Utópico. escrita por DihDePaula


Capítulo 19
Capítulo 18 - Confusão.




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Devido os acontecimentos Abigail insistiu para que ela tomasse um remédio, Luna questionou várias vezes do por que precisar tomar se não havia se machucado fisicamente. Mas Abigail a encarou séria e pediu para que confiasse nela e Luna o fez. A cama era grande o suficiente para acomodar às três sem que nenhuma ficasse apertada, acabaram optando se deitar da forma correta e ficaram em silêncio encarando o dossel da cama. Abi também trouxe a parte de baixo do pijama de Luna e ela aproveitou para vesti-lo antes que Sebastian voltasse.

Elas não sabiam o que dizer para tentar confortar Luna e ela sabia que nada a confortaria depois do que aconteceu. Em algum momento ela acabou adormecendo e desconfiou que havia sido por conta do remédio que Abi havia lidado, depois ela acabaria agradecendo a ela por isso.

Luna não fazia ideia de que horas eram, sentiu a claridade atingir seus olhos assim que tentou abri-los e acabou fechando os mesmos e resmungando. Piscou algumas vezes até se acostumar e para a sua surpresa Luce estava adormecida ao seu lado, ela não havia ido embora. Ao olhar para o outro lado constatou que Abigail já havia levantado, porque pela cama bagunçada com certeza ela também havia dormido ali.

Luna acabou sorrindo com aquilo, percebendo que elas não haviam deixado ela sozinha depois daquela noite horrível. Lentamente ela se sentou com bastante cuidado para não acordar Luce, virou para o lado que não tinha ninguém e lentamente começou a sair da cama. Mas ela se surpreendeu ao olhar para frente.

Deitado adormecido e completamente torto estava Sebastian. Ele também havia ficado ali por ela e aquilo fez o coração de Luna acelerar dentro de seu peito. Uma pequena lágrima escorreu por sua face ao mesmo tempo que um sorriso brotava em seus lábios, ela rapidamente enxugou a mesma e se colocou de pé.

Com passos calmos ela se aproximou de Sebastian, com um pequeno sorriso ela não resistiu e acabou tocando a face dele com a ponta dos dedos enquanto se abaixava na frente dele. Ficou por algum tempo somente o observando e acariciando sua face, ele murmurou algo que ela não compreendeu. Então ela decidiu que aquilo havia ido longe demais, ele precisava deitar de forma decente.

— Sebastian, Sebastian. — o chamou com a voz calma.

Luna proferiu o nome dele baixo e com certo carinho, ela não percebeu que ainda acariciava o rosto dele. Não demorou muito para ele se mexer e a encarar com aqueles belos olhos azuis, a expressão inicial dele foi de espanto. Mas logo depois ele repouso a cabeça sobre a mão dela a fazendo sorrir.

Sebastian ergueu a mão até a mão de Luna que estava em sua face e a acariciou levemente. Os dois ficaram em silêncio apenas se olhando, o olhar deles confessava tudo aquilo que os dois não tinham coragem de colocar em palavras. Por fim, Luna soltou um pequeno suspiro e calmamente ficou de pé, começou a se afastar lentamente. Mas Sebastian continuou a segurar sua mão a impedindo.

Com calma ele a puxou um pouco para si, somente para ficarem de frente um para o outro assim que ele se pois de pé. Novamente se encararam em silêncio até ele ainda segurando as mãos dela ergueu a mesma até os próprios lábios e desferiu pequenos beijos sobre as costas da mesma e a encarou novamente.

— Como você está? — Ele perguntou.

— Eu que deveria perguntar isso! Você dormiu todo torto nesse sofá. — Luna tentou desconversar.

— Eu não podia deixar você sozinha depois do que aconteceu. — Resmungou ele.

Sebastian relutante soltou a mão de Luna e enfiou as próprias mãos dentro dos bolsos e começou a fitar o chão, agora ela pode reparar que ele havia mudado de roupa. Estava com uma calça de moletom cinza e uma regata preta, provavelmente a roupa que ele dormia. Ela soltou um suspiro e deu um passo para ficar mais perto.

Luna levou sua mão ao queixo dele e lentamente ergueu sua face até que aqueles olhos azuis encarassem os seus novamente. Ela se aproximou e desferiu um beijo na bochecha dele, talvez um pouco mais demorado do que deveria. Mas era bom sentir ele tão perto, principalmente o perfume amadeirado que invadia suas narinas e a agradava tanto. Ao se afastar esboçou um pequeno sorriso e finalmente disse.

— Obrigado, Sebastian. Se não fosse por você e Luce ontem. — Ela suspirou. — E obrigado por se preocupar comigo ao ponto de dormir nesse sofá todo torto.

Tomada por um impulso ela simplesmente se jogou contra Sebastian e o abraço. Não demorou para sentir os braços dele a acolhendo de forma protetora, o que fez com que ela suspirasse aliviada. Era reconfortante estar ali nos braços dele, ela sabia que não podia sentir aquilo que estava sentindo. Mas naquele momento para se manter inteira ela precisava estar exatamente ali.

— Não precisa me agradecer, Luna. Eu fiz o que era certo e eu fiquei porque você é importante para mim, não poderia deixá-la em um momento como esse. — Sussurrou ele.

Aquelas palavras a atingiram como um tapa sem mão, ela estava mentindo para ele esse tempo inteiro. E tudo que Sebastian fez foi lhe estender a mão e ajudá-la e agora ouvir aquelas palavras mexiam com ela. Seu coração batia tão forte que ela estava receosa dele ouvir ou sentir, já que ainda estava abraçados.

O rosto dela estava virado para o lado oposto do dele, ela pousou sua cabeça sobre o ombro dele e deixou que as lágrimas desceram por sua face. Sebastian continuava a abraçá-la, agora havia erguido uma das mãos as costas dela e afagava levemente. Os soluços continuavam a escapar entre os lábios dela, Luna tentava abafar os mesmos, mas não tinha muito sucesso.

— Calma, Luna. Já passou e você não está mais sozinha. — Sussurrou ao ouvido dela.

Luna se afastou o suficiente somente para encará-lo, a mão de Sebastian que estava em suas costas agora deslizava por sua face enxugando as lágrimas que continuavam a cair. Ficaram em silêncio novamente somente se encarando, ele se inclinou e desferiu um beijo carinhoso na testa dela. Luna negou com e cabeça e se afastou dele de forma um pouco brusca. Envolveu os braços ao redor do próprio corpo e o encarou ainda balançando a cabeça negativamente.

— Por que você tem que tornar tudo mais difícil, Sebastian? Eu não posso ficar tão perto de você. — Resmungou Luna.

O loiro franziu o cenho visivelmente confuso, Luna continuou a abraçar o próprio corpo como se sentisse frio, de certa forma ela sentia, em seu coração. Sebastian soltou um pequeno suspiro e se aproximou dela novamente, Luna tentou se afastar, mas ele não permitiu. Envolveu seus braços ao redor da cintura dela a prendendo a si, ela resolveu encarar o chão.

— Por que não pode ficar tão perto de mim?— Questionou ele em um sussurro.

Ela engoliu a seco e maneou a cabeça negativamente. Não podia contar para ele, se contasse seria o fim antes mesmo de começar, mas a quem ela queria enganar? Sabia que nunca poderiam começar nada, ela não suportaria ficar mentindo para ele e ele não suportaria a verdade.

— Por que a muitas coisas que você não sabe e se continuar se aproximando assim, fazendo com que eu deseje esquecer de tudo e ficar somente em seus braços, muitas pessoas podem se machucar. — Resmungou ela.

Luna tentava mostrar a ele o perigo de estarem próximo sem revelar muita coisa, era uma tarefa quase impossível, mas ela teria que tentar. Ele levou uma das mãos ao queixo dela como ela havia feito com ele alguns minutos antes, a obrigou a erguer o olhar e encarar aquelas orbes brilhantes.

—Esqueça tudo e fique aqui em meus braços. No resto a gente depois da um jeito. — Sussurrou Sebastian.

Ele ergueu a mão até a face dela e deslizou a ponta dos dedos pela bochecha de Luna e em seguida começou a contornar os lábios dela com a ponta dos dedos, isso fez com que Luna fechasse os olhos por alguns segundos. Permitindo-se imaginar como seria largar tudo, mas ela sabia que não poderia nunca fazer aquilo, muitas pessoas dependiam dela.

— Eu não posso Sebastian, não quero ter que ficar mentindo para você e se nos aproximarmos é isso que vai acontecer, vão ser mentiras e mais mentiras. Porque eu agora não posso te contar toda a verdade. — Disse Luna

Sebastian encostou sua testa contra a de Luna e eles ficaram ali em silêncio por algum tempo, ele parecia refletir diante das palavras dela. Ela não sabia se aquilo seria bom ou ruim, talvez houvesse uma chance, ela havia tomado a decisão de arriscar. Ele descolou suas testas e a fitou pensativo, Luna o olhava com certo receio.

— Eu já havia percebido que você estava escondendo algo, mas estava esperando que uma hora você fosse confiar em mim e contar tudo. — Disse ele de forma calma.

— Acredite se fosse algo que dependesse só de mim ou que só fosse relacionado a minha pessoa eu já teria dito. Mas isso poderia complicar as coisas para várias outras pessoas. — Disse ela em meio a sussurros, para garantir que só ele ouviria suas palavras.

— Você disse que agora não pode me falar, então em algum momento vai, certo? — Questiona ele com o cenho franzido.

Luna pondera por alguns segundos e depois assente. De certa forma ela poderia contar para ele no dia da invasão e ali ele decidiria o que fazer, no dia da invasão todos descobririam quem ela era de qualquer forma.

— Então quanto você puder, você me conta. — Ele disse como se fosse a coisa mais simples do mundo.

— Faremos o seguinte, até lá seremos amigos e quando eu puder te contar tudo, eu irei. E então você decide o que fazer quando eu jogar a bomba no seu colo. — Disse ela em um tom amargo.

Ela não acreditava muito que ele quando descobrisse quem ela realmente era ficaria tão calmo e a receberia de braços abertos, principalmente porque ela já teria matado Travis ou iria matá-lo de qualquer forma. Sabia que não teriam futuro, mas ao menos poderia desfrutar de sua companhia até lá.

— Por mim tudo bem. Mas quero te pedir uma coisa. — Disse Sebastian.

— O que ? — Questionou Luna com o cenho franzido.

— Eu quero ao menos um beijo seu. — Sussurrou Sebastian.

Luna o encarou surpresa e não pode evitar o pequeno sorriso que crescia em seus lábios, mas ela sabia que não podia fazer aquilo. Luna fechou os olhos e deixou um longo suspiro escapar de seus lábios encarando o chão novamente, Sebastian ficou em silêncio aguardando a resposta.

— Sinceramente, é tudo que eu mais desejo. Mas não seria justo com você, quando você descobrir vai me odiar por ter deixado você fazer isso. — Negou Luna se afastando. — O que faremos é o seguinte, depois que eu te contar tudo pode me beijar o quanto quiser, se ainda for a sua vontade.

— É tão ruim assim? — Perguntou Sebastian com o cenho franzido.

— Você nem imagina o quanto. — Resmungou Luna enquanto encarava o chão.

Ela ouviu Sebastian soltar um suspiro e ele se aproximou novamente. Luna se manteve imóvel, ele depositou um beijo terno em sua testa e se afastou caminhando em direção a porta. Isso fez com que ela erguesse o olhar, observando ele se afastar. Antes de sair ele parou e virou para ela com um sorriso nos lábios.

— Tudo bem, eu vou esperar. Mas quando isso acontecer pode ter certeza que não vou desistir de você assim tão fácil e você vai se arrepender de dizer que vou poder te beijar o quanto eu quiser. — Disse ele e depois saiu do quarto.

Luna ficou ali parada encarando a porta com as palavras dele girando em sua mente, uma risada escapou de seus lábios e ela maneou a cabeça negativamente. Queria ela que aquilo realmente se realizasse, mas ela duvidava bastante disso. Soltando um longo suspiro Luna foi até o seu armário e pegou algumas roupas, para logo em seguida se trancar no banheiro.

Jogou as roupas sobre a longa bancada de mármore e depois foi até a banheira colocando a mesma para encher com água quente. Começou a se despir e jogar as roupas no cesto, logo em seguida foi até o espelho e encarou o próprio reflexo. Precisaria de bastante maquiagem para esconder aquelas olheiras horríveis, mas talvez fosse melhor não escondê-las hoje.

Apesar de Sebastian conseguir fazer com que ela esquecesse de tudo, agora sozinha ela podia relembrar o que quase havia acontecido na noite anterior. E seria bom para as pessoas verem ela abatida daquela forma diferente, de sua perfeição normal. Não iria se dar o trabalho de esconder o que Bernard tentou fazer, ela o faria pagar muito caro por tentar fazer aquilo com ela e por todas as outras que não tiveram a mesma sorte que ela.

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Quando Luce escutou a porta do banheiro se fechar ela discretamente abriu um dos olhos e viu que Luna realmente não estava mais ali. Rapidamente ela se sentou na cama e ficou encarando a porta com o cenho franzido, que merda de conversa louca tinha sido aquela entre ela e Sebastian?

Que um estava apaixonado pelo outro isso era perceptível para todos, menos para os dois tontos. E quando finalmente seu irmão toma vergonha na cara e começa a se declarar sua futura cunhada joga aquele balde de água fria. Mas agora Luce estava extremamente curiosa para saber que mistério é esse que estava rondando sua amiga, ficou um bom tempo sentada ali somente pensando.

Abigail entrou no quarto tirando Luce de seu devaneio, ela estava empurrando um carrinho de café da manhã e tinha bastante coisa sobre ele. Tudo que os três gostavam, mas Sebastian já havia ido embora, era bom que mais sobrava para Luce. Tinha muito o que pensar e já que não era de beber pela manhã a comida a ajudaria a pensar.

— Onde está seu irmão? Trouxe café para vocês. — Questionou Abi com as mãos apoiadas aos quadris.

— Acabei de acordar e ele já não estava aí, alguém está no banheiro. — Disse Luce dando ombros enquanto se colocava de pé.

Por sorte ela tinha pego um dos pijamas de Luna para dormir, ficavam um pouco largos no busto e coxas, já que Luna tinha bastante de ambos e Luce zero. A loira se levantou e caminhou até o banheiro e bateu levemente na porta.

— Luna, meu irmão está aí dentro tomando banho com você? — Perguntou ela rindo.

— O QUE? CLARO QUE NÃO, LUCE! — Gritou Luna.

O grito foi abafado pela porta e provavelmente a gargalhada que Luce deu também. Abi também acabou rindo daquilo e maneando a cabeça negativamente. Ela sabia muito bem que o irmão tinha ido embora, escutou metade da conversa deles enquanto fingia que estava dormindo. Mas não perderia a chance de deixar Luna nervosa e sem graça.

Abi arrumou o café da manhã em uma mesa que tinha na sacada e logo Luce se sentou ali, ela indicou uma das cadeiras para Abi que não demorou a se sentar. Luce observou Abi preparando algumas coisa e achou que era para si, mas quando ela colocou na frente da cadeira vaga entendeu que era para Luna, só depois que ela começou a preparar o café para si.

— Vocês duas se tornaram muito amigas, não é? — Questionou Luce mordendo uma torrada.

— Sim, você e seu irmão Sebastian sempre foram gentil comigo e sempre me trataram muito bem. Mas a Luna foi a primeira a me tratar diferente sabe, nesses últimos meses ela tem sido uma ótima amiga para mim. — Abi disse dando um pequeno sorriso ao final.

— Eu entendo, ela também tem sido muito boa para mim e principalmente para o Sebastian. Nunca o vi sorri tanto como ele vem sorrindo desde que ela chegou. — Disse Luce soltando um suspiro.

— Sim, os dois estão apaixonados e só faltam admitir para si mesmo. Depois disso vai ser uma luta ainda maior para admitir um para outro. — Disse Abi dando um pequeno gole no café.

Luce soltou um suspiro e encheu um copo de suco para si, não demorou muito levou o liquido aos lábios dando grandes goles. Nem ela havia percebido com quanta sede ela estava, em seguida deu mais uma mordida na torrada e ficou pensativa olhando para Abi que tomava o café.

— Acho que eles já admitiram para si sim, só não tem coragem de dizer isso em voz alta. — Disse Luce.

— Dizer o que em voz alta? — Luna perguntou.

Ao ouvir a voz de Luna tanto Abi quanto Luce se sobressaltaram, estavam tão distraída que nem haviam ouvido ela sair do banheiro e foram pegas falando do casal mais lerdo do ano. Abi colocou a mão sobre o peito enquanto a outra pousava a xícara sobre a mesa.

— Você dizer que está apaixonada pelo meu irmão em voz alta e ele fazer o mesmo. Os dois sabem que estão apaixonados um pelo outro, só não tem coragem de falar isso em voz alta. — Disse Luce.

Luna havia se sentado e começava a comer o que Abi havia colocado para ela, parecia mesmo que Abi sabia os gostos de Luna e também dava para perceber que a garota estava morrendo de fome. Provavelmente ela não comeu nada depois da festa e a noite teve muito desgaste físico e emocional.

Diferente das outras vezes que ela negava e gritava aos quatro ventos que Luce estava louca, tudo que Luna fez foi passar requeijão na torrada. Isso fez com que Luce e Abi erguessem a sobrancelha e ficassem encarando Luna. Quando a morena levantou o olhar ela soltou um suspiro.

— Querem mesmo ouvir isso? Okay. Sim, estou apaixonada pelo Sebastian. Não, não podemos ficar juntos agora porque minha vida está de cabeça para baixo e antes de me envolver com alguém eu tenho que arrumá-la. Não posso simplesmente começar um relacionamento com esse caos, se eu fizer isso o relacionamento já vai estar fadado ao fracasso. E é exatamente isso que eu quero evitar. — Ela suspirou ao terminar de dizer aquilo.

Luna ficou encarando a paisagem da sacada que dava em direção a parte da frente da cidade, Luce observou ela levar a torrada aos lábios de forma pensativa e decidiu que não era hora de um de seus comentários. Dessa vez ela deixaria passar e somente escutaria o desabafo de Luna, como uma boa amiga. Depois de um certo tempo delas comendo em silêncio Abi começou a lançar olhares para Luce indicando Luna, Abi queria que ela falasse algo. Soltando um forte suspiro Luce assentiu.

— Acha que devemos cancelar o evento de amanhã? — Luce questionou dando um último gole em seu suco.

— De maneira alguma, não vamos deixar de ajudar aquelas pessoas por causa da merda que aconteceu comigo. Fora que vai ser bom focar em algo que não seja minha vida de merda, meu coração quebrado ou pensar sobre a merda que rolou ontem. — Luna soltou um suspiro e continuou. — Nós vamos até lá levar os mantimentos para aquelas pessoas, junto com as roupas antes que o inverno finalmente chegue.

— Ótimo, então vamos a delegacia dar os depoimentos das 10:00 e depois disso vamos começar a organizar tudo o que foi doado. Está tudo armazenado no salão de baile, como não vai ter baile nenhum agora mandei tudo para lá. — Disse Luce.

Ela observou Luna engoliu a seco e suspirou, não estava nada feliz com aquilo e sabia que seu pai ia fazer de sua vida um inferno por depor contra Bernard. Mas ela estava cansado dele fazer merda e o pai encobrir. Já havia ouvido alguns boatos daquele tipo, mas nunca acreditou que ele fosse capaz.

Luce nunca se sentiu tão mal por estar enganada, não queria nem imaginar com quantas garotas ele já havia feito aquilo e seu pai encoberto. Talvez com Luna denunciando outras pessoas tomasse coragem e o denunciassem por isso. Podia ser irmão dela, mas ele tinha que pagar pelo crime que cometera.

— Vai ser bom você denunciar, isso pode dar coragem a moças que passaram por esse tipo de situação. Elas podem acabar denunciando. — Disse Luce soltando um suspiro.

— Abi, se sente encorajada o suficiente por minha patética pessoa a denunciar o que ele fez com você? — Questionou Luna com o cenho franzido.

E naquele momento foi como se um caminhão tivesse atingido Luce. Ela encarou Abi que havia engasgado com o café e tossia com o rosto vermelho. Quando ela parou de tossir encarou Luna com pequenas lágrimas em seus olhos e foi aí que Luce entendeu o quanto foi cega durante todos esses anos.

— Abigail, Bernard fez algo com você? — Perguntou Luce de forma séria.

Abi a encarou e Luce manteve a expressão séria. Por fim a jovem assentiu e deixou que as lágrimas que pareciam presas a bastante tempo escapassem. Luna e Luce levantaram na mesma hora e se aproximaram de Abi a abraçando e consolando ela. Abi começou a contar o que aconteceu e para surpresa de Luce a amiga dela que era médica tinha as provas guardadas.

— Liga para sua amiga, mande ela pegar as suas provas e as de Luna e esperar pela gente. Nós todos iremos juntos a delegacia e você vai fazer a denúncia e entregar as provas, ele é um monstro e se deixarmos ele a solta vamos ser tão culpadas quanto ele quando ele violentar a próxima moça que passar na frente dele. — Disse Luce deixando algumas lágrimas escorrerem.

Tinha que pensar na forma que contaria aquilo para Sebastian. Ele ia surtar se soubesse que não era a primeira vez e que Abi havia sido uma das vitimas dele. Luce se colou de pé e soltou um pequeno suspiro, aquele pesadelo estava longe de acabar pelo visto.

— Vou para o meu quarto me arrumar, Abi chame alguns empregados para ajudar na mudança de Luna para o quarto entre o meu e de Sebastian. Fiquem juntas o tempo inteiro e depois disso vão até o meu quarto para irmos juntas, okay? — Luce falou e observou às duas assentirem.

Ela deu um beijo no topo da cabeça de cada uma e saiu dali de cabeça baixa. Ela não podia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Não podia acreditar que aquele com quem ela havia crescido era um monstro. Antes de entrar em seu quarto sentiu uma mão segurando em seu braço e a puxando de forma brusca.

— Precisamos conversar, cadê aquele imprestável do seu irmão? — Travis gritava.

Luce o observou com repulsa, ele sempre soube o que Bernard fazia e sempre encobertava. Nunca imaginou que sentiria nojo da própria família, ele ainda apertava seu braço e Luce tinha certeza que ficaria marcado. Amélia estava logo atrás com uma expressão triste em sua face.

— Solte o braço dela, agora. — Disse Sebastian.

Assim que a porta do quarto de Sebastian se abriu ele se colocou entre Luce e Travis. Travis acabou soltando o braço dela e sorria para os dois de forma debochada, Amélia estava encolhida no canto com receio do que fosse acontecer e Luce também estava com medo do que acabaria acontecendo ali.

— Ora, ora resolveu ter culhões a essa altura do campeonato. — Travis riu com deboche.

— Estou cansado de você agredindo a gente, experimenta tocar em alguma delas de novo e vai fazer companhia ao seu querido filho. — Disse Sebastian entre dentes.

Luce pousou sua mão sobre os ombros dele tentando acalmá-lo. A expressão de Travis de deboche foi a enfurecido em poucos segundos, ele encarava Sebastian e Luce com raiva. Pelo visto acabava de lembrar o porque ele realmente estava ali.

— Vocês dois vão desmentir essa historia que você se aquela garota inventaram. Recebemos ela de braços aberto e ela vem inventar coisas sobre meu filho, francamente. — Disse Travis com desdém.

Luce percebeu o corpo de Sebastian ficar tenso e logo viu que suas mãos haviam se fechado em punhos. Definitivamente aquilo não acabaria bem, Luce apertou os ombros de Sebastian e sussurrou para ele se manter calmo.

— Ela não inventou nada, a sorte dela foi que eu e Luce voltamos mais cedo por estar preocupados por ela ter passado mal. Chegamos a tempo de impedir que seu precioso filho a estuprasse, porque era exatamente isso que ele ia fazer. — Disse Sebastian com o nojo evidente em sua voz.

Naquele momento Amélia começou a chorar e soluçar e Travis gritou para que ela parasse. Em seguida voltou a encarar Luce e Sebastian com raiva, como se não acreditasse ou se importasse com aquilo.

— Ele é seu irmão, você deveria proteger a ele e não a um rabo de saia. — Disse Travis.

—Você é louco? Ele tentou abusar de uma moça e provavelmente já abusou de outras. Mas disso você sabia não é? Já que está sempre acobertando cada merda que ele faz. — Os gritos de Luce ecoaram surpreendendo os três.

— Vocês não têm como provar nada disso. Vai ser a palavra dele contra a de vocês e sabemos que a dele tem mais peso. — Disse Travis, aparentemente ele já não estava mais raciocinando.

— A palavra de três pessoas que presenciaram, mas as outras que viram pelo corredor Sebastian arrebentando a cara dele e Luna chorando feito uma criança no meu colo. Fora o exame que vai ser feito constatando a droga em seu organismo, tem também as marcas roxas que ele deixou no corpo dela. E as roupas dele que o idiota largou lá. — disse Luce com desdém.

Ela já estava irritada com aquilo, não podia acreditar que ele estava tentando convencê-los a fazer aquilo. De forma bruta ela abriu a porta do quarto e arrastou Sebastian para dentro e encarou os dois que ficaram do lado de fora. Amélia estava destruída e Travis estava visivelmente puto por ter sido contrariado.

— Nos vemos na delegacia. — Disse Luce batendo a porta na cara deles e a trancando logo em seguida.


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Notas finais do capítulo

Então gente, para compensar os atrasos postei dois capítulos.
Um ontem e um hoje.
Espero que tenham gostado desse capítulo.
Quem é Team Lustian aqui gente?
Não esqueçam de votar! Seu voto ajuda muito ♥
Amo vocês, até breve ;*



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