Utópico. escrita por DihDePaula


Capítulo 11
Capítulo 10 - Assassinatos.




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Sebastian não pareceu tão ruim aos olhos de Luna depois daquela conversa, a forma respeitosa que ele falava sobre sua avó, tinha deixado ela contente. Quando sentiu Sebastian se aproximar daquela forma um pequeno sorriso cresceu nos lábios de Luna, isso fez com que ela se aproximasse ainda mais dele. Ela não se importaria muito em beija-lo, ele era doce e gentil com ela e isso a agradava. Sabia que nunca poderia se envolver de verdade com ele, que tudo era parte do plano. Mas não faria mal aproveitar um pouco aquela situação. Diferente de Bernard ele era gentil com Luna, tinha assuntos interessantes e não era um narcisista de meia tigela como o irmão. Eles já estavam a poucos centímetros um do outro, Sebastian se inclinou aproximando seus lábios do dela e tudo que a morena fez foi fechar os olhos e esperar por aquele beijo, depois do dia anterior ela ficou se perguntando qual seria o sabor dos lábios dele. O perfume de Sebastian invadiu suas narinas e aquele cheiro amadeirado só fez com que ela se aproximasse ainda mais, esticou sua mão direita e pousou sobre o peitoral dele. Já podia sentir a respiração quente de Sebastian contra a sua face.

Mas como sorte é uma coisa que Luna não tem, antes mesmo de conseguir senti-lo, a porta se abriu de maneira brusca fazendo ela se afastar rapidamente dando dois passos para trás. Podia sentir as bochechas queimarem e provavelmente estavam vermelhas, mas o que a espantou é que ela não estava fingindo. As palavras de uma das empregadas tirou todo o foco de Luna e Sebastian, eles se entre olharam por alguns segundos e Sebastian saiu disparado na direção de onde vinha os barulhos. Luna sem perder tempo o seguiu ainda um pouco envergonhada e confusa com o que tinha acabado de acontecer. Ela sabia que deveria fazer Sebastian se apaixonar por ela, mas ela tinha gostado da ideia de beija-lo e aquilo não deveria acontecer. Sebastian parecia um pouco constrangido pelo que quase tinha acontecido na biblioteca, eles seguiram pelos corredores em silêncio.

 — O que está acontecendo?  — Perguntou Sebastian com o cenho franzido enquanto descia as longas escadas que davam para o hall de entrada. Pablo, Bernard, Albert, Travis e Luce estavam parados discutindo algo quando eles se aproximaram.

Alguns guardas foram mortos, parece que alguém veio do nível quatro e já conseguiu chegar ao nível um. Por onde foi passando foi deixando rastro de sangue. — Respondeu Albert visivelmente apreensivo, gotículas de suor escorriam por sua face. Luna disfarçadamente olhou para Pablo, agora como ele trabalhava com Bernard teria que se acostumar a vê-lo com frequência, com o cenho franzido ela o encarou. Como se perguntasse se ele sabia de algo e o moreno só maneou a cabeça negativamente, poucos segundos depois ele lhe retribuiu o mesmo olhar e ela também negou.

Ela estava se comunicando com Nikollay todos os dias passando relatórios sobre a situação que se encontrava, na noite anterior não foi diferente e já havia reclamado por mandar Pablo de babá. Se fosse um ataque vindo de seu pai ela saberia, ele não teria deixado de avisa-la. Seria arriscado demais deixar Luna as cegas naquele tipo de situação, então ela tinha certeza que não vinha de sua família aquele ataque. Se não vinha dos Deverpolt, então quem estaria atacando Borthen?  Obviamente estava procurando alguém no nível um, será que era os Campbell os alvos? Ela esperava que não, já que ela pretendia acabar com eles. Luce se desvencilhou dos demais e se aproximou de Luna e Sebastian que ficaram um pouco afastados dos outros conversando entre si.

Senhor, acharam mais corpos. O ministro Golledray está morto e o filho mais velho dele também. Todos as outras pessoas da casa estão bem. — Um guarda se aproximou de Travis e começou a passar o relatório com sussurros para ele, Bernard e Albert. Mas Luna e Pablo não tinham problemas em escutar o que eles diziam, rapidamente eles se entre olharam e ficaram tensos.

James Golledray estava em sua lista e agora estava morto, como ele não era tão importante para Luna em si, ela só agradeceu mentalmente o trabalho que lhe fora poupado. Quem ela realmente queria punir estava naquela sala e o outros seriam somente bônus.  Luce e Sebastian estavam ao lado dela conversando sobre o que supostamente tinha acontecido, eles ainda não sabiam das informações que os outros haviam acabado de receber.

Será que são os Deverpolt? — Perguntou Luce um pouco nervosa. Sebastian maneou a cabeça negativamente e soltou um pequeno suspiro.

Acredito que não, se eles atacasse provavelmente não seriam  poucos. E pelos padrões de ataque é uma ou no máximo duas pessoas. Justamente para não chamar atenção. E o ódio de Nikollay está voltado para a nossa família, seria bem mais fácil se eles conseguissem invadir e chegar aqui sem deixar corpos pelo caminho. Chamaria menos atenção e seria mais fácil de nos atacar. — Sebastian ergueu a mão direita aos cabelos loiros e deixou os dedos longos deslizarem pelos cabelos. Ao mesmo tempo ele soltou um pequeno suspiro, Luna reparou que ele estava com o cenho franzido e uma ruga de preocupação apareceu em sua testa. Provavelmente estava pensando no que havia acontecido. Então Sebastian a encarou e lhe desferiu um pequeno sorriso. — O que você acha, Luna?

—  Moi? Não faço a menor ideia, chérie! Não conheço muito daqui ou o que levaria alguém a atacar a cidade.  — A morena soltou um suspiro e em seguida deu ombros. Travis dava ordem para que não deixasse ninguém entrar na casa dos Golledray e mandou que Bernard fosse para lá junto com Albert. Luna encarou Pablo e fez sinal com a cabeça para que ele seguisse Bernard. Com Pablo lá seria mais fácil analisar e descobrir o que tinha acontecido, já que ela não conseguiria sair dali.

Está tudo bem? — Perguntou Sebastian com o cenho franzido enquanto direcionava seus olhos para Luna e em seguida para Pablo. Luna então começou a mover a cabeça de um lado para o outro, como se estivesse tentando estalar ou algo assim. Estava tentando disfarçar, mas não sabia se daria certo.

Meu pescoço está doendo, acho que foi por ficar muito tempo curvada na biblioteca. Eu deveria ter mudado de posição algumas vezes, mas só fiquei lá sentada co a cabeça abaixada. — Ela ergueu as mãos e pressionou a ponta dos dedos ao redor do pescoço, enquanto continuava a manear a cabeça.

 Ela precisava que Pablo investigasse aquelas mortes para ter certeza de que não iria interferir em seus planos, mas não poderia correr o risco de alguém perceber que já conhecia Pablo. E pela manhã aquele idiota havia dado bandeira demais na hora de cumprimenta-la. Luna teve vontade de dar um chute no meio dos peitos dele, para ver se ele voltava para realidade. Se ele estragasse seu disfarce ela o mataria, provavelmente só poderia fazer isso se não morresse primeiro. A garota conhecia muito bem os riscos de ser descoberta e não estava disposta a se colocar em perigo por causa das idiotices de Pablo. O sexo era bom, mas não valia a sua vida e ou a vingança de sua família. Pablo havia sumido na mesma direção que Bernard e isso fez com que a morena pudesse respirar aliviada. Sebastian a encarou por alguns segundos e depois lhe desferiu um lindo sorriso, as vezes Luna até esquecia do porque estava ali quando via aquele sorriso.

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Pablo havia percebido uma certa proximidade entre Luna e o Sebastian e ele não gostava daquilo. Ele não gostava dela se envolver com aquela corja para algo como uma vingança, ficar com eles para isso? Sabia que nem o Nikollay concordava com aquilo, mas também sabia que Luna era do tipo que só fazia aquilo que ela queria e que não adiantaria nada tentar convencê-la do contrário. Estava no escritório de Bernard quando veio o noticia que pessoas estavam sendo assassinadas. Ele tem conversado com Nikollay através do corvo de Madame Seraphine todos os dias e eles não falaram nada sobre invasão, será que havia sido Luna?

Enquanto ela descia as escadas ao lado de Sebastian e se aproximavam dos outros, o rapaz somente a observou em silêncio. Mas ao perceber o olhar dela de questionamento se viu negando. Por que ela acharia que ele teria algo a ver com isso? Desferiu o mesmo olhar e teve a confirmação de que ela também não tinha nada haver com aquilo, mas foram surpreendido por um dos guardas contando a Travis sobre mais duas mortes e isso fez com que ele franzisse o cenho. Com passos discretos ficou ao lado de Bernard e se manteve em silêncio. Assim que Travis deu as ordens para o rapaz averiguar aquilo, Pablo olhou para Luna esperando uma ordem. Assim que ela maneou a cabeça ele assentiu e virou na direção que Bernard ia e o seguiu em silêncio pelas ruas.

Não sei se devo levar você ou não! — Exclamou Bernard enquanto se apreçava entre as ruas do nível um. Pablo estava tentando pensar em algo que fizesse Bernard ter interesse em mante-lo por perto, então algo arriscado lhe veio a mente.

Meu pai era investigador particular e ele me ensinou algumas coisas. Pode ser que eu te ajude a descobrir o que aconteceu, tenho certeza que seu pai ficaria feliz se você lhe der alguma pista. — Já havia percebido o quanto Bernard era narcisista e esperava que apelar para isso o ajudasse a ficar por perto para investigar melhor. Claro que se ele descobrisse algo relevante não contaria para Bernard e sim para Luna.

Pelo visto seu apelo para o ego do rapaz havia dado certo, porque Bernard abriu um sorriso e acenou com a cabeça positivamente. Seguiram por algumas ruas e não demorou muito para pararem em frente de uma casa enorme ao lado sul do nível um. Pablo seguiu Bernard entrando na casa, todos abriram caminho e cochichavam sobre o que havia acontecido ali. Pablo conseguia sentir o cheiro de sangue mesmo estando no andar de baixo, provavelmente tinha sido algo realmente brutal. Pois ele estava sentindo muito cheiro de sangue, aquele familiar cheiro de ferro. Com passos largos e rápidos Bernard começou a subir as escadas. Bernard comentou que havia sido no escritório do segundo andar e Pablo somente assentiu.

Assim que Bernard empurrou as portas de madeira dupla ele e Pablo entraram, Bernard pareceu atordoado conforme as portas se fecharam atrás de si. Ele só conseguiu se aproximar de um enorme vaso de planta que ficava ao lado da porta antes de começar a vomitar. Até mesmo Pablo havia ficado um pouco chocado com aquela visão. O corpo do mais velho estava sobre a cadeira atrás da mesa, mas seu abdômen estava aberto e um enorme corte descia por toda a extensão do abdômen e os seus órgãos estavam pulando para fora. Pelo que Pablo podia perceber aquele corte foi feito enquanto ele estava vivo e para finalizar sua garganta também apresentava um enorme corte de onde havia jorrado sangue. A camisa que outrora foi branca, agora estava completamente vermelha com o sangue daquele homem. Ao direcionar seus olhos para o outro corpo, Pablo percebeu que a visão não era muito melhor.

O corpo do filho mais velho estava amarrado em uma cadeira perto da mesa, mas estava virado de frente para a porta. Os olhos haviam sido arrancados e Pablo  percebeu que tinha algo dentro da boca daquele cara e franziu o cenho, se aproximou de um dos peritos e pegou um par de luvas. Assim que colocou o mesmo ele deslizou seu dedo até o queixo do homem e forçou para que a boca abrisse, quando conseguiu fazer isso enfiou dois dedos na boca daquele cara, quando sentiu algo molenga entre seus dedos ele puxou. Era um dos olhos do cara, haviam feito o cara comer, analisando a boca dele pode perceber pequenos pedaços espalhados. Ele entregou aquele olho mordido para o perito e arfou com um pouco de nojo, haviam feito o cara comer os próprios olhos. Desviou seu olhar para o resto do corpo e percebeu que alguns dedos estavam faltando, franziu o cenho novamente e se afastou ficando parado na frente dos corpos analisando toda aquela cena. Bernard parecia ter se recomposto e virou para ele esperando uma resposta.

— Descobriu algo? — Quando encarou Bernard teve que se conter para não rir, ele estava verde e pálido. Provavelmente nunca tinha visto aquele tipo de coisa, mas aquilo só fez com que Pablo tivesse ainda mais vontade de rir e foi obrigado a se conter.

Tudo indica que eles foram torturados. Alguém em busca de algum tipo de informação, talvez,  eles poderiam saber de algo que interessasse a alguém ou que prejudicasse alguém, não sei ao certo. Aquele ali fizeram ele comer os próprios olhos. Como ninguém escutou nada? Provavelmente eles gritaram enquanto estavam sendo torturados. — Concluiu Pablo. Ele tinha percebido mais alguns outros detalhes, mas esse ele compartilharia somente com Luna e Nikollay. Agora mais do que nunca ele tinha certeza que aquilo não havia sido obra de ninguém do Clã Deverpolt.

Algo naquele cenário fazia com que Pablo tivesse a impressão de que não foi só tortura atrás de informações, aquilo havia sido pessoal demais. Aqueles dois realmente irritaram alguém e a historia que os empregados contaram não fazia o menor sentido. Seria impossível algum torturá-los e ninguém naquela casa escutar.

A filha e a mulher estão viajando. Só tinha eles dois e os empregados. Também acho estranho ninguém ter escutado nada, provavelmente alguém sabe e está com medo de falar. — Concluiu Bernard e isso fez com que Pablo soltasse um suspiro para logo em seguida mover a cabeça concordando com as palavras de Bernard.

Pablo começou a caminhar pela sala observando cada detalhe para ter certeza que não estava deixando passar nada. Tomando cuidado aguçou seus sentidos para que pudesse perceber qualquer coisa que humanos normais não conseguiriam, conforme foi andando parou bem na frente de uma estante enorme de livros e a encarou com o cenho franzido. Podia sentir um cheiro diferente naquela direção e não estava entendendo o que era, então lentamente começou a caminhar seguindo todo o caminho da grande estante. Ao parar na lateral direita, a mais próxima do corpo do homem mais velho se surpreendeu. Pode perceber pequenas gotículas de sangue seguindo naquela direção como se pingassem da arma, ao acompanhar com seus olhos viu que elas sumiam atrás da estante. Ele esticou sua mão e disfarçadamente se apoiou na estante, com cuidado começou a deslizar seus dedos até a parte de trás e percebeu que havia um enorme buraco ali, era uma passagem secreta. Mas ele não poderia entrar por ela agora, ou todos saberiam. Pablo já sabia o que teria que fazer, teria que voltar a noite quando não tivesse ninguém ali.

Mais alguma coisa, Pablo? — Questionou Bernard enquanto abria a porta, parecia estar louco para sair dali.

Nada, acho que era só isso mesmo. Para saber mais acho que só quando saírem os exames e o relatório da pericia. — Pablo cruzou os braços na frente do corpo e começou a caminhar na mesma direção de Bernard. Com rapidez o loiro saiu do escritório e Pablo o seguiu, fazendo o melhor possível para não começar a rir.

— Vou contar para o meu pai o que eu descobri. Vamos lá. — Pablo assentiu e quando Bernard virou de costas o moreno revirou os olhos. Ele descobriu? Que piada, a única coisa que ele conseguiu fazer foi vomitar.

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O papai não quis dizer direito o que estava acontecendo, mas parece que James e Stevan Golledray foram mortos de uma forma bem bizarra. — Luce sussurrou enquanto caminhava ao lado de Sebastian e Luna pelos corredores do segundo andar da mansão. Luna pretendia fazer algo contra James, mas pelo que pesquisou de Stevan não tinha muitos motivos para ataca-lo, então tinha certeza que aquilo não vinha de seu povo e nem precisava saber a forma que os mataram para ter certeza. Afinal, ela que seria o carrasco naquela vingança e nenhuma outra pessoa.

Não eram cidadãos modelos, mas acho que isso de sair matando não leva a lugar nenhum. — disse Sebastian de forma casual. Ele havia colocado suas mãos dentro do bolso da calça enquanto caminhava. Ao ouvir as palavras dele Luna somente revirou os olhos e teve que se controlar para não bufa, ela sabia que alguém como ele nunca entenderia aquele tipo de coisa. Mas não poderia argumentar contra ele, afinal ali ela era Luna D'Liancourt, uma francesa mimada que por acaso era parente deles e não Luna Deverpolt a personalização da vingança de seu povo e aquela que ia trazer a destruição para a família deles.

Aconteceu alguma coisa depois que sai da biblioteca? — Questionou Luce, ela tentou manter o tom casual enquanto continuava a caminhar. No mesmo momento Sebastian e Luna se encararam por alguns segundos e Luce percebeu isso. A morena negou com a cabeça e fez a melhor cara de paisagem que conseguiu.

Não, não. Acho que não. Aconteceu? — Questionou Sebastian, ele havia começado a se enrolar e gaguejar um pouco, demonstrando que estava um pouco nervoso. Isso fez com que Luce soltasse uma pequena risada e Luna foi obrigada a não rir, mas por dentro ela estava gargalhando daquela reação de Sebastian. Havia sido fofo e engraçado ao mesmo tempo, pode perceber que a face de Sebastian estava um pouco corada e não conseguiu conter uma pequena risada que escapou de seus lábios.

Sei... Bom crianças, eu tenho coisas a fazer. Tchauzinho! — Luce semi cerrou os olhos ao pronuncia a primeira palavra e desviava seus olhos de Luna para Sebastian. Mas assim que concluiu sua frase ela desferiu pequenos beijos no rosto de ambos e saiu desfilando pelos corredores. Eles dois continuaram caminhando e Luna não tinha certeza se estavam andando sem rumo ou se estavam indo até algum lugar.

Já ficou sabendo do baile que vai ter em sua homenagem? — Sebastian continuou caminhando e não demorou para Luna reconhecer o caminho que haviam feito no dia anterior, o caminho que levava até a sacada.

—  Excuse moi? — Questionou Luna com o cenho franzido enquanto parava de forma brusca bem em frente a porta que dava para a sacada. Ela se virou na direção de Sebastian que agora parecia ter uma expressão divertida no rosto por causa da reação da morena.

Minha mãe já está anunciando por ai, que vai fazer um baile em homenagem a sua tão querida sobrinha. Para apresentá-la a sociedade de Borthen. — O loiro soltou uma peque risada e se aproximou de Luna ficando a pouco centímetros dela. Ele esticou sua mão na direção de Luna e a jovem somente o fitou com a respiração um pouco descompassada. Mas tudo que ele fez foi levar a mão até a maçaneta e girar a mesma fazendo a porta para a sacada se abrir. E com um sorriso travesso nos lábios ele moveu a mão fazendo um movimento para que Luna passasse pela porta.

Por essa eu não estava esperando. Vai ter bebida pelo menos? — A morena ficou tensa por alguns segundos, mas ao perceber o que ele realmente ia fazer ela soltou uma pequena risada e não demorou a passar pela porta.

Luna se debruçou sobre a sacada, deixando seus braços apoiados no mármore. E ficou encarando a imensidão do céu, percebeu que o sol aos poucos começava a se afastar, provavelmente já era final de tarde. Percebeu o corpo de Sebastian parado ao lado do seu e agora ele também estava com os braços apoiados na sacada, mas ele a encarava e ela fingia não perceber isso. Era como se o olhar dele acendesse algo dentro dela, Luna estava começando a se irritar com aquela sensação. Estava se irritando porque estava gostando, porque aquela sensação queimava dentro de seu peito e aquilo não era bom.

Provavelmente. Mas qualquer coisa a gente faz nosso próprio estoque. Porque você vai precisar, para aturar a alta sociedade de Borthen. Só com muita bebida, digo por experiência própria. — Naquele momento ambos riram de forma sincronizada, para Luna aquele tipo de momento com Sebastian era divertido. Só que ela sabia que não poderia passar de diversão e também sabia que não poderia demorar ali. Já que precisava encontrar com Pablo de uma forma discreta para saber o que ele descobriu.

Luna tinha tido uma ideia um tanto quanto divertida e perversa ao mesmo tempo. Ela havia decidido que iria provocar Sebastian para ver até onde ele aguentaria. Provocaria e simplesmente se afastaria, também se perguntava se ele era realmente daquela forma ou assim como ela Sebastian vestia uma mascara? Com um pouco de tempo e um pequeno jogo não seria difícil ela descobrir aquilo. A morena então se aproximou de Sebastian um pouco mais e virou de frente para ele, seu braço esquerdo continuava apoiado no mármore e a mão direita pousada sobre a própria cintura. Não demorou muito para ele fazer o mesmo, mas a mão dele estava dentro do bolso novamente e um sorriso se formava nós lábios do rapaz.

Ficou um pouco nervoso com a pergunta da Luce. Por que?  — Seu tom de voz era calmo e com uma pitada de sensualidade. Levemente ela mordiscou a ponta dos próprios lábios enquanto o encarava a espera de uma resposta. Pode perceber que os olhos de Sebastian observavam cada movimento dela, principalmente no momento que ela mordeu os próprios lábios, os olhos dele congelaram nos lábios avermelhados de Luna.

Não fiquei nervoso, impressão sua. Mas não menti. — Mentiu Sebastian de forma descarada na primeira frase, o que fez Luna soltar uma pequena risada. Ela ergueu a mão direita pelos próprios cabelos e deixou seus dedos deslizarem por eles arrumando um parte deles com calma e deixando um pouco de seu pescoço e ombros a amostra.

Verdade, não chegou acontecer nada......  Fomos interrompidos antes disso. — Luna começou a falar com um sorriso travesso em seus lábios. Antes de continuar a falar ela se aproximou um pouco mais, podia sentir o hálito quente de Sebastian escapando de seus lábios e se chocando diretamente com a própria pele. Enquanto ela se aproximava para sussurrar a última frase ao ouvido dele de forma baixa e provocativa.

Pode perceber que a respiração de Sebastian estava um pouco descontrolada e sorriu, ela não se afastou. Manteve seus lábios perto do ouvido dele, permitindo que seus corpos estivessem quase colados um no outro, Sebastian somente maneou a cabeça positivamente e se manteve em silêncio. Podia sentir a tensão que emanava do corpo dele e aquilo fez ela rir baixinho. Então Luna deu mais um passo para frente deixando seu corpo se chocar contra o dele e acabando com qualquer distancia entre os dois. Naquele momento Sebastian arfou e deslizou as mãos pelo quadril da jovem. Luna ergueu a mão direita e deslizou até os cabelos de Sebastian e deixou seus dedos se enrolarem ali, mas quando ele ameaçou virar a cabeça na direção dela Luna o impediu. Ela travou a cabeça dele prendendo os cabelos dele entre seus dedos e os segurando, ambos soltaram uma pequena risada. Pode sentir os dedos de Sebastian pressionando seu quadril e a pressionando um pouco mais contra o próprio corpo.

— Espero que da próxima vez, ninguém nos interrompa. —  Luna sussurrou novamente de forma provocativa e ao final da frase deixou seus lábios deslizarem lentamente pelo pescoço do rapaz com dois pequenos beijos e uma mordida. Sebastian simplesmente congelou sem reação e acabou travando o maxilar para reprimir  um pequeno gemido que queria escapar pelos lábios do loiro, mas ele não conseguiu disfarçar tão bem aquilo. E isso fez a morena soltar uma pequena risada, aproveitando da distração de Sebastian para afastar seus corpos.

Luna se afastou rapidamente e com passos rápidos chegou até a porta que levava de volta para a mansão, encarou Sebastian novamente com um sorriso nos lábios e o rapaz estava com o rosto corado e um pouco atordoado conforme a fitava ainda parado no mesmo lugar. Ela soltou uma gargalhada e  entrou para a mansão. Não olhou para trás para ver se ele havia saído da sacada, só caminhou na direção de seu quarto com um pequeno sorriso em seus lábios. Algo lhe dizia que seria divertido provocar Sebastian e sair de fininho, pretendia fazer isso mais algumas vezes para ver até onde ele aguentaria antes de tomar alguma atitude. Ao chegar em seu quarto Luna foi diretamente para o banho, não demorou muito para sair de lá com o roupão envolvendo o seu corpo, ela decidiu que seria melhor descansar um pouco antes do jantar e deitou sobre a cama.

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Todos na parte que estavam na parte onde os empregados jantavam estavam comentando e especulando sobre os assassinatos. Pablo estava em silêncio comendo quando uma jovem loira entrou empurrando um carrinho e deixando o mesmo próximo a pia. Os olhos negros de Pablo a encararam de cima a baixo, ela deveria ter por volta de 20 anos e era muito bonita.

—  Essa menina vai te dar trabalho pelo visto, Abigail. Não é todo dia que ela gosta de jantar com a família dela e você tem que ficar levando comida no quarto. — Reclamou uma mulher que estava sentada ao lado de Pablo. Ele percebeu que ela havia falado com a loira e não demorou muito ela estava se sentando bem na frente da mulher. Ao ouvir os comentários a jovem bufou e disse.

— Levo as coisas para A Srta. Luna com todo prazer. Ela diferente da maioria trata a gente como pessoa e não como lixo. Ela o Sr. Sebastian e a Srta. Luce são os únicos que tratam os empregados com alguma dignidade. — Exclamou a loira enquanto levava a colher com a sopa até os lábios rosados.

Pablo acabou desferindo um pequeno sorriso, ele conhecia Luna o suficiente para saber que ela não trataria ninguém de forma inferior. Mesmo dentro do Clã ela nunca fez isso, mesmo que ela seja a próxima líder. Sempre tratou todos com carinho e respeito e era uma das coisas que ele admirava nela.

Você está com o Sr. Bernard, não ? — Pablo ergueu os olhos e percebeu que as duas o encaravam. A loira havia perguntado a ele e ele ficou igual um idiota por alguns segundos sem falar nada. Depois somente maneou a cabeça positivamente e observou enquanto ela soltava um suspiro. — O conselho que te dou é que só ignore qualquer besteira que ele falar. E não discuta, questione ou tente reclamar com alguém sobre isso. Porque se fizer isso, tudo que vai conseguir é ficar sem emprego e provavelmente ele vai falar mal de você para todos, então você não vai conseguir emprego nenhum aqui.

Obrigada, vou me lembrar disso. — Respondeu Pablo enquanto terminava de bebericar o suco que estava em seu copo. A jovem lhe desferiu um sorriso gentil e voltou a conversar com a mulher mais velha. Pablo ficou observando ela por um pequeno tempo e sorriu.

Só que não demorou muito observando a jovem. Assim que terminou sua refeição colocou o prato e copo sobre a pia e saiu de lá com passos rápidos. Se Luna não havia ido para a sala de jantar isso significava que ela estava no quarto e todos os outros jantando. Uma oportunidade perfeita para ele relatar tudo que havia descoberto e para contar sobre a passagem secreta que ele iria investigar. Quando chegou no corredor que dava para o quarto de Luna não demorou para sentir o cheiro dela misturado a sais de banho de jasmim e sorriu com aquilo. Se concentrou e escutou o barulho ao redor, percebeu que não havia ninguém perto e ao olhar ao redor isso foi confirmado. Ele então rapidamente deslizou os dedos sobre a maçaneta e abriu a porta se esgueirando para o quarto. A morena estava sentada com as pernas cruzadas e estava escrevendo, provavelmente para Nikollay. Mas o que chamou a atenção de Pablo é que ela estava somente com um robe branco cobrindo seu corpo e o mesmo deixava suas pernas cruzadas visivelmente exposta. Ele acabou mordiscando os próprios lábios enquanto observava as coxas grossas da jovem.

— O que descobriu? — Questionou Luna sem nem ao menos se virar para Pablo. O que fez com o rapaz bufasse e revirasse os olhos enquanto se aproximava. Com os braços cruzados ele se aproximou da escrivaninha e se apoiou ali.

— Não foi um dos nossos que matou eles. Eles foram torturados, no começo achei que seria por causa de algum tipo de informação que alguém queria extrair dos dois, mas depois analisando um pouco mais percebi que não era isso. Aquele ataque parecia muito pessoal, queria infligir dor, humilha-los de alguma forma. Fizeram até um comer os próprios olhos. — Naquele momento Luna soltou a caneta e encarou Pablo com o cenho franzido e uma expressão um pouco horrorizada, pelo visto nem ela era capaz de algo assim. E então Pablo continuou a explicar o que havia visto. — Outras coisas me levaram a acreditar nisso, a mulher e a filha estão viajando. Mas haviam empregados na casa e todos dizem que não escutaram nada, seria impossível eles serem torturados e ninguém ouvir nada. Pelo que analisei eles foram torturados e mortos ali mesmo. Pela quantidade de sangue não tinha como terem feito aquilo em outro lugar e depois ter deixado os dois ali. Também achei uma trilha de sangue que levava até uma passagem secreta, mas eu não deixei ninguém achar a passagem. Pretendo investiga-la daqui a pouco.

Ouvindo as palavras dele Luna somente assentia e mordiscava a parte de trás da caneta de forma pensativa. A morena se colocou de pé e caminhou até o armário, revirando as coisas ela pegou um conjunto de lingerie preta e deixou o robe cair no chão, calmamente vestiu o conjunto. E logo em seguida puxou uma blusa e a vestiu, a blusa era preta e justa o que realçava os seus seios. Pegou também uma calça legging preta e foi colocada na parte de baixo escondendo suas curvas. Pablo somente sorria de forma maliciosa e observava aquela cena, aproveitou cada segundo observando o corpo esbelto de Luna e sorriu com aquilo. Quando se virou para Pablo novamente e notou sua expressão Luna franziu o cenho e disse.

— O que? Não é nada que você não tenha visto antes!  — Exclamou dando ombros enquanto pegava botas pretas sem saltos e colocava, com passos rápidos Luna foi até a penteadeira e prendeu os cabelos negros em um coque perfeito.

Sim, nada que eu não tenha visto. E por isso mesmo você ficar assim na minha frente em um momento sério não é bom. Ou vou acabar esquecendo o que eu tenho eu fazer e agarrando você. — Disse o moreno de forma descontraída. Luna somente revirou os olhos e voltou a andar pelo quarto se aproximando do  armário e de lá ela puxou algo preto que estava dobrado. Quando ela o desdobrou percebeu que era uma capa preta com um capuz, provavelmente aquilo cobriria todo o corpo e rosto de Luna. Foi ai que ele entendeu para que ela estava se vestindo e maneou a cabeça negativamente enquanto questionava. —  Onde pensa que vai?

Vou ver o que tem nessa passagem secreta, você pode vir junto comigo ou ficar ai. — Luna já havia vestido a capa e moldado ela sobre o seu corpo de forma que ninguém conseguisse identifica-la. Revirou o armário buscando mais alguma coisa e puxou uma pequena bolsa preta e a prendeu entre os dedos. Com passos rápidos se aproximou da sacada e pulou, Pablo somente revirou os olhos e a seguiu.

Caiu sobre o chão um pouco curvado com um dos pés um pouco mais a frente e o outro mais atrás. Ela já estava de pé e estava puxando o capuz sobre sua cabeça para poder esconder seu rosto e começou a caminhar lentamente pelas sombras de forma cautelosa, muitos já havia se recolhido. Mas provavelmente ainda era 22:00 da noite e ainda teriam pessoas circulando pela cidade. O que tornava a movimentação deles mais difícil, pois se eles não fosse cuidadosos seriam facilmente vistos. . Eles tiveram que ser pacientes e extremamente cuidadosos enquanto se esgueiravam pelas partes escuras da cidade indo na direção da casa que havia acontecido os assassinatos. Conhecia Luna o suficiente para saber que não adiantaria ele tentar argumentar que não era seguro ela vir. A única forma de impedi-la seria apagando ela e isso daria uma enorme dor de cabeça depois. Então seria bem mais fácil leva-la até lá com toda cautela que conseguisse. Depois de alguns minutos eles estavam se esgueirando entre o portão dos fundos da propriedade, pararam entre os arbustos e Luna se abaixou ali. Ainda tinha muita movimentação na casa, principalmente perto do escritório.

Acho que ainda não conseguiram tirar os corpos. — Sussurrou Pablo e Luna somente assentiu soltando um pequeno suspiro.

Então vamos esperar, até que seja seguro entrar. — Pablo concordou com as palavras de Luna maneando a cabeça, não sabia quanto tempo eles ainda ficariam escondidos em meio as moitas antes de conseguirem entrar na casa e descobrir para onde levava aquela passagem secreta.


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