A Herdeira do Quarto Trono escrita por R31


Capítulo 10
As Vésperas de uma Grande Aventura


Notas iniciais do capítulo

Olá senhoras e senhores, meninas e meninos, damas e cavalheiros, tudo bem com vocês? Tiveram um bom fim de semana? Bom, eu não. Primeiro porque a véspera de feriado, no caso hoje, segunda, 30 de abril, estragou todos os meus planos para hoje; segundo porque a possibilidade de ter de esperar até semana que vem para ver o filme Vingadores: Guerra Infinita está acabando comigo! (Desviar de spoilers está cada vez mais difícil)... Terceiro porque tive enfrentar a rinite e o bloqueio criativo sexta, sábado e domingo para terminar este capítulo, então por favor, comentem, é muito importante saber o que vocês estão pensando, se estão gostando da narrativa, se está uma droga ou não, se querem que Nárnia venha logo (Amém), não custa nada...
Mas enfim, bora para o capítulo.



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“Cada minuto que passa é uma nova chance de mudar tudo para sempre”

Vanilla Sky.

 

—Você acha que eu estou vendo coisas, Laura? -Questiona meu pai ao ver minha expressão de espanto. Eu sabia que Londres vem sendo atacada misteriosamente por animais, mas saber que o Parlamento foi atacado e ainda por cima, que Aslam deteve os animais de fazerem mais vítimas só deixava claro para mim que essas coisas estavam sim relacionadas à Nárnia e eu estava ainda mais surpresa por ver que está é uma confirmação do Nathan me disse sobre o dragão não ser a única coisa que saiu do mundo de Nárnia para vir causar problemas no nosso.

—Não, de modo algum, pai, eu acredito sim em você.

—Mas, por que essa cara, então?

Suspiro, passando o peso do corpo de uma perna à outra. Como eu resumiria uma batalha e uma complexa brecha no tempo em poucas palavras?

—Apenas confie em mim quando digo que é uma longa e louca história, e eu não iria conseguir contar sozinha.

—Como assim?

Respiro fundo antes de lhe responder.

—Nathan e eu estávamos num mesmo grupo para fazer um trabalho e resolvemos nos organizar na biblioteca e lá... aconteceu algumas coisas muito loucas que só nós dois testemunhamos. Algo como ter de matar um dragão, literalmente, e Aslam nos disse que isso seria só o início de uma jornada.

Digo e, meu pai me olhou espantado por alguns momentos, no entanto, foi sua reação seguinte me deixou desconcertada: ele arqueou as sobrancelhas e riu. Fiquei sem entender isso até que ele passou o braço por meus ombros e, juntos, subimos o restante das escadas.

—Nathan, é? -Ele riu novamente. -Certamente toda essa situação deve ter sido algo muito grandioso, já que você citou o nome dele sem o costumeiro tom de retaliação... Ah, agora entendo porque você chegou na hora certa para o jantar e não duas horas atrasada. Você deve estar ansiosa para conversar com o rapaz sobre isso...

Meu rosto enrubesce, mas não digo nada.

—Um dragão... Está aí uma história que eu vou querer ouvir e quero em detalhes! -Percebo que meu pai dizia isso mais para si mesmo, como se estivesse falando sozinho, mas, mesmo que não fosse bem isso, não haveria tempo de eu lhe dar uma resposta, pois assim que chegamos ao segundo andar, a porta do quarto dos meus pais se abre e minha mãe aparece no corredor. Ao ver meu pai, ela respira fundo.

—Olá amor -diz minha mãe, exibindo um sorriso, como se nada tivesse acontecido. -Bem que ouvi você chegando, mas não pude recepcioná-lo, tive de retocar a maquiagem.

—Aconteceu alguma coisa, querida? -Perguntou meu pai, casualmente, mas notei que isso era ele jogando sua isca.

—Não, nada muito relevante, querido.

—Tem certeza? Vejo que seus olhos estão vermelhos. Andou chorando?

Automaticamente, minha mãe levou a mão aos olhos, para se certificar se sua maquiagem não estava borrada, e realmente, além de vermelhos, os olhos de minha mãe estavam úmidos, deixando claro que ela chorou. Não pude deixar de me sentir triste por ela e toda a sua determinação em negar o próprio passado.

—Isso não é nada. -Diz ela, resoluta. -Não se preocupe, amor. -Ela uniu as mãos junto às costas, exibindo seu vestido e jóias com orgulho. -E então, como eu estou?

—Está mais que esbelta, minha rainha. -Diz meu pai, galanteador, o sorriso de minha mãe oscilou, como pude notar, ao meu pai ter dito a palavra ‘rainha’, mas ela não se deu por vencida.

—O- obrigada. -Ela diz, reforçando seu próprio sorriso. Só então ela pareceu me notar ali, parada, vendo toda essa cena. Aquela que outrora foi chamada de a gentil deu um pulo para trás, como se tivesse visto um fantasma.

—Lúcia?! -Exclamou minha mãe, num tom muito baixo, mas tanto eu quanto meu pai ouvimos.

—Desculpe, mas o que você disse, mãe?

Minha mãe, de olhos arregalados de pavor, tentou responder, mas gaguejou por um momento.

—Susana? -Diz meu pai, delicadamente, mas também sem entender a reação dela. Vejo que ele estava começando à ficar preocupado. -Está tudo bem?

—Meu Deus, Laura! Você se parece tanto com Lúcia usando esse vestido! -Exclama ela, sem nem desviar o olhar.

Olho para mim mesma, o belo vestido vermelho que escolhi, antes de me lembrar que vermelho era a cor favorita de minha tia e que ela, sempre que tinha chance, usava algo nesse tom. Bernard havia me dito que me pareço com Lúcia, não foi? Então, minha mãe tinha lá sua razão.

—É mesmo- diz meu pai, olhando para mim, rindo em seguida. -Que curiosa observação, você se parece mesmo com sua tia, minha filha. Isso que é genética aplicada, heim? Uma legítima princesa narniana.

—Não havia me dado conta disso até agora. -Digo, olhando para minhas próprias mãos.

—O que está acontecendo? Por que vocês estão fazendo isso? -Exclama minha mãe, chamando novamente nossa atenção.

—Fazendo o que, mãe?

—Agindo como Lú, Ed e Pedro! Tentando me empurrar novamente para uma brincadeira de crianças sem graça!

—Ninguém aqui está brincando, Susana. Nós precisamos reavivar suas lembranças do seu reinado, e estamos fazendo isso da melhor forma que pudermos. -Diz meu pai, num tom sério, suspirando. - Você não sabia? Há muitas coisas estranhas acontecendo lá fora, coisas que não entendemos…

—Há pessoas, aqui mesmo, em Londres, que estão morrendo por causa dessas coisas, mãe. -Comento, mesmo sem saber se ajudaria ou só pioraria as coisas.

—...e nós achamos que tem relação com o mundo de Nárnia. E você foi rainha em Nárnia, durante 17 anos, Susan, então pode saber de alguma coisa que nos ajude a acabar com os ataques dessas coisas! -Continuou meu pai, olhando intensamente para ela.

—Isso só pode ser piada. -Ri minha mãe, sarcástica. - Uma piada de muito mau gosto! Depois de todos esses anos, agora que vocês me vem com uma dessas?

—Bom, se não acredita em nós, pergunte aos Crawford, sobre ataques estranhos, em nosso jantar. Certamente um deles falará algo a respeito, confirmando o que estamos dizendo. -Digo, cruzando os braços atrás das costa, tendo de voltar a cravar as unhas na palma da mão, pois a coceira havia voltado.

—Pois é exatamente isso que eu farei, se vocês pararem com essa brincadeira tola imediatamente.

—Tudo bem então. -Digo simplesmente. Mamãe franziu o cenho ao me olhar.

—Tudo bem? -Repetiu ela, duvidosa.

—Claro. Eu, pelo menos, aceito seus termos, mãe. -Respondo, voltando a caminhar, passando por ela e indo em direção ao escritório de meu pai, parando junto ao batente. -No entanto, se você não perguntar, eu mesma farei isso. Como meus tios, eu odeio quando pensam que sou mentirosa.

 

§ Narrado pela Autora.

 

Enquanto Laura se dirigia escritório adentro e deixava as pastas e arquivos que segurava até então sobre a mesa, Susana olhava fixamente para o local onde sua filha estivera a poucos segundos, sem reação e Maicon, seu marido, disse apenas:

—Eu também concordo com seus termos, Susan, mas quero que você saiba que, sabemos que há uma ferida em você em relacionada à Nárnia, realmente sabemos, mas para que ela seja curada, é preciso primeiro tirar a casquinha da ferida e cuidar do inchaço no local. -Dizia Maicon, olhando-na nos olhos. -Estamos fazendo isso para seu bem, querida. Não fique com raiva de nós.

Maicon pressiona os lábios sobre a testa de Susana, um sinal de carinho e proteção, antes de entrar no quarto que ambos dividem a mais de vinte anos, que foi palco de grandes cenas de amor, mas também de lágrimas, brigas, reconciliações, boas risadas e apoio mútuo. Ainda do corredor, Susana observa seu marido tirar seu colete, jogando-o sobre a cama de casal deles, despindo, em seguida, a camisa social branca, a fim de ir tomar um banho rápido, exibindo suas costas bem definidas e cicatrizes dos ferimentos graves adquiridos em batalhas nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial,  mais uma das razões, além da inteligência e sabedoria, pela qual ela se apaixonou por ele. Maicon Willians fora um alívio imenso em sua mente e em seu coração, após o fiasco que foi ter se apaixonado por Caspian X.

Depois do retorno da segunda viagem à Nárnia, Susana tinha a sensação de que seria a única entre seus irmãos a nunca se dar bem em um relacionamento amoroso, e depois, durante sua estadia em Washington D.C., nos Estados Unidos, trabalhando nas proximidades como modelo e atriz de uma famosa empresa de produções cinematográficas caríssimas para a época, descobrindo que Eustáquio foi pela segunda vez a Nárnia, trazendo consigo a notícia de que Caspian não apenas casara e tivera um filho com uma Estrela- Uma Estrela! Como isso era possível?!-, como também ele ainda veio à falecer, Susana estava por um triz de entrar em um colapso nervoso. Foi quando um ex-militar da marinha dos E.U.A. e diplomata puxou conversa com ela.

Na manhã de inverno em que se conheceram, Susana estava num café elegante, lendo uma carta de Lúcia que dizia que ela, Ed e Pedro estavam preocupados com o bem estar de Susan e queriam que esta retornasse a Londres, se possível fosse. Susana chorava com a carta em mãos, sentindo falta dos irmãos, sentindo o peso da morte de Caspian e com saudades, ainda que mínimas na pouca fé que lhe restava, do seu tempo de rainha em Nárnia, quando um adorável, e muito bonito, rapaz, dois anos mais velho que ela, veio lhe perguntar por que uma dama tão bela e de semblante tão gentil chorava tão amargamente. Esse rapaz era Maicon e foi ali, com a maquiagem borrada e uma dor imensa em seu peito, que Susana conhecera o segundo amor da sua vida e, por meio dele, viriam o terceiro e quarto amor de sua vida: Laura e Liam.

Por ironia do destino, Susana foi a única a formar família e ter sorte no amor. Claro,nem tudo eram rosas. Quando se casaram, Maicon, ficou encantado com o país natal e a família de Susan, desejava ficar, desejava que Susana ficasse mais próxima dos irmãos, e de má vontade, Susana concordou. Ela amava seus irmãos, certamente, mas eles lhe foram muito irritantes, inconvenientes, sempre tentando falar de Nárnia com ela, tentando falar de algo que ela desejava apagar da memória e simplesmente esquecer. Então veio Laura, a princesinha da família tanto dos Willians quanto dos Pevensie, já que os irmãos de Susana não tinham tempo e interesse em formar famílias com suas carreiras chegando ao auge (outra longa história, acreditem), e Maicon não tinha irmãos, era filho único de pais que também foram filhos únicos, portanto, em quase toda a sua vida, Laura foi a única criança em meio aos adultos - até que Nathan se mudou para a mesma rua que Maicon e Susana moravam junto da filha, tornando-se amigos, brigando e resultando no que temos visto aqui.

E foi nas visitas e festas de família que Maicon descobrira toda a verdade sobre Nárnia, o passado de Susana e seus irmãos, num primeiro momento, racional como era, Maicon duvidou da sanidade de seus cunhados, começou a observar toda suas racionalidades e argumentos e para seu espanto, todos lhe pareciam racionais de mais, brilhantes de mais e de espantosa inteligência e sabedoria. Quando se deu conta, ele acreditava, e muito, em seus cunhados e Susana não gostou nem um pouco disso. Era muito desconcertante, quando ela se aconchegava junto ao calor de Maicon nas noites de frio rigoroso de Londres e ele lhe fazia perguntas como “Depois que a feiticeira branca foi derrotada, houve outros invernos em Nárnia, desta vez com a graça de Aslam?”. Susan prefira voltar para a parte fria da cama à ter de responder uma pergunta como aquela.

Por muito tempo, Susana até conseguia evitar estar presente em diálogos que tivessem vínculos com seu passado na realeza narniana, mas às vezes, nem ela conseguia escapar de suas lembranças, na noite anterior, quando resolveu contar a Liam a história da Dama do Vale e do Lorde de Calormânia para que seu filho caçula dormisse, sabia que poderia se arrepender, mas foi em frente mesmo assim. Laura e Maicon são apaixonados por Nárnia, claro que eles parariam o que estavam fazendo para ouví-la, até aí tudo bem, ela poderia lidar com isso tranquilamente.

O que ela não esperava era que Laura chegasse em casa, após ter estado praticamente o dia todo fora, trazendo consigo um verdeiro maremoto de memórias e lembranças, tanto de Ed quanto de Lú e, pela primeira vez em muito tempo, Susana não sabia como lidar com isso; sua própria filha era um lembrete ambulante de um passado de glórias e dores com as quais Su gostaria muito de deixar exatamente onde estavam: no passado.

Todavia, não há o ditado que diz que tudo aquilo ao qual você resiste tende a persistir?

Agora, ela se via em conflito com a própria filha e o marido, realmente acreditando que isso era uma piada, de mau gosto, apesar disso, tinha de admitir: Laura e Maicon não costumam brincar com tais coisas, sua filha citou que houve mortes em Londres por criaturas estranhas, e sabendo o quão à sério ela leva a profissão no ramo do direito, é mais que estranho Laura brincar com tal coisa tão de repente.

“Será que dizem a verdade?”, pensou ela olhando para suas mãos, “E sou que não quero ver isso?”

Não teve muito mais tempo de pensar à respeito, pois de repente, o telefone no escritório tocou e em seguida, Susan escutou Laura gritar:

—Mãe! O vovô está no telefone, quer falar com você!

Susana fechou os olhos, quase que aliviada. “Finalmente, uma voz à razão”, pensou ela, decidindo que faria ao seu pai a pergunta do que se passava, ou não, em Londres. Ela caminhou em direção e, ao chegar à porta viu Laura com o telefone no ouvido ainda, franzindo o cenho para o que quer que John Pevensie, pai de Susana e avô de Laura, dizia à neta.

—Não sei, vovô, as coisas estão complicadas de entender - respondeu Laura, sem ainda ter visto Susana rente à porta -, Bernard estava quase enlouquecendo na Scotland Yard, quando as provas de que o ataque foi real à empresa que o Sr. Richards representa chegaram, Ben ficou aliviado sim, mas depois ficou pasmo em saber que estava errado em suas conclusões pessoais até então... Não, não foi um evento isolado, visto que a Scotland estava lotada quando saímos de lá à aproximadamente uma hora... Eu sinto muito vô, mas eu não posso fazer nada, sou estudante de direito ainda, o certo realmente é vocês falarem com Bernard... Sim, isso. -Laura ouviu por um momento antes de dar uma risada fraca. -Quando eu virar juíza isso tudo já terá sido resolvido, não terei chance de preocupar com tal coisa neste sentido. Ah, sim, mas eu não defendi ninguém de verdade… -Foi então que Laura viu sua mãe junto à porta do escritório. -Ah, vovô, minha mãe chegou, vou passar o telefone para ela... Oi? Pode repetir? ... Ah, sim, claro que vamos os visitar, imagino que em minhas férias podemos até ficar alguns dias aí, o que acha?... Excelente... Eu também amo vocês, vô!... Ok, até mais.

Laura, antes de entregar o telefone à Susana, tapou o bocal e disse, num murmúrio simples, mas que transmitia certa preocupação raivosa:

—Seja gentil.

Susana recebeu o telefone em silêncio, ainda muito espantada com a semelhança de Laura com Lúcia, tanto físicamente quanto na personalidade. Ambas até mesmo tinham a mesma cor favorita! Também foi em silêncio que Laura deixou o escritório para seguir até seu quarto. Mesmo vestiada para um jantar importante, e muito inoportuno, Laura ainda tinha um questionário para responder e entregar. Agora que seu tempo estava esgotando, a jovem universitária teria de utilizar-se de todo tempo livre disponível que tivesse para terminar tal trabalho desesperador.

Antes de iniciar a conversa com John, Susana respirou fundo por um momento.

—Oi, pai. -Diz ela, aproximando o telefone do ouvido. - Está tudo bem?

—Susan, minha doce menina, que bom falar com você... -Respondeu John, feliz em ouvir a voz de sua filha novamente. -Eu estava ligando para saber se vocês estavam bem, em vista dos acontecimentos incomuns de hoje, mas Laurinha já nos fez o favor de responder esta pergunta. É bom saber que ninguém se feriu, estou cansado de ver perdas, ainda mais em nossa família.

Susana franze os lábios, primeiro porque Maicon e Laura falavam a verdade, isso já ficou claro. Segundo por entender a razão de Laura ter lhe dito para ser gentil com John.

—Não, pai, fique tranquilo, está tudo bem por aqui. Particularmente, não vi nada estranho hoje, e Maicon e Laura não tiveram tempo de me explicar com calma o que passa em Londres. -Isso não era mentira, certo? Seu marido e filha mencionaram tais coisas, mas não explicaram nada mais detalhadamente. -Então pode me dizer o que se passa, pai?

—Uma insanidade total, minha filha. -Suspirou o senhor, do outro lado da linha. -Diversos acontecimentos se sucederam hoje de tal forma que estou duvidando de minha saúde mental, e isso se não for a idade mostrando seus sinais. Ataques de animais, selvagens e domésticos, e criaturas que eu nunca imaginei existirem atacaram nossa empresa, imagine só, tudo o que seu amado irmão criou com tamanha paixão agora está precisando de reparos urgentes e imediatos, nas fábricas, estoques, na administração, enfim, nosso escritório está devastado, Susan, eu mal sei por onde começar! Tenho a impressão de que se Pedro estivesse aqui, certamente, ele saberia o que fazer, mas ele não está. -Mais um suspiro foi emitido por parte do senhor. - Estou ficando velho de mais para tanta emoção num único dia. Num momento, à uma bicharada infernal invadindo nossos gabinetes e escritórios, ferindo pessoas, a impressão que dava era que eles queriam matar à todos nós, uma fera de pequeno porte estava me atacando, era pequena, mas furiosa como um furacão, deixou vários arranhões profundos em minha barriga, e aquela sua amiga, da contabilidade, Erika Damasceno, pobrezinha, teve um princípio de infarto nesse meio tempo. Ah, minha querida, o ‘entretanto’ surge aqui, pois foi aí que as coisas ficaram estranhas ainda mais!

Era inegável o fato de que o hábito de gostar de falar muito vinha de John Pevensie, já que o homem foi professor, militar e agora era o responsável principal pela empresa deixada por Pedro. O que não faltava à família Pevensie era histórias a serem contadas.

Se não estivesse ouvindo atentamente, com uma sensação de embrulho no estômago, Susana teria revirado os olhos, seu pai, assim como seus irmãos também foram, era uma pessoa que não conseguia se conter quando coisas absurdamente grandiosas lhe aconteciam, sejam ela boas ou ruins, não se sabe o porquê de Susan ser tão diferente, de nunca estar ansiosa para compartilhar suas experiências e ter tantas dificuldades em simplesmente acreditar e reconhecer seu passado.

 

Eu simplesmente gostaria lhes contar todo o restante da história que John estava à contar para Susana, mas gastaria muito mais tempo e espaço no texto pré-determinado por mim para este capítulo, no entanto, meus caros, há muitos outros acontecimentos neste meio tempo que precisam serem contados, por esta razão, devo-lhes garantir que o que se sucedeu na empresa criada por Pedro, o magnífico (e que já vou lhes adiantando que sua história está sendo preparada para ser revelada em outra ocasião) foi muito semelhante ao que aconteceu no Parlamento.

No entanto, John não teve a grande sorte de ter visto Aslam em pessoa caminhando pelos caos da empresa, primeiro porque o homem teria tido uma pane no sistema nervoso central causado por choque e forte ansiedade, dadas as circunstâncias, segundo porque John não tinha conhecimento de Nárnia e de Aslam como Maicon e Laura possuem, o pai dos grandes reis nem sabia o que era Nárnia, quem dirá que seus filhos um dia já foram reis amados por uns e temidos por outros?

 

Assim, pelo fato de John ser um homem reto e de bom coração, conhecedor e fiel seguidor da forma pela qual Aslam é conhecido em nosso mundo, John sentiu a paz e a presença suave e agradável quando Aslam passava por ele, salvando a mulher amiga de Susana do princípio de infarto, aliviando a gravidade dos ferimentos causados pelas feras em John e seus subordinados.

Ao encerrar a ligação, Susana ficou olhando fixamente e em silêncio para o lado de fora da janela mais próxima, finos e delicados flocos de neve rodopiavam até cair no chão. Mil e uma emoções se misturavam em seu peito, travando uma batalha intensa no coração e mente de Susana, mas a confusão era grande. Passado e presente se colidem, emoções sem controle, a divisão entre acreditar ou não batem de frente, a dor e a saudade de seus irmãos lhe domina e tudo o que Susana desejava era o ombro de Lúcia para chorar, os sábios conselhos de Edmundo para lhe acalmar e a liderança nata de Pedro para lhe orientar.

No entanto, não podia, teria de encarar tudo sozinha. Susana não sabia que voltar a se recusar a ver o que estava bem debaixo de seu nariz seria à ela pior, mas como há de culpá-la? Susan perdeu, a muito tempo, o hábito de exercer a fé. Assim, sendo, dentre todos os conflitos dentro de si, o único que teve um resultado realmente foi o de chorar ou não.

Segundos mais tarde, a rainha gentil debruçava-se sobre a mesa do escritório, enquanto lágrimas abundantes e quentes de dor, saudades e medo rolavam por sua face e seus lábios já não conseguiam segurar soluços de dor.

 

§

 

Há algumas quadras dali, mas ainda na mesma rua, na elegante casa da família Crawford, mais precisamente na sala de estar requintada, no canto oeste, havia uma lareira aquecendo o ambiente de forma aconchegante, um sofá grande embelezava o canto leste do local, mas a única pessoa presente no local estava agitada demais para sentar-se ali e descansar, apesar desta mesma já ter tido de lidar com grandes acontecimentos pela manhã e ter tido de resolver grandes problemas pela tarde.

Nathaniel Logan Crawford, ou como mais gosta de se chamado, Nathan Crawford, olhava para seu reflexo num espelho que havia sobre a estante, ao lado de alguns livros quaisquer e um rádio, conferindo mais uma vez se a camisa social que usava não estava desalinhada e se seu colete estava posto em si corretamente, incomodado, resolveu desabotoar os dois primeiros botões superiores de sua camisa e tirar de uma vez por todas aquela gravata horrorosa que sua mãe mandou vestir e que estava dando-lhe uma sensação estrangulamento. Enrolando a gravata na mão e a escondendo no bolso direito da frente de sua calça, Nathan se sentiu muito melhor ao se olhar no espelho novamente. Olhou o relógio de pulso mais uma vez, se dando conta de que se seus pais não descessem logo para partirem para a casa dos Pevensie, irão chegar atrasados.

O rapaz estava visivelmente ansioso, pois fazia pouco mais de três anos que ele não era convocado ou convidado para ir até lá, não sabia como era Liam, como é a relação de Laura com o irmão, não sabia mais como era a casa deles por dentro. Não sabia se Laura ainda guardava ou não a coleção de cinco aviãozinhos de brinquedo, em cinco tons diferentes de vermelho que ele dera à ela no dia do aniversário de 11 anos de Laura.

Não sabia de mais nada, apenas que nos últimos anos viu Laura evoluir como pessoa e mulher, sem deixar sua essência morrer, era um pesadelo para ele vê-la e saber que ele era própria a razão da raiva dela, não ser nem mesmo seu amigo mais era a pior condenação por seu silêncio.

Era irônico pensar que a única garota que desejava era a única que não o queria.

Balançando a cabeça, ele começou a ficar inquieto e a andar em círculos na sala, sabia que seus pais tiveram um dia tão agitado quanto ele, mas a demora em se arrumarem já lhe parecia um absurdo. Só por que ele era o único que teria de ir à esse jantar seu pais achavam que poderiam enrolar-se o quanto quiserem? Isso não era justo.

Bufou por um momento, antes de se jogar no sofá, de braços cruzados e cara amarrada. Momentos mais tarde, Nathan ouviu que duas pessoas desciam as escadas, por isso, levantou num pulo, imaginando que se tratava de seus pais, o que, não fim, não era nada disso. Se tratava de seu irmão, Elliote, e a namorada, Sarah, ambos vestiam ainda as mesmas roupas com que sairam da universidade naquela manhã, e mais os capacetes.

—Que foi, mano? -Diz Elliote, notando a ansiedade de Nathan.

—Ah, é só vocês... -Diz Nathan, antes de se jogar no sofá novamente. -Pensei que fossem nossos pais.

—Ah sim, o jantar nos Willians - ri Elliote, apontando em seguida com o polegar por cima do ombro. -Eles já estão prontos para sair, mas estão conversando no quarto.

Sarah, que também era uma garota de bom coração, com uma inteligência acima da média, não se sentia melhor que Laura em relação aos pais dos rapazes, e, mesmo sem querer, acabou franzindo o cenho.

—Seja lá do que falavam, não deve ser coisa boa. -Comenta ela, baixinho. Nathan e Elliote franzem os lábios, tinham plena consciência de que seus pais já lhe foram fonte de muitos maus exemplos, mas com a maturidade, ambos estavam determimados a não deixar mais que tal influência interfira em suas decisões.

—Você sabe, Sah, que não é fácil conviver com eles. -Diz Elliote à ela. -E acredite, você não é a única a se incomodar com isso, pelo que me consta, a candidata à namorada ideal de Nathan nunca se deu muito melhor com nossos pais…

Elliote diz, passando o braço pelo pescoço da namorada, puxando-a para si. Sarah olhou para Nathan, questionadora.

—Namorada? Qual delas? -Perguntou ela, sem disfarçar a falta de surpresa. Elliote cai na risada, enquanto Nathan franziu o cenho, envergonhado.

—Bom, amor, meu maninho teve muitas namoradas realmente, mas só uma garota foi digna de seu coração… Só que ela o odeia. E é exatamente na casa dos pais dela que nossos pais e ele vão jantar hoje. -Elliote quase chorava de dar risada.

Nathan não viu a menor graça nisso, pensava consigo mesmo que Laura era única e que todas as que vieram depois não chegavam aos pés da princesinha dos Pevensie. Mas é claro que isso não era motivo para Nathan não deixar essas piadas sairem ilesas por menos.

—Eu só sei de uma coisa, irmão -disse Nathan, se forçando a parecer tranquilo, e Elliote finalmente para de tanto rir -, agora que você já lhe contou todos os segredos de nossa família à Sarah e ainda assim ela quiser ficar com você, seu traste, e em nenhum momento ela sentir necessidade de procurar um psicológico o mais rápido possível, pode ir arrumando um smoking e case-se com essa garota.

Tanto Sarah quanto Elliote ficam com o rosto rubro de vergonha e aos gaguejos, saíram do local.

—Bem, her... Eu... Eu vou deixar Sarah em casa... E depois eu volto…

—É... sim, claro, eu tenho que ir para casa, sim... até mais, Nathan... Tenha uma boa sorte com a sua, hã, garota ideal... Até mais!

Assim, os dois saem pela porta e Nathan se permitiu relaxar e dar risada.

—Esses dois se merecem... -Ri Nathan consigo mesmo, ouvindo o ronco do motor da moto de seu irmão ligar e, logo em seguida, arrancar mais rápido do que você possa pronunciar a palavra ‘Calormânia’. No momento seguinte, finalmente, Evelyn e George Crawford desceram as escadas, pareciam estar vestidos para um jantar de gala no Palácio de Buckingham. Nathan se levanta novamente e quase engasgou ao ver a extravagância de seus pais.

—Que expressão é esta em seu rosto, filho? -Diz George, pai de Nathan, apesar do corpanzil, tinha uma voz agradável de ouvir, mas era só isso também, tanto suas palavras quanto suas vestes eram desnecessárias de se ouvir e ver. Nathan nem tentou disfarçar seu horror com a simples ideia de ter de caminhar na rua com duas figuras enfeitadas exageradamente ao seu lado.

—Eu não sabia que No Royal Ascot acontecerá mais cedo este ano... -Diz ele, com ironia, olhando para o chapéu ridículo que sua mãe usava. No Royal Ascot é um evento que ocorre entre maio e julho, que celebra o auge da temporada de corridas de cavalos na Grã-Bretanha, onde desfilam os melhores puros-sangues nas baias; desfilam também roupas elegantes e chapéus extravagantes dentre àqueles que assistem às corridas das arquibancadas. Nathan detesta essa época do ano ao passo que seus pais não vêm a hora de tal temporada chegar.

—Deixe de usar este tom ao falar conosco, Nathaniel, somos seus pais, tenha respeito. -Gralhou Evelyn, Nathan franziu os lábios, odeia ser chamado de ‘Nathaniel’. -Onde está sua gravata, afinal? Pensa que vai sair assim conosco? E endireite esses botões desta camisa.

—Perdi a gravata que me deu pela manhã, mãe-  mente ele-, quer mesmo que eu a procure? Mesmo que cheguemos atrasados por conta disso?

Foi a vez de George quase engasgar-se.

—Não, deixem-a de lado, você está ótimo assim, filho, agora peguem seus casacos e vamos, vamos, vamos…

Poucos segundos mais tarde, Nathan saiu de casa, colocando seu sobretudo, sentindo-se melhor por finalmente estarem saindo. Talvez a mania de pontualidade de seu pai tenha sim lá suas vantagens. Sua mãe também saiu, já mal humorada por nada em seu dia estar saindo com planejou. O pai dele também saiu, mas antes parou para fechar a porta, antes de seguir acompanhado pela esposa e filho rumo a residência dos Willians.

Íris, a terceira e última filha dos Crawford estava na casa de colegas calouras para fazerem trabalhos da universidade de medicina (apesar de Nathan e Elliote desconfiarem que sua irmã e as tais colegas sairão para fazer de tudo, menos estudar para um trabalho. Afinal, Íris nunca foi flor que se cheire), Elliote tinha uma namorada, somente Nathan era solteiro e estava livre aquela noite- ele tinha o mesmo dever de Laura para fazer, no entanto Nathan já havia terminado-o. Ou seja, teria sobrado para ele de qualquer forma.

 

§

 

De volta à casa dos Willians, as criadas da família trabalhavam muito, corriam para organizar a mesa, terminar de decorar a sobremesa, um delicioso musse de chocolhate com morangos e um bolo com cobertura de chantilly e cerejas, dar banho e arrumar Liam; Maicon terminava de se arrumar, Laura avançava em cinco questões cuidadosamente respondidas de seu questionário torturante e Susana se recuperava de sua crise de choro. De repente, Susana via que Maicon e Laura estavam certos, ela precisava superar sua falta de fé em seu próprio passado, mas como? Sendo que mal conseguia pensar no nome de Aslam sem tremores de medo e rancor?

Certamente, isso seria algo no qual teria de se trabalhar. Olhando no pequeno relógio sobre a mesa, Susana viu que faltavam três minutos para o horário marcado para o jantar. Assustada, ela se levantou e, às pressas seguiu até o quarto de Laura, secando suas lágrimas pelo caminho.

Quando chegara ao quarto de Laura, Susana viu que a porta estava aberta e, ainda que muito hesitante, chegou mais próximo e assim, pode ver Laura sentada em sua escrivanhia, debruçada sobre seu caderno e dois livros abertos à sua frente, totalmente concentrada naquilo que escrevia. A frente de Laura, sobre a mesa ainda, estavam todos os volumes da coleção de livros raros que Edmundo deixou à ela. O aperto em sua garganta se fechou mais uma vez e Susana lutou contra isso.

—Laura? -Chamou ela, com delicadeza, sua filha de imediato ergueu a cabeça e olhou-a. Laura nota que sua mãe chorou novamente, mas a respeito disso, teve a delicadeza de não comentar nada.

—Sim, mãe?

Susana respira fundo. Em vista de como Laura reagira aquela manhã quando ela lhe avisara do jantar, talvez isto não seja boa ideia.

—Os Crawford chegaram à qualquer momento, será que você poderia ir recepcioná-los, filha? -Questiona Susana.

Laura hesita por um momento, mas por fim, aceita fazer isso.

—Já estou indo mãe, só vou terminar de copiar este artigo... -Diz Laura, voltando a escrever mais rápido por alguns segundos.

—Obrigada filha...

—Disponha mãe. -Laura diz, sem desviar os olhos do caderno. Susana se virou para retornar ao seu quarto, mas acabou parando e voltando.

—Laura?

—Mãe, eu já estou terminando aqui e já vou lá!

—Não, não é isso... -Susana diz, rindo por um segundo. -Eu... Só queria dizer que te amo e que você fica linda de vermelho. É isso.

Laura parou de escrever e olhou para sua mãe, surpresa.

—Ah, obrigada mãe... Eu também amo você.

Susana sorriu, um pouco mais tranquila.

—Eu... Vejo você lá embaixo, então?

—Tudo bem. -Diz Laura, com um sorriso.

Como prometido, Laura descia as escadas momentos depois, enquato Susana consertava o estrago que suas lágrimas causaram em sua maquiagem.

E foi bem na hora, pois assim que Laura pôs os pés no mesmo patamar da sala, a campainha tocou.

Heather apareceu no mesmo momento, pois era a encarregada de abrir a porta aos convidados. Dessa forma, Laura estava bem no meio do hall de entrada quando a família Crawdord entrou em sua casa, Laura engole em seco, imediatamente sentiu vontade de fazer um comentário sarcástico - como Nathan fez antes dela- às vestes de George e Evelyn ao vê-los entrar por primeiro, exagerados de mais, sérios de mais. Se obrigou a dar um sorriso e guardar seus pensamentos para si mesma.

A primeira à entrar foi a Sra. Crawford, vestida de um vestido azul berrante, um casaco de pele pardo e um chapéu da mesma cor do vestido, e esta foi seguida por Sr. Crawford, que por baixo de seu casaco vestia o smoking elegante demais para um simples jantar de negócios. Laura se perguntou quem mais viria para este jantar, um príncipe, talvez? Sua majestade real? Por fim, vinha Nathan, com trejes mais simples e mais discretos, o que agradou Laura mais do que ela se permitia imaginar.

—Bem vindos, Sr. e Srª.  Crawford, meus pais logo virão a nos prestigiar com suas companhias, em alguns instanstes,  mas por hora convido-os a desfrutar do tempo antes do jantar em nossa sala de estar.

Todos os Crawford se surpreenderam por ser Laura a recepcioná-los, cada um por razões diferentes. Evelyn sentia raiva por Laura ser tão bela quanto a mãe,  sua inveja -não havia termo melhor e mais direto de descrever o que esta sentia- em ver na família de Susana tudo o que ela quer, beleza, elegância e fineza, mesmo que ela já tivesse tais coisas, desejava sempre mais e mais; Evelyn era uma mulher amarga exatamente pelo fato de ela nunca estar satisfeita com o que tinha. George  estava surpreso em ver como aquela que um dia foi apenas uma garotinha mirrada agora tinha o porte e palavras de uma mulher elegante, digna da realeza, tal como a mãe, tais percepções em nada tinham lisonjeiras se vinham de um pai de família muito bem casado.

Mas ainda há esperanças, pois ainda havia Nathan, graças à Deus, que estava sim maravilhado com a beleza e fineza de Laura, feliz por ela estar presente naquela ocasião, apesar de os pais dele também estarem ali, e ainda assim, seus pensamentos tinham tamanho respeito para com a dama que os recepcionou que, na opinião desta humilde escritora, imagino que se Nathan deseja tanto reconquistar a afeição de Laura, ele está no caminho certo.

Tanto George quanto Evelyn se direcionaram para a sala, sem dizer absolutamente nada, ambos avaliaram o local tal como um agente infiltrado avalia um local potencialmente hostil, e apesar de odiarem isso, tinham de admitir que a família Willians tinha bom gosto. Evelyn passou a namorar as três estátuas (horrorosas) da estante e passou a imaginar como estas ficariam lindas sobre a lareira da sala de estar de sua casa. E George, ao se sentar sobre o sofá avaliou o quanto macio o estofamento era e ao mesmo tempo, tentou se imaginar com uma das Pevensie sobre seu colo bem ali. Sim (Eca!), isso é totalmente desagradável de saber, no entanto havia algo de se dizer? Esta é a mais pura verdade.

Ainda no hall de entrada, Nathan via como seus pais já se comportavam. Ele sabia muito bem como ler as entrelinhas nas feições das pessoas e as expressões de seus pais não lhe escapavam. Eles podem ter entrado e se ajeitado na sala sem nem mesmo cumprimentar educadamente à Laura, que olhava a tudo sem entender o que se passava com os pais de Nathan, entretanto, Nathan preferia que ela nunca viesse a saber. Com desgosto e sentido uma tremenda vergonha pela falta de respeito de seus pais, Nathan suspirou, sem graça.

—Olá princesa... -Diz ele, sorrindo, ainda meio sem saber direito o que dizer. -Você está deslumbrante esta noite.

—Olá lorde, obrigada por seu elogio, você também não está nada mal esta noite. -Diz ela, sorrindo. Nathan não se segurou e puxou-a para um abraço, o que pegou Laura de surpresa.

Laura hesitou, mas acabou aceitando o abraço e por fim, ela o abraçou pela cintura, como fizera na biblioteca mais cedo.

—Me desculpe por meus pais, Laura. -Sussurrou ele, próximo ao ouvido dela, Laura franze o cenho.

—Por quê? Eles fizeram algo de errado?- Sussurrou ela, entendendo que Nathan não queira que os pais dele o ouvissem.

—Tecnicamente -Nathan hesitou-, ainda não, mas quero saiba que o que quer que aconteça daqui em diante nesse jantar, eu sinto muito. Meus pais não estão de bom humor…

—Eles nunca estão, que novidade à nisso? -Diz Laura, o interrompendo. Nathan sorriu, Laura não havia se esquecido de nada mesmo, afinal.

—Sim -continuou ele, fechando os olhos, inibriado pelo perfume de sua princesa, desejando a proteger de qualquer coisa que fizesse mal à ela, mesmo que esta coisa fosse os próprios pais dele - mas desta vez, eles não estão com cara de quem pretendem manter a paz. Entende o que eu quero dizer?

Laura fechou os olhos com força, assim como apertou os braços em torno de Nathan, sentindo uma pontada de ansiedade e medo. Compreendeu o que ele queria dizer:

Seus pais convidaram duas máquinas de criar problemas para jantarem em sua casa e que estas mesmas máquinas fariam desta noite a mais difícil de ser superada.


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Notas finais do capítulo

Por hoje é isso
Até mais! ^^



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