Forks, 15 de Agosto de 2011

—Bella tens a certeza de que eu posso ficar na tua casa? Quer dizer eu vou conhecer os teus pais hoje... pela primeira vez. Não é correto... eu posso ir para uma pensão ou hotel, algo do género.

—Amor, os meus pais não se vão importar! - disse ela, mas as palavras de Charlie naquela tarde vieram-lhe à cabeça. -Bem a minha mãe não se vai importar e o meu pai... ele é capaz de te ameaçar um pouquinho, mas ele não faz mal a uma mosca!

—Posso ficar para ver essa cena? - perguntou Leah com um sorriso malicioso. -Vai ser imperdível.

Isabella até já se tinha esquecido que as amigas iam no carro também. Ela estava tão bem nos braços de Edward, com ele a fazer-lhe cafuné e a dar-lhe beijos no cabelo e no rosto que a sua mente estava bem longe do veículo onde estava.

—Leah... -advertiram Bella e Emily ao mesmo tempo.

—Oh vá lá! O tio Charlie nunca vai aceitar isto sem antes dar um pequeno show... show que vai fazer a Bella corar e ficar com raiva e isso é engraçado! Vai ser como quando ele ouviu a Bella falar da primeira vez dela com o Mike! Lembras-te Emy?? HI.LA.RI.ANTE!!! - exclamou Leah e desatou a rir.

Bella grunhiu, irritada com a amiga. Tudo bem que aquele não tinha sido o seu melhor momento, mas ela tinha aprendido em nunca (e mesmo nunca) mais falar sobre as suas experiências sexuais quando o pai estava em casa e poderia ouvir. Não era preciso estar sempre a lembrar esse trágico dia.

—Eu vou querer saber? - sussurrou Edward ao ouvido dela. Bella abanou rapidamente a cabeça fazendo o ruivo soltar uma gargalhada.

A morena sentia que, embora Edward estivesse ali com ela, havia algo de diferente. Faltava algo nos olhos verdes que ela tão amava e ela sabia que tinha haver com o treino pelo qual ele passou. Eles ainda não tinham tido a oportunidade de falar sobre esse tema, durante aquela noite, depois de se terem encontrado no aeroporto, Edward e Bella estiveram sempre rodeados de Emily e Leah, que embora ainda algo incomodadas por Isabella nunca lhes ter contado sobre o namorado ficaram felizes ao ver a amiga a voltar a sorrir verdadeiramente. Já para não falar que Edward se tinha mostrado bastante simpático e educado, sempre a brincar com as duas e a fazer perguntas para as conhecer melhor. Só nas poucas horas em que estiveram juntos, Edward já tinha conquistado as duas melhores amigas de infância de Bella.

— Avançando, tu ficas lá em casa. Não faz sentido nenhum ires para um hotel quando eu tenho espaço suficiente para ti. Pode não ser uma mansão em forma de apartamento como a casa de alguém que eu conheço, mas é acolhedora e confortável.

— Não duvido disso. E tu sabes que não tem nada a haver com isso a minha hesitação. - disse o ruivo com um tom sério. Ele não gostava quando Bella fazia aquele tipo de insinuações.

— Só estava a brincar, ruivinho! - disse Bella.

Cerca de cinco minutos depois, já eles se encontravam em frente à casa de Bella. A casa de dois andares, com um estilo tipicamente americano, o típico alpendre e as janelas em bico, toda a casa era branca e tinha as telhas pretas. Havia um pequeno jardim, bem cuidado por Renée, cheio de flores e algumas árvores de menor tamanho, que coloriam o caminho de acesso à casa.

Era uma casa simples, igual a tantas outras naquela rua, mas onde Edward conseguia imaginar a namorada a crescer. Conseguia ver a pequena Isabella, com os seus cabelos castanho soltos, a correr por aquele jardim enquanto os seus pais cuidavam do mesmo. Conseguia imaginá-la a aprender a andar de bicicleta no acesso à garagem. Conseguia vê-la sentada na cadeira de baloiço que se encontrava no alpendre a ler, concentrada, alguns dos seus livros preferidos. Edward conseguia ver amor e paz naquela casa, algo que depois dos seus dez anos ele tinha retirado da sua própria definição de casa.

—Vamos? – perguntou Bella.

—Sim. – respondeu ele. – Obrigada pela noite meninas, foi um prazer conhecê-las.

— Obrigada nós! – disseram as duas ao mesmo tempo.

— Enquanto estiveres aqui temos de combinar qualquer coisa! Podemos fazer um triple date! Vais adorar conhecer o Sam e o Seth. – acrescentou Emily animada.

—Só não ligues se o Sam e a Leah estiverem chateados, eles estão quase sempre. - disse Bella, fazendo todos no carro, menos Leah, rir.

— Parece-me uma boa ideia!

— Adeus, meninas! Depois mando-vos mensagem sim?

—Claro! Adeus Bella. - disse Emily animada.

—De certeza que não posso entrar com vocês só para assistir à discussão? - perguntou Leah.

Bella, que já estava fora do carro, revirou os olhos.

—Adeus, Leah. Vai antes ver se o teu namorado já faz alguma coisa de jeito sim?

Leah fez-lhe o dedo do meio, e virou a cara encarando a estrada à sua frente. Bella riu-se juntamente com Emily, enquanto que Edward não tinha percebido a piada e estava com medo de perguntar, preferindo ficar calado.

Depois das despedidas, sem as de Leah que estava empenhada a ignorar os amigos, Edward e Bella seguiram para casa da morena. Para esta aquele pequeno caminho de entrada nunca tinha parecido tão grande. Ela conseguia ver que os pais ainda estavam acordados, uma vez que a luz da sala ainda estava acesa e que não passavam das dez da noite. Isabella não estava com medo de que os pais fossem mal-educados para Edward ou vice-versa, na verdade, ela só estava com receio que o pai não aceitasse que Edward dormisse no mesmo quarto que ela. Ela precisava de ter algum tempo a sós com Edward e não era para nada com teor sexual, ela só queria puder falar com ele, saber como é que ele estava depois daquele mês, sem dúvida, complicado para ele. Ela estava curiosa e algo amedrontada com o que aquele treino poderia ter trazido (e tirado) ao homem da sua vida.

Assim que chegaram ao alpendre, Bella retirou da sua bolsa as suas chaves de casa e abriu a porta. Edward foi o último a entrar, fechando a porta atrás dele. Isabella pousou a sua carteira no cabide que se encontrava á entrada, juntamente com o seu casaco.

—Pousa a tua mala aqui ao pé das escadas. – disse ela. – E dá-me o teu casaco.

Edward fez o que a namorada pediu.

—Bella? - chamou Charlie. - Estás a falar sozinha, princesa?

Bella suspirou fundo, mas não respondeu ao pai.

— Anda. - chamou ela, pegando na mão de Edward e dirigindo.se, com o ruivo, para a sala.

Os pais de Bella estavam sentados no sofá, Renée tinha a cabeça encostada ao ombro de Charlie que a abraçava e os dois viam algum filme que passava na televisão. Isabella limpou a garganta, sem saber muito bem o que dizer, chamando a atenção dos pais. Os dois desviaram o olhar do ecrã e encararam a filha, que com um sorriso nervoso estava parada na entrada da sala de mãos dadas com um rapaz alto de cabelos ruivos e olhos verdes. Rapidamente Charlie endireitou-se no sofá, fazendo com que Renée fizesse o mesmo.

—Isabella?!

—Pai, mãe... este é o Edward, o meu namorado! - disse ela.

—Muito prazer em conhecê-los senhor e senhora Swan.

—Oh..., mas... hum... só Renée querido. – disse a mãe de Bella, levantando-se do sofá e indo até onde a filha e o genro estavam. – É um prazer conhecer-te.

—Bella, o que é que é isto? – perguntou Charlie.

— O Edward veio fazer-me uma surpresa pai. Ele conseguiu que o dispensassem do trabalho onde estava estes últimos quinze dias de férias e veio até cá, para estar comigo.

— Desculpe, senhor Swan, chegar assim, tão inesperadamente. Mas eu só tive a certeza que estava livre hoje de manhã e estive a tratar da viagem. Eu só avisei a Bella antes mesmo de apanhar o meu voo para Port Angeles. Queria surpreendê-la já que nestes últimos tempos não foi capaz de lhe dar muita atenção por causa do trabalho e especialmente do fuso horário.

Charlie fez um longo silêncio.

—Sabes que deixaste a minha filha triste não sabes rapaz?

—Eu sei, senhor Swan. Mas eu juro que a primeira oportunidade que tive para vir cá e redimir-me foi a que me trouxe aqui. A Isabella é muito importante para mim, eu nunca a magoaria ou deixaria triste de prepósito. Eu amo-a e nunca faria isso a alguém que amo e que tem o meu coração como a Bella tem.

Bella olhou para o namorado com os olhos arregalados e com algumas lágrimas de felicidade. Ela tinha sentido falta de ouvir Edward dizer que a amava. Durante o tempo que o ruivo esteve fora, todas as noites antes de Bella ir dormir ele lhe mandava uma mensagem a dizer que a amava. Mas nunca lhes foi possível falar muito mais que isso, Bella té podia responder na hora, mas nunca tinha resposta. Não até à noite seguinte quando o "Eu amo-te" seguido de um coração chegava. E telefonemas não existiram durante esse período. Antes de a morena ter apanhado o avião para Forks, no dia a seguir a todas as revelações, o namorado tinha-lhe explicado que eles não poderiam manter contacto durante aquele tempo, por isso, Bella sabia que aquelas mensagens por pouco que fossem significavam que Edward estava a pôr em causa o seu treino, quem sabe a relação com o pai, por ela.

—Muito bem Edward... acho que mereces o benefício da dúvida. Pareces muito melhor que aquele Mike que ela me apresentou quando tinha 16 anos e dez vezes mais educado que o Josh não sei das quantas, quando tinha 18.

Renée, que estava ao lado de Bella por todo aquele diálogo entre Edward e Charlie, cutucou a filha com o cotovelo, fazendo a morena olhar para ela. Renée piscou o olho à filha, fazendo a mesma rir. Os dois homens olharam para elas, que rapidamente perderam o sorriso.

—Deves estar cansado, não Edward? – perguntou Renée, não lhes dando hipótese de perguntar o que quer que fosse. - Fizeste uma longa viagem até aqui, podes subir com a Bella para o quarto dela e deixar lá as tuas coisas. Ela depois mostra-te onde é a casa de banho. Querem comer alguma coisa?

—O quê? Esperem lá... eu até posso dar-lhe o benefício da dúvida, mas ele não vai dormir no mesmo quarto que a minha filha. Não debaixo do meu teto! - disse Charlie.

—Não sejas absurdo homem! Eles sabem comportar-se, certo meus queridos?

—Claro! - disseram Bella e Edward ao mesmo tempo.

—Eu nunca iria desrespeitá-lo de algum modo, senhor Swan. Mas gostaria mesmo de passar o maior tempo possível com a Bella...- acrescentou Edward. Charlie torceu o nariz antes de falar.

—Espero bem que não. Há coisas que um pai não deve ouvir! Quando fores pai vais perceber- disse Charlie, mas ao dizer isto os seus olhos arregalaram-se. - Espero que demore muito tempo, ouviste rapaz?

—Claramente senhor Swan.

Renée reprimiu uma gargalhada, assim como Bella, ao ver a cara ameaçadora de Charlie ao dizer isto e a cara de tranquilidade de Edward ao ouvir tais palavras.

—Não te rias Isabella! Olha que estou mais virado a acreditar neste rapaz do que na minha filha!

—Pai! - exclamou Bella, ligeiramente ofendida.

—Pai nada, eu bem ouvi o que tu estavas a dizer às tuas amigas sobre o tal Mike... ouvi demasiado bem o que é que fizeste, pobre do rapaz nem teve hipóteses. Edward, meu rapaz, aconteça o que acontecer não cedas à tentação DENTRO DESTA CASA!

—PAI!!- grunhiu Bella cobrindo a cara com as mãos, cheia de vergonha.

Edward riu-se com a cara da namorada.

—Querida- chamou a mãe de Bella. - Vai lá levar o Edward até ao teu quarto para ele pousar as malas e tomar um banho, já sabes que tens toalhas lavadas no móvel da casa de banho.

Bella assentiu, ainda corada, e pegou novamente na mão do namorado.

— Hum... quarto bonito. - disse Edward, assim que Isabella abriu a porta do seu quarto.

Uma das paredes era roxa clara, enquanto as outras eram brancas. Nessa parede roxa encontrava-se encostada a cama de casal, com um édredon em tons de roxo e preto, e as mesinhas de cabeceira do mesmo tom de madeira que a cama, brancas. Do lado oposto estava a secretária, que tinha um computador e alguns livros em cima, e na parede encontravam-se quadros e fotografias de Bella como o que Edward supôs serem amigos e familiares. O quarto tinha uma grande janela, com um banco por baixo cheio de almofadas e que parecia muito confortável. E devido a esta janela,o teto era ligeriamnte inclinado , dando o aspeto daquelas típicas casas de campo. Havia ainda um cadeirão branco, perto da secretária e ao pé do armário que servia de guarda-roupa a Bella.

—Obrigada- respondeu ela, corando. - Hum... podes pôr as tuas coisas em cima da cama, eu tenho algum espaço no armário se quiseres podes arrumá-las lá depois de tomares banho.

—Okay, então... posso ir tomar banho? - pedir ele com certa relutância, queria ficar ao pé dela, mas as horas de voo que teve faziam com que ele sentisse a necessidade de se lavar.

—Claro, eu vou até lá baixo para o meu pai não reclamar e aproveito e já trago alguma coisa para comeres, queres?

—Não amor, não preciso. - disse ele e deu-lhe um suave beijo nos lábios. – Eu amo-te.

—Também te amo. – disse Bella, os dois ficaram ali perdidos nos braços um do outro durante algum tempo. – Vá, vai tomar banho.

—Já me estou a sentir enxotado! - dramatizou o ruivo.

—Anda.

Isabella guiou o namorado até à casa de banho que ficava no corredor onde estavam os quartos, embora não fosse privativa, a casa de banho era quase sempre só utilizada por Bella uma vez que, os pais tinham uma no quarto e que o quarto de hóspedes só era utilizado em épocas festivas quando algum familiar de Bella ou amigos dos pais ficava lá em casa.

—As toalhas estão aqui, se quiseres podes usar alguns destes produtos são meus. – disse Bella entregando um conjunto de toalhas ao namorado e apontando para o gel de banho e champôs que estavam na banheira. - Depois podes deixares as tuas tolhas ali. - disse ela indicando um aquecedor de toalhas que havia no canto da casa de banho. -Está desligado, mas serve para manter as toalhas arrumadas. - disse ela ao ver a confusão no olhar dele.- Depois podes ir vestir-te para o meu quarto ou se preferires podes ir buscar alguma roupa agora e...

—Morenita, calma...- disse ele. - Não precisas de ficar tão nervosa.

—Não estou nervosa, só ansiosa e animada por estares aqui. Desculpa.

—Eu também estou animado por estar aqui! Agora deixa-me tomar banho. - disse ele dando-lhe um beijo à esquimó.

Bella saiu da casa de banho e foi ter com os pais ao andar debaixo. Passado algum tempo, tempo suficiente para Edward tomar banho e vestir-se, ela voltou a subir.

Encontrou o namorado sentado no banco da janela a encarar a paisagem, assim que a viu entrar ele sorriu e levantou-se. Edward foi até à cama da namorada e sentou-se nesta. Com a mão chamou Bella. A morena foi até ele e sentou-se ao colo do ruivo, abraçando o pescoço deste.

—Tive tantas saudades tuas. - disse ela contra o pescoço dele, inspirando profundamente, as suas narinas foram preenchidas pelo maravilhoso perfume de Edward

Os dois ficaram, mais uma vez, em silêncio. A aproveitar a companhia um do outro.

—Edward...- sussurrou Bella.

—Sim, amor?

—Como é que foi?

—Bella, eu não quero...

— Eu quero Edward! Eu quero saber... conta-me. Confia em mim, por favor...