Quer casar comigo? escrita por Kurohime Yuki


Capítulo 23
Não


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, não posto dia de hoje, mas minhas provas irão começar e eu não sei se vou ter tempo e a história já está pronta mesmo.



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NÃO

TERCEIRO ANO DE NAMORO

Asher queria saber onde estava os olhos parecidos com Julie. Beatrice e ela não tinham nada de parecido uma com a outra.

Asher abriu a porta e sentiu-se... procurando. Algo.

Por um momento, eles se encararam.

Por um momento, Ash sentiu vergonha dos seus pensamentos, por ter esperado uma garotinha loira, por estar sendo... racista.

Beatrice tinha pele escura clara, cabelos pretos cacheados e olhos castanhos escuro.

Ela era linda.

—Sorria - ordenou Julie, cutucando Beatrice de lado e depois o olhou, reprovando seu comportamento. - Vocês dois.

Beatrice continuou olhando-o como sempre e, enquanto a encarava, Asher viu as semelhanças e sentiu-se sorrir. A garotinha realmente tinha os olhos de Julie. Grandes. Enormes. Arregalados. Assustados. Ele conseguia imaginar Julie olhando para tudo e todos daquele jeito quando era mais nova.

—Oi - disse, ficando de joelhos, na altura dela. - Eu sou Asher. E você?

A garota assentiu.

Julie revirou os olhos.

—Ela não é tímida - disse, abaixando-se para pegá-la nos braços e então se levantando, encaixando-a de lado, em sua cintura. Beatrice rapidamente escondeu a cabeça na curva do seu pescoço. - Então, querido - Julie sorriu - minha sogrinha disse que iria fazer bolo...

—Bolo? - repetiu a garota, virando a cabeça para Asher com rapidez, os olhos sedentos. - Você... tem bolo?

—Eu tenho bolo - concordou Asher, sorrindo. - Quem quer bolo?

—Eu sou Bea - respondeu a garota. - Bea de Beat... - Ela tentou por um momento dizer o nome certo, sabendo que dizia errado, e então desistiu. - ...tice.

Asher queria apertar as bochechas dela. Ela era fofa. Tão, tão fofinha.

—E eu sou Ash. De Asher.

Beatrice sorriu. E ela tinha covinhas. Asher olhou para Julie em busca de confirmação - e o fato dela ter empurrado-o para o lado, para passar, foi suficiente para dizer que sua namorada estava consciente desse fato.

—Pare de tentar roubar o meu bebê de mim - reclamou ela, apertando Beatrice contra si. - Comprando-a com bolo. Você me comprou assim também.

—Julie - reclamou Asher. Ela tinha se esquecido qual era o propósito de estarem ali? Que era para conhecer Beatrice e fazê-la gostar dele?

—Tudo bem. - Julie suspirou, colocando-a no chão. - Eu não posso dizer não a isso - disse, cutucando a bochecha dela, girando o dedo naquela coisinha adorável. Beatrice riu, os olhos grandes brilhando. - Ei, Bea, que tal bolo agora?

Beatrice assentiu.

—Eu gosto de bolo.

—A mão dele faz bolos ótimos - confessou Julie, sussurrando no ouvido dela.

—Verdade? - Beatrice se animou.

—Por que você não vai com ele? - sugeriu Julie. - Ele conhece esse apartamento melhor do que eu. - E completou ao vê-la hesitar: - E ele vai te dar um pedaço beem grande de bolo.

—Beeem grande bolo - concordou Asher, não tendo nada contra um pouco de chantagem emocional.

—Tudo bem. - Beatrice esticou os dedinhos pequenos para Asher pegá-los. E piscou os olhos. - Vamos?

Asher pegou a mão dela, sorrindo vitorioso.

Julie ficou para trás, esperando, observando.

Beatrice deu dois passos quando Asher virou-se para olhar para Julie, que assentiu, sem dizer nada, sabendo que eles estavam no mesmo ponto.

Beatrice tinha problemas na perna.

 

—Nós vamos para o médico próxima terça - disse Julie baixinho para não ser ouvida, olhando para Beatrice por um momento, que estava pintando algo, para ter certeza que ela não ouvia, antes de encarar Asher. - O povo lá do orfanato estava percebendo algo de errado, eles dizem. - Ela revirou os olhos. - Eles deviam estar planejando não levá-la ao medico, porque aí não seriam obrigados a colocar isso na ficha - resmungou mordaz. - Eu sei que eles gostam dela, mas... Eles estavam fingindo não ver, isso é o que era. Esse povo sempre finge não ter nada de errado, como se fosse desaparecer com o tempo. Deve ser por isso que Bea ainda não foi adotada - disse, apenas movimentando a boca em "adotada". - Então. - Julie respirou fundo. - Eu disse a diretora que eu iria junto, depois da aula. Para ter certeza que vão realmente levá-la.

Asher mordeu o lábio, mastigando o canto dele sem nem ao menos essa ser uma mania sua. Mas o fato de Beatrice andar daquele jeito era um pouco preocupante realmente. Ele não sabia como tranquilizar Julie.

Ash esticou a mão e segurou a dela, apertando-a e sorrindo levemente, sem saber o que dizer e ela retribuiu o aperto, sorrindo para ele tão leve quanto, e eles apenas observaram Beatrice.

 

Eles estavam trancado.

Fora de casa.

Fora do apartamento de Asher.

Beatrice tinha dito que esqueceu algo e voltou para pegar enquanto Asher e Julie chamava o elevador, e então a porta do apartamento bateu.

Julie bateu na porta de novo com força, os nós dos seus dedos não parando por um minuto de bater. Ela sentia sua mão ardendo, mas não iria parar.

—Abra a porta, Beatrice - ordenou.

—Não - ela disse, fungando audivelmente. Com certeza chorando. - Você disse que a gente ilia comemorar hoje. Você disse que você selia minha mãe. Você mentiu.

Julie suspirou, a raiva ainda lá, contudo não mais de Beatrice. Raiva do juiz idiota que achava que ela era muito nova e não tinha responsabilidade para criar uma criança. Ou era casada. Como se ela só pudesse adotar se fosse casada, de preferência depois de tentar muitos e muitos anos ter filhos e não conseguir, como se filhos adotivos fosse uma troca para biológicos e não apenas uma opção, uma escolha igualmente válida e sem relação com infertilidade.

—Eu sei, querida, eu sei - disse Julie. - Mas tem gente que acha que eu não seria uma boa mãe.

—Você é uma boa mãe - murmurou Bea.

—Pois é! - concordou Julie. - Que tal...

—Não - repetiu sua garotinha, sua linda garotinha que Julie queria jogar pela janela. - Eu não quelo ir para o orfanato ainda. E se eu sair você vai ter que me levar. Você não queba suas pomessas.

—Eu não quebro minhas promessas - concordou Julie. - E o que eu te prometi?

Beatrice ficou calada.

Julie esperou pacientemente, mas quando não ouviu a chave girando ou viu a maçaneta girar, ela tentou novamente.

—Bea - pediu.

—Que você seria a minha mãe - murmurou ela.

—Exato. Que tal abrir a porta agora?

—Eu não quelo ir ainda. Eu não posso... ficar mais um pouco? - pediu Beatrice.

Julie conseguia vê-la batendo os olhos cheios de lágrimas, o nariz provavelmente escorrendo e as bochechas rosadas. Como podia dizer não a isso?

—Tudo bem - suspirou, sentando ao lado de Asher no corredor imundo, que a esperava de braços abertos. - Você está confortável aí?

—Eu peguei as almofadas do sofá e o lençol da cama do Ash.

Julie sorriu.

—Boa garota.

—Garota inteligente - concordou Asher.

—Deite em cima das almofadas - aconselhou Julie. - É melhor e mais quente do que esse chão gelado.

—Vocês... estão bem? - Beatrice perguntou, preocupada.

—Não se preocupe, princesa - disse Asher, apertando sua namorada contra si. - Nada do que um chão sujo e gelado para nos fazer amar a companhia.

Julie riu, passando os braços ao redor dele e se encolhendo, tentando proteger o máximo de calor que podia.

—Oh, você me ama? - zombou, levantando o rosto para ele.

Asher beijou-a na testa e Julie sentiu-se... afetuosa. Amada. Bem. Embora estivesse morrendo de frio e quisesse algo mais do que o braço dele como um cobertor.

—Sério isso? - questionou Ellen, cruzando os braços. - Está fazendo... Eu não sei quantos graus! Por que vocês não entram e...

—Bea nos trancou do lado de fora.

—Bea?

—Você sabe - disse Julie. Asher revirou os olhos, ela só sabia disso? - Pequena, cabelos encaracolados, bonita e um pouco tímida.

—Ah - reconheceu Ellen. - Ela é...

—Minha futura filha - completou Julie, orgulhosa.

Asher apertou os braços ao redor de Julie e sorriu suavemente, porque o orgulho de Julie era o seu e ele queria mais do que tudo que se tornasse real.

—Ah - disse Ellen novamente, um pouco surpresa. E então assentiu para si mesma. - Você não pode dizer que é mãe até ser expulsa da própria casa. Esperem aqui - pediu, entrando dentro do seu apartamento, a porta batendo.

—Eu não vou a lugar nenhum! - gritou Julie.

—Você... pode me contar uma histólia? - pediu Beatrice, sua voz um sussurro. - Me colocar para durmi?

—Sua vez, Asher - incitou Julie.

—Quando foi a sua vez? - perguntou Ash, sarcástico.

—Conte uma boa história - continuou ela, ignorando-o. - Qual você quer, Bea?

—Aqui. - Ellen voltou, dois travesseiros em baixo de um braço, um edredom no outro. - Tome.

—Oh, Ellen. - Julie colocou a mão no coração. - Não precisava.

—Esqueça - ela murmurou, as orelhas vermelhas, jogando as coisas em cima deles e depois entrando, batendo a porta com força.

—Julie? - chamou Beatrice.

—Ainda aqui - disse Julie. - Asher?

—Tudo bem. - Ele suspirou. - Você já ouviu a história da princesa e a ervilha?

 

—Julie - sussurrou Asher depois de um tempo, quando Beatrice parecia ter dormido. - Você não acha que seria melhor se nós... poderia ser mais fácil se...

—Não. - Julie interrompeu firme, talvez a primeira vez que disse "não", apenas não, e não "agora não". - Eu não quero ouvir isso Asher. Se eu me casar com você...

—Quando - corrigiu Ash, esperançoso.

—Vai ser por você e não por qualquer outra coisa. Beatrice vai ser minha filha no papel, segundo a lei, mas eu não vou me casar com você para ser mais fácil.

—Não é hora de ter orgulho.

—Não é coisa de orgulho, eu apenas... sinto que é o certo. Se eu me casar com você para conseguir adotar Bea, será como se eu estivesse grávida de você e tivesse que casar com você. E eu não quero isso. Eu quero casar com você, se eu me casar com você, porque eu quero casar com você.

—Quando - disse Asher, sorrindo.

Julie o acotovelou, retribuindo o sorriso, satisfeito por ele ter entendido seu lado e não forçado, não tê-la feito desistir de adotar Bea por si mesma, porque tudo que ela mais queria naquele momento era esse.

—Se, se - cantarolou.

Talvez fosse orgulho.

Talvez não.

Mas, fosse ou não, Julie sentia que era o certo.

—Bea? - chamou. - Beatrice? - Nada. - Que tal me dar a chave agora, Julie?

—Eu não sei do que você está falando - disse Julie, passando a chave.

—Por que você não abriu antes? – questionou Asher, colocando a chave na fechadura.

—Porque ela precisar confiar em mim. Eu não quero que ela não acredite em mim.

—Você vai levá-la?

—Claro que não - respondeu Julie. - Eu não quero que ela acorde do nada lá e... sinta-se traída. Nós vamos dormir aqui hoje. A menos que você não me queira - completou, zombando da improbabilidade.

—Eu sempre quero você - concordou Asher, sorrindo para ela e então inclinando-se para beijá-la... quando a porta abriu.

Aquela era uma posição comprometedora, Julie tinha certeza. Estar tão próximo assim de alguém não era natural. Julie não se lembrava de Bea já tê-los visto daquele jeito, deles terem se beijado na frente dela, de Julie ter dito que eles não eram amigos, não apenas amigos.

—Você são... - Beatrice hesitou, sem saber a palavra certa. - Ele vai ser o meu papai?

Julie balançou a cabeça, observando-a. Bea parecia apenas curiosa. E por fim disse:

—Asher é o meu namorado.

—E meu?

—Ele é seu... Ele pode ser seu... - Julie pensou, inclinando a cabeça. O que ele podia ser? - Ash pode ser seu amigo.

—Então não posso chamá-lo de tio como com Tio Charles e Liam?

Julie olhou para Asher. Ele que decidisse.

—Eu... - Ash não sabia o que dizer. Tio? Não, ele não queria ser um tio para Beatrice, porque uma vez que ela se acostumasse... - O que você acha de convencer a mamãe a se casar comigo? - Ele sorriu, ajoelhando-se. - Aí eu serei o seu papai. Mas aqui - Ash tocou no seu peito e então no dela - eu já penso em você como minha filha.

—Então você não é meu papai? - Bea inclinou a cabeça, um pouco confusa.

—Ainda não.

Beatrice assentiu. Como se fizesse sentido. Ela seria perfeita para Julie, Asher tinha certeza. Entender aquela confusão não era para muitos.

—Como a mamãe ainda não é minha mãe - disse ela - mas selá.

—Exatamente! - exclamou Asher, pegando-a nos braços e girando.

Beatrice riu, gostando daquilo, daquela sensação, de se sentir bem, amada.

—Eu quelo que você seja meu papai.

Asher concordou.

—Eu também.


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