No capítulo anterior:

Kate chora encolhida nos meus braços.

—E eu não fiz nada para impedir que ele saísse... horas depois ele foi encontrado morto. Mike Royce se suicidou por minha causa, Castle!

—Shiuuuu... Não diga isso, Kate! Você não teve culpa nenhuma... – Eu limpo as suas lágrimas com os meus polegares, enquanto a embalo nos meus braços.

—Tive sim, Rick... – Sua voz saí com dificuldade.

—Não pense nisso agora. Eu estou aqui, ok? – Eu murmuro contra o seu pescoço. – E eu te amo. Não importa o quanto você negue, mas eu não desistir de nós. Eu nunca me senti assim com ninguém, Kate. Não vou lutar contra isto.

—Fica aqui agora... – Ela sussurra, segurando as minhas mãos.

—Eu não vou a lado nenhum. – Abraço-a com mais força, puxando-a para mim.

—Promete?

—Claro que sim. – Beijo a sua testa.

E deixa dormir nos meus braços, na esperança de que tudo ficasse bem.

Música do capítulo

Pov Kate

Acordo com uma dor de cabeça tremenda e quando lembro que tinha de dizer a verdade a Castle ainda fico pior.

Eu só tinha contado um terço da verdade que pertencia ao meu passado, mas, recentemente descobri uma coisa que poderia ser motivo de felicidade para muitas pessoas, mas não para mim.

O cheiro a panquecas me abre o apetite por instantes e me faz chorar, de novo. Eu não merecia um homem como Rick e ele merecia saber o que se estava passando e saber a minha decisão.

Me levanto e vou ao encontro dele.

As passadas eram arrastadas e eu não conseguia absorver os meus pensamentos.

Depois do que eu lhe iria falar eu tinha a certeza que Castle nunca mais ia querer ver á frente.

—Bom dia, amor! – Ele abre os braços para me receber e aceito o seu abraço caloroso e honesto.

Aproveito bem, inalando o seu cheiro que eu tanto amava.

Sinto como se fosse o último, por isso aproveito.

—Tudo bem, amor? – Rick logo nota o meu estado de espírito.

—Você precisa de saber a verdade, Rick. Eu não consigo esconder mais isso de ti. – Eu sinto as forças me faltarem nas pernas e opto por me sentar.

—O que se passa? Está-me deixando preocupado, Kate. – Ele se ajoelha perto de mim.

—Você ontem não me encontrou porque eu estava no hospital. – Eu vou direta ao assunto.

—Como assim? O que aconteceu? – Castle franze a sobrancelha, claramente perturbado.

—Eu estava passando mal, vomitando e achei por bem ir no hospital. – Explico, inspirando fundo para que, conseguisse encontrar coragem para falar com ele.

—Porque você não me ligou, amor? – Ele segura as minhas mãos.

—Castle, eu estou grávida! – Eu falo de uma vez e as palavras acompanham o meu choro.

Rick paralisa. Ele fica me olhando com uma expressão que nem eu mesma consigo decifrar.

—Grávida? – E então o sorriso começa a surgir no canto do seu lábio. E aí eu soube o quanto ia ser difícil dizer-lhe a decisão que tinha tomado.

—Sim, grávida. – Confirmo.

—De quanto tempo? – Ele pergunta.

—2 semanas. – Eu falo totalmente submersa em lágrimas.

—Eu não sei o que dizer... Me pegou de surpresa! Mas eu estou feliz, Kate! Muito! – Ele me abraça, mas eu não recetiva.

—Rick, eu não vou ter esse filho. – Eu solto o ar dos pulmões.

Castle se afasta.

—Como não? – Agora isto ia descambar, eu podia sentir.

—Eu não vou ter este filho, Rick. – Explico novamente.

—A criança não teve culpa nenhuma! – Ele me olha diretamente.

—Nem eu! Foi um acidente! Eu nem sei como isto aconteceu! A pílula funciona em 99% dos casos!

—Você não pode abortar, Kate! – As lágrimas formam-se nos seus olhos.

—Rick, entenda, por favor. Eu não tenho maturidade ou capacidade para criar um filho... – Eu tento me aproximar de novo.

—Eu vou te apoiar! Nós conseguimos, mas não estrague algo que nasceu fruto do nosso amor...

—Castle, eu estou quebrada demais para amar... Eu não posso dar á luz uma criança e depois não saber ser mãe...

—Então nós fazemos terapia para você enfrentar e derrubar esses demónios, mas por favor... Eu estou implorando não mata esse bebé... – Ele segura as minhas mãos.

—Merda, Rick! – Eu me afasto, chorando. – Você está tornando tudo mais difícil! Está fazendo de mim uma assassina!

—Se você quiser abortar isso faz de você uma assassina mesmo! – Ele fala com raiva.

—É assim que você vê as coisas?! Você prefere que eu crie este filho com ódio, sem saber como amá-lo sequer?! Isso é muito egoísta, Rick!

—Você é egoísta! Só está pensando em você! E eu? Onde fico no meio disto tudo?!

—Você nem sequer me está apoiando!

—Você quer matar o nosso filho! Você não percebe o mal que me está fazendo!? – Castle se altera.

—Eu tenho pena que você veja as coisas desse jeito... Porque a minha decisão está tomada. – Eu limpo a cara, mas as lágrimas teimam em cair.

—Fica sabendo de uma coisa, Kate. – Castle fala. – Se você fizer isso, por mais que me custe, você escusa de me procurar mais, porque você vai estar morta para mim.

Aquelas palavras me atingem de uma forma tão forma que a dor que sinto no peito me faz cambalear.

—Foi um prazer te conhecer, Rick.

Só eu sei o quanto aquele olhar, aquele fechar de porta foi doloroso.

E por mais que pudessem censurar eu não podia ter esta criança.

Não porque eu não a quisesse, mas porque eu iria ser uma má mãe neste momento e a criança não tem culpa nenhuma de eu estar quebrada.

Assim que saio eu desabo. Eu me sentia partida em cacos.

Pov Castle

Eu não acredito que Kate tinha feito isto comigo.

Não a minha Kate. Não a mulher que eu amava.

Alcanço os copos e num momento de raiva os atiro contra o chão, enquanto me permito chorar e gritar.

No meu peito uma mistura de raiva, angústia, dor e tristeza me afetavam de tal maneira que pensei que minha cabeça ia explodir. Não sei qual dos sentimentos predominava.

Soco a parede com tanta força que faço sangue nos nós dos dedos.

Isso não me importa.

Porque tudo o que me importava, Kate acabou de destruir.