Forks, 15/16 de Agosto de 2011

—Não é uma questão de não confiar em ti, morenita. Eu só não sei se vais querer ouvir o que te tenho para contar.

—Não me importa o quão mau é. - disse Bella afastando-se do pescoço dele e encarando os seus verdes olhos. -Eu sei que precisas de falar com alguém, desabafar... eu estou aqui para isso, para te ajudar.

Edward suspirou fundo. Ele queria tanto desabafar com ela, mas não sabia se devia e, ainda mais importante, se podia.

—Vamos dizer boa noite aos teus pais e depois falamos poder ser?

Bella assentiu. Os dois desceram as escadas de mãos dadas e assim que chegaram à sala deram as boas noites aos pais de Bella. Mais uma vez Charlie torceu o nariz por irem dormir no mesmo quarto, o que fez com que Renée voltasse a revirar os olhos e desse um pequeno cachaço a Charlie. O homem de aproximadamente cinquenta anos, baixou os ombros e despediu-se da filha e do mais novo genro sem muito entusiasmo. Renée seguiu este exemplo, despedindo-se dos dois com um grande e simpático sorriso. Em menos de dez minutos, Bella e Edward estavam de volta ao quarto da morena.

Esta, despiu a roupa que tinha usado para a saída com as amigas (e que acabou por ser o seu reencontro com Edward) e vestiu o seu pijama: uns calções curtos com riscas pretas e brancas e uma blusa de alças finas preta com um pequeno detalhe de renda no decote. Edward por sua vez, tirou as calças cinzentas de fato treino que tinha vestido depois do banho, ficando apenas com os seus boxers pretos e a sua t-shirt vermelha. Os dois deitaram-se na cama de Isabella, Edward rodeou a morena com os seus braços e Bella pousou a cabeça no peito do namorado.

Ficaram em silêncio durante alguns minutos, Bella sentia o peito de Edward subir e descer à medida que ele respirava aquele movimento estava a acalmá-la, a fazer com que o sono chega-se até ela. Mas antes que este a dominasse totalmente, Edward começou a falar.

— Pensei que ia ser pior. - disse ele, fazendo a atenção da Bella virar-se totalmente para ele. - Acho que isso é o que me está a massacrar mais. Achei que ia odiar, que não ia gostar... que algumas das coisas que iam custar imenso a fazer, mas... isso não aconteceu.

Bella susteve a respiração.

—Durante este mês eu acompanhei o meu pai em tudo. Quando não estava com ele, estava com algum dos submissos. Estou por dentro de todos os negócios, vi tudo o que fazemos, fiz tudo o que tinha para fazer.

Edward continuou a narrar o que tinha feito. Não contou todos os pormenores. Não queria assustar Bella. Falou-lhe sobre os negócios novos que tinha conseguido fazer, ele tinha conseguido a posse de negócios se jogo online.

—A razão pela qual eu escolhi o meu curso foi essa: eu vi que havia todo um mercado online que nenhuma das famílias estava a explorar. Afinal todos os don são velhos, o meu pai é o mais novo e ele não quer ficar no comando principal até muito tarde. A ideia é quando eu fizer trinta anos trocar definitivamente com ele, ele ainda vai estar lá, mas quase todas as decisões vão ser minhas. Até essa idade eu vou ser como um braço direito dele, estando sempre ao lado dele a ajudá-lo a tomar essas decisões, um pouco como ele vai fazer comigo.

Edward ficou em silêncio, a sua respiração tornou-se pesada, mas Bella sabia que não era por ele estar a dormir, mas sim por estar preocupado.

—Que foi amor?

—Eu... eu fiz coisas que achei que não era capaz de fazer...

—Edward... tu... tu...

—Não. -interrompeu Edward sabendo o que ela ia perguntar. - Não matei ninguém. Quase que cheguei a isso ... o homem tinha vendido informações sobre a nossa rede de casinos, Bella! Ele traiu a família... ainda por cima o meu pai acolheu-o quando ele veio da Europa! Deu-lhe uma casa, comida, dinheiro... deu-lhe uma vida em troca do seu trabalho e, claro, da sua gratidão. E ele vende informações importantes por uns míseros trocos? E ainda é capaz de dizer na minha cara que fez isso porque nós não lhe dávamos a importância que ele merecia? Eu... eu torturei-o tanto... até... até que ele dissesse o que é que tinha vendido e a quem. Nós tínhamos uma ideia, mas precisávamos de certeza...

Bella interrompeu o seu silêncio.

—Como... como é que o torturaste?

—Bella... - disse Edward abanando a cabeça negativamente. -Não te vou dizer. Tu não mereces saber isso eu conto-te todo o que posso e que tu deves saber... isso não é uma delas. Eu confio em ti, só te estou a proteger...

—Eu, acho que... entendo...- sussurrou a morena. -Só é difícil para mim pensar em ti assim...

—Eu sei. Até para mim é. Por isso é que eu digo que me sinto pior por ter achado... fácil, simples...

—Amor...- chamou Bella, virou-se para encarar os olhos dele. -Não tens de te sentir mal. Foste educado para isso. Treinado para isso. Tu és uma boa pessoa Edward eu sei que sim....

—Magoei muitas pessoas, não matei ninguém mas magoei-as! E.... isso não me custou nada. - sussurrou. -Sabes acho que o meu pai me quis poupar de matar alguém. Quer dizer, como eu te disse, só matamos quando é necessário, mas... eu senti que ele me estava a poupar. Ele interrompeu-me quando eu estava a torturar o traidor sabes? Ele pôs-se à minha frente e disse-me que chegava. Eu fiquei a olhar para ele e só queria que ele saísse da frente para eu continuar... como é que isso me faz uma boa pessoa?

—Isso é o teu trabalho. Quer tu queiras quer não, tu foste treinado desde pequeno para isso. Eu acredito que em alguns desses treinos tu nem te apercebeste sabes? Há treinos psicológicos muito fortes...

—Achas? Eu... eu não sei... - disse ele cabisbaixo. -Eu... Não sei se sou bom para ti... eu quero, mas...

—Edward! Não digas mais uma palavras! - disse ela e sentou-se virada para ele. As suas mãos foram para cara do namorado. - Isso és tu, fora destas quatro paredes. Fora da tua casa. Da minha casa. Com a tua família não és assim.... comigo não és assim.... com a nossa família não vais ser assim...

As mãos de Bella pegaram nas de Edward e voaram para a barriga lisa da morena. A morena ia falar, mas antes que alguma palavras saísse da sua boca, os olhos de Edward arregalaram-se. A boca do ruivo secou, ele soltou uma respiração funda e falou.

—Bella... isso é a sério? Nós... nós... vamos ter um bebé?