Nova Iorque, 4 de Junho de 2011

—Eu... eu... - começou Isabella, mas antes que se conseguisse lembrar de uma resposta para a pergunta do namorado, lembrou-se de um pormenor mais importante. -Isso não interessa, o que interessa é como é que tu sabes??

—Isso não interessa?? Isabella... - repreendeu ele com voz indignada. - Tu aleijaste-te e não me disseste nada tive de saber pelos... tive de saber por outros meios que a minha namorada estava no hospital depois de ter sido atropelada aliás depois de se ter atirado para a frente de um carro!

—Primeiro eu não me atirei. Segundo: a culpa disto tudo é exclusivamente tua! - disse ela irritada.

—Como é que a culpa pode ser minha se eu nem estava lá?? - disse Edward num tom mais alto.

Bella ia responder quando uma enfermeira entrou no quarto.

—Desculpem, mas tenho de vos pedir que moderem o tom de voz. - disse ela de modo delicado, mas com firmeza. - Os outros pacientes estão a ficar incomodados.

—Nós nem estávamos a gritar... e ele só chegou há dois minutos. - disse Bella. Como é que as pessoas podiam já estar a reclamar?

—Menina, isto aqui é um hospital. As pessoas estão doentes e não é da sua conta se eles se incomodam com pouca ou muita coisa. Moderem o tom de voz. - disse a enfermeira já de modo mais rude, mas nem Bella nem Edward retrucaram. O que a senhora dizia era verdade.

—Desculpe. Nós de facto excedemos o tom de voz. Exaltámo-nos um pouco, não volta a acontecer. - disse Edward sério com um sorriso apologético nos lábios.

— Obrigada Senhor Cullen. - disse a enfermeira já de modo, novamente, gentil. - Menina Swan, precisa de alguma coisa? Alguma dor? Algo para comer?

—Não obrigada. Na realidade, só quero descansar. - disse ela sorrindo para a enfermeira e de seguida olhou torto para Edward.

—Muito bem. Eu vou deixá-la descansar. Qualquer coisa não hesite em chamar-me senhor Cullen. - disse a senhora e abandonou o quarto.

—Mas... - começou Bella, mas a enfermeira já tinha saído. - Ela devia ter-te levado junto.

—Isabella eu sou o teu acompanhante. Vou ficar aqui contigo.

—Mas... espera como é que ela sabia quem tu eras?

Edward riu-se e aproximou-se de Bella.

—Achas que toda a gente que vem parar ao hospital vai parar a um quarto individual? - perguntou retoricamente ele. -Mal soube que te tinhas aleijado, tratei logo de melhorar as tuas acomodações.

—Eu...

—Bella, descansa. - disse ele- O que quer que tenha acontecido pode esperar por amanhã para ser explicado. Eu estava nervoso, não devia ter chegado aqui a exigir que me desses todas as respostas, não quando estás magoada e dopada.

—Ei! Eu não estou dopada, estou totalmente capaz de ter uma conversa coerente. - disse ela.

—Pronto foi uma má escolha de palavras. - disse ele e acariciou-lhe o rosto. - Descansa morenita. Eu vou estar aqui a proteger-te.

Bela queria dizer que não o queria ali. Que ele era um mentiroso. Que a culpa era dele. Que ela não precisava de proteção nem do carinho dele. Mas não conseguiu. Não conseguiu porque ela sabia que nada disso era verdade. Ela sabia que mesmo ele sendo misterioso, quem sabe mentiroso, ela o amava com todo o coração. Que o ia perdoar por tudo.

—Obrigada por estares aqui. - disse ela e num gesto carinhoso, agarrou a mão dele que ainda estava na sua cara e beijo-a delicadamente. -Eu...

Mas aquela palavra não saiu. Não porque não era sincera, pelo contrário, a sinceridade do sentimento de Bella era tanta que ela sabia que aquele não era o momento para o expressar. Não em voz alta. Não quando ainda havia coisas por resolver entre eles.

—Eu sei baby... eu também te adoro. - disse Edward sorrindo carinhosamente.

Bella adormeceu com o cafuné de Edward e com o cheiro do mesmo à volta dela e a impregnar os seus sonhos.

(...)
Nova Iorque, 5 de Junho de 2011

—Muito bem Menina Swan, a menina vai ter a sua alta! Não teve qualquer sintoma que indique algum traumatismo mais grave, mas de qualquer maneira é bom que se mantenha atenta, qualquer coisa fora do comum pode e deve vir cá, sim?

—Obrigada Doutor. - Disse Bella. Edward estava ao lado da morena com o braço a rodear-lhe a cintura.

Desde que a noite passada, quando ele apareceu de surpresa naquele hospital e que eles tinham começado uma discussão interrompida pela enfermeira, que não falavam mais no assunto que iniciara a discussão.

Após o médico sair, depois de dar todas as instruções a Bella e Edward por causa do braço, Bella arrumou a mala, que Jacob lhe tinha trazido no dia anterior, com a ajuda do namorado.

—Vamos? - perguntou o ruivo estendendo-lhe a mão.

—Sim. - disse Bella.

O caminho foi feito em silêncio, cada um imerso nos seus pensamentos, tão imersos que Bella demorou algum tempo a perceber que Edward não a estava a levar para casa dela, mas sim para casa dele.

—Porque é que não estamos a ir para minha casa? Eu quero ir para minha casa. - disse Bella.

—Nós precisamos de conversar... e a Angela e a Victoira já estão no vosso apartamento, por isso achei que na minha casa teríamos mais privacidade.

—Como é que sabes que elas já chegaram? - perguntou Bella. - Tu não saíste um minuto de ao pé de mim.

—Bella, não te preocupes com isso sim? - disse ele e voltou a encarar a estrada.

Rapidamente chegaram ao confortável apartamento de Edward. Mais uma vez ela não pôde deixar de notar que as coisas estavam meticulosamente arrumadas, tal como ela havia deixado da ultima vez que estivera ali. O olhar de Bella percorreu toda a sala à procura de algum sinal que pudesse indicar que a rapariga de cabelos pretos curtos tinha estado ali, mas não havia nada...talvez no quarto... os pensamentos da morena foram interrompidos pela voz de Edward.

—Queres comer alguma coisa?

—Hum... não obrigada. - disse Bella e pela primeira vez desde que ela e Edward tinham resolvido as coisas entre eles, ela sentiu-se uma estranha naquela casa. Não sabia o que fazer, estava ali em pé, olhava para um lado e para o outro, mudava o seu peso de uma perna para a outra e agarrava a sua mala com a mão direita como se esta fosse fugir.

—Bella, podes descontrair? - disse Edward depois de longos minutos a observá-la. - Não é a primeira vez que estas aqui não entendo o nervosismo.

Nem ela própria entendia o porquê de estar assim.... aliás....

—Edward eu gostava de ir para casa. - disse ela de forma determinada.

—Não vais. - disse ele. - Nós temos de falar.

—Não temos nada ... por favor leva-me a casa.

—Já disse que não.

— Então se não me levas eu vou sozinha. - disse ela e virou-se, Edward foi mais rápido e impediu-a de dar um passo puxando para ele.

—Não vás, nós temos de falar. - disse com a voz serena, mas com alguma determinação.

—Edward tu queres falar de quê? - interrogou ela de forma exaltada. - É porque tu nunca queres falar, porquê essa urgência agora?

—Porque eu sei o que viste ontem Bella. Eu sei... e não é nada do que tu pensas...