Nova Iorque, 15 de Setembro de 2011

—Ela não acorda pai. - disse a voz de Edward.

—O médico disse que era normal na situação dela e com o que ela passou a mente dele precisar de descanso. Vamos esperar. -respondeu a voz de Carlisle.

E por mais que Isabella quisesse abrir os olhos algo não a deixava. A escuridão estava a ser, pela primeira vez, a sua salvação.

(...)

—Achas que devia deixá-la ir?

—Edward...

—Olha o que eu lhe fiz Allie... eu não quero que a mulher que eu amo esteja assim por minha causa... ela nem me deve querer ver à frente depois do que aquelas merdinhas lhe fizeram. Isto se ela acordar...

—Não penses assim irmão... ela vai acordar. Esperemos por isso primeiro e depois vemos o que acontece...

—Eu só quero que ela fique bem Alice. Eu não peço mais nada.

—Ela vai Ed. Eu sei que sim.

A cada palavra proferida a mente de Bella puxava cada vez mais para sair da dormência em que estava, aos poucos ela sentiu os seus olhos menos pesados e o seu corpo cada vez mais presente. Estava a voltar. E ela não sabia se queria isso.

(...)
Nova Iorque,16 de Setembro de 2011

Os olhos de Bella piscavam freneticamente, a sua cabeça latejou cada vez mais à medida que ela ia ganhando consciência e a morena gemeu com a dor que sentia. Não era só física, era acima de tudo psicológica.

—Bella, amor? -chamou Edward.

Isabella virou a cabeça para o sítio de onde o som vinha ainda que com alguma dificuldade.

—Edward... -sussurra. O ruivo aproximou-se ainda mais dela, para que ele conseguisse ouvir bem sem que ela tivesse de se esforçar. -Onde... onde é que estou?

—Estás na casa dos meus pais. - sussurrou ele ao ouvido dela.

—Oh... - disse ela.

E as lágrimas caíram pela sua cara assim que flashes do que lhe tinha acontecido começam a passar na sua cabeça como num filme.

—Pronto... pronto. - disse Edward e sentou-se na cama ao lado dela. Bella encostou a sua cabeça ao ombro dele e chorou.

Chorou por ter sido raptada. 
Chorou por ter ficado trancada numa sala escura. 
Chorou pelas coisas que ouviu e imagens que viu. 
Chorou pela faca a percorrer-lhe o corpo e a deixar pequenas feridas.
Chorou por ter estado naquela cama, naquele quarto à espera da morte. 
Chorou porque Edward apareceu e salvou-a. 
Chorou porque acordou.
Mas principalmente chorou porque percebeu que aquilo tudo não tinha sido um sonho.

—Amor... eu estou aqui. - disse o ruivo abraçando. Ele sabia que a culpa era dele e que talvez a presença dele não trouxesse a tranquilidade que Isabella procurava, mas naquele momento ele pouco queria saber disso. Só queria apoiar a namorada e estar ali para rodo o que ela precisasse.

—Foi... foi horrível. - murmurou ela aos soluços. -Ele... eles...

—Shhhh... Não precisas de falar se não quiseres. - disse ele. - Eles vão ter o que merecerem. Eu prometo.

Bella olhou para Edward, pela sua cabeça passaram imensas perguntas, mas nenhuma dela foi dita. Bella apenas assentiu e sentiu a sensação de vingança totalmente realizada, mesmo sem sabendo o que iria acontecer. Seria uma má pessoa por esperar que eles fossem mesmo pagos por tudo o que lhe fizeram?? Mesmo que isso significasse que Edward ou alguém dos Masen os matassem?

O silêncio instalou-se entre eles. As lágrimas ainda corriam pelo rosto de Bella. Edward beijou as suas bochechas, secando as lágrimas.

—Eu amo-te. - disse ele olhando diretamente para os olhos dela.

—Eu também te amo.

Edward começou a cantarolar uma música qualquer que passava na rádio. Era calma e ele sabia que Bella a adorava. A morena deixou-se levar pela melodia caindo no sono.

(...)

—Amor, acorda... tens de comer alguma coisa Bella. -dizia a voz de Edward com um tom preocupado.

Bella despertou com a voz do namorado e com as suaves carícias que ele lhe fazia.

— Não tens fome? - perguntou ele.

Ela assentiu e só nesta altura é que se apercebeu que estava realmente com fome. Não sabia há quanto tempo não comia... há quanto tempo tudo aquilo se tinha passado.

—Anda vamos...- chamou Edward.

Bella ficou deitada na cama a encarar o namorado.

—O que foi? -perguntou.

—Eu não quero... Não quero encarar a tua família. -disse ela.

—Mas Bella...

—EU NÃO QUERO. - disse ela interrompendo as palavras do namorado.

Edward surpreendeu-se com o grito da namorada. Suspirou fundo e saiu do quarto. Bella ficou encostada à cabeceira da cama com as pernas. Passaram dez minutos até que o ruivo apareceu novamente com uma bandeja nas mãos. Bella sorriu timidamente ao aceitar a bandeja.

Calmamente e durante longos minutos a morena comeu em silêncio. De vez em quando encarava Edward que ora olhava para ela ora encarava a janela do seu quarto sentado na poltrona que existia no mesmo.

—Já acabei. - disse ela apanhando Edward distraído com a janela.

O ruivo não disse nada, apenas assentiu e foi até à cama pronto para recolher a bandeja. Antes que ele conseguisse alcançar esta, a mão de Bella impediu o seu movimento.

—Eu... eu quero falar. - sussurrou ela olhando nos olhos dele.

—Vou só levar isto à cozinha e já venho ter contigo. - disse ele. A morena assentiu e deu um pequeno sorriso.

Os minutos que ficou a sós foram para pensar. Ela sabia que queria falar sobre aquilo. Desabafar com alguém. E esse alguém era Edward. Não havia outra pessoa no mundo com que ela tivesse o à vontade e a cumplicidade para dizer tudo aquilo que pensava e sentia.

O ruivo regressou ao quarto e com um sorriso doce e terno nos lábios, embora com os olhos cheios de receio, sentou-se ao lado de Bella. A morena ajeitou-se na camada namorado, dando-lhe mais espaço e assim que Edward se acomodou melhor ela encostou -se a ele. Sentia falta do cheiro dele, um cheiro doce que a acalmava só por si.

—Eu... - começou Bella, mas foi interrompida poe Edward.

—Tu estás bem Bella?

—Eu... sim... - respondeu Bella. - Agora que já acabou sim.

—Desculpa... desculpa ter te feito passar por aquilo... eu... nós, nós nunca pensámos que eles fossem reagir assim...

—Porque é que não me disseste o que realmente tinha acontecido Edward? tu mentiste-me.…tu mataste aquele homem e ainda por cima fizeste aquela cena... horrorosa ...

—Eu não te menti... Não foi eu que o matei.... eu disse-te que o meu pai se tinha posto à frente... ele passou informações muito importantes... ele tinha de morrer... e a cena... Não foi muito diferente do que eles fizeram a alguns colaboradores nossos!

—Mesmo assim Edward, uma vez disseste-me que as máfias não envolviam as coisas familiares ... só quando queriam sofrer as represálias... porque é que vocês meteram o corpo no quarto do homem Edward?

—Bella, nós não metemos o corpo no quarto do Aro! O corpo foi deixado na casa do traidor... nós torturámo-lo lá e matámo-lo lá. Não movemos o corpo para lado nenhum ...

—Vocês amarraram o corpo à cama? - perguntou ela.

—Nós amarramos o Sam à cama antes de ele morrer. Para ele não fugir... depois de ele nos ter dito tudo o que queríamos, matámo-lo e decapitámo-lo a seguir. Esse é o tipo de mensagem que deixamos quando sabemos que alguém é traidor e queremos que as outras pessoas saibam.

—Então...

—Bella eles não te disseram a verdade ... tudo o que te contaram era para ver se tu dizias alguma coisa...

—Eu não disse nada! Eu fingi que não sabia dessa parte da rua vida. que me tinhas mentido. - explicou Isabella.

—A minha namorada é tão inteligente. - disse Edward aconchegando-a ainda mais nos braços.

Os dois ficaram em silêncio durante algum tempo.

—Bella? - chamou o ruivo. A namorada olhou para ele. -Tu tens marcas... bem... ele fez-te alguma coisa?

—Não. - sussurrou a morena. -Ele só quis deixar marcas... estava sempre a dizer que queria fazer..., mas que não podia ...- as lágrimas começaram a cair pelo rosto de Bella.

—Shhh... desculpa amor. - disse ele. - Não te queria deixar assim.… eu só tinha de ter a certeza.

—O que é que lhe fizeste Edward? - perguntou Bella.

—Nada. Eles estão presos num barracão que nós temos nos arredores da cidade. Nós acabamos por ficar com os negócios deles, eles estavam só no inicio, não tem grande coisa por isso não está a haver muita confusão... Achamos melhor esperar que acordasses para saber o que lhes fazer e cuidar mais dessa parte burocrática.

—Mas... isto é muito confuso ...- disse ela. -Eu não entendo o porquê deles me quererem. Eles já sabiam que eu não sabia nada. Eu não entendo porque é que eu fui para lá. - desabou ela. -Eu não merecia aquilo Edward! Eu não merecia nada daquilo...

—Eu sei morenita a culpa é minha... - sussurrou Edward. - Eu e a minha família é que te metemos nesta confusão.

—Tu também me tiraste de lá...- sussurrou a Bella. - Mesmo com tudo eu tenho de te agradecer por isso... se não fosses tu...

—Se não fosse eu ninguém te tinha feito nada... eu disse que era mau para ti Bella...

—Mas...

—Eu compreendo e aceito que tu queiras afastar-te de mim e da minha família, só te peço que durante algum tempo possa continuar a pôr-te sobre proteção, já melhorarmos as equipas depois do que te aconteceu por isso... só te peço isso... pode ser?

—É isso que tu queres que eu me afaste de ti?

—Não é o que eu quero Bella, mas... é o que tu queres certo?

—Não... sim... eu não sei Edward... eu amo-te, mas o que aconteceu é algo que eu não vou esquecer tão facilmente. E se calhar afastar-me de ti, da tua família era o melhor, mas eu não consigo Edward. Tu és parte da minha vida e eu quero superar isto com a tua ajuda. Só com a tua ajuda. Eu vi coisas horríveis, não queria ver fotos de um homem decapitado amarrado à cama...e saber que foi o meu namorado e a família dele a fazer aquilo tornou tudo ainda pior. Vocês fizeram aquilo porque faz parte dos vossos princípios, eu aceito isso... o que não quer dizer que goste ou que aprove. Eu prefiro não saber mais nada a não ser se tu estás bem ou mal e se as coisas lá estão bem ou mal.…Só isso, sem pormenores.

—Bella, o Alec ele aleijou-te, por minha causa! - disse Edward

—Sim, ele aleijou. Mas podia ter feito pior... se não tivesses aparecido naquela hora ele tinha feito pior... eu senti que sim.

—Bella tu não estás a pensar bem... deve ser o trauma pela experiência que passaste ...

—Não é trauma nenhum Edward. Eu... mesmo com tudo ... eu quero amar-te, quero ser amada por ti ..., mas preciso de me afastar... deixar isto tudo para trás das costas até deixar de sentir medo ...

—Tens a certeza? - perguntou ele.

—Sim. Tenho. Mas eu quero que venhas comigo Edward. Afasta-te disto tudo comigo. Por favor.

—Por ti eu faço tudo morenita. Tudo.

Edward agarrou a cara da namorada e beijou-a suavemente.

Saber que não tinha sido Edward a matar o homem tornou as coisas maia fáceis para Bella. Podia parecer estranho, mas ela sabia que depois daquilo tudo Edward nunca mais a ia deixar tão desprotegida e isso acalmava-a. A ideia de que Edward podia e iria protegê-la, algo que ela sentiu desde o primeiro momento, nunca a abandonou e naquele momento apenas se tornou mais forte. Bella queria ser capaz de proteger o namorado também e sabia que só podia fazer isso se continuasse lá para ele. Ela podia não saber lutar ou disparar uma arma, mas podia abraçá-lo e amá-lo independentemente de tudo.