Rebirth escrita por Karis


Capítulo 2
Paralyzed


Notas iniciais do capítulo

Obrigada. Acho que essa é a primeira coisa que eu tenho a dizer meu Deus. Eu não esperava ao menos um comentário, então podem imaginar o quanto eu fiquei emocionada por eles e pelos favoritos também.
E vamos aos avisos, né? O capítulo de hoje pode estar confuso, por isso já peço perdão antecipadamente por ter sido necessário ter escrito ele desse modo, assim. Mas eu posso garantir que nos próximos tudo irá se esclarecer direitinho. Também peço gentilmente que se por acaso vocês visualizarem algum erro grotesco ao decorrer do capítulo, por favor, me notifiquem. ♥

No mais, tenham uma boa leitura. Enjoy!



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“Mamãe, o que é o amor?”

Na mesma hora ela olhou para mim, com suas duas sobrancelhas arqueadas de uma maneira engraçada. Por um momento, parou de aparar as folhas do seu pequeno jardim que ela mesma, escondida do papai, cultivava. Era um segredo só meu e dela.

“Uhn? Você é pequena demais para entender esse tipo de coisa querida.” Disse mantendo ambas as mãos na cintura. 

“Papai disse que é uma coisa que gruda em você. Eca! Isso é nojento mamãe.”

Ela me olhou surpresa e começou a rir.

“Sim, sim. Papai tem toda razão. Ela gruda para seeeeeeeempre.”

~

 

Eu ainda podia ouvir os risos ecoando pelos meus ouvidos conforme eu acordava. O frio naquele momento trazia a lembrança mais doce de todos os invernos, bem longe ainda do último verão com a minha mãe. Era uma daquelas lembranças que você pede aos céus para revivê-la todas as noites. Você ora, você faz novamente tudo o que fez no dia anterior e pensa toda hora na mesma coisa, somente para sonhar com ela de novo, na esperança de sonhar com ela ao menos mais uma vez. 

Pensar na minha mãe era como um escape para tudo, um escape nos momentos mais difíceis. Era como se eu sentisse ela ali, do meu lado com as suas mãos entre as minhas. O mesmo calor, o mesmo colo, o mesmo consolo. Era difícil pensar que tudo seria diferente se ela ainda estivesse comigo. Era como voltar à infância, similar a vestir diversas máscaras. Era difícil como estar feliz mesmo não estando.

No momento, eu já não chorava mais. Eu já havia tido experiências demais para achar que chorar amenizaria alguma coisa. Isso não mudava, nunca mudou. Eu odiava sentir o meu estômago embrulhar enquanto chorava, até mesmo quando eu era somente uma criança vendo um pai embriagado gritar sozinho em um escritório, quebrando diversas coisas.

A tristeza já fazia parte do meu corpo naquele tempo. Ela já estava fundida nos meus nervos e veias, ao alcance do meu coração. Ela andava em círculos pelo meu cérebro e doía, doía muito. Minha cabeça gritava quando eu sentia os olhos do meu pai pesando sobre mim.

Conforme o tempo, após a morte da minha mãe, Jude já não era mais o mesmo. E a cada ano que a memória dela se tornava ainda mais distante, sua frieza aumentava. Ele já não olhava mais para mim, era como se ele fosse só mais um estranho. No final das contas, eu havia ficado vazia também, eu não sentia mais nada. Eu não sentia mais vontade de viver, nem ao menos de morrer. Era como estar presa no vazio, onde não há absolutamente nada.

Eu havia me tornado uma garota triste, somente triste. Eu não amava ninguém, eu não falava com ninguém, exceto com as minhas bonecas. E quando o meu pai me esqueceu não doía mais, não ardia, eu não chorava mais. E então a tristeza desapareceu. A única coisa que eu sentia havia desaparecido também.  

E foi a partir daí que eu passei a implorar pela mesma dor, para que ela me preenchesse em vez do vazio. Eu queria chorar e sentir a mesma agonia. Eu queria me sentir sufocada, sentir a mesma raiva até não conseguir mais respirar, até não sentir mais a minha consciência. A tristeza finalmente havia começado a ter algum sentido pra mim, ela era a minha âncora, e assim eu a abracei. Havia se tornado melhor sentir dor, do que não sentir nada.

Mas aos poucos eu comecei a perceber que tudo estava mudando de novo. Eu conseguia ouvir claramente o meu pai falando com os psiquiatras no andar de baixo. Eu conseguia ouvir eles me chamarem de louca. E eu fugi. Fugi sem rota, só caminhei para algum lugar que me levasse para longe de casa. E eu continuei agarrada na única coisa que me fazia viva até encontrar ele.

Era o mesmo amor de que um dia ela havia me falado. Era grudento, viciante. Ele me preenchia, fazia a tristeza parecer a pior saída. Era simplesmente algo que parecia fazer parte do divino. De repente, eu era verdadeiramente feliz. Eu não precisava mais de máscaras e nem de um sobrenome. Eu só precisava dele, de Natsu. De repente, eu amava e sentia que era amada também. Por alguém maior que eu, por um amor maior que o meu.

E agora eu estava no primeiro trem em função de encontrar algum lugar que fosse desconhecido para Magnólia ou para qualquer um naquela cidade. Eu tinha rir disso. Aliás, eu estava rindo, gargalhando. Era hilário pensar que finalmente havia saído de um buraco para logo depois cair em um maior ainda.

Ahh, a vida era realmente uma filha da puta. Essa é a maior verdade que eu conheci.

O vagão estava completamente vazio. Sem Virgo, sem ninguém. Eu estava sozinha. O meu vestido estranhamente tinha desaparecido e eu já estava com roupas convencionais. O cachecol vermelho cobria boa parte da minha blusa, enquanto o sobretudo pesado se encarregava do resto. A calça e a bota eram pretas, igualmente a mochila no banco ao lado. Somente o meu cabelo me trazia uma fina agonia quando eu o via pelo reflexo da janela. Ele fazia eu me lembrar de Lisanna e no quanto Natsu havia me pedido para o cortar desse modo. Eu realmente era muito burra.

Eu tinha que agradecer Virgo depois. Até o meu rosto estava livre da aberração que tinha se tornado minha maquiagem. Eu queria chamá-la, queria mesmo, mas eu estava cansada de ouvir, de falar alguma coisa. Eu apostava que ela estava esgotada também. Ela havia ficado ao meu lado mais tempo do que eu podia calcular.

Era irritante depender dela, dele. E pensar nisso me trazia raiva, especialmente pelo último a ser mencionado. Talvez por Natsu ser a única pessoa em que eu não queria pensar no momento, mas era justamente a única pessoa que não saia da minha maldita cabeça.

“E agora?” Horas atrás eu havia dormido pensando nisso. Eu simplesmente não conseguia prever nada do que aconteceria a partir de agora. Eu havia abandonado tudo o que eu tinha construído nos últimos anos. Uma estabilidade que viria a calhar muito dentro de alguns meses se consideramos minha atual situação. Eu esperava um filho de uma criatura de cabelos cor de rosa. Criatura essa que me traia constantemente, de um modo que às vezes se tornava ridícula a ideia de que um outdoor pudesse ser tão explícito quanto isso. Mas ainda assim, um filho.

Tirando o fato de essa ser a minha maior preocupação, ainda havia Erza e Levy. Elas nunca desistiriam tão facilmente, era algo incontestável. Mas ainda era algo que eu estava disposta a tentar mudar.

Eu estava fugindo, sim, eu estava. Como uma covarde? Também. Eu era uma idiota com toda razão. Tão idiota que eu sabia que reencenaria o mesmo papel novamente se ele me pedisse, se eu ficasse na mesma cidade, no mesmo país. Eu o odiava no mesmo nível em que eu o amava. E eu o amava tanto que queimava.

“Luce, e se eu te dissesse que você é a melhor coisa que aconteceu em toda a minha vida, você acreditaria em mim?”

Eu ainda conseguia ouvir todas as suas declarações, todas as suas promessas. Eu só queria perder aquilo que chamavam de memória, ou talvez, voltar a ter algum lugar que eu pudesse chamar de meu. Um lugar que eu pudesse verdadeiramente chamar de casa, e não um aluguel no coração de alguém.  

“Eu morreria por você Luce.”

Eu estava cansada.

~

 

— Que merda você tinha na cabeça Natsu? Que desgraça você fez?! A Lucy não merecia isso! Ela amava você, como você pôde?! Céus!

Era um daqueles típicos momentos. Seu corpo se mantinha paralisado no mesmo lugar a minutos ou talvez horas. A noção do tempo havia desaparecido para ele e a tensão parecia querer o engolir. E ele sabia que merecia, só não conseguia reagir. Não sabia o que fazer, nem o que pensar.

Gray e Gajeel seguravam Levy o máximo que podiam pela sua cintura e braços, enquanto ela gritava e se debatia. Ela certamente queria matá-lo, e pela primeira vez ele sentia isso dela, de longe. Mas isso ainda era o de menos para ele.

— Ela nunca mereceu isso! – ela gritava.

E ele nunca negaria isso, não passava de mais uma verdade dentre as outras que ela já havia dito. Ele de fato nunca ao menos a mereceu. Aquilo era algo que ele já sabia como a luz do dia. Mas como todas as pessoas mudam, ele também mudou, mesmo que para pior. Então no meio do caminho, em alguma parte, o egoísmo já tinha se estabelecido na sua vida, insistindo em lhe dizer que Lucy sempre foi sua. E por bastante tempo aquilo parecia ser o suficiente para ele, ele não precisava saber ou se preocupar com nada mais. No final, ela sempre seria dele independente de qualquer coisa.

Mas agora ele se encontrava ali, no mesmo lugar, com a sua cabeça baixa e seus olhos arregalados. Ele havia a perdido? Ele havia perdido o que sempre pensou que nunca iria perder? O seu coração batia tão rápido que doía, enquanto seu cérebro permanecia dormente.

A igreja praticamente vazia abrigava somente ele, Gray, Gajeel, Erza e Levy, enquanto o restante dos convidados já tinham sido dispersados para suas devidas casas, conforme as ordens de Makarov. Mas os olhares dos quatro já eram suficientes para sentir sua pele queimar. E ele deveria saber o que era tudo aquilo que estava sentindo, mas ele não sabia. Só o sufocava a ponto de lhe tirar o ar e não o permitir respirar direito.

De repente, ele percebeu que Levy já não gritava mais e o seu silêncio havia tomado o salão de novo. Ele conseguia ouvir perfeitamente a respiração de cada um, ele conseguia sentir todos, até mesmo a pessoa parada na porta que havia acabado de chegar. Ela estava ali.

— Então você apareceu também, uhn? Está satisfeita?

Erza, pela primeira vez desde a saída de Lucy, havia aberto a boca. Sua voz cortou de forma fria o silêncio estabelecido segundos atrás, e foi aí que Natsu constatou que era melhor dar um basta ali mesmo.

— Erza, olha...

— Cala a boca. – Gray o interrompeu – Eu estou me segurando para não quebrar os seus ossos. Acredite, muitos iriam gostar. Você não passa de um desgraçado até agora.

Gray e Gajeel já não seguravam mais Levy. Eles apenas se mantinham encostados na parede, enquanto Gray agora olhava diretamente para ele, diferente de Gajeel que fitava a porta. Era claro que Lisanna iria tentar argumentar também, mas era tão inútil que chegava a ser ridículo. Palavras sonsas ou sentidas não adiantariam. Todos ali sabiam o que acontecia há muito tempo.

Lucy por muito tempo havia andado no escuro. Ela se manteve cega por vontade própria para não enxergar o que estava estampado na sua cara. Eles acreditaram que Natsu iria mudar, e assim, acreditaram inutilmente em uma mentira.

— Do que vocês estão falando... – Lisanna começou a falar.

— Eu juro que se você perguntar isso eu corto a sua língua. – e do mesmo modo que ela havia começado a falar, foi a vez de Levy a interromper – Não ouse tentar desmentir tudo o que você fez, não irá dar muito certo.

E a última sentença foi o suficiente para despertar a curiosidade de Natsu que a muito tempo estava adormecida.

— Eu não queria que as coisas tivessem chegado até aqui.

— Não queria? – Levy gritava chorando de raiva, sendo impedida de novo por Gajeel antes de dar mais um passo – Você não queria humilhando ela desse modo? Dormindo com o noivo dela no dia do próprio casamento? Espalhando rumores do seu caso com Natsu? Chegando ao ponto... – “Levy se acalme, por favor, isso não vai fazer bem a você.” Gajeel tentava a acalmar aos sussurros, mas nada a impediria de falar aquilo – Chegando ao ponto de enviar fotos, nojentas, intimas de vocês dois a três semanas atrás. – Levy concluiu praticamente cuspindo cada palavra.

E o choque o atingiu, a ponto de sentir o tremor transpassar por todo o seu corpo. Aquilo deveria ser mentira, não? Era impossível que aquilo tivesse ocorrido a três semanas atrás, ele saberia, ele lembraria. Há três semanas ele estava acordando em paz na sua casa, mesmo que Lucy não estivesse ao seu lado na cama.

— Não se lembra, Dragneel? – perguntou fria, enquanto Lisanna a encarava assustada – Daquela noite?

— Levy...

— Mais uma palavra e eu não respondo por mim Lisanna.

“Do que ela está falando? O que diabos está acontecendo?” – pensava – Do que eu não me lembro, Levy?

Perguntou pela primeira vez com medo. Ele não se sentia bem com aquilo. O enjoo dominava seu corpo e o seu consciente pedia para ele apenas desistir daquela ideia. Logo Erza, Gray e Gajeel, somente escutavam atentos e estupefatos tudo que estava sendo dito ali. E quando Erza previu que aquilo definitivamente não acabaria bem, já era tarde demais para tentar intervir.

— Tente se lembrar do barulho, de cada grito dela.

“– Eu não aguento mais! Como você pode ser tão cínico?”

— Você é inteligente, vamos.

E vozes e álcool. Brigas e cacos. Tapas e empurrões. Até chegar aos pedidos.

“– Não faça isso! Por favor, não!”

— Você está mentindo, não. – falava tentando fugir das memórias.

“– Não me toque, por favor. Não faça isso!”

— Ela apareceu batendo na porta da nossa casa as duas da madrugada – sussurrou para somente ele ouvir, engolindo suas lágrimas –, com os braços roxos, chorando. Gajeel só conseguiu observar tudo, sem saber o que fazer. Fui eu que a abracei até o amanhecer, até ela desmaiar de cansaço. E quando ela acordou, sabe o que ela fez? Ela fingiu que nada havia acontecido, enquanto você nem ao menos se lembrava, dominado pela ressaca.

O mundo parecia girar rápido demais em sua cabeça. Lisanna o olhava sem expressão, enquanto presenciava seu estado de choque, sua pele pálida, sem ao menos conseguir respirar direito. Sua visão embaçada não o permitia distinguir os movimentos a sua frente. Sua cabeça doía como o inferno, ao mesmo tempo em que cada cena daquela noite era revivida em sua mente como em uma espécie filme. Seu coração apertava em agonia.

E nesse meio tempo tudo fez sentido para Erza, mesmo não tendo ouvido as últimas palavras de Levy.

— Gray... – chamou-o em transe.

“Não venham atrás de mim.”

Ela não estava mais na cidade.

— Gray, ela não está mais aqui.

Ela estava sozinha, a essa hora bem longe. Ela já não estava mais em Magnólia.

Sem entender ele franziu suas sobrancelhas.

— Sim, ela não está mais aqui na igreja. – Começou confuso – Ela está...

E ao se dar conta do que tinha falado, ele se interrompeu. Ele finalmente entendeu o que ela queria dizer. Onde diabos Lucy estava? E então percebeu. Sua expressão ligeiramente atordoada se transformou em uma de pura preocupação.

— Ela embarcou para Hargeon. – Makarov ao longe disse percebendo toda a comoção, se aproximando.

— Aquela idiota. – Gray murmurou enquanto procurava qualquer casaco pesado que servisse na loira.

— Erza, será que ela está muito longe? – Levy perguntava colocando o seu.

— Já faz quase duas horas que ela saiu. Meu Deus, Lucy está louca.

E antes que todos pudessem sair, Natsu levemente alcançou o pulso de Erza a fazendo soltar um suspiro de surpresa. E aquilo ainda não era nada até ela encontrar o seu rosto. Seus olhos avermelhados junto a algumas lágrimas presas. Sua respiração ofegante transpassando o mais nítido desespero e a sua expressão a mais pura devastação. Era a primeira vez que a mesma testemunhava aquilo. Até mesmo Gray não havia conseguido evitar seu espanto ao o observar.

— Eu sei que não mereço nada – sussurrou –, que eu não passo de um lixo depois de tudo. Mas ainda há algo, não há? Ainda existe algo que vocês estão escondendo de mim.

Foi quando Makarov teve a certeza de que Lucy realmente era uma péssima mentirosa. “Então eu não fui o único a perceber.” Pensou.

Erza nem ao menos precisou pensar antes de responder.

— Não serei eu a dizer isso, Natsu.

— Por favor! Me diga o que está acontecendo! – pedia em desespero.

Porque no fundo ele sentia, ele sabia que estava faltando alguma coisa. Que dessa vez não era somente ela que poderia sair prejudicada. Seu instinto no final sempre estava certo.

E por um momento ela viu porque Lucy não havia contado a ele.

— Você é tão idiota Natsu, mais do que eu pensava.

~

 

— Senhora, não tem como...

— Não! Você tem que arrumar um jeito!

— Eu sei que é uma situação complicada, mas não há nada que eu possa fazer. Sua amiga pegou um expresso justamente para Hargeon. O próximo para lá só sai daqui à uma hora. Eu recomendo vocês esperarem.

Era ridículo como nada no dia conspirava para o bem. O suspiro de Erza foi bem claro se comparado aos murmúrios da mulher da bilheteria. Era um fio de voz comparado a que mesma usava todos os dias. O seu temor perante a titânia se via até na postura de seus ombros.

Levy se viu sem saídas. Seus olhos fechados procuravam uma forma de se concentrar, de se lembrar exatamente do manuscrito.

— Afastem-se – pediu.

Os símbolos enchiam sua mente para logo serem expressos em palavras. Com suas mãos estendidas pronunciava-as em voz alta, para logo depois, no chão, surgir escrituras em dourado. A cada palavra dita as escrituras tomavam a sua forma, até o círculo estar terminado.

— Um círculo mágico Levy? Sério?! Eu não sei o que deu em você, mas transportar quatro pessoas é loucura.

Gajeel tinha mudado drasticamente, isso era perceptivo de vários modos. A típica brutalidade já não existia mais. Ele havia se tornado calmo, não era mais refém da raiva. Levy era a mudança de tudo isso. Era como se o seu mundo girasse em torno dela e de tudo o que ela era. E com o passar do tempo, ele, era ela. Porque sem ela, ele já não era mais ele mesmo.

— Eu consigo. Eu vou conseguir levar e trazê-los de volta. Eu consigo, acredite em mim. – Era nisso que ela mesma queria acreditar. – Lucy está grávida e a situação não é muito amigável para ela. Eu sinto, Gajeel, eu sei que ela não está bem.

— Le...

— Eu preciso falar para que entendam Erza. – interrompeu-a – Lucy está grávida e todos nós sabemos disso por ela ser uma péssima mentirosa. Pode estar parecendo um exagero o que estamos fazendo agora, mas não é. Não sei há quanto tempo Lucy anda escondendo isso, mas devido aos sintomas que eu presenciei, acredito que há mais ou menos um mês.

Por um momento ouve o mais puro silêncio envolto de tristeza. Não é como se eles não soubessem. Para Gray, Lucy era sua irmã, e Levy não esconderia algo que se tornaria necessário para o conhecimento dos dois.

— A essa hora o trem já deve ter chegado a Hargeon, nós temos que ir. Eu não posso deixar a Lucy, nós não temos outra escolha. Então por favor, entrem no círculo. Confiem em mim.

Sua voz foi ouvida como um sussurro doce, amigável. Ninguém a impediria daquilo e ela soube assim que viu o sorriso no rosto de Gajeel. E ao se juntarem dentro do circulo já não estavam mais em Magnólia e Levy já não estava mais em pé. Gajeel a segurava firme, enquanto seus joelhos cediam. Seu poder mágico havia se ido praticamente todo de forma brusca.

— Você foi muito bem amor. Descanse.

— Não, eu estou bem. Eu consigo ficar de pé, só espere um segundo.

E antes que ao menos pudesse tentar, ela o ouviu.

— Levy, Erza...

Ela queria acreditar que o que estava prestes a ver fosse apenas uma ilusão, uma mentira. Porque sem nem mesmo olhar, ela sabia o que encontraria um pouco mais a frente dela. A voz quase sufocada de Gray chamando o seu nome e o de Erza era mais do que o suficiente para entender. Ela sabia que aquilo aconteceria. Ela os havia levado direitamente a estação justamente por isso.

O trem já havia parado e suas portas já estavam abertas, enquanto mais de trinta pessoas ocupavam o lugar à frente delas. Portanto, forçou suas pernas a aguentarem o peso de seu corpo e correu até atravessar a pequena multidão.

E ela estava lá. Em meio toda aquela bagunça. Em uma cena errônea, uma cena na qual ela certamente não merecia estar. Desmaiada em cima da sua pequena e própria poça de sangue.

 

 

Eu estou paralisada

Onde estão meus sentimentos?

Eu não sinto as coisas

Eu sei eu devia

 

Eu estou paralisado

Onde está o meu eu verdadeiro?

Eu estou perdido e isso me mata por dentro

Eu estou numa caixa

Mas eu sou aquele que me trancou lá


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Notas finais do capítulo

Pois é, muitas coisas para assimilar. Espero que vocês tenham gostado. Qualquer opinião sobre o capítulo, seja ela construtiva, reflexiva - ou amorosa, rsrs -, sintam-se a vontade para expôr-las nos comentários. Meu lado comunicativo sempre agradece.
Beijos e até a próxima.