O VHS Vermelho escrita por Heringer II


Capítulo 4
Revelado


Notas iniciais do capítulo

Este é o último capítulo da fanfic. Mas não é bem o último, afinal tem um epílogo que deixarei como "capítulo extra", aproveitarei as notas do epílogo para dar as considerações finais da fanfic, portanto, vamos logo ao capítulo, que está cheio de revelações!
Espero que gostem! ^^



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Ângelo e Alexander entram na sala onde George, Johnny e Edward estavam. Eles se assustam com o fogo. Edward tentava apagá-lo com um extintor.

— Mas o que diabos aconteceu aqui? - perguntou Ângelo.

— Digamos que tivemos uns probleminhas técnicos. - respondeu Johnny.

— Sr. Gaulf? - Ângelo e Alexander se impressionam ao ver Johnny no local. - O que está fazendo aqui? Por que fugiu da gente no hotel? E onde está a fita do Sr. William?

— Pode parar com os questionamentos, Ângelo. - disse Edward. - Não era Johnny o principal responsável. Era ele - aponta para Paul.

— E quem é ele?

— Meu nome é Paul Thompson. - responde.

— Paul foi quem ordenou que Johnny Gaulf roubasse o VHS vermelho. - completou Edward.

— Sr. Gaulf, isso é verdade? - perguntou Alexander.

— É sim.

— E onde está a fita?

— Aqui. - disse Edward, acabando de apagar o fogo.

Os olhos de Ângelo e Alexander refletiram a tristeza dos dois ao ver aquela plástico derretido que antes era a fita do piloto perdido.

— Vocês destruíram a fita? - perguntou Ângelo, furioso.

— Não acredito. - disse Alexander. - Vocês têm ideia da raridade que essa fita era? Da preciosidade que ela continha gravada? A única cópia existente do episódio foi destruída.

— Eu sei. - respondeu Paul. - Era essa a minha intenção.

— Mas... Por quê?

— Eu trabalho no departamento de administração da emissora que produziu o Batalhas Galácticas há 40 anos atrás. O motivo que me fez destruir o episódio é simplesmente manter a integridade das produções do nosso canal de televisão.

— Do que você está falando? - perguntou Ângelo.

— Nosso canal é destinado apenas para o público infantil e juvenil. Batalhas Galácticas tem este como público alvo também. O episódio piloto produzido pelo Sr. George William, porém, possuía um teor adulto. Com cenas altamente violentas e até nudez explícita. Imagine como seria se as crianças que assistem nosso canal ficassem sabendo da existência desse episódio?

Alexander se lembrou de um caso parecido com o desenho Tiny Toons: o polêmico episódio "One Beer". Na trama, os personagens do desenho apareciam comprando cerveja e bebendo. No final, morrem em um acidente automobilístico. Detalhe: isso em um desenho infantil! A ideia, lógico, era alertar as crianças sobre os riscos da combinação álcool-direção. Mas o enredo ficou tão pesado para um episódio de desenho infantil, que a Warner acabou banindo o episódio.

— E precisava destruir o episódio para evitar isso? - questionou Ângelo.

— Não. Não precisava. Mas George não estava disposto a entender nosso lado. Quando ficamos sabendo que ele planejava revelar o episódio ao público, conversamos com ele para que mudasse de ideia. Não o fez. A única opção que encontramos foi destruir a fita. Por isso mandei alguém de minha confiança que trabalhava na emissora, no caso, o Sr. Johnny Gaulf, para roubar o episódio. Realmente, nossa atitude foi muito extrema, mas isso só porque o Sr. William não quis cooperar.

— Não quis. E ainda não quero. - disse George, quebrando o silêncio que fazia até então.

— O que disse, Sr. William? - perguntou Edward.

William tira de seu casaco uma fita vermelha catalogada como "Batalhas Galácticas - Piloto Não Transmitido". Todos ficaram surpresos.

— Como assim? - perguntou Paul, indignado.

— Eu já sabia que vocês da emissora estavam tramando isso. Obrigado por me informar, Johnny.

— Você disse a ele o nosso plano? - Paul perguntou para Johnny.

— Sim. Eu disse ao Sr. William tudo o que você havia combinado comigo. George é meu amigo, não faria isso com ele.

— Então. - disse George. - Após ficar sabendo do seu plano, criei uma fita vermelha falsa. Essa que foi derretida no fogo, na verdade é uma fita virgem. O episódio está na verdade gravado nesta fita que tenho em mãos. E eu irei sim mostrá-lo ao público, independente do que vocês da emissora venham tagarelar no meu ouvido.

— Sr. William, por favor, pense no nosso público. - disse Paul.

— Ah! Faça-me o favor! - disse George. - Vocês não estão nem aí para o público. A verdade é que vocês sempre negligenciaram meu trabalho. Nunca me deram a liberdade criativa que eu precisava. Pegaram minha ideia original e transformaram numa máquina de fazer dinheiro. Tanto é que quando a minha série parou de lucrar, vocês a descartaram como se fosse lixo. Nem ligaram para a audiência, que era grande. Nem me permitiram tentar fazer mudanças para tentar fazer a série se elevar.

— Mas isso te salvou financeiramente. - retorquiu Paul.

— De fato, tenho orgulho do que minha série se tornou, e sei que ela não chegaria até onde chegou se as devidas mudanças da emissora não fossem feitas. Mas quando eu decido mostrar minha ideia original para os fãs, tentam me impedir a todo custo. De fato, a qualquer custo!

— Escute, George...

— Ainda não acabei, Paul! Evitar que as crianças o vejam? Esse é o seu argumento para justificar o roubo do meu episódio? Oficial Sanders, quantas crianças haviam no local na hora do evento?

— Na verdade, não havia nenhum menor de idade na hora da palestra. - respondeu Edward.

— Mas elas podiam assistir pela internet. - disse Paul.

— Existem versões adultas de personagens como o Batman, Scooby-Doo e até dos Power Rangers. Todos eles foram originalmente feitos para crianças, mas existem animações e HQs do Batman repletas de violência, existem versões do Scooby-Doo com monstros mais assustadores e realistas, existe um fan-film dos Power Rangers repleto de violência e morte, isso, claro, voltado para adultos. Os pais não podem simplesmente evitar que os filhos vejam esse conteúdo? Este episódio nunca será exibido em sua emissora, então por que não posso exibí-lo num telão e disponibilizar ele para os fãs que, ressaltando mais uma vez, são todos maiores de idade?

Paul permanece calado.

— Eu gostaria de me desculpar com o policial Sanders. Desculpe colocá-lo nesse caso sem precisão. E também peço desculpas aos meninos.

— Está tudo bem, Sr. William. - disse Edward, falando por si e pelos rapazes.

— Como pedido de desculpas melhor, quero convidar vocês três para assistir o episódio agora.

— Agora? - perguntou Alexander.

— Sim. Na sala ao lado tem um televisor em perfeito estado. Podemos assistir lá. Está convidado também, Johnny.

— Seria um prazer.

— Você também pode vim. - disse, olhando para Paul.
 
O homem não diz nada, mas acompanha os cinco. Eles vão para a sala ao lado, onde tinha um televisor. Era um daqueles bem antigos, pequenos com formato de tubos.

— Quer que eu vá pegar o aparelho de VHS, Sr. William? - perguntou Edward.

— Não. Nós não vamos assistir à fita.

Todos ficaram confusos. Nesse momento, George tira do seu casaco um DVD pirata.

— O que é isso, George? - perguntou Paul.

— Vocês acham mesmo que eu não iria fazer uma cópia da fita mais importante do meu acervo? Gravei o episódio neste DVD justamente para evitar que ele se perdesse. Além disso, iria desgastar menos a fita VHS.

— Então, sempre ouve uma cópia em DVD do episódio? - perguntou Alexander.

— Não só em DVD, Alexander. No meu notebook está salvo uma versão digital do episódio também.

— Então por que fez todo esse alvoroço com o roubo da fita? - perguntou Ângelo.

— Para que pensassem que de fato eu não sabia do plano deles. - disse George, olhando para Paul. Agora, todos estão acomodados?

Todos respondem afirmativamente, sentados em um sofá velho, com exceção de Paul, que permanecia em pé e em silêncio.

— Vamos começar.

George coloca o DVD e aperta play.

Na televisão, o nome "carregando..."

"Carregando..."

"Carregando..."

"Preparando leitura do disco..."

Todos estavam ansiosos. Os mais entusiasmados eram Ângelo e Alexander. Passaram a noite à procura dessa fita, agora finalmente poderiam assistir o tal episódio perdido.

"Preparando leitura do disco..."

"..."

"..."

"Erro ao reproduzir conteúdo do disco."

Isso foi um banho de água fria nos nervos daqueles que esperavam para ver o episódio.

— Opa, me desculpem. - disse George, meio sem jeito. - Eu coloquei o DVD numa posição errada.

George corrigiu a posição do disco. Apertou o play.

"Fechando entrada do aparelho."

"Carregando..."

"Carregando..."

"Preparando leitura do disco..."

O painel do DVD dá lugar à uma tela preta. Finalmente. O episódio estava começando.

Logo de início podia-se notar a primeira peculiaridade do episódio piloto. Ele não tinha abertura, diferente de todos os outros lançados. O episódio inicia com o enorme logotipo "Batalhas Galácticas". A imagem estava um pouco manchada, com todas aquelas listras que normalmente aparecem em gravações de fitas VHS. A primeira cena era da escuridão do espaço, até ser possível ver a nave que levava os protagonistas da série aparecer no fundo da tela e ir se aproximando da câmera até ficar bem detalhada na imagem do episódio.

Há um corte, e somos longo apresentados ao interior da nave. Também era diferente do que foi no restante dos episódios. A nave aqui possuía uma atmosfera mais escura e densa. Parecia que estavam assistindo à uma cena do filme de terror "Alien - O Oitavo Passageiro".

A câmera vai até o quarto do protagonista, interpretado por Johnny Gaulf (que assistia à cena atenciosamente). Ângelo e Alexander ficaram impressionados. A cena mostrava o personagem de Johnny deitado junto à uma coadjuvante alienígena na cama. A cena era a mesma imitada por várias outras produções de Hollywood: o casal deitado, sem roupa, com uma coberta e a mulher usando o lençol para cobrir os seios; a câmera filmando do ângulo de cima.

A alienígena adormecia, e então toca uma espécie de sirene, que faz o personagem de Johnny se levantar. A câmera, por alguns momentos, mostrava um pouco do corpo nú do ator.

Ângelo e Alexander assistiam aquilo impressionados. Referências a sexo e nudez explícita em um episódio de Batalhas Galácticas!?

O personagem se veste e vai até o centro de comando da nave, onde se reúne com os demais membros que formam a equipe que protagonizam as aventuras da série. Esse cenário também era diferente nesse episódio. Assim como o resto da nave, tinha uma atmosfera bem densa.

— Capitão. Detectamos um ataque inimigo nos territórios do planeta Efesper-9. - dizia uma das personagens.

— Temos que ir até lá. - dizia Jamie, o personagem de Johnny Gaulf. - Devem ser os Midyans, aqueles malditos filhos da...

Palavrões? Em um episódio de Batalhas Galácticas? Só pode ser brincadeira!

— Capitão. - um outro personagem começa a falar. - Nossos radares detectaram um número de aproximadamente 5 mil naves inimigas sobrevoando o planeta Efesper-9. Se for realmente um ataque dos Midyans, trata-se de um ataque de grande escala.

— Então, temos que estar preparados. Preparem todas as armas da nave, imediatamente!

— Capitão! Isso não é hora de ser impulsivo, po**a! - disse outro personagem, mais uma vez utilizando linguagem vulgar. - Se vamos de fato tentar resolver esse problema, o melhor a fazer é tentar entrar em contato com os Midyans e procurar o máximo possível corrigir isso de maneira pacífica.

— Escutem. Essa m***da de negociações pacíficas não funciona! - dizia Jamie.

A personalidade do papel que Johnny interpretava era muito diferente. Na série, Jamie Hanks assume a postura de líder sensato, que sabe a hora de agir e como agir. Era difícil acreditar que aquele que aquele personagem violento, impulsivo e boca suja era a ideia original para Jamie.

— Senhor, atacar uma nave alienígena sem dar pelo menos um aviso de ataque pode fazer eles se irritarem e decidirem descontar essa raiva na Terra. E se declararem guerra contra o seu planeta? Com certeza a humanidade não terá muitas chances contra um exército de alienígenas com tecnologia anos-luz à sua frente.

— Está bem, droga! - disse Jamie. - Se isso os faz feliz, que seja! Entrarei em contato com o líder Midyan agora mesmo.

Jamie sai, deixando o resto da tripulação, que começa a falar sobre seu líder.

— Eu não sei quanto a vocês, mas não estou gostando da liderança do Capitão Hanks.

— Eu também não. Ele está assumindo mais uma postura de chefe do que de líder.

— Talvez seja hora de retirarmos ele do posto de comando.

Enquanto isso, na sala de comunicações, Jamie entrava em contato com líder dos Midyans. Eles se comunicam através de uma tecnologia de telefone com holograma.

— Quem está nos contatando? - perguntava o líder deles, aparecendo na tela.

— Sou eu. Jamie Hanks. Líder do Serviço de Proteção Cósmica.

O Serviço de Proteção Cósmica, na série, era a organização para qual a equipe liderada por Jamie trabalhava. Sua função era proteger a Terra de ameaças extraterrestres. Os maiores inimigos deles eram a raça alienígena Midyans. Pelo menos isso não parecia ter mudado nesse episódio.

Os Midyans, porém, tinham nesse piloto um visual bem mais assustador. Possuíam um rosto desfigurado, cheios de cicatrizes e uma boca sempre babando.

— Diga o que quer, ser humano. - dizia o líder dos Midyans.

— O que estão fazendo no planeta Efesper-9? Nossos radares indicam que estão travando batalhas. 

— De fato. Nós decidimos que a partir de hoje, o planeta Efesper-9 está sob o nosso domínio. Da mesma forma que a longo prazo, todo o resto da galáxia também estará.

— A missão do Serviço de Proteção Cósmica é manter a paz na galáxia. Vocês devem se retirar de Efesper-9 imediatamente. Qualquer atitude que contrarie essa ordem será considerada uma declaração de guerra.

— Então, que assim seja. Estamos em guerra.

O líder dos Midyans desliga. Jamie vai até o painel da nave e avisa à toda a tripulação que o Serviço de Proteção Cósmica entrou em guerra contra o exército Midyan.

O restante da tripulação vai até o local onde Jamie estava.

— O que estão fazendo aqui? - perguntou o capitão. - Deveriam estar em seus vestiários preparando o traje de batalha. Não ouviram? Estamos em guerra!

— Escute,  capitão. - disse um dos tripulantes. - Declaro em nome de todos aqui presentes que sua autoridade como capitão desta nave está em posição duvidosa.

— Do que estão falando?

— Recusamos obedecer suas ordens, capitão. Iremos sim lutar na guerra, mas por conta própria.

— Deixa eu ver se eu entendi. Vocês estão organizando um motim?

— Exatamente.

— Isso é crime!

— Um crime que estamos dispostos a cometer, se ele trouxer benefícios a todos.

— E que tipo de benefícios acham que conseguirão?

— Uma liderança mais competente.

Todos deixam Jamie sozinho na sala, enquanto pegavam suas mini-naves e iam em direção ao planeta Efesper-9.

Nesse momento, Alexander e Ângelo não puderam deixar de notar os efeitos especiais do episódio. Estavam realmente incríveis para uma série de 1977, e comparado aos outros episódios da série, estavam muito superiores. Dava pra ver que boa parte do corte financeiro que a emissora fez atingiu o departamento de efeitos especiais. Estavam tão bons que podiam até mesmo ser comparados aos de Star Wars.

A equipe chega ao planeta Efesper-9. Esse planeta nunca mais apareceu no restante da série; possuía uma atmosfera escura, até mesmo o solo era negro. Na cena, mostravam vários soldados Midyans assassinando os habitantes daquele lugar. As cenas de morte eram muito reais, além de serem bem detalhadas. Pareciam que estavam assistindo um filme de terror, os efeitos de sangue jorrando e de cabeças sendo decaptadas eram muito parecidos com os efeitos dos antigos filmes das franquias "Sexta-Feira 13" e "A Hora do Pesadelo".

A equipe de Proteção Cósmica começa a disparar contra os Midyans; mais uma sequência cheia de violência. O líder deles aparece.

— Ora, ora, ora. Se não são a equipe de protetores cósmicos. - dizia o líder dos Midyans, sarcasticamente.

— Em nome do Serviço de Proteção Cósmica, ordeno que pare com essa matança imediatamente!

— E quem vai me impedir? Vocês? Aliás, onde está o terráqueo que os lidera?

— Nós estamos aqui. É o que importa. Nós deteremos vocês!

Inicia-se uma batalha entre os Midyans e os protetores cósmicos. Uma cena de luta inquietante; eram vários guerreiros alienígenas, parecia aqueles épicos filmes de época, mas em vez de soldados medievais, tínhamos alienígenas horrendos. A cena de luta é repleta de sangue, membros arrancados dos corpos, espadas perfurando o peito, raios laser explodindo cabeças.

Era uma sequência impressionante em dois sentidos. Era impressionante porque todos os outros episódios da série não tinham esse grau de violência, também era impressionante porque a fotografia e os efeitos especiais eram de tirar o fôlego. De fato, não pareciam que estavam vendo um episódio de Batalhas Galácticas, se assemelhava mais a um filme épico de ficção científica. Alexander imaginou como seria se Batalhas Galácticas seguisse naquele modelo pelo restante da série; gravar esse piloto não deve ter sido barato, se a série permanecesse com esses efeitos pelas próximas temporadas, iria com certeza ser uma das séries mais caras da história.

O líder dos Midyans encurrala os protetores, preparando sua arma ara atirar neles.

Nesse momento, é impedido por Jamie, que aparece pilotando sua mini-nave.

— Capitão! - todos diziam, esperançosos.

Jamie desse da sua nave e começa um combate corpo a corpo com o Midyan. Alexander e Ângelo não conseguiam nem piscar. A luta entre os dois podia ser comparada à batalha entre Luke Skywalker e Darth Vader em "Star Wars - Episódio V: O Império Contra-Ataca" ou a luta final entre Simba e Scar em "O Rei Leão".

O líder dos Midyans joga o capitão e o imobiliza no chão. Pega sua arma e mira na cabeça de Jamie. Nesse momento, todos imaginavam que iria rolar alguma reviravolta. Talvez o capitão Hanks fosse jogá-lo com os pés pra longe, ou quem sabe escapar por baixo e imobilizar o Midyan pelas costas.

Não...

É nesse momento que ocorre a cena mais chocante do episódio. O líder Midyan explode a cabeça de Jamie com sua arma.

Os outros tripulantes, após verem o ocorrido, aproveitam a distração dos alienígenas e voltam para as suas naves.

Todos que assistiam se surpreenderam. Até mesmo George, Johnny e Paul, que já sabiam o que iria acontecer se espantavam com a cena.

O policial Edward nem sequer pôde olhar. Os efeitos da cabeça explodindo eram tão reais, que ele preferiu virar a cara.

A cena seguinte se passa no funeral do capitão. Todos estão cabisbaixo olhando o seu corpo sem cabeça. No fundo, é possível ouvir uma voz:

"Acabamos de receber a notícia que o planeta Efesper-9 foi totalmente controlado pelos Midyans. Eles estão indo em direção ao Sistema Solar."

Enquanto o corpo do general ia sendo cremado, todos os outros tripulantes olhavam penosos. Até que um deles, se destacando dos demais, diz em voz alta:

"O capitão Jamie Hanks se sacrificou por nós, mesmo depois de termos feito aquele motim. Prometo que não descansarei até que a gente o vingue. Não pararemos até que o último Midyan esteja morto!"

Corta para a nave deles. A câmera vai se distanciando até que a espaçonave some em meio à escuridão espacial.

Sobem os créditos finais.

Após o episódio acabar, George retira o DVD do aparelho e o guarda.

— Então é isso? - perguntou Alexander. - Era assim que você pensava que sua série deveria ser?

— Era exatamente assim. O restante da história da série iria girar em torno deles procurando vingar a morte do capitão. - respondeu George.

— Então, na ideia original eles não seriam justiceiros, mas sim, vingadores? - perguntou Edward.

— Exatamente.

— E toda essa violência? - perguntou Ângelo.

— Minha ideia era que a série fosse produzida para adultos. Esse era o público-alvo original. Como não aceitaram, tive que adaptá-la para se adequar ao público jovem.

— Os efeitos eram incríveis. Não parecia um episódio de série, eu me senti vendo um filme. - comentou Edward.

— Essa era a minha intenção. Eu queria que Batalhas Galácticas fosse ousada, chamativa e polêmica. Por isso coloquei nudez e violência explícita no piloto.

Alexander se lembrou de "Game of Thrones", série da atualidade famosa por esses mesmos motivos.

— Agora entendem por que eu não queria que esse episódio fosse divulgado? - disse Paul.

— Mesmo assim, ele será. Obrigado pela investigação, rapazes, mesmo ela sendo desnecessária.

— Não tem problema, Sr. William. - disse Alexander.

— Ah, tem sim. Por isso acho que devo recompensá-los melhor. Já avisei a imprensa que farei outra palestra amanhã. Agora sim, o episódio será mostrado ao público. E todos vocês ganharão entradas VIPs. Inclusive você, Edward. Não vai precisar ficar cuidando da segurança amanhã.

— Agradeço muito, senhor. - disse Edward.

— Muito obrigado! - agradeceu Ângelo.

— E para você, Alexander, tenho algo que poderá te agradar ainda mais.

George entrega para Alexander um celulóide* de um episódio de Bob Esponja. Tratava-se do episódio "Sleepy Time", mas tinha um porém, o celulóide em questão era de uma cena que não estava no episódio, ou seja, uma cena cortada! Pode ser algo simples, mas para um colecionador de mídias perdidas, era um tesouro inestimável.

— Uau! Onde conseguiu isso, Sr. William? - perguntou Alexander.

— Em uma das minhas viagens ao Estúdio Nickelodeon.

— Eu agradeço muito, Sr. William.

— E quanto a você, Paul. Pode avisar lá na emissora que esse episódio piloto será sim mostrado ao público. Independente do que aconteça.

*

Alguns minutos depois, Ângelo e Alexander estavam do lado de fora esperando Edward, que iria levá-los de volta. Enquanto o policial conversava com George, os dois jovens também batiam um papo.

— Onde você mora, Ângelo?

— Brasil.

— Em que parte do Brasil?

— Nordeste. Mais especificamente, no Rio Grande do Norte.

— Dizem que é um país lindo.

— Deveria ver o carnaval e as festas juninas, são incríveis. E você, onde mora?

— Aqui mesmo em Nashville. No outro lado da cidade, para ser mais exato.

— E o que vai fazer depois disso tudo?

— O que sempre fiz. Continuarei colecionando mídias perdidas. E você?

— Acho que vou reassistir Batalhas Galácticas.

— Sério? Depois disso tudo você ainda pensa em Batalhas Galácticas?

— Tá brincando? Depois disso tudo, aí sim eu vou querer assistir mais Batalhas Galácticas.

Edward chega.

— Muito bem, meninos. Vamos embora. - disse o policial.

Os três entram na viatura e seguem viagem.

*

No dia seguinte, Edward reencontra Alexander e Ângelo na área VIP do salão. George se preparava para a palestra.

— Bom dia a todos. - disse, iniciando o discurso. - As últimas 24 horas foram bem agitadas, mas agora finalmente estamos prontos.

A platéia aplaudiu.

— Vamos assistir ao episódio perdido logo em seguida. Mas antes que eu me esqueça, darei a vocês a outra notícia. A novidade surpresa que tinha lhes prometido. Assinei um contrato com um serviço de streaming, onde dou a eles todos os direitos da série Batalhas Galácticas, e eles me disseram que possuem interesse em reviver a série. Pessoal, "Batalhas Galácticas" terá um reboot! E eu mesmo me encarregarei do roteiro.

Mais aplausos, desta vez mais animados, com direito aqueles assobios que sempre dão.

— Mais uma vez, peço que retirem os menores de idade do local, caso haja ainda algum por aqui. Agora sentem-se, vamos assistir o episódio.

O projetor, ligado ao aparelho VHS começa a mostrar para todos o episódio.


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Notas finais do capítulo

* Celulóide: screenshot de uma animação, que quando passada em grande velocidade com vários outros celulóides, dão a impressão de movimento ao desenho. A técnica foi usada em praticamente todas as animações profissionais, até ser substituída pela animação feita por computador, que dura até hoje.



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