Florença, 12 de Outubro de 2011

—Amore mio. - chamava voz de Edward. A morena mexeu-se na cama, mas, e ao contrário do que queria, não conseguiu virar-se. O seu namorado estava encostado a ela, e assim que Isabella abriu os olhos viu que ele a olhava deitado na cama com o cotovelo apoiado na almofada. - Buongiorno.

—Buongiorno. - repetiu Bella, os dias que passara em Itália (e as aulas de Edward) fizeram com que ela já soubesse dizer algumas palavras e entender umas tantas outras. - Temos mesmo de ir embora?

—Nós vamos voltar morenita. Juro que vamos. - disse ele. -Mas antes de irmos embora ainda temos um dia inteiro pela frente, o nosso voo é só as 11:30 da noite.

—Não achas que podíamos passar o dia aqui? - disse ela, sussurrando sensualmente.

—Morenita, morenita.... - sussurrou ele de igual modo. -Acho que podemos adiar um pouco a nossa saída sim...

E os lábios dele tocaram nos dela. Rapidamente não era só nos lábios que ele tocava. Edward percorreu todo o corpo da sua amada com calma, já a tinha tocado assim milhares de vezes, mas em todas elas ele perdia tempo a beijar e adorar cada pedaço da sua morenita.

A manhã foi passada no quarto que os acolheu por duas semanas. Era um quarto que se pudesse falar tinha demasiadas histórias para contar. Não eram só histórias de sexo e amor, essas também existiam claro, mas com elas vinha histórias de amizade, cumplicidade, intimidade que ia além dos toques e gemidos.

As duas semanas, tinha servido para compartilhar segredos e pensamentos de ambas as partes. Edward galou muito mais sobre a sua família e Bela sobre o que pensava sobre isso. Embora apenas um ano tivesse passado desde que se conheciam, tanto a morena como o ruivo sentiam que se conheciam há muitos anos. A intensidade da sua relação e todas as coisas que tinham acontecido eram as culpadas disso.

Durante este tempo afastados, Bella conseguiu ainda abrir-se mais com o namorado sobre o que sentia pelo rapto. Ela admitiu que em nenhum momento o conseguiu culpar a ele ou a nenhum elemento da sua família. Sim, a culpa era por causa de todo o que eles representavam, mas não tinham sido eles a raptá-la... Algumas pessoas poderiam não entender o ponto de vista da morena, mas a partir do momento em que ela aceitou Edward e todo o seu passado e futuro, querendo ou não, ela também aceitou o significado da família do mesmo. Isso não significava que ela gostasse dele, só queria dizer que o amor dela pelo ruivo era capaz de passar esse pequeno grande obstáculo.

—Vamos comer alguma coisa? - perguntou o ruivo acariciando os cabelos morenos da sua namorada.

Isabella estava com a cabeça encostada ao peito dele, os seus olhos estavam fechados enquanto ela aproveitava os mimos que o namorado lhe dava.

—Sim, pode ser... - murmurou ela com alguma preguiça.

Os dois levantaram-se e após tomarem um banho e vestirem as roupas que já tinham sido deixadas fora das malas no dia anterior.

—Buongiorno Alessandra- disse Edward ao chegar à cozinha, os dois começaram a falar nos seus italianos perfeitos. A rapariga com cerca de trinta anos era a nova governanta da casa juntamente com o seu marido, Pietro. Ambos tinham passado a tomar conta do lugar após os pais de Pietro terem falecido.

Bella afastou-se indo até à grande sacada que se localizava na sala adjacente à cozinha e ficou a admirar, mais uma vez, a paisagem.

—Tu gostaste mesmo...- sussurrou o ruivo atrás dela, assustando a pobre morena. - Desculpa, não te queria assustar.

—Eu estava distraída. - respondeu ela, e virou-se para encarar o namorado. - Claro que gostei mesmo disto ruivinho. Isto é lindo, não há como não gostar...

—Podemos voltar nas próximas férias!

—Se o teu pai deixar. - sussurrou ela, estando próxima da volta a terras americanas era impossível não pensar que Edward ia deixar de ser só dela, e passar a ter as suas responsabilidades.

—Todos temos direito a algumas férias... já te disse que não te quero preocupada com a minha relação com o meu pai. Há coisas que não podes mudar e que não tem haver contigo.

—Mas agora têm, Edward!

—Não, não têm. As divergências entre mim e o meu pai estão relacionadas com todas as expetativas que ele tem em relação a mim, ele gosta de ti Bella. Sei que pode não parecer, mas ele gosta, ele sabe que me fazes feliz e que desde que estamos juntos eu não sou mais aquele rapaz sem ambições eu sou um homem que tem a maior ambição que alguém pode ter na vida, cuidar da sua mulher e dar-lhe um bom futuro.

Bella sorriu e abraçou o namorado, os braços dele rapidamente rodearam a cintura dela aproximando-a mais dele. O ruivo beijou a testa da namorada e os dois ficaram abraçados em frente à enorme janela até que a cozinheira os veio chamar para o almoço.

Como sempre, o almoço foi maravilhoso. Isabella não sabia se era por causa da cozinheira, dos produtos ou das receitas, só sabia que todo o que tinha comido nas últimas semanas se assemelhava muito a perfeição. Após o almoço os dois despediram-se de todos os empregados da casa. Alessandra e Pietro despediram-se dos patrões já com as saudades dos mesmos. Pietro sempre vivera naquela casa e tinha convivido com os Masen e com Edward desde pequeno. Embora ele fosse subordinado deles, nunca ninguém da família o tratou de maneira diferente, brincavam e conversavam com o rapaz normalmente.

A morena e o ruivo chegaram ao centro de Florença cerca de uma hora depois. Os dois foram deixados no centro da cidade pelo motorista que mais tarde os viria buscar e levar ao aeroporto. Tanto Bella como Edward queriam aproveitar ao máximo as últimas horas naquela cidade maravilhosa.

Passearam por alguma igrejas e monumentos aos quais não tinham ido na primeira visita, revisitaram aqueles que mais gostaram embora que de modo rápido. A meio da tarde pararam numa gelataria e deliciaram-se com um gelado cremoso e suave, diferente de todos os outros que já tinham comido. Ali tudo parecia melhor, talvez fosse mesmo por ser melhor ou apenas tudo tivesse um gosto melhor por eles estarem mais livres e felizes ...

Com o passar das horas, e embora Edward ainda tivesse o sorriso maravilhoso nos lábios e os olhos a brilharem de animação, o ruivo foi ficando cada vem mais nervoso. Isabella notou, mas pensou que fosse apenas por o regresso a casa estra cada vez mais próximo. Ela também estava nervosa, depois de dias a fio num mundo só deles tinham de ir enfrentar o mundo lá fora. Lidar com os problemas que surgiram. Podiam ser muitos, mas Bella sabia que não importava o tamanho ou a quantidade deles, eles sempre se teriam um ao outro.

—Vamos à ponte Vecchio? - perguntou Edward nitidamente ansioso.

—Sim claro... - respondeu Bella estranhando o comportamento do namorado.

Os dois andaram algum tempo até que chegaram à ponte. A construção era rodeada por várias casas antigas e na ponte existiam vários cadeados. Isabella e Edward caminharam pela ponte, viram a paisagem e tiraram várias fotos com o rio Arno de fundo. Ora juntos, ora separado. Fotos que marcavam o último dia de uma etapa e o inicio de uma nova.

—Bella... -Chamou Edward. Bella estava a andar mais a frente que ele e parou assim que ouviu o seu nome.

—Sim? - perguntou a morena.

—Eu sei que é algo muito clichê, que acontece em quase todas as pontes de quase todos os países, mas... eles aqui têm uma tradição...

Bella sorriu já sabendo onde ele queria chegar, ela já tinha notado os cadeados.

—Dizem que se nós fecharmos um cadeado nesta ponte e atirarmos a chave para o rio ficamos juntos para sempre... - continuou o ruivo e do bolso esquerdo das duas calças tirou um cadeado. 

Isabella sorriu largamente, e levou a sua pequena mão ao encontro da de Edward. O ruivo sorriu com um gesto. E ao ritmo deles, devagar, enquanto faziam juras de amor apenas com o olhar e os toques de mão fecharam o cadeado na ponte. Bella pôs-se em frente ao namorado, que a abraçou e mais uma vez de mãos unidas atiraram a chave.

— Casas comigo? - sussurrou Edward ao mesmo tempo que observavam a chave mergulhar no rio. Os cabelos de Bella arrepiaram-se com a pergunta, os nervos tomaram conta dela... as palavras não saíram pela sua boca pelo que pareceu uma eternidade, e não era por medo ou sinal de rejeição, era porque ela não sabia transpor todos o que estava a sentir numa frase.

Ele virou-se para o namorado, que a olhava com medo. E então disse a única coisa que podia dizer naquele momento que marcaria para sempre as vidas dele.

—Sim.

A noite caiu nesta altura, a escuridão tomou conta daquele rio, daquela ponte, daquela cidade, mas nunca, daquele casal que se beijava apaixonadamente sobre o brilho da lua e das estrelas.

Porque por mais obscuro que algo seja existirá sempre uma luz.