lado; era preciso se firmar nos apoios nas laterais. Seguindo Junggie, ela subiu com dificuldade, sendo ajudada por ele no final. Chegando lá, se viu sob um domo branco, uma meia esfera. Não havia nada no lugar, exceto um equipamento astronômico — um telescópio, supunha — perto de uma saliência cúbica no chão.

Junggie fechou o alçapão e conduziu-a, animado, para o cubo, onde se sentaram. Entre eles, o cubo apresentava uma pequena portinha, que ele abriu, revelando alguns controles.

— Tá pronta?

— Não sei pra quê, mas tô.

Junggie apertou um botão e a luz — que vinha de sabe-se lá onde — sumiu, deixando-os no escuro completo. Em seguida, ela ouviu o barulho que parecia ser de uma pequena alavanca. Então, a cobertura se dividiu no meio e foi se abrindo, sobrepondo camadas e revelando o céu noturno completamente cheio de pontinhos brilhantes.

O queixo de Florzinha caiu.

— Aigoo, isso não pode ser real. Junggie, eu olho o céu lá de Daegu de vez em quando e nunca tinha visto nada parecido!

— Tudo depende da forma como você vê.

— Quer dizer sobre estarmos mais alto?

— Não, não. Isso não importa muito. As estrelas só são vistas por aqueles que desejam vê-las… E por aqueles que elas desejam que as vejam.

— Está me dizendo que as estrelas têm vontades.

— Quem sabe? — ele deu de ombros.

Florzinha olhou para o telescópio.

— E você precisa disso? Já dá pra ver tudo assim!

— Se eu quiser ver mais precisamente determinada constelação, eu preciso disso. É muita informação, não acha?

— Sim, muita — ela riu. Estava completamente encantada.

— Experimenta — disse ele, indicando o telescópio.

Ela hesitou um pouco, mas testou o objeto, que estava à frente deles. Conseguiu observar tudo com maior precisão. Estrela por estrela. Logo, se lembrou do que viu nos olhos de Junggie, mas decidiu não comentar sobre. De repente, ela viu uma coisa diferente.

— Ah, espera, o que é isso?

— Deixa eu ver — Junggie estabilizou o telescópio para que não saísse do lugar e o olhou. — Ah, isso é Vênus.

— Sério? — perguntou ela, olhando de novo. — Eu nem sabia que aqui também tem Vênus.

— E por que não teria? O Segundo Mundo é como um espelho do Primeiro, não só o planeta, mas todo o universo. Na verdade, parece óbvio, mas eu tive que fazer esse tipo de experimento para descobrir. Ah, e aproveite bastante, não é toda noite que dá pra ver Vênus pelo telescópio.

— Aigoo — suspirou ela, sem deixar de olhar.

Junggie mexeu nas configurações do telescópio para que Vênus ficasse mais visível. Ela olhou por mais algum tempo, completamente encantada.

— Desde quando esse observatório existe?

— Faz pouco tempo. Tipo, desde muito pequeno eu tenho interesse pelas estrelas, pelo menos é o que halmeoni conta. Recentemente eu comecei a estudar de verdade com Namjoon Ajussi, e a astronomia logo se tornou meu principal assunto. Então decidiram criar um laboratório onde eu pudesse levar isso mais a fundo.

— É um interesse bem peculiar.

— Mais ou menos… Considerando minha origem, é até previsível.

Florzinha tirou a atenção do telescópio.

— Como assim?

— Pra começar, eu não venho da mesma linha que todo mundo. Os copiadores criaram um mundo à parte para que minha eomma pudesse conhecer o Primeiro Mundo, e é de lá que eu venho. Para criar outro mundo, é preciso copiar a configuração de um mundo original, e isso se faz a partir das estrelas.

— Você veio das estrelas, então.

— Basicamente. Bom, os dons dos meus pais também devem ter alguma influência nesse meu gosto.

— Fogo e luz. Faz sentido. Olha, parece que você é uma criança ainda mais especial do que todo mundo supunha, afinal.

— O quê? — perguntou Junggie, levemente nervoso. Ele não queria ser especial. — Por que raios…?

— Você veio das estrelas, fala sério! Isso é demais.

— Todo mundo vem das estrelas, a diferença é que eu venho de outras estrelas.

— Estrelas criadas só para você.

— Para a minha eomma — corrigiu ele.

— Aish, por que você quer fingir que não tem nada demais? Você é incrível, você é um crescente!

— Eu não sei o que ser crescente tem de tão especial. — Junggie olhou o telescópio e procurou uma coisa. Então, travou-o novamente. — Olha.

Florzinha olhou, e viu a lua.

— A Lua cresce, e ninguém liga pra isso. Não é nada demais. Eu queria ser criança pra sempre.

— É sério? Tem noção de como isso é chato?

— Tudo depende de como você vê. Quando eu atingir a maturidade corporal completa, vou ter que me tornar juiz, e ser juiz é uma chatice! É muito melhor ser uma criança em Daegu, poder brincar, cantar e dançar o tempo todo.

— Uma coisa não impede a outra, sabe? Apeoji tá aí pra provar.

— É. Halmeoni disse uma vez que todas as pessoas grandes foram crianças, mas poucas se lembram disso. Eu não quero me esquecer. Eu não posso.

— Por quê?

— Porque você vai embora, vai se tornar apenas uma memória. E se eu esquecer, eu não vou ter mais nada.

— Talvez seja melhor. Assim você não sente minha falta.

— E qual vai ser o preço? — perguntou ele, levemente irritado. — Esquecer de todas as coisas incríveis que estamos fazendo juntos? Não, obrigado. Viemos aqui para criar boas memórias, lembra? Tá me dizendo que tudo isso foi à toa?

Mesmo com Junggie meio bravo, Florzinha riu. Para começar, ele bravo era uma fofura. Em seguida…

— Não. Não se preocupe, eu não vou esquecer. Esse foi um dos meus melhores dias em Omelas, então… Obrigada.

Junggie ficou olhando-a por um tempo. Não sabia o que sentir. Seu objetivo havia sido cumprido, mas ele não sabia o que isso significava. Ele apenas se sentia grato a ela. Também não precisou pensar muito no que dizer ou fazer; ela o abraçou alguns segundos depois, e repetiu.

— Obrigada.

Junggie, abraçando-a, tentou não chorar. Ele ainda não se sentia pronto para deixá-la ir, mas tinha feito uma promessa. Ele teria que ser forte naquele dia.

— Senhor Seokjung! — eles ouviram a voz de alguém lá embaixo. Provavelmente um espectro, a julgar pelo tratamento.

— Sim — gritou ele de volta, depois de soltar Florzinha.

— A senhora Sunghee está chamando o senhor e sua irmã para o jantar!

— Estamos indo — anunciou ele, antes de se voltar para Florzinha, sorrindo. — Vamos?

 

~

 

Florzinha já tinha experimentado a comida de Jin uma vez, na festa de Junggie, mas era a primeira vez que era convidada a se unir ao Juízo na mesa de jantar.

— Ah, olha meus pequenos aí! — disse Yoongi, feliz, quando viu os dois entrarem juntos na sala de jantar.

Sunghee mostrou a Florzinha onde sentar, ao lado de Junggie. Como sempre, a comida estava deliciosa e a conversa animada. Yumi perguntou às crianças o que tinham feito e eles contaram seu dia. Namjoon gostou de saber que estiveram projetando.

Depois do jantar. Florzinha agradeceu a todos pela recepção e hospitalidade. Junggie a levou de volta para Daegu, onde ficaram mais um tempo conversando. Depois, retornou para casa.


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Notas finais do capítulo

Ain eu sinto que vou chorar em breve



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