A Herdeira do Quarto Trono escrita por R31


Capítulo 11
Um Pouco de Suspense


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas e meninos, senhoras e senhores, damas e cavalheiros, tudo bem?

Pois bem, vamos direto ao assunto principal, ou seja, esta história: devido à série de trabalhos do meu curso, planejamentos para um ensaio de evacuação do local onde estudo para casos de incêndios -que foi muito da hora, tivemos estouros e fumaceira para todo lado!-, um grande bloqueio criativo me atingiu e depois que ele foi embora, percebi que se eu tivesse colocado TUDO o que eu queria para este capítulo, ele só sairia mês que vem e teria aproximadamente 19 mil palavras. Coisa pouca, não é?

Agora, espero que gostem.



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“A oportunidade, podemos dizer, é uma noiva que nem sempre chega na hora que preferimos, mas que, ao chegar, deve nos encontrar preparados

As 25 Leis Bíblicas do Sucesso.

 

 

 

 

 

Victor London. Vamos falar um pouco dele?

Nascido em 1951, na Irlanda do Norte, filho de uma enfermeira e um professor universitário (atual reitor da universidade), veio morar em Londres com os pais aos cinco anos.  Loiro, de olhos azuis, porte físico compatível à de um bom guerreiro (se em Nárnia já estivéssemos, é claro), é dois anos mais velho que a maioria de seus colegas universitários, pois antes do curso de direito, ele havia optado por engenharia civil, antes de perceber, no meio do segundo ano de curso, que aquilo não era para ele. Por esta razão, ele migrou para a área jurídica, mesmo incerto do que fazia, mas no fim, foi ali que ele se achou enfim.

Descobriu na área uma propensão natural à rápido raciocínio, boa memória e compreendia com maior facilidade os termos técnicos que seus demais colegas se batiam para memorizar. Mas dois anos não era muita coisa de diferença, foi fácil para ele se enturmar, fez amizade fácil com muitos, mas principalmente com Laura Willians e Nathan Crawford, certamente, dariam um ótimo trio, se não fosse por um detalhe: Laura e Nathan viviam em pé de guerra, apesar de gostarem um do outro.

No entanto, Victor não tinha nada do que falar de seus amigos, já que Victor tinha um grande fascínio pela ruiva da sala e ainda não tomara coragem para chama-la para sair. Na biblioteca, foi quase engraçado ver Nathan se mordendo de ciúmes, à quase 11 horas atrás, mas assim que Nathan começou a ficar hostil, Victor via que já estava na hora de mandar a real ao seu melhor amigo. Victor via em Laura uma grande amiga, quase como sua irmã caçula, não havia a menor chance de um interesse romântico entre eles. Afinal, Victor é apaixonado por Luana Lupim. Ao descobrir isso, Nathan o fuzilou com o olhar, percebendo o que estava acontecendo ali.

Cara, eu sou teu amigo, você sabe disso, mas às vezes, a vontade que eu tenho é de te socar!”, rosnou Nathan, “Como assim você não tem coragem de chamar Luana para sair se gosta dela? Você? Justo você? Eu não posso chegar perto da Laura e simplesmente chama-la para sair, não sem antes resolver toda uma questão complicada que fez com que eu e ela obrigássemos, mas você não tem nada disso em seu caminho! Reaja, cara! Seja homem e chame Luana para sair!”.

Esse foi apenas um trecho de uma conversa longa, mas logo Victor percebeu que Nathan estava certo. No final do último período, quando Laura, Jessica e Nathan já haviam ido embora, e somente ele e Luana ficaram conversando, ele finalmente tomara coragem e a chamara para sair para jantar nesta mesma noite. E ela aceitou! Victor mal podia acreditar, mas ela disse sim!

Obviamente, Victor irradiava felicidade quando ia em direção ao escritório onde ele realiza seu estágio, mas com o passar da tarde, as coisas cada vez mais absurdas que iam chegando ao escritório, os ataques e tudo mais, o rapaz começou a ficar cada vez mais ansioso e se questionava se o jantar seria uma boa ideia mesmo.

Mas agora, que estava sentado à mesa, esperando por Luana no local e hora combinados anteriormente, não dava mais para voltar atrás. Batucando impacientemente os dedos na madeira da mesa, que era coberta por um simples tecido verde água clarinho, o rapaz se perguntava se Luana realmente vinha. Conferiu o relógio novamente, ela já estava atrasada em dezessete minutos. A ansiedade apertou-lhe a garganta. De repente um garçom surgiu ao lado da mesa, servindo-lhe como momentânea distração.

—O senhor já está pronto para pedir?

Victor engoliu em seco, estava com fome e a demora de Luana só colaborava para que o rapaz ficasse mais ansioso. Por fim, Victor suspirou e disse:

—Uma taça de vinho tinto, por favor.

—Mais alguma coisa? -Diz o garçom, anotando o pedido.

—Por enquanto é só, obrigado. -O garçom se afastou e os dedos do rapaz voltam a batucar mais impaciente ainda sobre a madeira. Nada o distraia, a música de fundo, a televisão ligada, num programa qualquer onde homens e mulheres elegantes sapateavam e dançavam na tela em preto e branco. Nem mesmo o grupo de universitárias bonitinhas reunidas numa mesa que davam risadinhas sempre que olhavam para certo loiro mau humorado, mas muito bonito e desacompanhado, numa mesa próximo a janela. Nada realmente o distraia de seu objetivo.

Três minutos mais tarde, a taça de vinho chegara à mesa, Victor agradece ao garçom e toma três pequenos goles de sua taça, enquanto se perguntava, preocupado, o que teria acontecido à Luana. De repente seu maior medo não era ter sido feito de bobo pela garota que gosta, mas sim de que algo ruim tenha-lhe acontecido no trajeto até ali.

O rapaz fechou os olhos, angustiado, o ato de esperar fazia isso com as pessoas, deixa-as ansiosas e se perguntado o que de pior poderia ter acontecido.

De repente, algo chamou-lhe atenção do lado de fora da rua. Estreitando os olhos para ver melhor, ele viu a silhueta de uma mulher, jovem, de cabelos cacheados soltos que praticamente flutuavam ao redor de seu rosto, por conto do vento mais forte e que carregava neve com seu sopro. Essa mulher caminhava en passos firmes e rápidos, olhava para trás repetidamente. Ao passar pela luz de um dos postes de iluminação da rua, Victor suspirou de alívio ao reconhecer o tom ruivo do cabelo e a pele de porcelana da moça.

—Luana -suspirou ele, baixinho para si mesmo. -Até que enfim...

Victor ainda observava Luana quando esta atravessava a rua apressada, parecia perturbada com algo e, ao se aproximar da porta de entrada do restaurante, a ruiva parou por um segundo, respirando fundo, olhando à sua volta, o rosto corado e suado, ajeitou o casaco e passou a mão no rosto, para tirar o suor que ali se acumulou. Depois de se recompor, Luana ajeitou os cabelos e entrou no restaurante.

Segurando sua taça de vinho, Victor a viu entrando no estabelecimento com ar sério e decidido, ela se concentrou em parecer uma mulher segura e que sabe o que quer, mesmo que fosse para disfarçar o medo e o coração acelerado no peito. Luana procurou Victor com os olhos e o achou, antes mesmo que a recepcionista do restaurante a atendesse, Víctor levantou sua taça, cumprimentando-a com um gesto.  Luana sorriu e caminhou em passos decididos até a mesa dele.

Victor se levantou, deixando sua taça sobre a mesa, sorriu, segurou a mão de Luana, levando-a aos lábios.

—Boa noite, minha querida -diz ele, beijando a mão de Luana com respeito -, que bom que chegou, eu estava ficando preocupado.

—Boa noite, Victor, me desculpe pela demora -respondeu Luana, se permitindo respirar aliviada pela primeira vez em quase meia hora. -Eu tive um imprevisto muito inconveniente.

Ambos se sentam à mesa e Victor faz um sinal para que o garçom se aproximasse. Luana percorre os olhos pelo local enquanto Victor dava mais um gole de vinho de sua taça. Numa tacada só, ela notou tudo o que Victor havia ignorado, a música ambiente era boa, uma melodia no melhor estilo Jazz americano, a tevê passava outro grupo de dançarinos em sua programação, o espaço era agradável e aconchegante, a única coisa que lhe deixou desconfortável foi o grupinho de garotas de outra universidade lançando a ela olhares assassinos de avaliação minuciosas, Luana fingiu que não notou, tinha outras coisas em mente que realmente eram importantes, ela não tinha tempo a perder se preocupando com garotas desconhecidas. Quando olhou para Victor novamente, ele observava cada pequeno gesto que ela fazia.

—Que tipo de imprevisto lhe aconteceu? -Perguntou Victor, curioso e preocupado. Mas antes de ela responder àquela pergunta, o garçom apareceu ali:

—O que desejam?

—Luana? -Diz Victor, indicando que ela poderia pedir primeiro.

—Eu vou querer -ela hesitou, olhando de relance o cardápio -macarronada com molho de carne e queijo por cima, por favor.

—Excelente, e o senhor?

—Panquecas de carne com molho quatro queijos.

—Algo para beber? -Questiona o garçom, anotando os pedidos.

—Mais vinho, por favor. -Diz Victor.

—Eu vou querer um suco de laranja, por favor. -Luana responde, fechando o cardápio. Momentos mais tarde, ela comenta com Victor: -Eu adoraria acompanhá-lo na degustação de vinhos, no entanto, sou alérgica à uvas.

—Me desculpe. Eu não sabia disso, posso pedir outra coisa.

—Não, não, está tudo bem -Luana riu - com tanto que eu não me sirva dele.

Victor sorriu, e Luana se ajeitou melhor em seu assento. Victor levou sua taça à boca novamente, com a intenção de beber o resto do líquido que ali restava.

—Quanto à minha demora, eu me atrasei porque havia um homem me perseguindo. -Luana murmurou de repente. -Precisei despistá-lo antes de seguir direto para cá...

Ao ouvir isso, Victor se engasgou com uma grande quantidade do vinho, fungou e começou a tossir sem parar. Luana o olhou assustada, antes de fazer menção de se levantar.

—Água -disse ele entre tossidas cada vez mais intensas -, pe- peça água!

—Tragam um copo d’água aqui, por favor! -Gritou Luana, se levantando rapidamente e correu para ajudar Victor.

Um dos garçons saiu da cozinha e correu com um copo d'água cheio, a água pingou para todos os lados pelo caminho, mas ninguém ligou para isso. Victor agarrou o copo que lhe foi entregue e bebeu metade de seu conteúdo em menos de um minuto.

—Vai com calma! Quer se engasgar novamente?! -Exclamou Luana, assustada. Victor a ouviu e começou a maneirar nos goles, tossindo um pouco, Victor terminou de beber a água e ao devolver o copo, pediu desculpas a todos pelo susto.

Com as coisas mais calmas, o restaurante voltou aos poucos ao normal, alguns fregueses demoraram um pouco mais de tempo, como as meninas do grupinho do outro lado do restaurante, para perderem o total interesse no assunto.

—Meu Deus, Victor, quer me matar de susto? -Diz Luana, ao voltar a se sentar em seu assento. Victor bufou, passando as mãos por seu cabelo.

—Ora, e você queria o quê? Eu estava preocupado, você me chega aqui quase meia hora atrasada, parecendo estar com medo de alguma coisa e acaba de me dizer que estava sendo seguida por alguém, como esperava que eu reagisse?!

Luana o olhou surpresa, não esperava nada disso, muito menos que ele lhe dissesse isso.

—Infelizmente, esta é a verdade. -Luana diz, sendo sincera.

—O que aconteceu?

—Bom, você sabe que o escritório onde faço meu estágio é bem perto da minha casa -suspirou ela, Victor assentiu com a cabeça. -Pois bem, quando saí do escritório esta tarde, fui direto para minha casa, me troquei e saí rapidamente novamente. Quando cheguei à estação de metrô, estava tudo tranquilo, mas o trem que eu pegaria demorou mais de dez minutos. Meu atraso começa nesse momento. Ao entrar no trem vi que um homem encapuzado também entrou, em meio a todos os outros passageiros. Ele passaria despercebido também, se não estivesse de cabeça baixa o tempo todo, mantendo o rosto focado fixamente na direção onde eu estava. O sujeito não olhava para os lados, mal se mexia, pensei por um momento que o homem simplesmente havia dormido no banco, até que chegamos à estação aqui mais próxima, me levantei para sair do trem e ele fez o mesmo, sempre de cabeça baixa, ele ia para onde eu ia, se eu diminuía o passo ou me apressava, ele fazia exatamente o mesmo. Ficou claro que ele me seguia e, se ele não queria que ninguém visse seu rosto, certamente não tinha boas intenções...

Naquele momento, o garçom aparecera com os pedidos deles e Luana se calou por um momento, esperando que este terminasse de os servir e se afastasse.

—Obrigado. -Diz Victor quando o homem estava prestes a se afastar novamente, o garçom fez um aceno respeitoso com a cabeça e se afastou para atender à outros clientes que acabavam de chegar no local.

Antes de começarem a comer, Luana percebe que Victor afastou de si a taça de vinho, como se tivesse mudado de ideia de repente sobre a bebida. Começaram a dar garfadas em seus devidos pratos, já que ambos não haviam comido nada substancial a tarde inteira.

—E então, o que aconteceu em seguida? - Questiona Victor enquanto cortava mais uma fatia de suas panquecas. Como Luana ainda estava com comida na boca, ela ficou em silêncio, para engolir a pequena porção, antes de continuar sua narrativa.

—Depois que sai da estação, ainda com o encapuzado em meu encalço, percebi que eu não poderia vir direto para cá, por isso comecei a andar mais rápido e comecei a andar por quadras e vielas, tive de correr várias vezes e pegar vários atalhos antes de perceber que eu consegui o despistar.

—Isso foi perigoso, não acha? -Victor perguntou entre uma garfada e outra.

—Sim, mas consegui o que eu queria. E só então vim para cá… -Luana hesitou. - Peço desculpas pela minha demora, mas ela foi necessária.

—Mas por que você não veio direto para cá? E se ele tivesse te alcançado?

—Não acho que esta era a intenção dele, se não, toda vez que eu diminuísse a velocidade dos meus passos, ele teria se aproveitado disso; mas não foi o que ele fez. Acho que ele queria, na verdade, saber para onde eu estava indo, por alguma razão.

Victor iria perguntar algo, mas sua mente ficou em branco por um momento. Para esperar Victor lembrar o que ia dizer, Luana tomou alguns goles de seu suco.

—Por que você acha que ele seguia você, então? -Questiona Victor, ainda que muito hesitante.

—Tenho meu palpite, mas é absurdo demais.

—Como o quê? -Victor diz, sentindo mais uma pontada de ansiedade e temor. -Por favor, me diga, confie em mim.

—Hã… Eu pensei que talvez ele estivesse me seguindo para chegar até você.

—Eu? - Victor franze o cenho. -Por quê?

—Eu lá vou saber? -Luana joga as mãos ao ar por um momento. - Como se o dia de hoje já não estivesse estranho o bastante! Eu nem sei quem ele é! Como eu vou saber o que ele queria?

De fato, toda essa situação, assim como tudo o que vinha acontecendo naquele dia, era estranho, no entanto, pode se dizer que o jantar deles termina por aqui, pois, assim que Luana acabara de dizer aquilo, uma forte mão segurou o pulso dela e a puxou violentamente para cima, obrigando-a a levantar e esta mesma mão a girou e a segurou pelo pescoço, de forma que Luana e Victor ficassem frente a frente.

Todo o restaurante parou para assistir à cena que se seguiria, mas estava claro que ninguém tinha coragem de interferir.

—Ei! Solte ela! -Gritou Victor furioso, e foi nesse momento que ele viu de fato de quem se tratava. O encapuzado de quem Luana tanto fugia. O homem que prendia Luana tinha um capuz negro tapando-lhe parte do rosto, a única parte visível era a boca, queixo e parte do nariz, o homem ali tinha pele jovem e a barba era bem feita. De certa forma, ele parecia familiar à Victor, mas quem poderia ser?

—Onde eles estão? -Gritou o encapuzado,  em direção à Victor, sua voz não era nada normal, soava como algo masculino, mas num tom distorcido que assustava, como acontece muito num filme de terror. -Onde eles estão?!

Victor levantou-se num pulo, o encapuzado deu um passo para trás, de repente algo estranho aconteceu à mão do homem, a pele clara começou a se dissolver numa espécie de fumaça negra. Luana sentiu o aperto em sua garganta a sufocar e o cheiro que vinha daquele homem era tão ruim que parecia algo tóxico.

—Eles? Eles quem? -Victor grunhe enquanto sua mente buscava forma de salvar Luana. O homem grunhiu:

—Não se faça de desentendido! Diga onde está o rei e a rainha de Nárnia ou ela morre! -O homem apertou ainda mais a mão sobre a garganta de Luana e a garota se contorceu de dor.

—Rei? Rainha? -Victor grunhe, irritado. -Do que você está falando, seu lunático?! Eu nem sei o que é Nárnia!

—Irá fazer-se de desentendido? Acha que mentindo irá livrar sua dama da morte?

Victor pensou desesperadamente numa maneira de tirar Luana dessa situação, mas tudo o que vinha em sua cabeça só poderia fazer com o encapuzado se apresse em machucá-la, tudo o que podia fazer sem partir para a violência era tentar barganhar. Isso, se Luana não tivesse decido tomar uma atitude.

Em questão de minutos, muitas coisas aconteceram, Luana segurou a mão do encapuzado e a torceu para frente, usando uma técnica que seu pai, que era ex-militar, havia lhe ensinado, Luana flexionou os joelhos e puxou o encapuzado por sima do ombro e o homem caiu no chão, sendo imobilizado pela garota.

Victor, ainda que impressionado com o ato de Luana, aproveitou a dexa e, ao se abaixar ao lado de Luana, socou o rosto do homem antes de tirar-lhe o capuz, deparando-se com o rosto conhecido de Mack Salomon.

—Mack?! -Exclamou Luana, indignada. -Não acredito que é você! -Assim, Luana puxou o braço de Mack para cima, causando-lhe mais dor. -O que você pensa que está fazendo?!

Victor ia desferir em Mack outro soco, quando notou que os olhos de Mack não estavam normais, ao invés do verde natural, toda as orbes oculares de Mack estavam completamente amarelas.

—Talvez não seja Mack quem está no comando agora... -Diz Victor. Se abaixando sobre os calcanhares, Victor segurou o cabelo do homem que supostamente era Mack e puxou-lhe a cabeça para cima. Victor rangeu os dentes ao continuar: -Afinal de contas, QUEM É VOCÊ?!

Victor ruge, furioso. Apesar da dor, o homem que tinha o rosto de Mack deu uma gargalhada:

—Você está com amnésia, por acaso, London? É claro que eu não sou esse homem a quem chamam de Mack, mas você já deveria saber, não reconhece-me mais?

Luana e Victor trocam um olhar assustado, para eles, Mack estava sendo possuído por algo ou alguém, mas se lá o que aquilo era, não estava dizendo coisa com coisa. Victor afastou Luana para longe, obrigou o homem que estava controlando Mack a se erguer pela gola da jaqueta que Mack usava desde o final na tarde. O rosto de Victor era uma careta de fúria e aproximando o rosto do de Mack, Victor diz, num tom de ódio e furia:

—Eu não sei quem você é, mas acredite cara, se você não é Mack, então eu não preciso me arrepender disso depois. -Com isso, Victor começa a desferir diversos socos no outro homem, e a cada golpe, parecia que o rosto de Mack se desfazia em fumaça.

Num determinado momento, o oponente de Victor até conseguiria se livrar dele e revidar. Mas estava claro que Victor estava ganhando. Como o corpo de Mack caído no chão, não inconsciente ainda, Luana precisou parar Victor, se não ele teria matado seu oponente..

—Chega, Victor, já deu! Ele perdeu! -Gritou ela, segurando-o pelo braço. Ofegante e com os punhos manchados de sangue e da matéria estranha que parecia fumaça, Victor se afastou de Mack, que já tinha quase metade do corpo transformado naquela estranha espécie de fumaça.

Caminhando até sua mesa, sem falar nada, Victor pegou a taça de vinho e bebeu todo o conteúdo num único gole. Luana, assim como todos os demais clientes do estabelecimento, olhavam os movimentos de Victor de olhos arregalados e queixo caído, ninguém ousaria se meter com ele depois daquilo e quando ele bateu a taça de volta à mesa, dizendo “Luana, vamos embora” num tom totalmente sério, a garota nem sonhou em contrariá-lo.

Luana correu até sua bolsa e tirou dali uma quantia de dinheiro generosa e deixou sobre a mesa, Victor tirou de sua carteira uma quantia semelhante e fizera o mesmo, segurou a mão de Luna e a puxou em direção da porta.

Quando os dois iam sair do local pela porta da frente, ambos viram que aquilo não seria possível. Do lado de fora do restaurante estava o aglomerado de animais mais estranho que já se viu, mesmo que já estivesse de noite, era possível ver que dentre aqueles animais, a gama de cores não variava muito. Todos eram feitos da fumaça estranha que o imitador de Mack era feito.

Luana e Victor estavam à uma parede de distância daquilo que causara tanto caos em Londres o dia inteiro!

Dentre aquela bicharada toda, havia cães e gatos, ratos, cavalos, macacos, aves de todos os tamanhos, vacas, touros, lobos e leões, tigres e seus olhos estivessem certos, havia ali uma lula gigante e um dragão de médio porte. Tudo, ou quase tudo o que se podia imaginar. E corvos, para todos os lados. Luana e Victor hesitaram diante dessa visão, não ousaram sair da porta para fora. Os animais estavam em formação de ataque, apenas esperando o sinal de seu lider para atacar.

Às suas costas, ambos ouviram a risada tosca de seu inimigo:

—Acharam mesmo que sairiam tão facilmente daqui? -Luana e Victor olham para trás, a imitação de Mack estava tentando se levantar com dificuldade. Seu rosto era uma careta sombria. -Agora me digam: onde eles estão? Onde está a rainha Laura e o rei Nathan?

Foi aí que Luana e Victor pensaram que esse homem realmente não batia bem das ideias. Laura e Nathan? Rainha e rei? Desde de quando?

—Esse homem só pode estar louco. Vamos sair pelos fundos. -Sussurrou Luana para Victor, que acenou um sim com a cabeça. E assim o fizeram, correram pelo restaurante e entraram na cozinha, passaram correndo pelas panelas borbulhantes, peixes nas frituras e gritos de exclamação dos cozinheiros, que não tinham ideia do que estava acontecendo. Sairam pela porta dos fundos, onde saía num beco, mal botaram os pés para fora que ambos ouvem os pios e gralhar furisos dos pássaros acima de suas cabeças.

Correndo o mais rápido que podia, Victor acha a saída mais segura e rápida dali, e ao chegarem à rua só poderiam correr para a esquerda, onde se encontrava a estação subterrânea de metrô mais próxima.

Quando ambos já estavam, por enquanto mais seguros, dentro da estação, caminhavam pela plataforma do trem ansiosos, ambos assustados e confusos de mais para falar.

—Para onde nós vamos agora? -Perguntou Luana, quase sem fôlego. Victor pensa por um momento antes de responder.

—Não sei o que está acontecendo aqui, isso é muita loucura, mas de qualquer forma, acho que devemos ir falar com Laura e Nathan mesmo, eles podem saber o que está acontecendo...

 

Voltando ao restaurante, os bichos que aguardavam do lado de fora invadem o local, o caos se instala naquele estabelecimento de vez, o homem que se passava por Mack se recuperava da surra que levou, tanto no físico como no orgulho, odiava como este mundo não-mágico afetava seus poderes. Estava furioso e, com uma simples frase, fez com que todos os animais sob seu comando abandonassem os outros clientes do restaurante e começassem sua caçada atrás de Luana e Victor:

—Vão atrás deles, eles nos levarão aos reis de Nárnia.

 

§

 

Na residência dos Willians...

 

—Agora eu não estou entendo mais nada... -diz Susana baixinho para Maicon. Ambos haviam acabado de terminarem de se arrumar e decidiram descer juntos para o jantar. Agora eles viam Laura e Nathan abraçados no hall de entrada da casa. Era visivel que Laura abraçava o rapaz com tamanha força que Nathan tinha que prender a respiração, mas o rapaz também não ligava para isso e retribuía o abraço com a mesma intensidade. -Eles não estavam brigados?

—Acho que algo muito sério aconteceu com eles de tal forma que acabou os unindo novamente. -Respondeu Maicon num tom baixinho também e dei de ombros. Mas ele também sorri. Maicon sempre considerou Nathan como se fosse seu próprio filho, cuidou do garoto com a mesma dedicação com a qual criou Laura. Era bom ver que, agora, aquele garoto crescera e agora já era um homem formado, e sabia, de algum forma, que Nathan seria um homem que se esforçaria para ser cada vez melhor, por Laura.

—Ah, entendo. -Murmurou Susana. Assim, ambos começam a descer as escadas, em passos firmes. Laura e Nathan ouviram que os pais da garota e se afastaram um do outro, um pouco envergonhados.

—Olá Nathan, que bom vê-lo novamente em nossa casa. -Diz Susana, sorrindo cordialmente, pois, assim como Maicon, ela também gostava de Nathan e estava mais que feliz em ver ele e sua filha haviam reatado amizade. Nathan se recompõe e acena com a cabeça um cumprimento respeitoso em direção aos pais de Laura.

—Boa noite Sr. e Srª Willians... -Dizia Nathan, nervoso, sentindo os dedos de sua mão esquerda se agitarem de modo incomodado, sentindo ali uma coceira se formar, antes que Maicon o surpreendesse com um abraço de urso.

—Que isso, rapaz, pode nos chamar pelo nome. Se minha filha o aceita de novo em nossa casa, aceitamos você também.

—Ah... Tudo bem então, Sr. Will… Hã, Maicon. -Nathan diz, surpreso, mas feliz, por saber que os pais de Laura não o odiavam.

Laura observava a tudo isso com um sorriso no rosto no rosto. Por um momento, era como se estivesse de volta aos seus quinze anos, como se o tempo e as brigas entre ela e Nathan nunca tivessem acontecido. Maicon soltara Nathan e foi a vez de Susana envolver Maicon num abraço materno.

—Nathan, como você está crescido e bonito! Nem parece o mesmo garoto que vi crescer ao lado de minha filha. -Disse Susana. Nathan deu uma risada, assim como Laura e Maicon, pois Susana usara mesmo uma voz melosa que só as mães possuem. -E então, quando vai criar coragem e pedir a mão de minha filha em namoro, heim? -Susan o soltou um pouco de seu abraço e o olha. O rapaz teve de lutar para não demonstrar seu embaraço.

—Francamente, mãe... -Laura riu, cruzando os braços na frente do tronco.

—Não se preocupe, Srª Willians, ainda tenho muito o que conversar com Laura, resolver algumas pendências que tenho com ela, mas eu lhe garanto, farei tudo o que estiver ao meu alcance para tê-la como minha novamente. -Nathan diz, ele falava sério, e ao olhar para Laura, ele viu que ela lhe lançava um olhar questionador, a sobrancelha dela se arqueou como quem diz “É mesmo?”. Mas além disso, Laura nada deixou transparecer, o que deixou Nathan com a pulga atrás da orelha: o que ela está pensando agora, afinal?

—Bom saber disso, meu garoto... -Susana ri, que pretendia acrescentar algo à mais em sua fala, antes de se interrompida pelos passos rápidos de Liam descendo as escadas.

Para a surpresa de Nathan, Liam tinha um avião de brinquedo vermelho na mão, um dos aviões que ele havia dado à Laura nove anos antes.

—Filho, pare de correr nas escadas -exclamou Susan, indo em direção de seu filho -, você pode cair!

Liam parou de correr imediatamente e desceu os restante das escadas com passos lentos e cuidadosos, do segundo andar saiu Elena, que cuidava de Liam quando os Willians mais velhos não possuiam tempo para isso. Elena tinha o rosto cansado e vermelho quando descia as escadas atrás da criança.

—Me desculpe, Srª Willians, mas ele está muito agitado. Não conseguia parar quieto…

—Tudo bem, Elena -Susana suspira, tomando Liam nos braços- apenas não deixe ele correr nas escadas, ok?

—Tudo bem, senhora.

—Pode deixar Liam conosco e vá descansar, quando eu precisar de você novamente, mando-lhe chamar.

—Obrigada, senhora. -Diz Elena, antes de se afastar.

—Quem é ele, Lala? -Perguntou Liam de repente, apontando para Nathan. Laura riu antes de colocar a mão sobre o braço de Nathan, para em seguida puxá-lo para perto de Liam.

—Liam, este é meu amigo, Nathan, ele veio jantar com a gente hoje. Nathan, este é meu irmão caçula, Liam.

—É legal finalmente conhecer você, Liam -diz Nathan-, sua irmã fala muito de você na universidade.

—Legal! Lala fala de mim pala os amigos! Mas acho que ela já falou de você antes, foi na semana passada…

Laura riu, mas foi antes de ela se perguntar do que Liam estava falando.

—É mesmo? - Pergunta Nathan interessado. -E o que ela disse de mim?

—Bom... Nós estavamos indo ao parque, no domingo, quando ela disse que era... Que era... uma pena que alguém tão bonito e inteligente ser também um  idiota ao mesmo tempo…

—Liam! -Exclamou Laura, Maicon e Susana ao mesmo tempo. Laura exclamou com o rosto em chamas de vergonha. Maicon e Susana exclamaram porque seu filho havia dito uma ofensa à Nathan.

—Como você sabe que era de mim que ela falava? -Diz Nathan, nenhum um pouco ofendido, mas ele estava surpreso. Inconsistemente, Nathan coçou a mão distraidamente. Laura não conseguiu deixar de notar isso.

—Porque quando ela disse disse isso… ela estava só olhando pala o outlo lado da rua e só tinha você do outlo lado da rua. Mas você não tinha nos visto.

—Por que será que ela disse isso? -Perguntou Nathan, olhando para Laura pelo canto do olho. A verdade era que ele estava gostando muito de ver ela nervosa.

—Não sei, mas acho que é poque ela gosta de você…

—Ah, como eu amo a sinceridade das crianças... -Resmunga Laura baixo, antes de ignorar o próprio nervosismo e a coceira em sua mão, que havia voltado. -Agora, que tal nós irmos jantar? -Laura sorri, mas por dentro a garota lamentava tudo isso, pensando em seguida “Pela juba do Leão, por que eu fui dizer aquilo perto de Liam?!”.

 

É evidente que poucas pessoas tiveram a grande coragem de perguntarem como George e Evelym Crawford conseguem deixar um ambiente desagradável com suas meras presenças, ou ainda questionar o porque de eles agirem de forma fria e calculista na maior parte do tempo. Quem perguntou também não recebeu uma comovente história de infâncias trágicas ou de duas pessoas que cresceram sob muita pressão, nada disso. O que se tinha em troca era uma resposta bem mau educada, isso quando se recebia uma resposta.

Quando Laura e seus pais, junto de Nathan, adentraram na sala, o clima agradável e amistoso se esfriou em vários graus. Os quatro mais velhos quase deixaram de sorrir ao verem as feições de mau humor nos pais de Nathan, já que os dois tinham observado tudo o que se passou no hall de entrada. Liam aos vê-los se assustou, escondendo o rosto nos pescoço de Susana, se recusando a olhar para os convidados mais velhos.

Laura franze os lábios, adoraria poder se esconder dos pais de Nathan também, mas como isso seria algo inaceitável, ela nada poderia fazer para fugir dali. Por outro lado, a garota nem sonhou em sair de perto de Nathan enquanto via seus pais se cumprimentarem com respeito e solenidade, afinal não se tratava de um jantar entre amigos, mas sim de negócios.

Assim, enquanto a mesa para o jantar não estava pronta, não havia o que fazer se não permanecerem na sala de estar, conversando. O local de espera consistia em dois sofás, um de três lugares, onde Susana, Maicon e Liam se sentaram, de frente para eles havia uma mesa de centro e um outro sofá de dois lugares onde Evelym e George sentavam-se. Conversaram sobre uma pequena introdução dos negócios a serem tratados ali, Susana dividia sua atenção entre a conversa de negócios e Liam, estava incomodada com a forma com a qual o outro casal os olhavam e via que Maicon não estava tão animado com a forma com a qual a conversa se direcionava. Mas tanto Susana quanto Maicon sabiam bem que teriam de ignorar diversas coisas se desejavam que todo esse jantar não fosse um esforço vão.

Perto da janela havia duas poltronas, ambas posicionandas de forma que quem se sentasse nelas não estaria perdendo nada à sua volta, era possível olhar a sala, o jardim lateral e ainda conversar com a pessoa sentada na poltrona à frente, tudo isso sem precisar mais que o pescoço. Era ali que Nathan e Laura se sentavam, gratos por estarem livres da conversa torturante de negócios. Laura olhava para a janela, apoiando a mão em seu queixo, pensativa, olhava os flocos de neves cairem do lado de fora e seus pensamentos vagavam por todo o seu passado, vagava pelo dia que tinha tido até então, vagava por seus questionamentos sobre Nathan. Já Nathan olhava para cada detalhe que havia mudado na casa do Willians, ele havia gostado de tudo, menos daquelas três estátuas horrorosas sobre a estante. Ele que vinha buscando escolher um assunto dos tantos que gostaria de conversar com Laura, decidiu optar pelo tema mais leve e inocente possível.

—Hã, Laura? -Diz ele, hesitante. A garota o olhou, naturalmente. -Aquelas estátuas sobre a estante são novas?

—Ah... -Murmurou Laura, sem muito interesse, imaginava outras formas mais interessantes de iniciar essa conversa. -Acho que sim, mas não tenho certeza. São da minha mãe.

—Ah, bom, elas são... -Nathan hesitou, ele não queria mentir e dizer que são lindas e tão pouco queria dizer a verdade e possivelmente ofender o senso de decoração da mãe de Laura.

—São horrorosas, isso sim. -Diz Laura, num suspiro e apoiando os cotovelos na poltrona. -Minha mãe imaginou que essas massas marrons feias seriam mais elegantes que a coleção de livros que meu tio Ed me deu. Acho que ela queria impressionar seus pais.

—A julgar pela forma como minha mãe não desgruda os olhos da sua estante, posso lhe dizer que o objetivo da sua mãe foi alcançado com sucesso. Apesar de que você está certa, são ridículas, cada uma delas parece um amontoado de ferro com ferrugens retorcidos para ficarem retas com estátuas...

Laura olha de relance para Evelym, e de fato, a mulher olhava para a estante sem quase piscar os olhos. A jovem não conseguiu evitar e solta uma risada baixa.

—Com todo o respeito, Nathan, mas acho que sua mãe não tem muito bom gosto. -Laura sussurra, mas para a surpresa dela, Nathan não apenas concorda, como ainda comenta num murmúrio que somente Laura pôde ouvir.

—Claro que não, se ela tivesse bom gosto, não teria se casado com meu pai.

Laura o olha, chocada com o tom frio com o qual Nathan havia dito aquilo. Ele percebe o que havia dito e suspira.

—É uma outra longa história, Laura, mas, se quer mesmo um adianto, devo dizer que eu sempre tive muito rancor de meu pai. -Diz ele, cruzando os braços.

—Por quê?

—De certa forma, ele foi a causa de boa parte dos nossos desentendimentos.

Eis uma coisa que realmente chamou a atenção de Laura.

—Como? Como assim?

—Eu gostaria de te contar a verdade, toda ela, mas não acho que aqui -mais uma vez, como Laura pôde observar, Nathan coçou a própria mão distraido com o que dizia -, perto de nossos pais, seja o local e a hora mais adequadas.

—Entendo- Laura se recosta na poltrona, pensativa, mas com dificuldades de tirar os olhos de cima das mãos do rapaz à sua frente. -Acho que podemos dar um jeito nisso facilmente.

—Como?

—Após o jantar, nossos pais terão de conversar sobre diversos pontos do negócio deles, então teremos um tempo livre nesse meio tempo. Posso dizer aos meus pais que preciso da sua ajuda para terminar o questionário sobre legislação trabalhista e poderemos conversar com mais calma em meu quarto. O que acha?

—Parece um bom plano, em minha opinião.

—Claro, mas há um pequeno fundo de verdade nisso -Laura sorriu -, eu realmente não terminei aquele questionário de legislação.

—Sério?

—Sim.

—Eu já terminei de respondê-lo, posso lhe dar uma mãozinha.

—Eu ficaria muito grata. -Assim como Laura, Nathan também sorri. Um breve momento de silêncio confortável pairou sobre eles, antes de Heather surgir na sala de estar de estar, anunciando que o jantar estava à mesa.

 

§

 

Scotland Yard

 

Bernard Evans estava, a mais de quinze minutos, andando em círculos dentro da sala de observação de interrogatórios, que agora vazia estava. Sua mente estava à mil e o homem sentia-se confuso. As coisas que vinha ouvindo à tarde toda o perturbava e não ter visto nada anormal com seua próprios olhos o incomodava ainda mais. Era como se eles estivesse cego para as coisas que vinham acontecendo.  Pensou em Laura e nas coisas que ela havia lhe dito. Tanto da questão de acreditar quanto sobre Lúcia.

A espera parecia-lhe cada vez mais uma verdadeira tortura, queria respostas, mas não conseguia achar ninguém que as tivesse de fato. Disseram para ele esperar ali que logo alguém viria responder suas perguntas.

Conferiu o relógio mais uma vez e suspirou. Por quanto tempo mais teria de esperar? De certa forma, não muito tempo. Uma movimentação diferente do lado de fora da sala de observação chamou-lhe atenção, policiais e detetives corriam em uma direção única, Bernard saiu da sala vestindo sua jaqueta novamente e resolveu seguir a movimentação para saber do que se tratava. Correndo atrás dos policiais, Ben chega à saída da delegacia de polícia, vendo que metade cuidava das pessoas que ainda esperavam para depor e a outra metade da corporação entravam em viaturas que não demoravam nada para logo saírem em disparada, todas iam na mesma direção, iam para o norte, poderia ser uma suposição estranha de Bernard, mas era exatamente na direção da casa da família de Laura.

Um policial ruivo passou rapidamente por Ben, que, ao reconhecer o oficial, não hesitou em chamar-lhe a atenção.

—Ei! Andrew! -Chamou Bernard, se apressando em acompanhar as passadas velozes de seu velho conhecido, Andrew Lupim, tio de Luana. -Andrew!

O oficial Lupim não queria parar de caminhar em direção à viatura, mas ao reconhecer a voz que o chamava, não teve como ignorar.

—Bernard, boa noite. Bem que eu pensei tê-lo visto aqui mais cedo com sua estagiária.  -Andrew parou por um segundo, para que Ben o alcançasse. -O que faz aqui ainda? -Assim que Bernard se juntou ao seu velho conhecido, os dois homens começaram a caminhar lado à lado.

—Vim descobrir o que está acontecendo em Londres. -Respondeu Bernard, sem dificuldades em acompanhar os passos rápidos de Andrew, que por sua vez, fez um som de irritação com a garganta.

—Veio buscar respostas no lugar errado, então, meu amigo. Aqui com todas essas pessoas perturbadas gastando nosso tempo,  parecemos mais com baratas tontas. É nas ruas que achamos o que procuramos.

—O que quer dizer? Para onde vocês estão indo?

—Vamos atender uma emergência, parece ser algo grande, e está se deslocando em Londres, rumo ao norte.

Automaticamente,  vem à mente de Bernard a imagem da casa de Laura e sua família, no instante seguinte, a preocupação tomou conta de seu ser.

—Essa não... -Murmurou Ben, com um bolo se formando em sua garganta.

Andrew chega à sua viatura, senta-se no banco do carona, já que no volante já estava o parceiro de trabalho de Andrew, antes de fechar a porta do carro, Andrew hesita e olha para Bernard, preocupado.

—Bernard,  como policial, tenho que lhe pedir que fique longe, não sabemos com o que estamos lidando, mas, como seu amigo, eu lhe digo para fazer o que achar melhor. Tenho a sensação de que, se esta noite acabar mal, nós dois perderemos algo de muito valor para nós.

Bernard engole em seco, aquela sensação de perda não era meramente algo de sua cabeça.

—Boa sorte, cara, para o que você decidir fazer daqui em diante. -Diz Andrew.

—Para você também. -Responde Bernard,  se afastando logo em seguida. Andrew fecha a porta do carro e coloca o sinto de segurança. Logo, a viatura saiu em disparada, também rumo ao norte.

Bernard correu até seu carro o mais rápido que pôde, a adrenalina pulsava em seus ouvidos e tudo o que ele desejava era chegar à casa de Laura, se certificar de que sua estagiária favorita e que era para ele como uma filha que ele nunca teve estava realmente bem.

Bernard era casado sim, tinha um filho muito muito amado sim, mas ambos chegaram até ele após a morte de Lúcia e seus irmãos. E Ben havia prometido à família Pevensie que iria cuidar de Laura quando eles já não poderiam mais, e ficar na Scotland esperando resultados parecia ser o mesmo que quebrar essa promessa da pior forma possível.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado... Até a próxima! ^^



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