Nova Iorque, 17 de Setembro de 2011

—Espero sinceramente que não estejas a falar a sério Edward Masen Cullen. - dizia Carlisle com uma voz ligeiramente irritada.

Os dois, ele e Edward, estavam no escritório da casa dos Cullen. Enquanto Carlisle estava sentado na secretária Edward estava à sua frente, sentado descontraidamente numa das duas cadeiras que ficavam em frente desta.

—Porque é que não deveria estar a falar a sério? - perguntou ele com a voz suave, para alguém exaltado naquela divisão já bastava Carlisle.

—Porque isso seria uma tremenda irresponsabilidade e algo que eu nunca, nunca esperaria de ti!

—Pai, a Bella precisa de se afastar disto tudo... tu também não querias se algo como lhe aconteceu te acontecesse? É que eu sim!

—Que a Isabella...

—Bella... - corrigiu o ruivo.

—Que a BELLA, queira espaço e tempo eu entendo. Entendo perfeitamente que ela precise de se afastar disto tudo depois do que lhe aconteceu... eu não entendo é porque é que TU tens de ir com ela!

—Pai... a Bella não pode ir sozinha... mesmo que ela não me tivesse pedido para ir com ela eu ia oferecer-me. Achas que ela tem condições de se afastar sozinha? Mesmo que fosse para casa dos pais... Pai, ela acorda a meio da noite a chorar porque sonha com aquele... animal a cortá-la... a dizer as coisas nojentas que ele lhe disse... achas que ela pode ou deve ir sozinha? Ela precisa de mim... eu preciso de estar com ela.

Carlisle suspirou e quando ia para dizer alguma coisa, o filho interrompeu-o.

—Pai, esta é a minha prova de amor para com ela. Eu quero afastar-me, para lhe mostrar que por detrás daquela imagem que ela agora tem de mim, de nós, ainda existe o mesmo Edward de sempre. O Edward que ela conheceu e por quem se apaixonou.

—Edward... - começou Carlisle.

—Por favor pai. - interrompeu-o mais uma vez. -Eu vou quer tu queiras quer não. Mas ter a tua aprovação ia significar muito para mim. Eu não quero deixar a família... eu só quero estar ao lado da Bella. Ajudá-la a superar e a perceber melhor o que é isto tudo e como as coisas funcionam. E para isso eu preciso de me afastar com ela.

Carlisle encarou o filho, olhou bem nos olhos verdes que ele conhecia desde sempre, afinal eram iguais aos seus e, exatamente como nos seus, quem soubesse como poderia ver tudo o que se passava na mente dos donos. Olhou para o filho mais novo, que embora tivesse uma carga de responsabilidade enorme sobre os ombros, ainda era um homem íntegro, apaixonado e assertivo nas suas palavras e ações.

—Leva-a até Itália. Acho que a Isabella vai apreciar a região. - disse o don, sorrindo para o filho e saindo do escritório.

(...)

—Eu preciso disto. - dizia Bella aos pais enquanto fazia videochamada com eles. A notícia de que a morena pretendia ausentar-se da universidade por duas emanas não caiu muito bem nos pais da mesma.

—Filha... eu entendo que tenhas de te afastar das coisas... ser assaltada é algo traumático, mas estás no início do teu último ano, as aulas a que vais faltar podem fazer-te grande diferença quando tiveres de estudar para os exames. - dizia Renée tentando ser compreensiva.

—Isabella tu não precisas de ir para lado nenhum... onde raio é que se viu faltar à universidade por causa disso? E ainda por cima para ir passar duas semanas a Itália?! Por amor de Deus, sempre pensei que tinha criado a minha filha melhor que isso...

—Pai...

—Bella podes sair? Preciso de falar a sós com os teus pais.

Isabella olhou para o namorado que não esboçou qualquer reação ou sentimento. Mesmo contrariada saiu do seu quarto e foi para a sala.

—Desculpe senhor Swan, mas está a ser injusto. Você não sabe aquilo pelo que a Bella passou... Ela não foi assaltada Ela foi raptada e os homens que a raptaram foram deveras brutos e violentos com ela... A Bella não quer dizer-lhes a verdade, na realidade por ela vocês nem saberiam que algo lhe tinha acontecido. Quando eu lhe contei que vos tinha dito sobre o incidente ela ficou muito chateada, não vos queria preocupar...A realidade foi esta: ela foi raptada por causa do nome da minha família. Eles chantagearam-nos para lhes pagar um resgate e enquanto negociavam connosco o filho do principal culpado esteve com a Bella...ela tem várias feridas a sarar e não são só físicas são psicológicas. Eu sei que levá-la embora não vai fazer isso tudo passar, mas pode ajudar... Eu sou o culpado disto... eu trouxe-a para a minha família e ela foi raptada e agredida por causa disso. Sei que levá-la para longe não resolve nada, mas a Bella precisa de se afastar. Eu só quero compensá-la pelo que a fiz passar.

As palavras de Edward eram confiantes e estavam carregadas de sinceridade. Mesmo com as mentiras à mistura, tudo o que ele disse sobre querer compensar a namorada era verdade.

Os pais da morena olharam estupefactos para o ecrã onde viam o namorado da filha. Conheciam Isabella demasiado bem para saber que ela nunca os iria querer preocupar, mesmo com algo tão importante, e embora soubessem agora que no dia a seguir aos anos da filha quando lhe ligaram e Edward atendeu nervoso a dizer que a morena tinha sido assaltada era mentira, não conseguiam sentir raiva do genro. Eles viam a preocupação e o amor espelhado no rosto do ruivo.

—Prometes cuidar dela? - perguntou Charlie. Edward assentiu e o homem continuou. -Eu não te culpo por nada disso Edward, os culpados foram quem raptou a Bella... e ela também não te culpa. Eu vou deixá-la ir contigo..., mas primeiro quero conversar com ela. A Bella tem se entender que não nos pode esconder essas coisas importantes... Nós, mesmo estando longe, queremos apoiá-la e ajudá-la... Nós temos muito orgulho nela por ter conseguido entrar em Nova Iorque, mas a distância é algo que sempre nos custou, e ao saber isto agora só vai piorar.

—Sei que pode parecer difícil de acreditar em mim agora, depois do que vos contei, mas a eu prometo cuidar da Bella. É a mulher que eu amo, vou protegê-la melhor que a minha própria vida. Ela é o que tenho de mais precioso na vida.

—Não é difícil de acreditar em ti, filho. - disse Charlie com um certo brilho no olhar. -Não é mesmo nada difícil acreditar.

(...)
Florença, 23 de Setembro de 2011

A morena encarava o longo campo que pertencia à casa onde estava. As vinhas iam até onde a sua vista alcançava, parecia que tocavam o céu, ela ainda não conseguia acreditar na beleza daquela pequena aldeia.

Ela e Edward tinham partido para Itália no fim de semana a seguir à conversa com os pais de ambos. Foi necessário tratar de coisas na universidade para que não houvesse penalizações por faltarem tanto tempo às aulas, claro que isso só foi possível por ter sido tocado no nome Masen. Isabella ainda não sabia quão grande era o poder desse sobrenome, mas quando ela e Edward chegaram à diretoria da universidade com Carlisle ao lado deles e apresentando-se ao diretor como Senhor Masen, ela percebeu que eles podiam dizer que iam faltar o resto do ano letivo e ainda assim não serem penalizados.

Depois de todos os assuntos pendentes estarem resolvidos, eles partiram para Itália. Aterraram no aeroporto di Firenze e depois de terem passado três dias no centro de Florença, visitando todos os monumentos e igrejas mais importares, foram para uma pequena aldeia. Isabella apaixonou-se logo por esta. As casas pareciam ser de outro século, mas mesmo assim via-se que tinham a manutenção e as regalias necessárias. Os campos estavam todos tratados, mesmo tendo um tamanho gigante, eles pareciam ser cuidados com amor e carinho. Enquanto percorriam a estrada principal, pequena para o que Bella estava habituada, ela viu os habitantes. Todos pareciam felizes, e acenaram à passagem do carro. Edward parecia conhecer toda a gente, cumprimentando-os com um aceno e sorriso. Foi então que Bella lhe perguntou como é que ele conhecia as pessoas.

—Esta aldeia é da minha família. O espaço é nosso... todas estas pessoas são nossos empregados. - disse ele após a interrogação da namorada. - Nós temos um negócio de vinho e agricultura por aqui. Nada muito grande, mas é algo que o meu pai gosta de ter.

—Oh... isto é tão lindo... - sussurrou ela, enquanto subiam uma pequena colina, logo depois das casas da aldeia acabarem. A morena deparou-se, no topo dessa colina, com uma enorme casa. O estilo renascentista estava bastante evidente dela e nos portões se entrada ela pôde ver a palavra Masen com outras palavras que ela não conhecia.

— La villa di Masen - disse Edward com um italiano perfeito. -Significa Mansão dos Masen.

—Uau! - exclamou Isabella. -Vamos ficar aqui?

—Claro que vamos. - disse Edward. - A aldeia é muito pacata e acho que a disso que precisamos agora. Mas estamos perto do centro da cidade por isso podemos ir lá algumas vezes.

—Nem sei se quero ir para a cidade... isto parece ter tanto para ver! - disse ela com um sorriso no rosto, Edward já não via aquele sorriso no rosto dela há muito tempo.

O ruivo estacionou o carro em frente à porta da entrada. Os dois saíram do carro, Bella aproximou-se de Edward que estava encostado ao carro a olhar para a casa também ele a sorrir.

—Esse sorriso é porquê?

—Memórias desta casa... passávamos todas aas férias em família aqui, quando eu e as minhas irmãs eramos pequenos. Era maravilhoso a liberdade que tínhamos... corríamos pelos campos todos o dia todo só a brincar e a rir... aguardava o ano todo por esse momento.

Isabella sorriu ainda mais vivamente. Edward olhou para a namorada e abraçou-a fortemente, abraço que foi correspondido. Edward agastou-se ligeiramente encarando a sua morenita.

—Spero di renderti più felice qui, amore mio. Voglio che questi giorni siano indimenticabili e facciano dimenticare tutto e tutti. Solo noi, amore mio, solo noi. - disse ele e Bella ficou hipnotizada, antes que a morena conseguisse interrogá-lo sobre o que ele tinha dito o ruivo voltou-se para a casa e começou a avançar para dentro. -Vamos morenita, quero mostrar-te a casa.

—Edward! - guinchou Bella. -Volta aqui...eu não sei o que disseste! Edward!!

Mas a única resposta que teve foi o riso do namorado.

—Ti amo, mia piccola brunetta!!

Devido às aulas de espanhol que teve na escola ela percebeu uma palavra de toda aquela frase.

—Também te amo. - disse ela e correu pegando na mão que ele lhe estendia. Os sois entraram na casa, era um novo início para eles.

Um início obscuro, mas iluminado.