Utópico. escrita por DihDePaula


Capítulo 18
Capitulo 17 - Sentimentos.




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Desde que Luna tinha ido infiltrada para a casa dos Campbell, Mark havia voltado a ajudar Nikollay com os assuntos de liderança do Clã, voltando ao seu antigo posto temporariamente, somente enquanto sua irmã não retornava. Nunca quis a liderança e depois do que aconteceu na floresta no dia da morte de sua mãe ele não se sentia digno. De certa forma ele tinha ficado irritado consigo depois de tomar a decisão de abdicar, ele sabia que Luna já tinha pressão e responsabilidades suficientes, acabou que Mark só jogou mais um peso em seus ombros.

Mark admirava muito a coragem, determinação e força de sua irmã. Mesmo ela sendo mais nova isso nunca impediu que ela mostrasse a todos o quanto ela era extraordinária, deixando bem claro o porque ela era a criança da profecia. Mas na visão de Mark ela também merecia a liderança do Clã. Afinal, quem estava se arriscando no território inimigo era ela e nada mais justo do que ela se tornar a pessoa mais importante dentro do Clã.

Ele também não tinha a menor dúvida de que ela sempre tomaria as decisões que fossem melhores ao seu povo, desde criança ela sempre foi justa. Sempre procurava resolver as coisas da melhor forma e da maneira mais justa, ele não tinha a menor dúvida que ela seria uma líder muito melhor que ele, provavelmente melhor até que seu pai ou seu avô.

Soltou um pequeno suspiro ao sair de seu devaneio e voltar a analisar os papeis que estavam sobre a mesa. Estavam tentando uma aliança com um Clã que ficava na em Mormont, cidade que ficava a algumas horas de distancia de Borthen. Com essa aliança poderiam contar com mais reforços quando fosse a hora de atacarem a cidade, o receio dele era que o número de guerreiros não fosse o suficiente para aquele ataque.

— Ainda devorando esses papeis? — A voz de Elena soou aos ouvidos de Mark.

— Sim, eles logo estarão aqui e preciso saber o máximo de coisas sobre eles. Não posso correr o risco de fazer vergonha ao nosso pai e Luna me confiou a missão de assumir o seu lugar enquanto ela estivesse fora, não posso decepcioná-la. — O rapaz soltou um suspiro jogando a cabeça para trás.

— Lugar que era seu por direito e você passou para ela. — Disse a jovem soltando um suspiro e sentando na cadeira ao lado.

— Que nós passamos, porque pela ordem quem deveria assumir seria você ou Bruce. E pelo que me lembro os dois correram disso, assim como eu. — Disse Mark com um pequeno sorriso nos lábios.

— Pela Lua! Não tenho nenhuma vontade de assumir tal cargo, gosto muito de gerenciar nossas contas, cuidar dos mantimentos e de tudo que envolva dinheiro ou trocas. É bem mais divertido, principalmente por sempre conhecer novas pessoas. — Disse a morena com um sorriso nos lábios.

O ruivo soltou uma pequena risada e maneou a cabeça negativamente. Eles sempre mandavam Elena para as negociações por vários motivos, era boa com números, tinha uma lábia excelente e nunca deixava ninguém passar a perna nela. Sempre acabava levando vantagem se fazendo de ingênua e depois dava o bota.

— Quem conheceu de interessante da última vez. — Questionou Mark com o cenho franzido.

— O filho mais velho de Brian O'Connor. Fui a uma negociação em Mormont para conseguir alguns suprimentos. — Disse ela sorrindo.

Elena apoiou o cotovelo sobre a mesa e deixou seu rosto pousar sobre a mão. Um sorriso um tanto quanto sonhador brotava no lábio de sua irmão. E aquilo fez Mark cruzar os braços na frente do corpo enquanto a encarava com o cenho franzido. Elena costumava ser bem discreta em relação aos seus envolvimentos amorosos e geralmente só Mark ficava sabendo, somente porque ela contava.

— Parece que alguém ficou realmente encantada com O'Connor. Qual o nome dele mesmo? Eu sinceramente só sei mesmo o de Brian e da mulher dele, Jasmine. — Disse o rapaz dando ombros

— Gustav e a irmã dele também estava lá. Acho que você gostaria dela, faz o seu tipo. — Disse Elena soltando uma risada.

Nesse momento Mark franziu o cenho sem entender ao certo o que sua irmã queria dizer com aquilo. Ele havia tido um relacionamento ou dois, mas geralmente estava tão ocupado treinando combate, ensinando seus irmãos mais novos ou aprendendo tudo o que podia para ser o próximo líder que mal sobrava tempo para namoros. Os dois que teve acabaram justamente por ele não ter tempo para dar atenção a elas e ele não as culpava por isso.

Através do amor de seus pais ele aprendeu que quando você amava alguém deveria tratá-la da melhor forma possível. Seu pai sempre tratou sua mãe como se fosse uma rainha, tudo bem que de certa forma ela era. Mas para Nikollay, Amber era o que tinha de mais precioso em sua vida e sempre a tratou com amor, carinho e dedicação. Ele não pode fazer o mesmo com às duas namoradas que teve, por isso não culpava elas por desistirem.

— Meu tipo? — Questionou ele confuso.

— Sim! Mal humorada, respondona e indomável. E divertida é claro, o tipo perfeito para fazer você deixar de ser tão certinho e engomadinho… — Disse a morena em meio aos risos.

Mark bufou e deslizou os dedos pelos cabelos ruivos enquanto revirava os olhos. Precisava comer algo e tomar um bom banho, depois dormir um pouco não seria ruim. A última coisa que precisava era que sua irmã ficasse tentando lhe empurrar para a filha de alguém. Seu pai costumava contar que sua avó tinha a mania de tentar juntar casais, tudo bem que ela acertou ao fazer isso com Nikollay e Amber. Pelo visto sua irmã não tinha herdado só o nome, mas o espírito de cupido também.

— Sinceramente a última coisa que eu preciso é me envolver com alguém agora. Papai depois que mamãe se foi virou outro homem e a cada dia que passa o mal humor dele fica pior. Luna está fora, Bruce fica amuado pelos cantos por conta disso e os outros gêmeos são crianças ainda. Os quatro vivem no mundo da lua alheio a tudo, está sobrando para nós dois tudo e me envolver com alguém seria só uma distração. O que poderia nos trazer alguma consequência se eu não focar direito em meus deveres. — Disse Mark soltando um pequeno suspiro.

— Justamente por isso precisa de uma namorada! Alguém para você dividir os seus problemas, alguém que possa te dar apoio e que vai cuidar de você. Porque sinceramente já basta eu ter que cuidar do papai e agora tenho que cuidar de você também. Está um caco, me disseram que você não almoçou ou jantou hoje, ficou só trancado aqui. — Reclamou a jovem.

Ela se levantou de forma brusca assustando Mark que havia apoiado seu braço sobre a mesa e a cabeça por cima, sim ele estava quase dormindo ali mesmo. Ele a encarou e soltou um longo suspiro, ele entendia a preocupação dela por não estar se cuidado da forma que deveria.

— Quando passar isso das alianças eu prometo a você que vou voltar a me cuidar como devo. Só preciso garantir que quando eles forem embora nós poderemos contar com o apoio deles. — Disse Mark se colocando de pé e caminhando até ela.

— Tudo bem, vai comer alguma coisa e tomar um banho. Depois conversamos sobre isso. — Disse a morena com a cara emburrada.

Mark assentiu e soltou uma pequena risada. Ele se aproximou de Elena e a observou, ela era alguns centímetros mais baixa do que ele, mesmo estando com suas costumeiras botas de salto. O ruivo se inclinou e depositou um beijo na testa da irmã de forma carinhosa e logo depois se afastou a deixando sozinha. Ele realmente precisava comer, tomar banho e dormir. Ou amanhã quando os O'Connor chegassem ele estaria um caco.

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Nikollay estava sentado do lado de fora encarando a lua que estava brilhando no céu. Faltavam apenas alguns dias para a lua cheia e ele estava bastante ansioso por isso. Desde que Amber havia morrido toda vez que se transformava na Lua Cheia deixava o animal controlá-lo a maior parte do tempo, assim ele não precisava sentir aquele vazio em seu peito. Ficou encarando a noite estrelada e quando uma estrela-cadente cortou o céu um pequeno sorriso surgiu em seus lábios ao se lembrar de um dos passeios deles.

22 anos antes.

Nikollay estava esperando por Amber bem abaixo da janela do quarto dela. A janela dava para a lateral da loja de seu pai e naquele horário ninguém conseguiria vê-lo ali em meio as sombras. Escutou o barulho da janela se abrindo e sorriu ao observar Amber colocar a cabeça para fora e lhe direcionar um lindo sorriso, aquilo fez o coração de Nikollay bater ainda mais forte e descompassado dentro de seu peito.

Ficou observando enquanto ela começava a descer lentamente pela lateral, ele sempre ficava apreensivo quando ela fazia aquilo. Mas caso ela caísse ele estaria ali para segurá-la, sempre. Quando ela estava chegando perto do chão Nik esticou seus braços e não demorou muito para ela se virar e simplesmente se jogar contra ele o fazendo rir.

Como Amber sempre fazia aquilo ele já estava mais do que acostumado. Envolveu seus braços ao redor do corpo dela ainda a deixando fora do chão enquanto ria baixo. Não demorou muito para ela envolver seus braços ao redor do pescoço dele e colar seus lábios aos dele. Nikollay respondeu aquele beijo com calma.

Aos poucos ele foi colocando ela no chão, mas não a soltou um braço continuava a envolver sua cintura a mantendo presa a si e o outro se ergueu. Ele posou sua mão na lateral da face dela iniciando uma leve carícia enquanto os seus lábios continuavam a se mover em uma dança calma e amorosa sobre os lábios dela.

— Vamos, ou vamos perder a chuva de meteoros. — Disse ela se afastando.

— Vamos sim, minha flor. Só queria matar um pouco da saudade antes. — Disse Nik sorrindo.

Amber lhe desferiu um sorriso enorme e novamente o coração de Nikollay não se continha dentro de seu peito com aquela visão. Aquilo basicamente acontecia toda vez que ela sorria e ele não estava acostumado com aquilo, talvez nunca se acostumasse.

Eles deram as mãos e entrelaçaram os seus dedos, rapidamente saíram dali antes que alguém os visse. Amber havia pedido a permissão ao pai para ir ver a chuva de meteoros junto a Nikollay, mas ele prontamente negou dizendo que não seria de bom tom ela sozinha a noite na rua. Por mais que ela tentasse argumentar que não estaria sozinha, ele não permitiu.

Então ela simplesmente disse a Nikollay para esperá-la na lateral e que se ele não viesse ela iria sozinha. E como ele não pretendia deixar a mulher que amava andando sozinha por aí a noite, achou melhor ir com ela. Afinal, todo o tempo que passava com ela era preciso e ele não via a hora de finalmente se casarem. Mas o pai dela havia imposto um noivado absurdo de três anos. Por ela ele esperaria quantos forem precisos, mas se dependesse dele estariam casados a bastante tempo.

Não foi difícil passar pelos portões e sair da cidade, no inverno e aquela hora nenhum guarda estava realmente disposto a ficar do lado de fora vigiando quem tentava sair. Estavam mais preocupados com quem entrava e mesmo assim nem tanto, Borthen era uma cidade pacífica a anos e ninguém nem lembrava quando foi a última guerra ou invasão que teve na cidade. Mas eles demoraram um pouco mais para chegar a clareira por conta da neve que estava no chão, por sorte naquela noite não estava. E o céu estava livre de nuvens com as estrelas brilhando de forma intensa ao lado da lua.

Quando finalmente chegaram a lareira Nikollay retirou a bolsa que estava em suas costas e a abriu, não demorou muito para ele jogar uma colcha bem grosa sobre a neve e logo Amber o ajudava a esticá-la. Ambos estavam bem agasalhados e provavelmente não sentiriam frio, mas ele havia trago mais uma para eles se enrolarem por via das dúvidas.

— Que homem mais esperto que fui arrumar! — Exclamou Amber rindo ao observar ele puxar outra colcha.

— Claro, não poderia deixar você morrer de frio. — Disse ele com um sorriso sobre seus lábios.

Eles se sentaram sobre a colcha que estava no chão e logo Nikollay os envolveu com a outra, como ela era enorme não foi problema nenhum. Ele envolveu seus braços ao redor de Amber e beijou o topo de sua cabeça enquanto a fitava com um sorriso bobo em seus lábios. Ela não demorou para abraçá-lo e retribuiu tanto o olhar quanto o sorriso.

— O que foi? — Perguntou ela com o cenho franzido depois de um tempo.

— Só estou observando o quanto minha mulher é linda. — Disse ele.

O rosto de Amber ficou com um tom ainda mais avermelhado, já estava um pouco vermelho por conta do frio e agora ela estava corada. Aquilo fez ele inclinar a cabeça para trás e soltar uma gargalhada, estar com ela sempre lhe proporcionava momentos felizes e agradáveis.

Sempre que estava ao lado dela era mais fácil rir, era mais fácil amar, pelo visto ao lado dela tudo era melhor e mais fácil. Ela o encarava com um bico e tentava fazer uma expressão de irritada, mas aquilo só o fazia sorrir. Nik ergueu a mão esquerda a face dela e acariciou levemente.

— Não tem graça. — Murmurou Amber.

— Tem sim, você fica linda corada e fica ainda mais linda brava desse jeito. — Disse ele soltando uma risada baixa.

Ele não se conteve e acabou se inclinando e mordiscando o bico que ela havia formado com os lábios. Mas não demorou muito para aquilo se transformar em um beijo repleto de carinho e desejo, sentia as pontas dos dedos delas pressionado seu corpo e não se importou. Os lábios dela, o toque dela causava reações diversas ao corpo de Nikollay. Ele se obrigou a afastar os lábios do dela e sorriu a fitando.

— Melhor irmos com calma, está muito frio aqui fora para eu acabar perdendo a linha. — Disse o rapaz sorrindo.

— Verdade, se acabássemos fazendo algo aqui congelaríamos até a morte. E não seria nada bom isso, além de deixar de aproveitar a vida que temos pela frente. Ainda iríamos constranger nossos pais quando os corpos fossem achados. — Disse Amber encarando o céu distraída.

Nikollay soltou uma gargalhada e negou com a cabeça, ela acabava de transformar um momento cheio de tensão sexual em algo mórbido e bizarro. E tudo que ele conseguia fazer era rir da linha de pensamento de Amber, não fazia ideia como ela conseguia pensar aquele tipo de coisa. Tudo que ele conseguia pensar era em não arrancar as roupas dela em meio a neve e ela solta uma dessas.

— Olha! Está começando! — Disse Amber apontando para o céu.

Um sorriso se estendeu sobre os lábios dela no momento que os meteoros cruzaram o céu estrelado. Eram várias estrelas cadentes que cruzavam o céu ao mesmo tempo, proporcionando um lindo show visual em meio a tantas estrelas. Lentamente Nikollay se dentou sobre a colcha que estava esticada no chão e não demorou para Amber se acomodar com a cabeça em seu peitoral.

Ele arrumou a outra colcha sobre os corpos dele e usou um dos braços para apoiar sua cabeça, o outro ele envolveu ao redor do corpo de Amber e começou a acariciá-la enquanto observavam aquele espetáculo que só duraria mais alguns minutos.

— Não queria estar aqui com ninguém além de você. — Sussurrou Amber.

— E eu não quero passar a minha vida com nenhuma outra pessoa ao meu lado. Eu quero que a pessoa ao meu lado para o resto dos meus dias seja você. — Disse ele ainda encarando o céu.

Percebeu que Amber se moveu e quando ele a fitou encontrou aquelas duas esmeraldas o observando. Ele sorriu ao fitá-la, provavelmente cada vez que a olhasse ele sorriria. Porque ele se sentia feliz, se sentia completo tendo ela ao seu lado.

— Tem certeza disso? Como não estamos casados ainda da tempo de desistir. — Disse ela Fazendo uma careta.

Nikollay soltou um suspiro e abraçando o corpo dela começou a se sentar e a puxou para fazer o mesmo. Ele virou o suficiente para ficar de frente para ela. Arrancou as luvas que estava vestindo, queria sentir a pele quente e macia dela. Pousou às duas mãos sobre a face dela e acariciou levemente. Estava com uma expressão séria enquanto encarava às duas esmeraldas.

— Eu juro pela lua que o meu coração é e sempre será seu. Eu juro pela lua que me casarei com você e me esforçarei para fazê-la feliz todos os dias enquanto eu viver. Eu juro que não irei deixar de amá-la e que não pretendo deixá-la nem agora e nem nunca. Porque eu amo você, Amber.

Observou pequenas lágrimas brotarem no canto dos olhos dela e franziu o cenho, mas quando um sorriso se estendeu pelos lábios dela ele arfou. Aquele com certeza era o sorriso mais lindo que ela já havia lhe dado, o maior, o mais cheio de carinho e amor. Ele mal teve tempo de sair de seus devaneios quando Amber se jogou contra ele envolvendo os braços ao redor do pescoço dele e selando os lábios dele com um beijo.

Atualmente.

Nikollay soltou um suspiro e encarou as chamas da fogueira que estavam a sua frente. O vazio que agora estava em seu peito parecia não diminuir com o tempo, ele só havia se acostumado com ele ali. Mas sabia que precisava ser forte por seu povo e principalmente por seus filhos, era difícil para ele.

Estava absorto em pensamentos e lembranças quando ouviu uma confusão vindo de dentro da casa principal e franziu o cenho com a gritaria. Estava quase amanhecendo, mas imaginou que os filhos ainda estariam dormindo e ele como sempre acabou acordando cedo demais. Quando viu Bruce sair correndo pelo parto e Mark e Elena em seu encalço franziu o cenho confuso, o filho parecia desesperado e corria em direção ao bosque.

Nikollay não perdeu tempo e se levantou rapidamente segurando o garoto pelos ombros o impedindo de avançar. Ele se debatia com uma expressão de desespero em sua face tentando se desvencilhar dos braços do pai.

— Bruce! O que está acontecendo? — Nikollay gritou o nome dele para chamar atenção.

Respirando ofegante o filho o encarou com as mesmas orbes azuladas que a irmã tinha. Nunca entendeu porque eles dois foram os únicos que nasceram com os olhos com uma cor diferente. Os demais variavam entre verde, castanho e preto. O jovem respirou fundo tentando se acalmar, mas desviava o olhar constantemente de Nikollay para a floresta.

— Bruce! Fale de uma vez. — Ordenou o homem.

— Luna… Aconteceu alguma coisa com ela. — Disse em um tom desesperado.

Nikollay ergueu a face encontrando com os filhos mais velhos e eles deram ombros parecendo tão confusos quanto ele. Calmamente o homem puxou o filho até o toco de arvore que ele estava sentado perto da fogueira e o obrigou a sentar. Mesmo tentando protestar e levantar Nikollay não permitiu e o manteve ali.

— Por que acha isso? — Perguntou Nikollay

— Porque eu senti o desespero dela, eu não sei o que houve. Alguma coisa está errada, eu já senti ela outras vezes, nervosa, irritada, com medo até. Mas nunca senti ela tão desesperada, pai! — Exclamou Bruce.

Ele observou o filho cobrir o rosto entre as mãos e sentiu cada parte do seu corpo ficar tensa. Sabiam que tinha a possibilidade dela ser descoberta, mas sair correndo não era uma opção viável. Sabia da ligação dos gêmeos, por isso sabia que o filho não estava mentido ou que havia sido só um pesadelo.

— Elena, chame Madame Seraphine precisamos do corvo. Mark me traga algo para eu escrever. Vou mandar uma mensagem para Pablo e Ethan, se algo aconteceu eles vão saber. — Ordenou Nikollay.

Não demorou muito para os dois sumirem, voltou a encara o filho e apoiou suas mãos sobre os joelhos dele. Lentamente Bruce retirou o rosto da mão e encarou o pai com pequenas lágrimas nos olhos, ele ergueu a mão e calmamente as enxugou.

— Vamos esperar por notícia, tudo bem? Não adianta sair correndo, tudo que você vai conseguir é ser morto. Acha que ela gostaria que você morresse? — Questionou Nikollay.

Bruce balançou a cabeça de forma negativa e suspirou assentindo. Nikollay se colocou de pé ao mesmo tempo que Mark voltava, rapidamente ele começou a escrever e só precisava de uma única frase. "O que está acontecendo? Bruce sentiu algo." Seria o suficiente para qualquer um deles entender que algo estava errado e ir atrás de informações.

Não demorou muito para Madame Seraphine aparece com o corvo empoleirado em seu ombro. Nikollay esticou seu braço e chamou o animal, assim que o mesmo pousou sobre seu braço ele colocou o papel enrolado no pequeno recipiente que estava preso a pata do animal.

— Ache Pablo e se não achá-lo vá até Luna ou Ethan.— Disse o homem ao animal.

— Por que não ir até ela direto? — Questionou Bruce.

— Porque se ela não estiver sozinha pode ser muito perigoso e ai sim podem descobrir tudo. — Mark que havia respondido.

Nikollay observou o animal alçar voo e ir se afastando dali, todos ficaram em silêncio observando o animal até ele sumir no horizonte. Ele soltou um pequeno suspiro e sentou em um outro tronco e ficou encarando a fogueira, o medo já estava instalado em seu coração. Sempre soube que havia a possibilidade de perder sua filha, mas isso nunca significou que ele estava preparado para isso. De todos ela era a que mais se parecia com ele no temperamento explosivo, mas com a convivência com Amber desde nova acabou aprendendo a controlá-lo e deixar se explodir no momento certo.

Tentava não demonstrar, mas estava tão desesperado quanto Bruce. Estava começando a se arrepender daquela ideia estúpida, a vida de sua filha não valia uma vingança. Todos se sentaram ao redor da fogueira e ficaram em silêncio esperando as horas passarem, o sol já estava sobre o céu. Alguns membros começavam a acordar e não demoraria muito para estranharem eles sentados ali com aquelas caras.

— Está voltando! — Exclamou Bruce ficando de pé.

No mesmo instante todos ergueram a cabeça na direção que o jovem apontou. Dava para ver o corvo ao longe se aproximando vagarosamente. Impaciente Nikollay ficou de pé andando de um lado para o outro, alguns minutos depois o animal finalmente chegou e pousou sobre o braço estendido de Nikollay.

Rapidamente levou suas mãos ao compartimento e puxou de lá uma folha, abaixou o braço fazendo o animal voar para seus ombros. Começou a desenrolar o papel e viu que era a caligrafia de Pablo. Ao erguer os olhos viu que todos o encaravam com expectativa, então decidiu ler em voz alta o que estava escrito.

"Nikollay,

Sinceramente ainda não sei ao certo o que aconteceu, houve uma grande confusão no palácio depois da festa que todos foram. Pelo que entendi foi entre Luna e os filhos do Campbell, ela está bem até onde sei. Bernard o mais velho foi levado preso para o distrito policial, tem muitos boatos pelos corredores e não sei o que é de fato real. Sei que ela está com a criada e pelo que vi amiga dela, Abigail e os dois filhos mais novos de Travis. Quando Abigail saiu do quarto consegui perguntar sobre ela e a jovem informou que ela estava bem, não estava machucada. Vou esperar ela ficar sozinha para descobrir o que realmente aconteceu e te informo, tudo que eu sei é isso.

Pablo."

Naquele momento alguns suspiros de alivio foram ouvidos, Nikollay não sabia se era o próprio suspiro os se era o dos demais. Ela estava viva, não estava ferida e não havia sido descoberta e isso era muito bom. Mas ele estava intrigado com o fato de o filho mais velho de Travis ter sido preso, será que foi algo que ela planejou sem que lhe contasse? Ele não duvidaria nada disso, sabia como a filha podia ser teimosa.

— Ao que tudo indica ela está bem então? — Perguntou Bruce, parecendo querer ter certeza.

— Sim, alguma coisa aconteceu. Mas no final das contas ela está bem, é o que realmente importa. — Disse Elena com um pequeno sorriso de alivio nos lábios.

— Tenho certeza que ela fez algo estúpido. — Resmungou Bruce revirando os olhos.

Nikollay tinha o mesmo pensamento que Bruce naquele momento, mas não tinha muito o que fazer a não ser esperar por notifica vindo dela ou de Pablo. Estava tão distraído que mal percebeu que um guarda da patrulha se aproximava em passos rápidos, ele franziu o cenho encarando o guarda esperando para ouvir o que ele tinha dizer. Estava com receio que fosse mais problemas.

— Senhor, os O'Connor foram avistados entrando em nosso território e estão sendo escoltados até aqui. — Disse o guarda.

— Obrigado, pode se retirar. — Disse Nikollay e se virou para os filhos. — Vamos nos recompor para receber nossos convidados.

Os quatro assentiram e se levantaram, os filhos logo foram para dentro da casa. Madame Seraphine se aproximou de Nikollay e ele soltou um pequeno suspiro. Ele já havia decidido, iria deixar essa historia de vingança para lá e mandaria Luna retornar. Esse susto serviu para mostrar a ele de que não estava disposto a perder mais alguém que ele amava.

— Você precisa descansar, sua cara está péssima. — Disse a mulher.

— Eu sei, mas tem sido difícil. — Disse ele soltando um suspiro.

Seraphine se virou na direção da casa e Nikollay a acompanhou. Ele também precisava tomar um banho e ficar mais apresentável para receber o líder de um outro clã, de um possível aliado.


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Notas finais do capítulo

Oie gente, mil perdões pela demora!
Acabei ficando doente na semana passada.
Depois quando cheguei em casa descobri que não tinha internet.
Ela voltou e estou finalmente postando!
Espero que gostem ♥ Não esqueçam de votar e comentar!!



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