Utópico. escrita por DihDePaula


Capítulo 17
Capítulo 16 - Desespero.




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Quando voltou a mesa junto de Sebastian achou bastante estranho o fato de Luna ter ido embora por se sentir mal e ainda por cima com Bernard. Ficou parada bebendo uma taça de vinho enquanto olhava as pessoas dançando e se divertindo. Sebastian estava parado com as mãos nos bolsos parecendo um pouco inquieto, Luce se virou e encarou o irmão com o cenho franzido.

— Só não entendo o por que ela saiu com ele e não falou com um de nós. — Resmungou o rapaz um pouco decepcionado. 

— Eu também pensei nisso. Tem algo errado nessa historia. — Disse Luce com uma expressão séria. 

Sebastian ficou encarando as pessoas dançando e Luce suspirou. Estava na cara de seu irmão que para ele a festa tinha acabado. Ela é claro poderia se divertir bastante, mas a cara de bunda do irmão e a preocupação com a amiga a fizeram deixar essa ideia de lado. Soltando um suspiro largou a taça na bandeja de um garçom que estava passando e agarrou a manga da roupa de Sebastian o arrastando para a saída. 

— Vamos lá, vamos ver como nossa garota está. — Disse Luce suspirando. 

Claro que seu irmão não contestou, somente segurou a mão dela e começou a caminhar para fora daquela festa. Se despediram de algumas pessoas pelo caminho, mas nada que demorasse. Quando chegaram a porta principal demorou alguns minutos para trazerem a carruagem deles e assim que ela chegou os dois entraram indo direto para o palácio. 

Ficou observando Sebastian inquieto encarando as ruas desertas da cidade. Luce também não estava muito contente, pois, em um segundo Luna estava bem e o no outro saiu quase carregada por Bernard? Ela já tinha bebido com Luna as escondidas e garota tinha tanta resistência quanto Luce, algo estava nitidamente errado e um pensamento veio a mente de Luce. Ela se lembrou de alguns boatos que tinha ouvido, mas tudo era apenas boato, certo?

— Você vem Lu? — Questionou Sebastian com o cenho franzido.

— Claro. — Murmurou a jovem enquanto aceitava a ajuda dele para descer.

Estava tão perdida em seus pensamentos que nem chegou a reparar que já haviam parados na frente do palácio. E que ela estava parada ali sozinha com seu irmão a encarando como se ela fosse louca ou algo assim. Luce caminhou ao lado de Sebastian com calma indo em direção ao segundo andar onde ficavam os quartos, pelo tempo que demoraram a vir Luna já deveria estar em seu quarto e a jovem esperava que fosse só uma mal-estar.

— Acha que ela comeu ou bebeu algo que fez mal? — Perguntou Sebastian quebrando o silêncio incomodo. 

— Pode ser que sim, não sabemos se ela tem algum tipo de alergia ou algo assim. — Disse a loira dando ombros. 

Não demorou muito para eles estarem nos corredores e indo na mesma direção que ficava o de Luna. Continuaram com uma pequena conversa casual sobre o dia de amanhã e logo viraram no corredor que dava acesso ao quarto de Luna. Os dois estavam perto da porta quando escutaram uma frase exaltada vindo de dentro do quarto. 

— Cala a boca, porra! — Ela conhecia aquela voz e não estava gostando daquilo. 

Os dois se encararam em silêncio bastante confusos com aquilo, será que estavam discutindo? Sua duvida foi sanada quando começaram a ouvir pequenos gritos abafados, gritos de desespero. A cor sumiu da face de Luce naquele momento, já Sebastian havia deixado uma expressão de fúria tomar conta de sua face. Não demorou meio segundo para o rapaz empurrar as portas do quarto e invadir o mesmo, mas o que eles viram chocou ambos. 

Luna estava chorando e com o corpo um pouco mole. Mas ainda tentava tirar Bernard de cima de si. Ela estava somente com uma blusa e de calcinha, já seu irmão mais velho se encontrava com as calças abertas e começava a abaixar a mesma sem notar a presença de Luce e Sebastian. O desespero cresceu na face de Luna e aquilo pareceu despertar Sebastian que foi até Bernard e o arrancou de cima da jovem. 

Luce ainda olhava aquela cena com lágrimas escorrendo por sua face, Luna que sempre era forte e decidida naquele momento se encolhia e chorava feito uma criança. A moça correu até ela e a puxou para seus braços a abraçando. No primeiro momento, Luna se afastou assustada, mas ao ver que era Luce permitiu ser confortada e chorou ainda mais. A jovem puxou as cobertas e cobriu o corpo semi nu de Luna enquanto a abraçava mais tentando protegê-la das lembranças e de tudo que pudesse. 

— SEU DESGRAÇADO. EU VOU MATAR VOCÊ! — Os gritos de Sebastian tiraram seu foco de Luna. 

Sebastian estava com o corpo por cima do de Bernard e o mais novo desferia socos atrás de socos na face do mais velho. Com uma fúria que Luce nunca havia visto tomar conta de Sebastian, mas tudo que ela sentiu por Bernard naquele momento foi nojo. Ela ainda não acreditava no que havia acabado de presenciar. Os gritos pareceram atrair atenção, porque logo alguns empregados paravam na porta para ver o que acontecia. 

— LUNA! — Ao procurar a voz que chamava por sua amiga Luce viu Abi. 

A jovem entrou correndo e subiu na cama sem se importar com a cena de agressão ou com Luce. Ela deslizou a mão pela face da morena e a olhou com desespero e medo, pelo visto ela não entendia o que havia acontecido e estava preocupada com Luna. Não demorou muito para alguns guardas aparecerem e tirarem Sebastian de cima de um Bernard ensanguentado e desacordado. O loiro ainda olhava para o irmão com ódio e tentava se desvencilhar dos guardas.

— Que merda que está acontecendo aqui? — Questionou o capitão da guarda assim que entrou no quarto. 

Luce observou tudo em silêncio, alguns guardas continham Sebastian, Bernard estava desacordado. Luna ainda chorava nos braços de Luce enquanto segurava a mão de Abi e tinha alguns curiosos parados na porta. Luce respirou fundo e deslizou seus dedos pelos cabelos negros de Luna e sussurrou que tudo ia ficar bem. 

— Capitão, leve Bernard e o prenda. Mande alguém até a cela para tratar os ferimentos.

— Disse a moça com uma expressão séria. 

— Se eu fizer isso seu pai me mata, jovem Luce. E ele não cometeu crime algum, por que o prenderia? — Questionou o homem. 

— Até onde eu sei tentativa de estupro perante as nossas leis é crime. — Disse Luce com firmeza. 

Ouviu algumas pessoas arfando e levando a mão aos lábios. O capitão a olhou como se ela estivesse louca, mas então seus olhos desceram para a garota que chorava em seu colo e a tristeza tomou conta da face do homem. Por alguns segundos ele ficou em silêncio olhando Luna, Luce sabia que ele tinha uma filha que beirava a idade das duas e provavelmente o capitão estava pensando nisso. 

— Tem certeza que foi isso que aconteceu? — Perguntou um outro guarda. 

— Não, eu arrebentei a cara dele por esporte e Luna está chorando feito uma criança desesperada porque ela perdeu o brinquedo favorito. — Respondeu Sebastian com tom de deboche. 

— Capitão se eu e Sebastian demorássemos mais 5 minutos… Não teria sido uma tentativa. Compreende o que eu quero dizer? — Disse Luce com uma calma que nem ela sabia de onde estava saindo. 

O homem assentiu com pesar e se abaixou ao lado de Bernard e o encarou como se avaliasse os danos. Puxou de sua cintura um par de algemas e prendeu os pulsos dele utilizando as mesmas. Luce observou ele ficar de pé e fazer sinal para os guardas que continham Sebastian o soltarem e assim o fizeram. 

— Levem ele para uma das celas do distrito policial e depois chamem um médico. — Disse com a voz embargada. 

Os guardas assentiram e logo começaram a carregar o corpo desacordado de Bernard. O capitão mais uma vez olhou para Luna com pesar e suspirou encarando o chão novamente. Luce engoliu a seco e deslizou as mãos pelos fios negros da jovem tentando acalmá-la. 

— Espero que quando o meu pai chegar o senhor não o solte. Ele é o prefeito, mas não está acima da lei e foi flagrante. É só olhar para como ele estava e como a moça está e ainda tem testemunhas. — Disse Sebastian parando na frente do capitão e o encarando. 

— Pode ter certeza que dessa vez ele não vai se livrar tão fácil. A muitas denúncias, mas seu pai sempre deu um jeito de encobri-las ou de fazer as pessoas retirarem. Mas dessa vez acho que isso não vai acontecer. Se me dão licença. — Disse o capitão enquanto ia em direção a porta para se retirar. 

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Luna ainda estava um pouco zonza, mas todo o esforço que fizera para se livrar de Bernard e o choro pareciam ter tirado um pouco de sua leseira. Ela agora entendia o porque havia se sentido mal, ele a havia drogado. Era a única explicação que vinha em sua mente, ela não havia bebido ao ponto de se embriagar e já havia ficado bêbada o suficiente com seus irmãos para saber que aqueles não eram os efeitos de embriaguez.

Não sabia o que faria se não fosse por Luce e Sebastian chegarem naquela hora, quando viu Sebastian arrebentando a cara de Bernard com os punhos quis se juntar a ele. Só que seu desespero e medo pelo que poderia ter acontecido eram maiores do que ela esperava. Quando finalmente retiraram ele do quarto ela suspirou aliviada. 

Aos poucos foi diminuindo o choro e se afastou de Luce, ficou em silêncio encarando o chão do quarto, ficou encarando o sangue de Bernard. Ficou pensando nas torturas que iria fazer com ele, ela iria vê-lo sangra, ia vê-lo entrar em desespero e implorar por sua vida, assim como ela implorou para que ele não a tocasse. Não sabia se era bom ou ruim ainda ter a droga em seu organismo, mas naquele exato momento era bom ou ela já teria se transformado e estraçalhado o corpo dele enquanto estava ali. 

Não demorou muito para ser obrigada a parar de encarar o sangue e acabou que encarou a face de Sebastian. Ele estava agachado em frente a ela, por um momento ele estendeu a mão para Luna para tocar sua face, mas por reflexo ela se encolheu. O rapaz somente suspirou e pousou as mãos sobre a cama com um olhar triste, pequenas lágrimas botaram nos cantos daqueles olhos azulados que ela tanto gostava de admirar.

— Luna… Eu sinto mui… — Sebastian tentou dizer quando a olhou novamente. 

Antes que ele terminasse de falar ela depositou um dedo sobre os lábios dele o impedindo e negou com a cabeça. Respirando fundo ela levou a outra mão até a face dele e acariciou com ternura. Pequenas lágrimas brotaram nos próprios olhos, então ela disse de forma séria. 

— Não ouse dizer isso, você não me fez nada de mal. Eu deveria te agradecer. — Parou por um segundo e olhou para Luce, retirou a mão dos lábios de Sebastian e segurou a mão da loira. — Eu que devo agradecer a vocês dois. Se vocês não tivessem vindo… 

Ela não precisou terminar a frase para que todos entendessem o que ela queria dizer. Na verdade, Luna não tinha certeza se seria capaz de pronunciar aquilo alto, pelo menos não agora. Abigail tinha se levantado para fechar a porta logo depois da saída do capitão, mas agora estava ao lado da cama encarando os três. Luna olhou para ela e deu um sorriso fraco enquanto olhava para o espaço ao seu lado e fazia sinal para que ela voltasse a ocupá-lo. 

— Nós fizemos o que qualquer um deveria fazer. — Disse Luce com um suspiro triste. — Mas eu sinceramente esperava que ninguém precisasse fazer esse tipo de coisa. 

Luna assentiu e soltou um suspiro que era uma mistura de pesar com receio. Não gostaria nem de pensar no que lhe teria acontecido se eles não tivessem chego a tempo. Enquanto todos se mantiveram em silêncio uma ideia veio a mente de Luna. Ela encarou Abigail com os olhos arregalados e a mesma a olhou confusa. 

— Corra e chame uma enfermeira ou medica aqui, com material para coletar sangue e rápido, Abi! — Disse Luna nervosa.

O rosto da loira se iluminou como se entendesse no que Luna estava pensando, a sincronia delas estava mesmo em dia, não demorou meio segundo para Abi pular da cama e sair correndo pelas portas do quarto. Claro, lembrando de fechá-la antes para manter Luna longe dos curiosos que ainda estavam pelo corredor. A morena voltou a encarar os dois que a olhavam confusos e ela bufou. 

— Ele me drogou. No começo achei que eu tinha comida algo não sei, bebida eu sei que não foi porque minha resistência é boa. — Ao falar aquela parte olhou para Luce e a mesma lhe lançou um pequeno sorriso. — Eu fiquei muito tonta e fraca, quando Abi me trouxe para o quarto eu nem consegui me trocar sozinha e por isso quando … ele… ele… tentou. Eu não consegui fazer nada, mas o idiota não pensou que com um exame eu consigo descobrir o que ele usou e além do flagrante é mais um ponto contra ele. 

Conforme ela foi explicando o rosto de Luce e Sebastian foram se iluminando com a compreensão do que pedirá a Abi. Mas quando ela tentou mencionar o que quase acontecera Luce começou a chorar baixinho e Sebastian apertou a mão direita entre os lençóis da cama, como se aquilo fosse o pescoço do irmão. 

Luna afagou o rosto dele novamente e o obrigou a olhar para si. Lhe deu um fraco sorriso e se inclinou para depositar um beijo no topo de sua cabeça, deixando o mesmo com uma expressão surpresa em seu rosto. Se virou e encarou Luce que havia começado a chorar de verdade pela primeira vez desde que entrara no quarto. Ela retirou sua mão do rosto de Sebastian e usou às duas para puxar Luce para um abraço, mas nada forte já que ainda estava um pouco debilitada. Deslizou os dedos pelos fios loiros e suspirou. 

— Você não teve culpa Luce, eu devo a vocês não ter acontecido nada pior. Se acalme, agora vai ficar tudo bem. — Disse Luna.

— Não está tudo bem, meu irmão é um monstro. Eu já havia ouvido certos boatos, mas nunca achei que fossem verdade… Eu deveria estar te consolando e não ao contrario. — Reclamou a loira se afastando e enxugando as próprias lágrimas.

Luna soltou uma pequena risada sem humor e deu ombros. Já estava se sentindo um pouco melhor, o pior realmente já havia passado e Bernard estava trancafiado em uma cela agora, não poderia lhe fazer mal. Seria eternamente grata aqueles dois, agora ela daria um jeito de salvá-los, nem que isso custasse a própria vida. Não demorou muito para Abi irromper pelas portas com uma mulher ao seu lado e se aproximar deles. 

— Já expliquei a ela o que aconteceu e o que ela precisa fazer. Não se preocupe Luna, ela é da minha inteira confiança. — Disse Abigail parando bem na frente da cama.

— Se ela tem a sua confiança, então tem a minha também. Tira a quantidade necessária e faça exames para detectar drogas ou elementos que possam dopar uma pessoa. Precisa proteger os resultados e não entregar para ninguém que não seja as pessoas desse quarto, entendeu? — Questionou Luna.

— Vocês não sabem o prazer que eu vou ter de ferrar aquele desgraçado, pode ter certeza que farei todos os testes e darei na sua mão. Assim como vou testemunhar se for necessário. — Disse a mulher que Luna não conhecia.

— Não vai me dizer que ele também… — Luce engoliu a seco sem terminar a frase.

— Comigo não, mas já uma pessoa importante para mim. Não teve a mesma sorte. — Por poucos segundos a mulher olhou Abigail de relance.

Luna percebeu que o corpo de Abi enrijeceu com a fala da mulher e franziu o cenho enquanto encarava Abi. Quando a jovem encarou Luna não conseguiu sustentar o olhar dela e encarou o chão triste. Luna se levantou em um rompante assustando Sebastian e Luce que pareceram não perceber, só estavam ainda mais tristes por saber que mais alguém tinha sofrido aquilo ou coisa pior.

— FILHO DA PUTA! — Exclamou Luna alterada.

A morena começou a andar de um lado para o outro visivelmente irritada. Quando voltou a encarar as pessoas ali viu varias expressões que não conseguiu entender. Sebastian havia virado de costas, Luce estava com o rosto vermelho e Abi também. Já a médica estava com o cenho franzido encarando Luna.

— O que? — Questionou a jovem.

Foi nesse momento que ela se olhou e percebeu que estava com uma blusa do baby doll e uma calcinha de renda preta nada recatada. Seu rosto adquiriu um tom vermelho e entendeu a reação de todos, principalmente a de Sebastian que em respeito a ela se virou, ficando de costas para Luna.

— Puta que pariu. — Exclamou baixinho. 

Quando se aproximou da cadeira onde deixava seu robe parou ao ver as roupas de Bernard e engoliu a seco. Um pequeno tremor passou por seu corpo ao relembrar das cenas que estava tentando ignorar, Abi rapidamente ficou de pé e pegou as roupas que estavam sobre as cadeiras. Ela lhe entregou o robe preto de cetim, aquele era longo e ela agradeceu mentalmente por isso. Rapidamente o colocou e o fechou bem ao redor de seu corpo, Abi logo pegou as roupas de Bernard e jogou para um canto afastado de Luna e ela novamente estava agradecendo mentalmente por algo.

— Pode se virar Sebastian. — Disse Luna depois de pigarrear.

— Melhor você se sentar e colher logo o sangue. Quanto mais demorar pior. — Respondeu a mulher.

Luna assentiu e sentou na poltrona que ficava próxima a cama, soltou um suspiro enquanto observou a jovem começar o procedimento. Sebastian lentamente se ergueu do chão e sentou ao lado de Luce e Abi se juntou a ele. Ficaram todos em silêncio enquanto a médica iniciava o procedimento, Luna nunca gostou muito de agulhas. Naquele momento ser furada era um mal necessário para jogar aquele desgraçado atrás das grades, isso é claro até o dia em que ela fosse ter o prazer de matá-lo. Quando a médica acabou ela já estava com 6 pequenos frascos com o sangue de Luna, achou um pouco exagerado, mas não contestou.

— Deve se alimentar bem e descansar, não foi uma noite fácil para você senhorita. — Disse a médica com um sorriso gentil enquanto recolhia suas coisas. 

— Eu vou buscar algo para ela comer! — Exclamou Abi e saiu tão rápido que Luna não teve como contestar.

Luna bufou e assentiu, logo ficou de pé e começou a caminhar até a cama. Uma pequena tontura a envolveu e por alguns segundos ela tropeçou, mas não chegou a cair. Sebastian e Luce se levantaram rapidamente e chegaram até ela a impedindo que ela continuasse a caminhar sozinha. Cada um a auxiliou estando ao lado dela e a levaram até a cama, logo estava sentada e os dois faziam o mesmo.

— Eu disse para se alimentar, o sangue e o que ele te deu te deixou fraca. Já vou indo, preciso andar com isso aqui. — Disse a mulher erguendo o pequeno isopor que estava o sangue.

Os três assentiram e não demorou muito para verem a mulher sair pelas portas do quarto. Luna suspirou e deixou seu corpo desabar na cama para trás, ficou atravessada na cama sem se importar e ficou encarando o dossel. Luce e Sebastian continuavam a olhá-la preocupados. 

— Primeiro de tudo eu preciso de um novo quarto e de preferência perto de um de vocês, para qualquer coisa se eu gritar vocês virem e me salvam de novo. — Tentou soar descontraída, mas estava falando bem sério quanto aquilo.

— Acho que podemos providenciar isso. Meu quarto e o de Luce ficam no mesmo corredor, com um vazio dividindo os dois, fique com o quarto do meio. Quando você gritar eu vou até você. — Disse Sebastian em um tom gentil.

— E ele vem mesmo, quando eu era criança e tinha pesadelos ele sempre vinha. — Disse Luce começando a devanear com um sorriso nos lábios.

Luna assentiu e olhou para os dois que ainda tinham um semblante carregado de preocupação e decepção. Claro, que nenhum deles esperava que seu irmão fosse tão desprezível, nem Luna estava esperando por algo daquele tipo. 

— Vou providenciar isso e volto para ajudá-la na mudança.— Anunciou Sebastian se colocando de pé. 

— Tudo bem. — Disse Luna sorrindo fraco para ele.

Não conseguiria dar um sorriso enorme nem se quisesse, estava tentando parecer calma. Ainda estava muito abalada com aquilo tudo e estava com bastante medo. Sabia que seria perigoso ficar perto dos dois, caso precisasse escapar durante a noite seria ainda mais difícil. Só que Luna não conseguiria ficar ali sozinha e distante, sabendo que alguém poderia invadir seu quarto novamente e não teria ninguém para gritar por socorro. Ficou tão perdida em seus pensamentos que nem havia percebido que Sebastian tinha saído ou que Luce se jogara na cama ao seu lado e encarava o dossel assim como Luna.

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Quando foram lhe chamar na festa dizendo que Bernard havia sido preso Travis não acreditou. Mas ao chegar no palácio todos fofocavam e ao questionar onde o filho estava haviam dito que estava no distrito policial, preso. Travis entrou com sua esposa em seu encalço no distrito visivelmente irritado, ele destruiria quem tivesse colocado seu primogênito naquele lugar. Quando chegaram a recepção ele bateu com o punho sobre a mesa e esbravejou. 

— EU EXIJO QUE SOLTEM O MEU FILHO. — Exclamou o homem visivelmente alterado.

— Calma, querido. — Disse Amélia tentando contê-lo.

O homem a olhou com raiva e tudo que a mulher fez foi se encolher. Estava cansado das fraquezas dela, era uma medrosa irritante. O homem a sua frente fez uma ligação e não demorou muito para o capitão da guarda adentrar no salão, deixando Travis ainda mais confuso. Geralmente o capitão não cuidava de mal entendidos daquela forma, mas provavelmente era por ser Travis.

— Sr. Campbell, creio que não seja possível a soltura de seu filho. — Disse em um tom firme encarando os dois que estavam vestidos de forma elegante. 

— Como não? Meu filho não fez nada! Quem quer que o tenha acusado fez por puro despeito. — Disse o prefeito.

Quando lhe falaram que Bernard havia sido preso, Travis não ficou para ouvir o motivo só queria saber o que estavam fazendo com o seu filho. Não poderia deixar que o prejudicassem, ainda mais quando ele iria concorrer a um lugar no conselho ainda naquele ano, aquele tipo de coisa poderia estragar tudo.

— Senhor ele foi detido em flagrante e ainda temos testemunhas. — Disse o capitão com calma.

— Preso pelo que? Quem o acusou? — Questionou a mulher pela primeira vez.

— Preso pela tentativa de estupro a Srta. Luna D'Liancourt. E ele só não o fez porque os seus filhos mais novos chegaram a tempo de impedir tal atrocidade. — Disse o homem, agora com desprezo em sua voz.

Naquele momento, Amélia levou a mão aos lábios e começou a chorar. Pela expressão da mulher, ele sabia que a mesma não conseguia acreditar no que ouvia. Já Travis só estava com mais raiva, ele maneou a cabeça negativamente e suspiro. Fechou os olhos por alguns segundos tentando não se concentrar no choro de sua mulher e sim em sua respiração.

— Posso vê-lo? — Perguntou ao Capitão.

O mesmo o encarou por alguns segundos ponderando se deveria deixar ou não. Travis sabia que ele deixaria, ele não conseguiria tirar o filho dali aquela noite por conta do flagrante. Porém, também sabia que não lhe negariam o pedido para vê-lo, seria imprudente demais ter o prefeito como inimigo.

— Tudo bem, mas só 5 minutos. — Disse o homem por fim.

Travis assentiu e começou a segui-lo. Quando sua mulher o acompanhou ele estendeu a mão e a deteve, olhou para a mesma com a expressão séria e maneou a cabeça negativamente. Amélia abaixou os olhos ainda com lágrimas e depois assentiu. 

Não demorou muito para ele estar bem na frente da cela onde Bernard estava. O capitão abriu a mesma e Travis entrou. Depois o homem a fechou e se retirou da sala. Travis encarou o filho enquanto o mesmo se sentava com dificuldade, o rosto do filho estava completamente machucado e hematomas. Isso fez o homem franzir o cenho e se perguntar quem teria feito aquilo. 

— Você é mesmo tão estúpido? — Perguntou Travis irritado. 

— Papai… — Começou a dizer enquanto se colocava de pé.

— Eu já te livrei desse tipo de coisas várias vezes e agora você é burro de fazer isso de novo sobe o meu teto e ainda por cima com a menina que é parente da sua mãe? —

Questionou o homem em um tom baixo, mas visivelmente irritado. — Disseram que foi flagrante e que tinham testemunhas. Com algo assim, nem eu posso fazer nada! 

— As testemunhas são Luce e Sebastian, vai ser fácil para o senhor obrigá-los a desmentir isso tudo. — Resmungou Sebastian. 

— Eu não deveria tentar, deveria deixar você se foder, para ver se aprende. Agora entendi porque a garota estava caindo na festa, você a drogou seu idiota! E se fizerem um exame de sangue nela? — Questionou Travis. 

— Eu não pensei em nada disso ta legal? Eu só queria me divertir com ela. E eu não esperava que eles dois fossem aparecer e estragar a nossa festa particular. — Exclamou o rapaz irritado. 

Travis se aproximou de Bernard e desferiu um tapa forte na face do mesmo. Que deveria ter doido bem mais, já que ele estava com o rosto machucado. Foi então que uma ideia lhe ocorreu, mas não deveria ser. 

— Isso é por ter sido pego seu idiota, quantas vezes já disse para não fazer isso em nossa casa. Já não basta daquela criada? Dessa vez a menos que eu consiga convencer seus irmãos a desmentir, eu não vou poder fazer nada. A propósito, quem te bateu dessa forma? — Questionou o homem com o cenho franzido. 

— Sebastian. — Resmungou Bernard cruzando os braços. 

— Vejo que aquele fraco finalmente está virando homem, pelo menos isso. — Disse Travis. 

A conversa se encerrou no momento que o capitão voltou e abriu a cela para que Travis saísse. Quando Bernard fez menção de acompanhá-lo o capitão o impediu e o prendeu novamente na cela, sozinho. Travis suspirou e observou o homem esticar a mão indicando o caminho que haviam feito até ali. Travis o seguiu em silêncio pensando no que iria fazer.


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