Utópico. escrita por DihDePaula


Capítulo 10
Capítulo 9 - Parque de diversão.




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Luna percebeu que Bernard havia adormecido, só um fino lençol cobria o corpo nu do jovem. Deixando um suspiro escapar de seus lábios ela se levantou e rapidamente colocou suas roupas, quando já estava devidamente vestida pegou os saltos em suas mãos e caminhou calmamente até a porta. Por alguns segundos ela ficou parada somente se concentrando nos barulhos no corredor, estava tudo em absoluto silêncio. Sem demora ela saiu daquele quarto e com passadas largas caminhou na direção que sabia que era o seu.

Um nó estava formado em sua garganta, a respiração estava acelerada e ela se obrigava a manter a calma, caso encontrasse alguém pelo caminho. Por sorte conseguiu chegar ao seu quarto sem ninguém por perto e assim que entrou Luna trancou a porta, deixou os sapatos no chão e correu para o banheiro. Só deu tempo que ela chegasse ao vaso sanitário antes de começar a vomitar, ela não havia jantado e por sorte não tinha o que vomitar. Ela não sabe por quanto tempo ficou ali agachada com nojo de si mesma, ao se levantar foi direto para o chuveiro. Deixou que a água quente caísse sobre seu corpo e que as lágrimas caíssem junto, as lágrimas rolavam por sua face se misturando a água do chuveiro. Luna apoiou as costas na parede e aos poucos foi se abaixando, até finalmente se sentar e abraçar as próprias pernas, mais uma vez ela perdeu a noção do tempo.

Quando finalmente conseguiu controlar o choro a morena se levantou pegou uma bucha que estava pendurada no boxe e começou a esfregar o corpo utilizando certa força. Depois de um tempo esfregando e esfregando, sua pele já havia ficado vermelha. Mas Luna ainda se sentia suja, ainda tinha nojo de si mesma depois do que acabou de fazer. Assim que desligou o chuveiro se enrolou em um roupão que estava pendurado próximo ao boxe, com passos curtos ela caminhou até a cama e se deitou. Haviam vários travesseiros naquela cama, mesmo dela sendo somente uma pessoa. Ao se deitar sobre os próprios travesseiros, ela pegou um dos outros e o abraço e novamente sentiu as lágrimas descendo pelo seu rosto.

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A mente do rapaz estava perdida em devaneios, os cabelos loiros ainda estavam molhados por conta do banho que havia acabado de tomar. Trajava somente uma calça de moletom preta e o peitoral definido estava exposto, apesar de ser rara as vezes que ele ficava sem camisa fora de seu quarto, dava para ver que ele tinha um corpo bem definido. Devia isso aos treinos de combate que era forçado a participar desde seus 8 anos, Sebastian não era adepto a violência, só se realmente fosse necessário. Sua mente estava perdida nas lembranças do inicio daquela noite, ainda podia sentir o perfume de jasmim que exalavam de seus cabelos e sua pele. Ainda podia sentir como se o corpo quente e a pele macia ainda estivessem em volta de seus braços, pelo que havia percebido de Luna, a garota era bem reservada e por isso ele não entendeu o porque dela ter se aberto com ele, mas ficou bem feliz de isso ter acontecido. Só que ao pensar nos motivos que levaram a jovem a chorar daquela forma nos braços de Sebastian, o corpo do jovem enrijecia. Seu irmão já havia sido acusado de diversos delitos desse tipo antes, mas Travis sempre dava um jeito de abafar e deixar para lá e Bernard sempre negava, obviamente. Sebastian não pretendia deixar que ele fizesse com Luna o mesmo que fez com as outras.

O rapaz não sabe por quanto tempo ficou ali repassando os acontecimentos daquela noite, mas em algum momento ele dormiu. Acordou com uma leve claridade sobre a sua face e respirou fundo enquanto se colocava de pé. Depois de meia hora já havia tomado seu banho e já estava apropriadamente vestido para sair do quarto. Trajava naquele dia uma calça jeans preta, um tênis preto com a borda da sola e a parte da frente branca e para finalizar uma camisa de meia manga azul marinho. Assim que saiu do quarto começou a caminhar de forma despreocupada com as mãos em seus bolsos, depois de alguns segundos percebeu que não estava exatamente andando sem rumo. Naquele momento ele estava parado de frente para a porta do quarto de Luna, ficou parando a porta por alguns minutos antes de tomar coragem para bater. Quando se aproximou o suficiente da porta e ergueu sua mão, antes que conseguisse bater a porta foi aberta e lá estava ela.

— Sebastian, que surpresa!Bonjour! — Seus olhos se encontraram com os dela, por alguns segundos as emoções dela variavam, primeiro surpresa e um pouco de confusão, mas em seguida um largo sorriso se estendeu pelos lábios avermelhados da jovem enquanto ela o encarava. O rapaz pode observar as marcas escuras debaixo dos olhos dela, naquela manhã ela havia usado bastante maquiagem para tentar esconder as olheiras, mas Sebastian estava perto o suficiente para perceber isso. Ela franziu o cenho e ele percebeu que estava só parado ali em silêncio e que também estava a uma distancia mais próxima do que havia percebido, apesar de que ele podia sentir a respiração quente dela batendo na direção de seu pescoço.

— Bom dia Luna, pensei em passar para ver como você estava. E ver se queria companhia para ir até a sala de jantar. — Sebastian direcionou a jovem um sorriso sincero e deu um passo para trás se afastando um pouco, parecia que uma onda de choque estava percorrendo o seu corpo naquele momento. Só então Sebastian percebeu que atrás de Luna estava Abigail que o fitava com um sorriso tímido em seus lábios. — Bom dia, Abigail! Como tem passado?

— Bom dia Sr. Sebastian, muito bem obrigada por perguntar. Se me dão licença. — Abigail desferiu um sorriso gentil para ele e para Luna, ao terminar de falar abriu um pouco mais a porta e passando por trás de Luna se retirou, sem demorar muito a loira já havia sumido pelos corredores. Sebastian voltou sua atenção para Luna que lhe desferiu um novo sorriso e ele não conseguiu evitar sorrir de volta.

— Eu adoraria companhia e mais uma vez obrigada por ontem. — Ela fechou a porta do quarto e começou a caminhar com passos calmos na direção que ficava a sala de jantar, ela não parecia ter pressa de chegar e nem ele.

— Já disse que não precisa agradecer. Ontem falei com Luce. — Naquele momento Luna o fitou com os olhos arregalados e um pouco apreensiva. — Calma, não falei sobre o que me contou. Só falei que você tinha pedido para que nós lhe mostrássemos algumas coisas hoje, que Bernard era chato demais e você não estava conseguindo lidar.

A morena então soltou uma pequena risada e concordou com as palavras de Sebastian, naquela manhã ela estava tão bonita quanto nos outros dias. Mas dessa vez estava mais simples, estava usando uma calça jeans com alguns rasgos e uma camiseta preta. Em seus pés estava um tênis do mesmo modelo de Sebastian, mas o dela era vermelho e com o cano um pouco mais alto. Sobre os ombros uma jaqueta de couro igualmente vermelha e pequenos brincos prateados. ele ficou feliz em vê-la vestida assim, mostrava que ela não era uma patricinha irritante como ele achou de primeira.

— Não deixa de ser verdade. As vezes eu quis dar com a minha cabeça na parede ou com a dele. Só para ver se ele parava de se gabar ontem. — Ao falar aquilo ela revirou os olhos e moveu a cabeça de forma negativa, enquanto isso colocou suas mãos dentro dos bolsos da jaqueta e continuou a andar com Sebastian.

Bem vinda ao clube querida! — A voz de Luce assustou os dois naquele momento, ambos se sobressaltaram e se viraram para trás para encarar uma Luce risonha. Sua irmã estava com uma camiseta vermelha e um short jeans, nos pés uma sapatilha preta e os cabelos estavam presos em um coque desarrumado. — As vezes a gente pensa em jogar ele daqui de cima, mas ai daria muito trabalho para o pessoal da limpeza. Seria muita merda para limpar de uma vez só!

Ao ouvir aquelas palavras Luna soltou uma risada e concordou com a cabeça, Luce primeiro se aproximou de Sebastian, lhe deu um abraço forte e um beijo em sua bochecha. Em seguida fez exatamente a mesma coisa com Luna, para no final envolver seu braço ao dela e voltar a caminhada até a sala do café. Os três entraram na sala de jantar e cada um sentou em seu lugar de costume. Sebastian pode perceber os olhares de Albert e Bernard sobre Luna o tempo inteiro, como se ela fosse um pedaço de carne suculenta e aquilo já estava começando a irrita-lo. Ele não sabia se ela ou Luce haviam reparado, se sim resolveram ignorar e manter a conversa sobre o que fariam naquele dia. Depois de conversas banais e um bom café da manhã aos poucos todos foram saindo daquele lugar, inclusive os três. Assim que saíram por uma das portas Sebastian percebeu que Bernard os acompanhava, o loiro respirou fundo e disse a si mesmo que se preciso arrebentaria a cara do irmão aqui e agora.

 Bernard! Sebastian! Srtas! — Ethan havia acabado de virar no corredor junto a um rapaz que deveria ser um pouco mais velho que eles. O ruivo tinha um sorriso nos lábios enquanto se aproximava dos quatro, Luce e Sebastian fecharam o espaço ao redor de Luna impossibilitando que Bernard ficasse ao lado dela. Visivelmente irritado Bernard se posicionou ao lado de Luce e estendeu a mão para os dois homens que estavam na frente deles. — Esse é meu primo, Pablo! Ele veio da America do Sul para cá, vai morar com a gente a partir de agora!

 Ele que vai ser meu assistente? Espero que realmente faça um serviço decente ou vai ficar no olho da rua em dois tempo. — Bernard como sempre tratava todos os empregados com desprezo e Sebastian odiava aquilo. Sebastian então estendeu a mão para o rapaz com um sorriso em seus lábios, o jovem logo retribuiu o aperto e o sorriso.

— Prazer sou Sebastian, essa é minha irmã Luce e minha prima Luna. Se precisar de ajuda com alguma coisa é só falar! — Percebeu que Luna o encarou conforme ele falava com o rapaz e pelo canto dos olhos viu um sorriso pequeno se formar nos lábios avermelhados da jovem e aquilo o deixou feliz.

— Não vou decepcioná-lo Sr. Bernard. E obrigado Sr. Sebastian. Prazer em conhecê-la senhoritas. — Ao se virar para as jovens que estava ali paradas encarando a situação Pablo tomou primeiro a mão de Luce e desferiu um beijo no topo de sua mão o que a fez soltar uma baixa risada. Em seguida ele fez o mesmo com Luna, mas aquele beijo demorou um pouco mais enquanto ele a encarava, Luna deve ter ficado desconfortável com aquilo, pois a morena puxou sua mão da dele e a enfiou novamente na jaqueta. Naquele momento a simpatia por Pablo havia diminuído.

— Prazer em conhecê-lo! Agora se nos dão licença, vamos mostrar algo realmente interessante para a novata. — Luce proferiu aquelas palavras e com um sorriso travesso em seus lábios segurou Luna pela mão e começou arrasta-la para longe dali. Sebastian moveu a cabeça como comprimento final e se retirou atrás das duas jovens. Sua mente ficou martelando em volta do que acabara de acontecer, ele teve a impressão de que de alguma forma Pablo conhecia Luna. Mas ele não achava que aquilo era possível, deveria ser coisa da cabeça dele.

— Pelo que conversamos você gosta muito de ler certo? Então seja bem vinda, ao parque de diversão. — Luce havia arrastado eles por alguns corredores e em seguida parou em frente a uma porta que ele conhecia bem, um sorriso tomou conta dos lábios de Sebastian. Por várias vezes Luna havia dito que era apaixonada por leitura e Luce sabia exatamente como agrada-la, Sebastian se xingou mentalmente por não ter pensado nisso antes. Conforme Luce foi falando de forma empolgada, Luna só a encarava com o cenho franzido.

Quando ela terminou de proferir seu pequeno discurso empolgado ela empurrou as portas duplas que dava para a enorme biblioteca. Luna entrou e logo seus lábios se separaram em uma expressão de surpresa, ela deu alguns passos para dentro e ficou encarando o local. Seus olhos azulados e o seu corpo se moviam em um lento circulo observando cada detalhe, as enormes prateleiras da biblioteca se estendiam repletas de livros até o segundo andar, haviam mais de 3 mil exemplares naquela sala. Uma variedade absurda de conteúdo e de línguas preenchia aquelas prateleiras, ao canto esquerdo estendia uma enorme lareira com várias sofás e poltronas espalhados por toda a sala. Ali também tinha vários quadros de arte contemporânea e algumas estatuas que foram famosas nos séculos passados, Travis gostava de colecionar e ostentar coisas. Mas aquele local era o único que Sebastian e Luce não reclamavam dos investimentos de Travis. Um sorriso se estendeu pelos lábios de Luna, um enorme sorriso e aquilo aqueceu o coração de Sebastian.

— Isso é maravilhoso! — Disse Luna com um suspiro escapando de seus lábios, ela se aproximou de uma das estantes da parte de baixo e deixou a ponta dos dedos irem deslizando sobre as capas conforme ia lendo os nomes das obras e autores. Seus dedos pararam em um livro "Orgulho e Preconceito, Jane Austin", logo ela puxou o livro e observou com cuidado. — Oh mon Dieu!! É uma das edições originais.

Naquele momento ela arfou surpresa enquanto contemplava a capa antiga do livro, as paginas realmente pareciam ser bem antigas e Sebastian sabia disso. Já havia lido aquele exemplar dezenas de vezes, ele gostava de uma variedade enorme de livros e romance era uma delas. Luna caminhou até uma das poltronas e sentou-se com as pernas para cima esquecendo totalmente da presença de Luce e Sebastian. Naquele momento os dois soltaram uma risada e Luna pareceu se lembrar deles. Ela ergueu os olhos fitando os dois e ficou um pouco vermelha, talvez sem graça por ter esquecido deles.

— Desculpe! É que eu realmente adoro Austin e esse é o único que eu ainda não li, sempre ouvi maravilhas dessa obra e nossa! — Sebastian não se conteve e explodiu em gargalhadas e maneando a cabeça negativamente disse com um sorriso em seus lábios.

 Problema nenhum Luna. Leia e divirta-se, afinal foi para isso que trouxemos você aqui. E ainda pretendemos fazer o mesmo! — O loiro se aproximou de uma cadeira que ficava do lado oposto da que Luna havia se sentado, ao lado dela tinha uma pequena mesa redonda com um livro em cima. Sebastian tomou aquele livro em suas mãos e depois sentou-se na cadeira, ele colocou uma perna para cima e sentou-se sobre ela. Na capa havia uma enorme montanha e gelo para toda parte. "A Guerra dos Tronos: As crônicas de Gelo e Fogo", esse era o nome que poderia ser observado na capa.

— Sem problemas priminha, relaxe e curta o momento. — Disse Luce enquanto pegava um livro que estava por cima de um sofá grande. Sem demora a jovem se deitou no sofá e abriu o livro começando a ler assim como os outros já estavam fazendo. Sebastian ergueu os olhos na direção de Luce, ela estava deitada de frente para ele com o livro erguido e aquilo lhe deu ampla visão da capa. Não demorou muito para ele reconhecer a capa, "Hamlet" era o que estava escrito. Ele sabia que Luce tinha fascínio por Shakespeare e já devia ser a milésima vez que lia aquela obra. O tempo foi passando lentamente enquanto os três estavam perdidos entre as paginas, em alguns momentos Sebastian deixava seus olhos fitarem Luna. A morena parecia tão concentrada na leitura, para ela parecia que não havia ninguém ali, somente ela e o livro. Aquele pensamento fez Sebastian sorri antes de voltar a ler o livro.

Horas haviam se passado e eles continuavam ali, só perceberam o quão tarde já era quando Abigail e mais uma jovem entraram na biblioteca empurrando carrinhos com comida, já era hora do almoço.

— Pelas barbas de Merlin! Já é hora do almoço? — Exclamou Luce ficando de pé em meio segundo, Luce havia adotado esse bordão desde que lerá Harry Potter. Naquele momento, tanto Luna quanto Sebastian soltaram uma pequena risada e enquanto colocavam marcadores dentro do livro, os marcadores ficavam espalhados por toda a biblioteca. Para não correr o risco de ninguém amassar uma folha ou algo assim para marcar onde havia parado.

— Bem que senti minha lombriga dar sinal de vida. — Disse Luna rindo de forma descontraída, Sebastian a fitou com um sorriso nos lábios. Luna havia feito um coque bagunçado como os que Luce usava em algum momento, agora ela já estava de pé se aproximando da mesa que continham três pratos, copos e talheres. Sebastian sem mais delongas se juntou as duas jovem para o almoço.

Os três sentaram em uma das mesas um pouco maiores e observaram enquanto as jovens que trabalhavam na casa arrumar uma mesa para três de forma rápida, Sebastian havia pedido que arrumasse algo simples. Só forrar e colocar os pratos, talheres e copos, não precisavam de toda palhaçada e trabalho que eram obrigados a fazer na sala de jantar. Ele e Luce não ligavam para aquele tipo de coisa e pelo que percebeu de Luna, ela também não. O almoço foi agradável e divertido, mas sempre que perguntavam algo sobre Luna ela se esquivava dando respostas curtas ou fazendo uma pergunta em cima, assim que acabaram de almoçar Sebastian se espreguiçou na cadeira.

— Bom, sinto ter que abandonar vocês. Mas tenho uma reunião com o meu decorador, quero inaugurar a loja para ontem! — Luce se colocou de pé e passou as mãos pelas roupas arrumando os amassados, ao passar por Sebastian desferiu um beijo no topo da cabeça do irmão e acenou para Luna com um sorriso nos lábios enquanto saia da biblioteca.

— Que loja? — Perguntou Luna com o cenho franzido. É verdade, ela não sabia sobre os planos de Luce. Então com um sorriso em seus lábios Sebastian começou a explicar.

— Luce vai abrir duas lojas ainda esse mês. Uma no dois de roupas e artigos de moda, a proposta dela é que quando você leva peças usadas para doar na loja você ganha descontos nas peças novas. E vai abrir uma loja no quatro, algo que antigamente chamavam de bazar ou brechó. Ela leu isso em livros antigos e ficou louca por essa idéia, então ela vende as coisas por um valo extremamente baixo, apenas um valor simbólico. E claro que também vamos doar algumas peças para aqueles que não puderem comprar, eu vou tomar conta da loja do quatro e ela do dois. Porque não tenho paciência para aquela gente e ela é ótima em engana-los. — Sebastian soltou uma risada nervosa ao final, eles não sentia pena de enganar o povo do um e do dois. A maioria era um bando de rico esnobe que só pensavam no próprio umbigo, como Bernard.

— É bem legal isso que vocês estão fazendo! — Um sorriso se estendeu pelos lábios da morena conforme ela encarava Sebastian. AS meninas que trabalhavam ali já haviam retirado do a louça e a mesa, assim que terminaram de arrumar tudo as duas saíram deixando Luna e Sebastian mais uma vez sozinhos.

— Nós decidimos nos inspirar na Elena Deverpolt. Pelo que nossa avó nos contou Elena era uma mulher gentil e caridosa, estava sempre disposta a ajudar os mais necessitados. Ela tinha vários projetos com sua família para ajudar o pessoal dos níveis mais baixo, a vida deles naquela época não era tão ruim quanto é hoje. — Um longo suspiro escapou dos lábios de Sebastian conforme ele falava, o rapaz apoiou os cotovelos sobre a mesa e cruzou suas mãos, para em seguida apoiar seu queixo sobre elas.

— Ninguém tem coragem de me falar sobre esses Deverpolt, só dizem que são ruim. Mas a Elena não parece ruim. — Sebastian percebeu que conforme ele foi falando sobre Elena a expressão de Luna variou bastante, mas depois se mostrou somente curiosa. O loiro respirou fundo e olhou para os lados, era uma assunto proibido. Só que na verdade ele não estava nem ai.

— Eles eram uma família muito importante na cidade, tanto quanto a nossa. E isso foi bem antes de eu nascer, o que sei é só o que me contaram. Meu pai e Albert disseram a todos que eles eram ruins e prejudicariam a cidade só porque supostamente eles eram lobisomens. — Uma pequena risada de descrença escapou dos lábios de Sebastian, ele não acreditava naquela baboseira. — Então manipulando o meu pai, Albert conseguiu convencê-lo de levar os Deverpolt até o conselho para que fazer com que o conselho e a cidade os expulsassem. E pelo que minha avó disse meu pai no começo recusou, mas quando Amber a mulher que ele era apaixonado desde a infância resolveu ter um relacionamento com Nikollay, filho mais velho do líder dos Deverpolt. Meu pai parece que surtou e entrou na pilha do Albert e acabaram expulsando todo mundo. Sendo que só quem ficou do Clã, foi o babaca do Albert e a irmã dele que morreu a alguns anos.

Luna na maior parte do tempo tentou manter sua expressão neutra e curiosa, mas em alguns momentos Sebastian percebeu algo diferente em seus olhos, ele só não soube identificar o que era. Conforme o loiro ia falando a morena somente assentia mostrando que estava compreendendo o que ele dizia.

— E o que você acha disso tudo? E sua mãe coitada, sabe disso? — Ela perguntou enquanto apoiava sua bochecha sobre sua mão direita e continuava a prestar atenção no Sebastian.

— Bom, infelizmente minha mãe sabe. Minha avó apesar de ser uma avó maravilhosa sempre falou na frente de todos que o motivo dessa guerra da cidade com o Clã Deverpolt era o ciúme e a ganância. Ganância de Albert que queria a vila e o poder dos Deverpolt só para si, coisa que ele nunca teria, já que ele nunca seria o líder. E ciúme do meu pai e do Albert, que não aceitaram que Amber escolheu Nikollay. Se essa mulher tivesse escolhido meu pai, talvez Albert tentasse convencer Nikollay a fazer o mesmo que a gente. Mas pelo que minha avó falou dele, desde novo era um jovem muito centrado e provavelmente não cairia na da cobra peçonhenta. E eu ? Bom eu acho isso tudo uma grande palhaçada, não creio que eles realmente sejam lobisomens, só inventaram isso para colocar medo no conselho e nas pessoas que moram na cidade. Desde os tempos antigos o ser humano teme aquilo que não conhece e sabendo disso manipularam o povo da cidade para expulsar aquelas pessoas, que nada fizeram além de ajudar a cidade.

Conforme Sebastian ia falando percebia que Luna o encarava prestando atenção em cada palavra, mas ao terminar de falar ele percebeu que o olhar dela era de admiração. E isso o chocou ao mesmo tempo que deixou Sebastian feliz, ele desferiu um sorriso para ela e ela retribuiu. Sebastian se colocou de pé e começou a se aproximar dela e Luna fez o mesmo.

— Acho que concordo com você e admiro o que você disse. Agora entendo o porque eles me atacaram, mas pelo que ouvi no outro dia você disse que essa moça, Amber havia morrido. — Naquele momento a expressão de Sebastian mudou, ele respirou fundo e com uma expressão triste assentiu enquanto colocava suas mãos dentro dos bolsos da calça.

— Sim, mas uma vez meu pai se deixou levar por Albert. Eu escutei quando Albert disse a ele para irem até lá, tinha conseguido uma informação de que a família de Amber se comunicava com ela. Ele começou a falar para seguirem as irmãs e depois sequestrarem Amber para obrigar Nikollay se entregar, eles achavam que se matasse Nikollay os membros do clã ia se dispersar ou algo assim. Mas ele acabou tirando a vida dessa mulher e isso só jogou mais lenha na fogueira, agora os Deverpolt atacam quase todo mundo que tenta chegar na cidade. E sinceramente eu não os culpo, tirando minha mãe e Luce, eu realmente tenho uma grande vergonha dos outros dois dessa família. — Sebastian soltou um leve suspiro e percebeu que uma pitada de tristeza passou pela face de Luna conforme ele falava sobre Amber, mas logo desapareceu e voltou para a expressão neutra.

— Deve ter sido horrível para a família deles. — Murmurou Luna e Sebastian somente assentiu. Ela estava encarando o chão com a expressão triste novamente, um pouco de seu cabelo havia caído para frente de seu rosto. Sebastian se aproximou e desferiu um pequeno sorriso para Luna, primeiro ele estendeu a mão e colocou aquela mecha de cabelo atrás da orelha da jovem. Em seguida ele pousou seus dedos sobre o queixo da morena e o ergueu para fazê-la olhar para ele.

— Não fique assim, também me sinto mal por isso. Mas infelizmente não a nada que possamos fazer. E hoje é para ser um dia para lhe trazer alegrias e não tristeza. — Conforme Sebastian falava um sorriso cresceu nos lábios dele e Luna não tardou a retribuir e assentir com a cabeça concordando, ele deixou a ponta dos dedos deslizar pela bochecha dela em uma leve caria antes de abaixar a mão e continuar a fita-la sorrindo.

— Sebastian... — O nome dele saiu quase como um sussurro pelos lábios dela, aquilo fez com que o loiro se arrepiasse e sentisse seu coração batendo mais rápido. Continuou a encara-la e percebeu que Luna havia se aproximado ainda mais dele. — Eu...— Sebastian se manteve imóvel, ele podia sentir o calor que o corpo dela emanava, podia sentir aquele cheiro de jasmim com quem havia sonhado aquela noite e ao pensar nisso um pequeno sorriso cresceu em seus lábios. O rapaz se inclinou um pouco na direção dela, aproximando seus lábios do dela e Luna não se afastou, ao contrario começou lentamente a reduzir a distancia entre eles. Os olhos de Sebastian se fecharam no momento que os olhos azuis de Luna sumiram por trás das pálpebras dela.

— ESTAMOS SENDO ATACADOS! — Naquele momento um rompante aconteceu abrindo as grandes portas de madeira com um estrondo e força, quando ele abriu os olhos Luna já tinha dado dois passos para trás e encarava a mulher que estava na porta com um cenho franzido. Sebastian levou alguns segundos para digerir a palavra que mulher havia gritado e em seguida começou a sair da biblioteca em direção ao salão principal. Percebeu que Luna estava logo atrás dele, eles precisavam descobrir que merda que estava acontecendo.


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Notas finais do capítulo

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