Re;Blade escrita por phmmoura


Capítulo 24
Capítulo 23 - Alonso prisioneiro




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— Olá, meu senhor. Como foi a soneca? — disse Nicolas para o nobre amarrado. — Espero que tenha sido agradável. Nos demos ao trabalho de assegurar que estivesse confortável.

Alonso lutou por um instante, tentando se livrar das cordas. Mas ao perceber que não podia se mexer, ele sentou da forma mais digna que podia e encarou seu sequestrador.

Nicolas sorriu.

— Um nobre até o fim, igual a seu pai. Ao menos espero que não tente nada estúpido. Antes de discutirmos algumas coisas, gostaríamos de agradecê-lo por tudo. Se não fosse por você, jamais teríamos feito essa aliança.

O homem barbado gesticulou, e um homem baixo caminhou até o seu lado. Ambos encararam Alonso através das barras da prisão.

Só Nicolas, quem já foi a Espada do Rei, sorriu. O líder dos bandidos da floresta não mostrou expressão, seus olhos pálidos.

Mas enquanto encarava o lorde amarrado, os olhos de Otto brilharam e seu rosto se contorceu de raiva. Sua energia começou a fervilhar, quase tomando o controle da energia retorcida que o dominara.

Se não fosse por essa raiva e o amor por seu povo, ele já teria sido consumido pela energia retorcida, compreendeu Tetsuko.

A alma dentro da espada observou Otto desde que sentiu a semente da mesma energia de Caos Sortudo adentrá-lo.

Ela sabia de uma coisa. A energia estava viva.

A outra energia dentro dele tentava consumir a alma e mente do líder.

Sempre que ele descansava ou ficava de guarda baixa, a energia crescia dentro de si. Nesses momentos, seus olhos perdiam a cor, como se sua alma estivesse prestes a partir.

Mas, quando ele ficava ciente de seus arredores, ou sua família falava com ele, seus olhos brilhavam e a energia retorcida diminuía.

Nicolas colocou uma mão nos ombros de Otto e a raiva perdeu para a energia retorcida.

— Graças a você, meu senhor, dois dos grupos mais perigosos de bandidos se aliaram.

Tudo que Alonso fez foi encarar seus sequestradores.

— Me desamarrem — disse em voz baixa, sem deixar o medo cruzar seu rosto.

Tetsuko riu mentalmente. Até agora, quando não tem ninguém por perto além dos bandidos, ele tenta preservar sua imagem como nobre. Esse é meu portador…

Antigo portador agora, creio…

— Se me libertarem, me certificarei de que sua punição seja…

A risada do bandido interrompeu as palavras do lorde.

— Minha punição? — Nicolas riu de novo. Uma risada profunda que ecoou nas paredes da prisão de pedra. — Acho que bati forte demais na sua cabeça. Sinto muito por isso.

Otto não compartilhou da risada do outro homem.

— Deixe-me avisá-lo de algo, meu senhor. O Rei quer meu pescoço. Já o quer há dez anos. Terei sorte se puderem enterrar algum pedaço do corpo depois da punição — disse Nicolas, com uma voz fria e sombria. Então, por um instante, seus olhos ficaram menos pálidos enquanto segurava as barras de metal. — Após tudo que fiz por ele, após todas as pessoas que matei por ele, ele me chama de traidor e me sentencia à morte…

Tetsuko sentiu novamente as duas energias dentro dele. Mas a energia clara era só uma gota em um lago e a retorcida venceu. Ao mesmo tempo em que os olhos de quem um dia já foi a Espada do Rei ficavam pálidos outra vez.

Alongo encarou-o com o rosto sem expressão.

— Então o que quer? Qual o sentido de me manter vivo? Quer uma quantia de resgate? Acha que posso ser usado como barganha com o Rei?

O líder dos bandidos do pântano puxou uma cadeira, entrou na sela e sentou na frente do lorde amarrado. Ele colocou uma mão no joelho dele, inclinou-se para frente e tocou a testa de Alonso com o dedo com força.

— Quero o que você tem aqui dentro — sussurrou ele, com os olhos selvagens.

O lorde aprisionado cerrou os olhos.

— Que tipo de informação você quer?

— Tudo. — O bandido se levantou e deu voltas pela cela, forçando Alonso a virar a cabeça para acompanhar. — Quero saber sobre o exército, sobre a situação das cidades. Outros grupos de bandidos com os quais o Reino se preocupa… Tudo sobre as invasões… Cada informação valiosa que você tem dentro da sua cabecinha.

— Como se você não soubesse de boa parte dela já…

— Eu sei de muita coisa. Mas é difícil obter informação aqui. Especialmente as mais valiosas.

— E o que você quer fazer com essa informação?

Nicolas mostrou um sorriso enquanto sentava na cadeira de novo.

— Desculpe, meu senhor, mas isso é da minha conta, e você não tem nada para barganhar em troca essa informação.

— Não vou trair meu reino ou meu rei — disse Alonso, desafiador. Ele ergueu o queixo para olhar nos olhos do bandido, ainda que sua situação não permitisse. — Pode me torturar, ameaçar ou até me matar. Não vou morrer como traidor. Não sou você.

O bandido soltou uma risada fraca.

Mas Tetsuko sentiu a raiva fervendo dentro dele. É assim que você impede o domínio da energia retorcida… falando do passado dele…

— Uma atitude muito nobre da sua parte, meu senhor — disse Nicolas, com um tom de escárnio. — Não tem chance de alguém de berço nobre como você morrer da mesma forma que eu. Ou até Fael.

O lorde ficou quieto, ainda olhando nos olhos do senhor do pântano.

— Mas quer saber? — O homem barbudo se agachou para levar a cabeça ao mesmo nível que Alonso. — Pra mim, Fael não era um traidor. Ele foi um herói. Um herói para seu povo.

— Que tipo de herói traz a morte para milhares? — respondeu o lorde, sem conter sua raiva mais.

— Um que salva todo o seu povo.

— Não estamos aqui pra falar daquele traidor — disse Alonso em voz baixa.

— Não, não estamos. — O bandido se levantou. — Estamos aqui para discutir a sua traição.

— Já disse que não trairei meu rei! Pode me torturar o quanto quiser, mas não direi nada!

— Eu me tornei um ladrão, não um torturador. Eu roubo pessoas, não coloco agulhas nas unhas delas ou esmago seus dedos com um martelo. — O líder dos bandidos riu de novo.

O lorde tremeu levemente com aquelas palavras.

Mal foi perceptível, mas Nicolas viu. Um sorriso se fez em seus lábios.

— Não tema, meu senhor. Como eu disse, não sou um torturador. Mas espero que me perdoe pelo que está prestes a sofrer.

No instante em que terminou de falar, mais dois bandidos entraram na sala.

Eles ergueram o lorde e o colocaram de pé.

Contorcendo-se de dor por ficar sentado na mesma posição por muito tempo, o nobre nada disse. Tudo que fez foi encarar Nicolas enquanto caminhava com o ar mais digno que podia no momento.

O líder os seguiu até alcançarem uma pequena cela escura no fim do corredor.

Era tão frio que suas respirações se tornavam neblina perante os olhos.

Os dois bandidos jogaram o nobre na cela e então fecharam a porta.

Era escuro. A luz mais próxima vinha da entrada da prisão.

Mal era uma brasa em uma noite escura sem a luz das estrelas ou da lua.

Era o local mais escuro que o nobre já vira.

Nicolas, com uma tocha em mãos, olhava para o lorde do outro lado da pequena fenda de madeira da porta.

— O verei novamente em alguns dias, meu senhor. Espero que esteja mais disposto a conversar.

O sorriso do líder dos bandidos foi a última coisa que Alonso viu antes das trevas o devorarem por completo.


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