No capítulo anterior:

Já passei por muito em toda a minha vida, mas sem dúvida que, ter de tomar esta decisão foi a pior coisa pelo que eu já passei.

Eu não estava andando, estava me arrastando.

Eu nem estava sentindo nada para além de dor. E parecia que essa dor não ia ter fim nunca.

—Kate!

Eu ouço a voz me chamando ao fundo e logo soube que era a minha mãe. Era tudo o que estava precisando neste momento – colo de mamãe. Me deitar em seu colo, sentir o seu cheiro e lembrar de quando eu dormia agarrada á sua cintura enquanto ela fazia carinho no meu rosto.

Parecendo que não, com minha mãe, ás coisas sempre pareciam melhores, inclusive quando estavam péssimas.

...4 MESES DEPOIS...

Pov Kate

Hoje eu iria saber o sexo do meu bebé.

Sim, vocês devem estar confusos e com razão.

Depois daquele dia no hospital em que eu estava decidida a abortar, resolvi ir para casa com a minha mãe e me afundar em lágrimas.

Passou-se alguns dias e eu resolvi retornar ao trabalho até que estivesse calma para fazer o aborto.

O que aconteceu nesse espaço de tempo e que eu não fazia a mínima ideia que ia acontecer era ganhar afeção ao ser que crescia dentro de mim. Aos pouco eu tocava na minha barriga e começava a sentir amor. Começava a sentir o meu peito a aquecer cada fez que falava com o meu filho.

Desisti de imediato dessa ideia e resolvi que, se, eu iria ter essa criança eu teria de me tratar. Resolver os meus problemas pessoais e tomar as atitudes certas.

Já via o psicólogo á 3 meses.

E as diferenças eram incríveis. Agora, passados 4 meses depois, apesar de ser tarde, eu precisava de contar ao Rick. Precisava de pedir desculpa pela minha falta de maturidade e pelas vezes em que ele me quis ajudar e eu rejeitei essa ajuda por não saber o que era amar.

Eu ia ainda hoje falar com ele e só eu sei o quanto sentia falta.

O quanto estes 4 meses foram dolorosos sem ele. Sem suas piadas bobas. Sem seu toque.

Sem ele.

Rick me fazia uma falta que eu nem mesma imaginava ser possível.

Iria ter com ele agora.

Só esperava que ele estivesse disposto a perdoar-me.

—Vamos falar com o papai... – Eu acaricio a minha barriga. Queria aproveitar e convidar Castle para vir comigo á consulta para saber qual o sexo do nosso bebé.

A minha barriga já se notava e este sentimento era indiscritível.

Chego na porta do loft e percebo o quanto estou nervosa pela minha aceleração cardíaca.

Respiro fundo para me acalmar.

Toco na campainha pensando se ele ainda viveria no mesmo sítio.

Eu estava nervosa.

Aparentemente ninguém vai abrir a porta, por isso, dou as costas e, infelizmente, acabo por ir embora.

—Quem é? – Eu ouço a voz da mulher e me viro de novo para a porta.

A ruiva me encarava confusa e logo me chamou á atenção a barriga um pouco maior comparada ao resto do corpo.

Todos os pensamentos começam a passar pela minha cabeça.

—O Castle está? – Eu pergunto, gelando.

—Não, está dando uma sessão de autógrafos. O que precisa? Quem é você?

—Katherine Beckett. – Eu olho a ruiva. – Uma amiga de Castle. – Minto.

—Eu posso dizer que você passou por aqui. – Ela sorri, fingindo simpatia.

—Rick vai ser pai? – Eu pergunto, olhando a barriga da mulher.

—Sim, vamos ser papais. – Nesse momento a minha ficha cai e eu sinto me perder as forças. – Você está bem?

—Sim, tenho de ir. Felicidades para vocês. – É a única coisa que eu consigo dizer, dou as costas e me permito chorar. De novo.

Não sabia se havia de sentir raiva de Rick ou ódio mesmo. Uma mistura de sentimentos invade o meu peito.

Decido ir até Lanie. Precisava de uma amiga para desabafar.

E agora? Como ia ser? Eu iria esconder um filho de Castle para bem de todos ou contar a verdade e destruir uma família que ele tinha construído?

A minha cabeça estava pesada. Não sabia o que pensar/sentir/fazer.

Para falar a verdade acho que ainda nem estava em mim.

Como assim ele refez a vida tão rápido sem mim? E nem hesitou em fazer logo um filho?

Eu estava sentindo nojo de tudo isto.

Chego á casa da Lanie, que, outrora também foi minha e, mais uma vez, só me apetece desaparecer, só que, desta vez, eu tinha uma força a mais. O meu filho.

Pov Castle

A sessão de autógrafos tinha sido cansativa.

Desde que lancei o meu livro na semana passada, tem sido uma correria.

Uma correria tão grande que, pelo menos, me fazia esquecer um pouco de tudo.

Chego em casa e Meredith tinha comprado alguma coisa para o almoço, porque ela não sabia cozinhar.

Ainda hoje me pergunto o porquê de ter sido tão impulsivo...

Vocês devem estar se perguntando quem é Meredith.

Ok, eu vou explicar.

Flashback On

Fazia um mês que Kate tinha me deixado e desde então tornou-se hábito sair á noite para beber.

Hoje era diferente. Queria transar.

Transar para esquecer Kate. Para ver se realmente fazia efeito.

Fui com essa intenção e não seria difícil. Mulheres nunca foi um problema para mim e não era agora que ia ser. Nem precisava de ir até elas, elas vinham até mim.

E assim foi.

Eu já estava tendo visão dupla por causa do efeito do álcool.

—Oi, gato... – A ruiva de aproxima de mim e nesse momento eu soube que iria ter o que eu queria.

...

Estávamos na cama e a química era zero. Para piorar a situação, o álcool estava misturando as minhas ideias e eu estava tendo visões de Kate em cima de mim, beijando-me o pescoço e cravando as suas unhas no meu peito.

—Vamos fazer um bebé, Kate... – Eu toco o seu lábio e olho nos olhos da ruiva percebendo que não era mais Kate que estava ali.

—Você quer ter sexo imaginando outra pessoa? Eu topo! – Ela ri, louca, começando a tirar a sua roupa.

Eu estava tão bêbedo que eu nem lembro nem do que aconteceu naquela noite.

Flashback Off

Pelos vistos foi o suficiente para Meredith engravidar.

Na altura eu fiquei com raiva, mas depois ela me explicou que eu passei a noite toda implorando por um bebé e ela me quis satisfazer.

Meredith era uma estrela de cinema e eu sabia que ela ia dar á luz e teria de ir embora.

Aceitei isso desde de que, ela me deixasse ficar com a criança. Ela concordou de imediato com isso, nem querendo saber se ia ser mãe ou não. Tudo o que importava era o peito que ia ficar descaído ou as estreias que ia ganhar depois de ser mãe.

Nada se comparava com a minha Kate.

Como ela estaria? Bem?

Sempre que me lembrava que ela tinha decidido mesmo abortar a minha raiva voltava ainda mais forte.

Mas, agora, tudo o que eu me tinha que concentrar neste momento era minha carreira e minha filha, Alexis.

Sim, nós tínhamos ido a uma consulta hoje de manhã, antes da minha sessão de autógrafos e já tinha dado para ver a minha garotinha.

E, apesar de não ser com Kate, o meu desejo de ser pai havia se realizado de outro jeito. E isso era o que me importava neste momento.